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FUNDAMENTOS E PRÁTICA NO

ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA


INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro –
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 MORFOLOGIA

A morfologia é a área da linguística que estuda a estrutura das palavras e


como elas são formadas a partir de morfemas. O morfema é a menor unidade
de significado de uma palavra, ou seja, a parte da palavra que contém um
significado específico.

Por exemplo, na palavra "amigo", podemos identificar dois morfemas:


"amig" e "o". "Amig" é o radical da palavra, que transmite o significado básico de
"amigo". Já o morfema "o" é um sufixo que indica o gênero masculino da palavra.
A morfologia também estuda a formação de novas palavras a partir de outras,
através de processos como a derivação e a composição. Por exemplo, a palavra
"amizade" é formada a partir do radical "amig" da palavra "amigo", mais o sufixo
"-ade", que indica a qualidade ou estado de algo.

1.1 Estrutura interna das palavras

O léxico é tradicionalmente definido como o conjunto de palavras em um


determinado idioma. Segundo a abordagem clássica, o estudo do vocabulário
visa aprofundar o conhecimento das características e propriedades de cada
palavra. Isso está no passado e no presente, porque há mudanças no espaço,
no tempo e na história de uma língua, porque ela não é estática, ela se move
gradativamente conforme a sociedade se desenvolve. Por exemplo, pense em
palavras como:
internet, imprimir, digitalizar, twittar. Há uma inserção no vocabulário português
- alguns ainda não registrados oficialmente no momento - no senso comum.

Na tradição dos estudos gramaticais, a morfologia se concentra no estudo


das flexões. Os diversos processos de origem e mudança, assim como a
expansão das palavras, cumprem funções pré-determinadas, transformam-se
em estruturas morfológicas lexicais. Lembrando que a morfologia não existe por
acaso, é a divisão gramatical mais antiga da história, entretanto foi reconhecida
como tal apenas na segunda metade do século XIX. Os linguistas que se
dedicaram aos estudos sobre morfologia não se consideravam morfólogos até
então. Assim, o vocabulário representa um depósito de elementos designativos,
pois fornece as unidades básicas para a construção dos enunciados e inclui
também os processos de formação das palavras.

O intuito deste estudo é fornecer para você, estudante, uma visão


estruturada dos imprescindíveis processos de formação de palavras. É
importante pensar de que forma o léxico se constitui na língua, como cada novo
conceito passa a ser registrado. Entretanto, com isso, teríamos uma combinação
de sequências que não daríamos conta de guardar na memória. Assim, para
efeito máximo, a expansão do vocabulário passa pela formação de palavras. Ou
seja, de fórmulas padronizadas para construir novas palavras a partir do que já
está no vocabulário.

De acordo com Basílio (2006, p. 10), o léxico/vocabulário é


“ecologicamente correto" porque possui uma base de dados cada vez maior,
mas utiliza materiais já existentes, reduzindo assim a dependência de memória
e garantindo a comunicação automática. Por exemplo, em palavras como:
computacional, globalização, etc., novas formas de palavras existentes são
percebidos: o verbo computar, por exemplo, já existe e é usado como base para
formação da palavra computador, com o auxílio do sufixo – ção, que também já
existia, foi possível a formação da palavra computação. Para melhor
compreensão, analise a Figura 1.

Figura 1. Abordagens da morfologia, da semântica e da sintaxe.

Fonte: Machado (2017).


Classes de palavras

As classes de palavras, ou categorias lexicais, envolvidas em processos


de formação de palavras são:

 Substantivo
 Adjetivo
 Artigo
 Pronome
 Numeral
 Verbo
 Advérbio
 Conjunção
 Preposição
 Interjeição

A classe das palavras denominadas substantivos é definida por suas


características morfológicas, que são a apresentação e determinação das
flexões em termos de gênero e número; além de seu atributo semântico
designando organismos ou entidades; e sua propriedade sintática ocupa o
núcleo do sujeito e complementos.

A classe dos adjetivos é definida pela propriedade descritiva ou qualitativa


dos organismos indicados pelo substantivo e, portanto, concordando em gênero
e número com eles. Por outro lado, um verbo é definido como uma classe de
palavras que denotam ações e relações (acontecimentos, estados, etc.) no
tempo, tem como função um predicado e representam a variação do tempo e de
modo. Advérbios são classes invariáveis de palavras que modificam verbos,
adjetivos e outros advérbios e enunciados.

Um artigo é o que precede um substantivo e tem como função determinar


ou indeterminar o substantivo seguinte. Os artigos podem estar sujeitos a
alterações por número e gênero. A classe de palavras conhecidas como
pronomes inclui palavras que identificam o indivíduo no momento da
comunicação, ou seja, destacam a pessoa na fala.
Já um numeral, é um grupo de palavras que têm função quantitativa ou
representam uma sequência para o processo de comunicação. Por sua vez, as
conjunções conectam elementos na construção do discurso. E para que se tenha
clareza na comunicação, dar-se-á também essa função à preposição, ou seja,
uma palavra deve estar ligada a outra.

Para segmentar as variações das palavras, é possível dividi-las em


variáveis e invariáveis:

Variáveis

As palavras variáveis podem ser flexionadas em gênero e número


(algumas, inclusive, em grau). São elas:

 Adjetivo
 Artigo
 Pronome
 Substantivo
 Verbo

Invariáveis

As palavras denominadas como invariáveis são aquelas que não sofrem


variações em gênero ou número. Ou seja, independentemente da estrutura
declarada, eles permanecem no mesmo formato. Os contextos não interferem e
da mesma forma, os alinhamentos de texto não os modificam. São elas:

 Advérbio
 Conjunção
 Preposição
 Interjeição

Fonte: adaptada, Bauer (1983).


Podemos perceber neste exemplo que todas as palavras que fazem parte
do enunciado, concordam em gênero e número, ou seja, estão no feminino
singular de acordo com o núcleo do sujeito (colaboradora), exceto o advérbio de
intensidade muito. Isso, como visto antes, é invariável.

1.2 Formação de palavras e suas implicações para o ensino

O conhecimento acerca dos processos de formação de palavras (que


pode ocorrer através da reflexão sobre o funcionamento da nossa língua
portuguesa) possibilita que os indivíduos percebam que a língua existe como
meio de comunicação entre homens; sendo que as significações linguísticas
estão na base dessa comunicação. Quanto mais se compreende o
funcionamento da língua como um sistema vivo e mutante, mais habilitados os
sujeitos estarão para compreender o contexto no qual estão inseridos e
aumentam-se as possibilidades de interpretação e amplia-se a noção do certo e
do errado e passamos então a perceber a língua como algo que demarca
historicamente um povo e um tempo.

Diz-se com muita intensidade que vivemos na sociedade da comunicação


e da informação, na qual a palavra dita e, sobretudo, escrita é utilizada com
grande intensidade. As redes sociais modificaram as relações dos indivíduos
com o uso da palavra, o domínio dela, por conseguinte, é possibilidade de ocupar
diferentes espaços de forma adequada e fazendo uso da riqueza que a língua
oferece. O processo de formação de palavras traz implicações para o ensino,
uma vez que é preciso constante atualização e contextualização para que não
se limite o espaço do aprendiz.

Se você parar para pensar, podemos citar inúmeras novas palavras na


nossa língua: agito, xingo, desmate, carreata, entre outras (ROCHA, 1998). A
partir dessas novas criações podemos nos perguntar: por que algumas causam
estranheza e outras não? Por exemplo, a palavra desmorrer, já que a forma
desmerecer é aceita. Por que razão a palavra atingimento não é considerada
como uma palavra existente na língua, mas possível de ser criada? Por que uma
palavra proferida por uma figura pública causa tanto comentário? Pense na
palavra imexível e o que ela gerou após ter sido pronunciada por um ministro do
Estado. Por que no Rio Grande do Sul temos como forma consagrada lavagem
e em Santa Catarina lavação?

Estas e outras perguntas devem ser discutidas no âmbito da morfologia.


No decorrer do processo de ensino é necessário levantar alguns
questionamentos com os alunos:

 Qual o objetivo de formar novas palavras?


 De que maneira formamos novas palavras?
 Quando parece ser emergente apropriar-se de novas palavras ou de palavras
de outras línguas?
 Quais são as partes integrantes de uma palavra?
 A partir de que critério(s) podemos dizer que uma palavra existe em uma língua?

Portanto, para os processos de ensino e aprendizagem, uma teoria


morfológica da língua objetiva pode definir como e quais novas palavras podem
ser formadas. Assim, um falante que escuta uma palavra, quer seja pela primeira
vez, tem capacidade de reconhecê-la como uma palavra de sua língua e assim
permite a intuição sobre a estruturação dela e de seus possíveis significados.
Dessa forma, uma teoria morfológica descreve esses fatos, sobretudo os
mecanismos formais que criam novas palavras e a análise de palavras que já
circulam nessa língua.

É imperativo que a língua precisa ser ensinada na escola. A gramática


normativa, então, traz as regras. Mas a norma não pode ser uniforme e rígida.
Ela precisa ser elástica e contingente, evidenciando a sua adaptação de acordo
com cada situação social específica em que está inserida. Pense: o professor
fala em casa da mesma e exata forma que fala em sala de aula ou em uma
conferência? Se a língua é variável no espaço e na hierarquia social, como definir
uma única representação como a correta? Reflita sobre essa questão.

1.3 Contribuições históricas para os estudos de morfologia

Toda gramática da língua portuguesa dedica um capítulo ao estudo da


morfologia, quando se trata de gramáticas normativas. Quanto a linguística, ou
seja, o estudo científico do funcionamento da linguagem, a morfologia como
campo de estudo tem tido historicamente épocas de valorização e esquecimento
também. Nos tempos da gramática estrutural, a morfologia era o centro das
atenções e assim obteve muito êxito. Entretanto na época da linguística gerativo-
transformacional, ela foi negligenciada em relação à sintaxe e à fonologia. De
acordo com Bauer (1983):

No momento, o estudo da formação de palavras está sujeito a


alterações frequentes. Não há um corpo de doutrina pacificamente
aceito nesse campo, de tal forma que os pesquisadores estão sendo
obrigados a estabelecer a sua própria teoria e procedimentos à medida
que caminham (BAUER, 1983, p. 7).

No entanto, com o avanço da história das sociedades e os crescentes


esforços para entender os fenômenos existentes no mundo, essa reflexão tem
dado lugar a estudos cada vez mais aprofundados da morfologia. No contexto
da língua portuguesa, os autores se dedicam a esse campo e ampliam a
visibilidade e a importância do estudo científico da língua. Por exemplo,
Margarida Basílio tem um trabalho relacionado publicado no Brasil, intitulado:
“Estruturas Lexicais do Português: uma abordagem gerativa”, demonstrando
assim o crescente interesse pela disciplina.

Existem quatro escolas de estudo e análise da composição morfológica


da linguagem: descritivismo, historicismo, estruturalismo e gerativismo. Para a
gramática tradicional, esse tópico é menos relevante. No entanto, durante o
período de influência do estruturalismo, mais atenção foi dada à teoria gerativista
(Quadro 1).
Quadro 1. Descrição do componente morfológico das línguas pelas
quatro grandes escolas:

Fonte: adaptada, Bauer (1983).

No Brasil, por volta da década de 60 até o início da década de 70, podem


ser vistos os primeiros passos para o fortalecimento dos estudos nesta área, com
a obrigatoriedade do ensino da linguística nos cursos de Letras. Na segunda
fase, a disciplina insere-se na área de graduação e pós-graduação que se
desenvolveu no país no campo de pesquisas. As obras começaram a surgir,
entre elas a do pesquisador Mattoso Câmara Júnior (1970, 1971). Assim, durante
a década de 70, a morfologia voltou a ser reconhecida como objeto de estudo na
Teoria Gerativa, com o nome de Noam Chomsky (1970), em destaque.

Nesta fase de consolidação, não se pode evitar que, ao estudar a


estrutura interna das palavras, a morfologia tenha dificuldade em determinar seu
objeto de estudo. À medida que a pesquisa em torno desse tópico avança,
melhores definições são estabelecidas, passando a trabalhar com as regras de
formação de palavras. A partir dessa interpretação, historicamente, a ênfase na
competência linguística é consolidada, ou seja, surge a capacidade de pensar
não apenas sobre as formas de léxicos existentes, mas também, aprimora o
estudo da ciência da linguagem a partir da avaliação do potencial da linguagem
para formar uma nova, com o objetivo principal de atender às necessidades de
comunicação.

2 FORMAÇÃO DE PALAVRAS

A língua apresenta mecanismos linguísticos de funcionamento por meio


dos quais se cria a oportunidade de formação de novas palavras. Se pensarmos
no léxico, ou seja, naquele banco de dados de palavras que apresenta certa
regularidade (BASÍLIO, 2004), constataremos que este conjunto fechado não é
suficiente para a designação e a construção dos enunciados em língua
portuguesa. Os falantes têm necessidade de identificar, classificar e nomear as
coisas sobre as quais desejam comunicar algo.

Na prática, é preciso um sistema dinâmico, o qual seja capaz de se


expandir conforme são necessárias novas unidades de designação para uma
construção plural de novos enunciados. A partir do momento em que se
identificam novos objetos, novas práticas, novos sentimentos, entre outros, o
léxico precisa ser ampliado para fornecer unidades de designação que sejam
condizentes com a realidade dos falantes. Como exemplo desse processo,
pensemos na palavra global. Hoje, fala-se em globalização, globalizar, etc.
Todas essas novas palavras foram elaboradas pelas necessidades do contexto
atual. Outro exemplo diz respeito à palavra internet. Hoje, temos o termo
“internetês” como um neologismo para designar a linguagem específica utilizada
no mundo virtual.

De fato, o léxico não é apenas um conjunto de palavras. Como sistêmico


dinâmico, apresenta estruturas a serem utilizadas em sua expansão (BASÍLIO,
2004). Essas estruturas, ou seja, os processos de formação de palavras,
permitem a formação de novas unidades no léxico como um todo e, assim, a
aquisição de novas palavras por parte de cada falante. Entretanto, a língua,
como sistema de comunicação, não pode se resumir apenas ao aumento do
número de símbolos. Fosse assim, o falante precisaria decorar uma série de
novos símbolos: o sistema seria ineficiente e dependeria da memória do falante.
Na realidade, o que temos é uma expansão do léxico a partir de processos de
formação de palavras.

2.1 Flexão, derivação e composição

A língua apresenta alguns mecanismos linguísticos por meio dos quais se


formam novas palavras. Vamos conhecer a flexão, a derivação e a composição
de palavras em língua portuguesa. Destacamos que o componente lexical de
uma gramática, conforme Scalise (1994), é organizado em três blocos de regras.
São eles: regras de composição, regras de derivação e regras de flexão.

Flexão

A primeira informação a considerar é que, no processo de flexão, são


considerados o gênero, o número e o grau dos nomes e a pessoa, o número, o
tempo e o modo dos verbos. Segundo Câmara Jr. (2001), os morfemas flexionais
apresentam-se de maneira regular e sistemática. Portanto, vamos analisar o que
acontece com a flexão nominal e verbal.

Nos casos de flexão, lembre-se:

 Há regularidade;
 Há concordância;
 Não é opcional
As desinências, ou morfemas flexionais, constituem classe fechada,
obrigatória, e representam as noções gramaticais de gênero, número, modo,
tempo e pessoa. Dessa forma, as classes de vocábulos que podem ser
submetidos aos processos de flexão são os nomes e os verbos. Esses dois
grupos de vocábulos são variáveis e englobam substantivos, adjetivos,
pronomes, artigos, numerais e verbos. Segundo Margotti e Margotti (2008),
podemos classificar as desinências nominais em:

 desinência de gênero (masculino e feminino);


 desinências de número (singular e plural).

Já as desinências verbais classificam-se em: desinências modo-


temporais (tempo e modo do verbo) e desinências de número e de pessoa. Para
entender melhor, observe a Figura 1.

Figura 1. Flexão nominal e verbal.

Fonte: Adaptada de Margotti (2008).

No processo de flexão, há regularidade, pois o nível sintático impõe


normas de concordância. Os vocábulos subordinados devem concordar em
gênero e número. Por exemplo, em uma estrutura em que há presença de
vocábulos subordinados a um substantivo, eles deverão concordar com este em
gênero e número. O mesmo ocorre com a presença do verbo em um enunciado:
ele exige flexão de pessoa e número.
O número do substantivo evidencia a regularidade. Por exemplo: menino,
meninos; garoto, garotos. Dessa forma, o número do substantivo deve ser
considerado como flexão. O gênero é indicado por critério sintático. Nos casos
dos substantivos como livro, caneta, dente, o masculino e o feminino são
determinados pelos anexos determinantes flexionais. Observe:

 O livro.
 Aquela caneta.
 Este dente cariado

Mais detalhadamente, o nome pode ser formado por um morfema, ou seja,


uma raiz, mas também pode ser ampliado por meio de morfemas flexionais
(desinências de gênero e número). O número do substantivo deve ser
considerado como flexão, pois, emitido determinado substantivo, podemos
prever seu plural de forma regular. Para Rocha (1998), os casos de substantivos
invariáveis são muito reduzidos e não impactam na análise linguística (por
exemplo: o ônibus/os ônibus; o atlas/os atlas). Com relação ao gênero, é preciso
análise sintática para indicação. É o caso dos exemplos anteriores: livro, caneta,
dente, pijama, tribo. Estes são femininos ou masculinos pelos determinantes
flexionados em um dos dois gêneros.

 O livro chato.
 A caneta vermelha.
 Aquele pijama listrado.

Em verdade, há certos substantivos em que, além de o gênero poder ser


assinalado por um determinante, pode ser indicado por marca morfológica.
Observe:

 Aquele menino preguiçoso.


 Aquela menina preguiçosa.
 Um gato branco.
 Uma gata branca.
Em seus estudos sobre formação de palavras, Rocha (1998) destaca que
a quase totalidade dos substantivos em língua portuguesa não apresentam
marca morfológica de gênero. Assim sendo, quase todos os substantivos
pertencem a um gênero único, o qual é assinalado por um expediente sintático.
Com relação à flexão e ao gênero, lembre-se de que gênero é uma noção
gramatical atribuída a todos os substantivos. Por isso, temos: o lápis, o
computador, o relógio, a caneta, a meia, a maré. Em português, podemos
encontrar gêneros que variam, por exemplo o/a soja, o/a dinamite, o/a diabete.

Alguns substantivos também são indiferentes quanto ao gênero, ou seja,


podem aparecer tanto no masculino quanto no feminino. Estes são os casos de
o/a analista, o/a sentinela. O que vai determinar o gênero é a concordância. Por
último, temos também aqueles substantivos que designam tanto feminino quanto
masculino. É o caso, por exemplo, de a onça, o jacaré, a cobra. Sobre a flexão
verbal, observamos, nas gramáticas, que as noções de pessoa, número, tempo
e modo são expressas nos verbos por meio de morfemas flexionais. Observe o
exemplo:

Estudávamos. Nessa ocorrência do verbo, -va- é um morfema


denominado cumulativo, pois ele indica tempo e modo. A desinência -mos
também é cumulativa e expressa noções de pessoa e de número. Seguindo a
mesma lógica, e os preceitos de Câmara Júnior (2001), esses dois elementos (-
va- e -mos) são classificados como morfemas flexionais, pois as desinências
modo-temporais e número-pessoais apresentam regularidade e sistematização:
quando enunciado o verbo, podemos constatar sua existência com marcas
variadas de pessoa, número, tempo e modo.

Com relação aos verbos, é necessário compreender que existem


paradigmas distintos:

 Primeira conjugação: cant-a-r; salt-a-r; grit-a-r.


 Segunda conjugação: desc-e-r; corr-e-r; perd-e-r.
 Terceira conjugação: dirig-i-r; sum-i-r; ped-i-r.
Portanto, as desinências verbais, conforme o que foi anteriormente
explicitado, são cumulativas. Assim sendo, as desinências modo-temporais
expressam modo e tempo dos verbos; enquanto as desinências número-
pessoais indicam, respectivamente, número e pessoa. Observe o exemplo:

 Infinitivo impessoal: cant-a-r


 Primeira pessoa do plural: cant-á-va-mos

Quando utilizamos o recurso da comparação, percebemos de forma direta


que cantavam é segmentado da seguinte forma: cant–a–va–m. Desse modo,
cant é radical, a é vogal temática, va é desinência modo-temporal e m é
desinência número-pessoal. Portanto, quanto à flexão, todos os tempos e modos
verbais apresentam desinências modo-temporais e desinências número-
pessoais. São exceções apenas os tempos infinitivo impessoal, particípio e
gerúndio; para estes, não há ocorrência de desinências número-pessoais.

Derivação

Com relação à derivação, é preciso considerar os casos em que são


utilizados os sufixos derivacionais, ou apenas sufixos, como processo de
formação de novas palavras e ampliação do léxico. Por exemplo: formiga,
formigueiro; paquerar, paquerador. Nos processos de formação de novos
vocábulos por derivação, os falantes têm liberdade, sem imposição gramatical.
Utilizam-se prefixos e sufixos para formação de novos vocábulos.

Nos casos de derivação, lembre-se:

 Há irregularidade.
 Não há concordância.
 Há opcionalidade.

A derivação, como processo de formação de novas palavras, acontece


quando um vocábulo formado por apenas um radical primário recebe afixos
(prefixos ou sufixos). Exemplos:

 Panela + eiro = paneleiro


 Im + possível = impossível
 Difícil + mente = dificilmente
No caso da derivação, o acréscimo de prefixos e sufixos realiza-se com a
adição de um afixo a um radical, o qual pode ou não conter outros afixos. Pense,
por exemplo, no vocábulo legalização. Este vem de legalizar, que, por sua vez,
deriva de legal. Resumidamente, a derivação pode acontecer por acréscimo de
prefixo, de sufixo ou prefixo e sufixo, modificando o tema ou a classe gramatical.

Quando é acrescentado ao mesmo tempo um sufixo e um prefixo a uma


palavra já existente chamamos de derivação parassintética:

 espairecer (es- + pairar + -ecer)

 emagrecer (e- + magr + -ecer)


 entediar (en- + tédio + -ar)
 anoitecer (a- + noite + -ecer)

Fonte: mundoeducacao.uol.com.br

Derivação regressiva

A derivação regressiva é um processo de formação de palavras na língua


portuguesa que consiste na redução de uma palavra já existente, geralmente um
verbo, para formar uma nova palavra, geralmente um substantivo, ou seja, há
uma redução na palavra primitiva.

Essa redução ocorre através da retirada do sufixo verbal da palavra


original, gerando um substantivo que designa a ação ou o resultado da ação
expressa pelo verbo. Por exemplo, a partir do verbo "pular", podemos formar o
substantivo "pulo", que designa a ação de pular.
Outros exemplos de derivação regressiva na língua portuguesa são:

 cantar → canto (ação de cantar)


 chorar → choro (ação de chorar)
 comer → começo (início de uma refeição)
 estudar → estudo (ação de estudar)
 dormir → sono (estado de dormir)

É importante destacar que nem todos os verbos da língua portuguesa


podem passar por esse processo de derivação regressiva, e que nem todas as
palavras que se parecem com substantivos derivados são de fato formadas por
esse processo.

Derivação imprópria

A derivação imprópria é um processo de formação de palavras na língua


portuguesa que consiste em utilizar uma palavra de uma classe gramatical para
outra classe gramatical, sem a adição ou retirada de qualquer afixo ou sufixo.

Dessa forma, a palavra passa a ter uma função gramatical diferente


daquela que normalmente lhe seria atribuída. Por exemplo, a palavra "garrafa" é
normalmente um substantivo, mas pode ser utilizada como verbo na frase "ele
garrafa suas emoções", indicando que a pessoa está contendo suas emoções,
assim como uma garrafa contém líquidos.

Outros exemplos de derivação imprópria na língua portuguesa são:

 Ele anda sem esperança. (verbo "andar" utilizado como substantivo)


 O trem apitou três vezes. (verbo "apitar" utilizado como transitivo direto)
 O queijo está ralado. (verbo "ralar" utilizado como particípio)

É importante ressaltar que a derivação imprópria é uma das formas mais


comuns de enriquecimento do vocabulário na língua portuguesa, permitindo uma
maior flexibilidade no uso das palavras e uma comunicação mais rica e
expressiva. No entanto, é preciso ter cuidado para não incorrer em erros de
gramática ou de sentido ao utilizar esse recurso.
Composição

A composição, como processo de formação de palavras em língua


portuguesa, ocorre quando se combinam dois ou mais radicais, ou seja, a
composição, ocorre quando duas ou mais palavras se unem para formar uma
nova. Esse processo pode ser feito por meio de palavras simples (monossílabas,
dissílabas, trissílabas, etc.) ou palavras compostas já existentes na língua.
Algumas palavras compostas são formadas por hífen, enquanto outras não. O
processo de composição pode ocorrer por justaposição ou por aglutinação:
dedo-duro; beija-flor; auriverde.

A composição acontece com a união de vocábulos já existentes na língua,


como em quebra-nozes. Entretanto, também pode ocorrer pela combinação de
bases consideradas não autônomas. Diferentemente do processo de derivação,
no qual se registra apenas um radical primário, nos processos de composição
existem duas ou mais raízes.

Entretanto, no processo de composição, os vocábulos existentes perdem


a significação para formar um novo conceito e nomear outro objeto da língua.
Tomemos o exemplo de beija-flor: separadamente, tem-se beija e flor; quando
unidos por composição, indicam um pássaro, ou seja, criam um novo conceito.
Vocábulos compostos comutam com aqueles simples, também ocorrendo o
movimento contrário.

Composição por aglutinação

Ocorre quando os elementos ou palavras que formam os compostos


aglutinam-se, ou seja, unem-se, ligam-se. Isso significa que pelo menos uma de
suas partes perde sua integridade sonora ou ortográfica.

Quando ocorre a aglutinação, as palavras sofrem alterações em seus


elementos morfológicos, podendo haver perda ou troca de afixos ou sufixos. A
palavra recém-formada pode perder acento e ter significados totalmente
diferentes das usadas no processo de aglutinação.

Outros exemplos de justaposição na língua portuguesa são:

 água + ardente = aguardente


 desta + arte = destarte
 plano + alto = planalto
 em + boa + hora = embora

Composição por justaposição

A justaposição é um processo de formação de palavras na língua


portuguesa que consiste na união de duas ou mais palavras para formar uma
nova com um significado diferente do que seria possível obter com as palavras
isoladas. Nesse processo, as palavras são unidas sem a perda de suas
características morfológicas, ou seja, seus radicais e sufixos são mantidos. Por
exemplo, a palavra "guarda-chuva" é formada pela justaposição das palavras
"guarda" e "chuva", criando um substantivo com um significado específico.

Outros exemplos de justaposição na língua portuguesa são:

 Girassol (gira + sol)


 Amor-perfeito (amor + perfeito)
 Couve-flor (couve + flor)
 Passatempo (passa + tempo)
 Giramundo (gira + mundo)

2.2 Contribuições da gramática descritiva

Conforme Bechara (2010), a renovação do léxico está associada à criação


de novas palavras. Para este gramático, as múltiplas atividades dos falantes, no
convívio em sociedade, favorecem a criação de palavras, de forma a atender
necessidades culturais, científicas e comunicacionais. Nesse âmbito,
encontramos os neologismos, como expressão efetiva dessa necessidade
renovadora, e os arcaísmos, como aquelas palavras que, por falta de uso,
deixam de ser utilizadas por determinada comunidade linguística. Em alguns
casos, os arcaísmos permanecem, demarcando comunidades mais
conservadoras.

Conforme a gramática descritiva, os neologismos, ou criações novas, são


inseridos na língua por diversos caminhos. O primeiro deles ocorre por meio dos
elementos que já existem na língua, sendo estas palavras, prefixos ou sufixos.
Eles podem combinar-se e emitir delimitações com significado usual ou mudança
de significado. Como processos formais, temos a composição e a derivação, mas
também os empréstimos. Estes ocorrem por incorporação de termos de outras
línguas — traduzidos ou não — ao português.

Portanto, podemos inferir que a gramática descritiva contribui na


descrição e no registro das variedades linguísticas de certo momento de uma
língua. Trata-se de uma abordagem sincrônica que descreve as unidades
existentes na língua, as categorias linguísticas disponíveis, os tipos de
construção que são possíveis e a função dos elementos. Indica, ainda, as
condições de uso de cada um deles. Dessa forma, a gramática descritiva
contribui para que os falantes compreendam a variedade da língua, não apenas
da língua culta. Sendo assim, o que há de registro oral também é validado por
essa abordagem.

Evitando as noções de erro e de acerto, a gramática descritiva identifica


as formas de expressão existentes em determinado tempo, evidenciando,
portanto, que não há língua uniforme.

3 SUBSTANTIVO

Substantivo é uma classe de palavras que designa seres, objetos,


lugares, sentimentos, ideias, entre outros elementos que possuem existência
real ou imaginária. Os substantivos são fundamentais na língua portuguesa, pois
são utilizados para nomear e identificar todos os elementos que nos cercam,
podem apresentar flexões de gênero, número e grau, podendo ser ou não
precedidas de artigos ou pronomes.

Observando os substantivos do ponto de vista funcional, de acordo com


Machado (2017), pode-se concluir que eles se caracterizam pelo fato de serem
o núcleo dos termos nominais em nossa língua. Desta forma, os substantivos
são palavras que compõem:
▶ Sujeitos (A festa estava ótima.)

▶ Objetos diretos (Peguei o bolo da festa.)

▶ Objetos indiretos (Dei o presente à criança.)

▶ Predicativos do sujeito (Você parecia criança ao ver a festa.)

▶ Predicativos do objeto (Considero você uma criança.)

▶ Complementos nominais (O choro do menino era horrível.)

▶ Adjuntos adnominais (Isto é choro de criança.)

▶ Adjuntos adverbiais (Saí com o rapaz.)

▶ Agentes da passiva (O vidro da janela foi quebrado pela criança.)

▶ Apostos (Minha vida, uma longa história, passou devagar.)

▶ Vocativos (Filho, arrume a cama!)

Fonte: adaptada de Machado (2017)

CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS

Substantivos concretos ou abstratos

Os substantivos concretos nomeiam seres que têm existência própria sem


depender de outro ser, ou de uma situação. Eles podem ser reais ou imaginários.

Ex.: mesa, Deus, fada, bruxa, porta, etc.

Quanto aos substantivos abstratos, nomeiam seres que possuem


dependência de outros seres para que possam existir, ou seja, sua existência
sempre está associada à de um outro ser, sendo, portanto, abstrações.
Ex.: sombra, ódio, limpeza, doença, amor, liberdade, etc.

▶Substantivos próprios, comuns e coletivos

Os substantivos próprios referenciam seres específicos de uma


determinada espécie, tornando esses seres únicos dentro de um grupo maior
(espécie).

Ex.: Victor, Brumadinho, Rio de Janeiro, Alemanha.

Os substantivos comuns nomeiam seres em geral, ou seja, todos de uma


mesma espécie, não havendo, portanto, especificações.

Ex.: homem, rua, estado, país.

Os substantivos coletivos são aqueles que, mesmos estando no singular,


nomeiam um grupo de seres/elementos da mesma espécie. Veja a seguir uma
lista de substantivos coletivos.
Cont.
Fonte: adaptada Cunha (2017)

SIMPLES E COMPOSTOS

Os substantivos simples possuem um único radical.

Ex.: porta, roupa, moça.

Já os substantivos compostos são formados por mais de um radical. Ou


seja, é formado por duas ou mais palavras que, juntas, têm o valor de um único
substantivo.

Ex.: pé de moleque, passatempo, beija-flor.


PRIMITIVOS E DERIVADOS

Substantivos primitivos são aqueles que não se originam de nenhum outro


radical de nossa língua, ao contrário, eles é que dão origem a novas palavras.

Ex.: sal, cama, foto, cabeça.

E os substantivos derivados são aqueles que têm sua origem ligada a


algum outro radical de nossa língua.

Ex.: salário, camareira, fotografia, cabeçote.

FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS

A flexão dos substantivos é uma das principais formas de variação que


uma palavra pode apresentar em uma língua. Um substantivo pode mudar
conforme o gênero (masculino ou feminino), número (singular ou plural) ou grau
(aumentativo ou diminutivo).

▶ Flexão de gênero

Na língua portuguesa temos dois gêneros: masculino e feminino.

São pertencentes ao gênero masculino os substantivos que podem ser


antecedidos pelo artigo masculino. Leia a fábula: O lobo e o cordeiro, abaixo, e
analise o uso dos substantivos masculinos.
Como você pode perceber os substantivos masculinos na maioria das
vezes estão acompanhados de um artigo definido ou indefinido “o cordeiro”, “o
lobo”, “um pastor”, “um dos cães”. Mas lembre-se que, nem sempre a presença
do artigo estará explícita no texto, cabendo ao leitor sua pressuposição.

De acordo com Cunha (2017), há, ainda, alguns substantivos que podem
causar dúvidas com relação ao gênero gramatical a que fazem parte. É o caso
dos seguintes substantivos masculinos: o aneurisma, o champanha, o clã, o
contralto, o diabete, o dó (compaixão), o eclipse, o eczema, o formicida, o
gengibre, o grama (peso), o guaraná, o lança-perfume, o soprano, o telefonema.
Formação do feminino

A formação do gênero gramatical feminino na língua portuguesa ocorre


de dois modos: através dos processos centrados nos radicais e pela flexão.

Processo centrado nos radicais

A diferenciação entre masculino ou feminino é clara, visto que a distinção


é feita através dos radicais. Isso ocorre com os substantivos denominados
“heterônimos”, ou seja, apresentam uma forma para o masculino e outra para o
feminino. Observe:

 Boi – vaca
 Homem – mulher
 Cavalo – égua

Há também a formação do feminino através do acréscimo das palavras


“macho” e “fêmea” após o radical. Esses são os chamados substantivos
epicenos.

 A girafa macha – a girafa fêmea


 O crocodilo macho – o crocodilo fêmea
 A tartaruga macho – a tartaruga fêmea

É possível, ainda, a indicação do gênero de determinado substantivo


através da anteposição de determinantes aos radicais. Nesse caso, os
substantivos recebem o nome de “comuns de dois gêneros”.

 O eletricista – a eletricista
 O estudante – a estudante
 O selvagem – a selvagem

Há também aqueles substantivos que a partir do seu gênero gramatical


específico podem designar indivíduos de ambos os sexos. Veja:
 A criança
 O cônjuge
 A vítima

Formação do feminino pela flexão (mudança na terminação da


palavra)

Castilho (2010), aponta que os casos em que ocorre a formação do


feminino pela mudança na terminação da palavra, se diz que o masculino é o
termo não marcado e que o feminino é o termo marcado. O morfema específico
para determinar nomes femininos na língua portuguesa é o sufixo –a. Observe
como ocorre a formação do feminino na língua através do acréscimo do sufixo –
a:

Suprime-se a vogal temática –o e acrescenta-se o morfema feminino –a.

 Menino – menina
 Aluno – aluna
 Gato – gata

Acrescenta-se o morfema –a àqueles substantivos sem vogal temática na


forma masculina e com o radical terminado em consoante.

 Professor – professora
 Doutor – doutora
 Chinês – chinesa

Substantivos terminados em –ão formam o substantivo feminino quando


terminados em –oa, –ã ou –ona:

 Leão – leoa
 Patrão – patroa
 Irmão – irmã
 Comilão – comilona

Flexão de número
Bechara (2006), esclarece que a flexão de número ocorre quando há
manifestação do substantivo sobre a forma singular ou plural. As formas
marcadas, em termos e flexão de número, pelo morfema –s são as do plural, e
as não marcadas, as do singular. Vejamos as regras de formação do plural:

Substantivos terminados em vogal ou ditongo. Regra geral: acrescenta-


se o morfema –s.

 Bola – bolas
 Carro – carros
 Boi – bois

ATENÇÃO – A mesma regra deve ser usada quando o substantivo


terminar com a letra “m”. Neste caso, troca-se o “m” pelo “n” e acrescenta-se o
morfema –s.

 Atum – atuns
 Álbum – álbuns
 Som – sons

Regras especiais:

Substantivos terminados em –ão.

Os substantivos terminados em –ão fazem o plural de três formas: troca-


se o –ão por –ões, troca-se o –ão por –ães ou acrescenta-se o morfema –s à
forma singular do substantivo.

 Balão – balões
 Caminhão – caminhões
 Pão – pães
 Alemão - alemães
 Cidadão – cidadãos
 Mão – mãos
Substantivos terminados em consoante

Acrescenta-se –es à forma singular dos substantivos terminados em –r, –


z ou –n.

 Açúcar = açúcares
 Xadrez = xadrezes

Substantivos oxítonos terminados em –s recebem a terminação –es, mas


se forem paroxítonos ou proparoxítonos são invariáveis.

 Freguês = fregueses
 Português = portugueses
 Lápis = os lápis
 Ônibus = os ônibus

Substantivos terminados em –al, –el, –ol, –ul troca-se –l por –is.

 Jornal = jornais
 Papel = papéis
 Álcool = álcoois
 Azul = azuis

Substantivos com terminações –il troca-se –l por –s, se oxítonos, e


quando terminados em –el troca-se –l por –is, se paroxítonos.

 Fuzil = fuzis
 Projétil = projéteis
Substantivos que fazem o diminutivo em –zinho e aumentativo em –zão
exigem marcação de plural não somente do sufixo, mas também no radical
(perde-se o –s do plural no radical):

 Papelzinho = papeizinhos (papéi (s)+ zinhos)


 Barzinho = barezinhos (bare (s) + zinhos)

Substantivos compostos

Nos substantivos compostos não ligados por hífen somente o segundo


radical fica no plural.

 Aguardente = aguardentes
 Lobisomem = lobisomens

Nos substantivos compostos ligados por hífen há três possibilidades de


realização do plural:

Somente o primeiro radical vai para o plural (quando os radicais são


ligados por preposição ou quando o segundo elemento especifica o primeiro).

 Pé-de-cabra = pés-de-cabra
 Pimenta-do-reino = pimentas-do-reino

Apenas o segundo radical vai para o plural (quando o primeiro radical é


verbo ou palavra invariável).

 Guarda-chuva = guarda-chuvas
 Vice-presidente = vice-presidentes
Ambos os radicais vão para o plural (compostos formados por palavras
variáveis).

 Cartão-postal = cartões-postais
 Amor-perfeito = amores-perfeitos

▶ Flexão de grau

Na língua portuguesa os substantivos podem ser utilizados no grau


normal, aumentativo ou diminutivo. Para marcar a variação de grau são utilizados
dois processos:

Sintético: a partir do uso de sufixos aumentativos ou diminutivos


acrescentados ao radical da palavra.

 Boca = boquinha = bocão


 Boneca = bonequinha = bonecona

Analítico: através do acréscimo de um adjetivo que indique aumento ou


redução da ideia de tamanho.

 Menino = menino pequeno = menino grande


 Carro = carro minúsculo = carro grande

ATENÇÃO

O uso do aumentativo e diminutivo podem indicar, além da redução ou


aumento de tamanho, alterações no valor semântico do substantivo,
manifestando assim a subjetividade da linguagem através de conotações
afetivas ou depreciativas. Veja:
 Amorzinho = conotação afetiva
 Amigão = conotação afetiva
 Jornaleco = conotação depreciativa
 Mulherzinha = conotação depreciativa

É preciso elucidar que o valor semântico do aumentativo ou diminutivo


está intrinsecamente relacionado ao contexto de uso, assim, é necessário ter
atenção ao contexto no qual estão sendo utilizadas as formas diminutiva e
aumentativa.

4 ARTIGO

De acordo com Bechara (2006), o artigo é uma palavra que precede o


substantivo e tem como função indicar se ele é definido ou indefinido. Os artigos
definidos são "o", "a", "os" e "as", e são utilizados para referir-se a um substantivo
de forma específica.

 A fé nas densas trevas, resplandece mais viva.

Enquanto os artigos indefinidos são "um", "uma", "uns" e "umas", e são


utilizados para referir-se a um substantivo de forma não específica.

 Uma fé nas densas trevas, resplandece mais viva.

Na tirinha abaixo temos um exemplo de artigo definido e indefinido durante


o diálogo, fica nítido a diferença entre /um/ e /o/. O artigo indefinido um –
representa qualquer cachorro, enquanto o artigo definido o- se refere
exatamente ao cachorro.
Fonte: tudosaladeaula.com

4.1 Adjetivo

O adjetivo é uma palavra que modifica ou qualifica o substantivo,


indicando uma qualidade, característica ou estado. Por exemplo, na frase "o
vestido vermelho é bonito", o adjetivo "vermelho" modifica o substantivo
"vestido", indicando sua cor, enquanto o adjetivo "bonito" indica uma qualidade
positiva.

Na língua portuguesa, existem diversos tipos de adjetivos e sua formação


pode variar de acordo com cada um deles. A seguir, algumas das principais
formas de formação dos adjetivos:

Adjetivos Primitivos: São palavras que não derivam de outras palavras,


ou seja, são considerados a forma original do adjetivo, como "bonito", "triste",
"feliz", "belo", entre outros.

Adjetivos Derivados: São formados a partir de outras palavras, como


verbos, substantivos e advérbios. A derivação pode ser por prefixação, sufixação
ou por ambas, como por exemplo: "amigo" "amiga" (derivado por sufixo de
gênero); "trabalho" "trabalhador" (derivado por sufixo de agente); "feliz"
"felicidade" (derivado por sufixo de qualidade); "injusto" "justo" (derivado por
prefixo negativo).

Adjetivos simples: Apresentam um único radical, como por exemplo:


bonito, feio.
Adjetivos Compostos: São formados pela junção de dois ou mais
adjetivos, como "azul-claro", "verde-escuro", "amarelo-canário", "branco-neve",
entre outros.

Adjetivos Pátrios: São formados a partir de nomes de países, cidades,


regiões, continentes, como "brasileiro", "francês", "caribenho", "asiático", entre
outros.

Observe a tirinha:

Fonte: tudosaladeaula.com

Como você pôde perceber, na tirinha temos um exemplo de adjetivo


derivado, no caso – intolerante – derivou do verbo tolerar, a derivação ocorreu
por prefixação, sufixação.

▶Flexão dos adjetivos

Do mesmo modo como são os substantivos, os adjetivos obrigatoriamente


sofrem variações em gênero, número e grau, pois eles precisam acompanhar e
corresponder ao substantivo que o determina. Assim, se o adjetivo que define
um substantivo feminino é plural, ele também deve ser feminino e plural:

 As belas flores do campo.

Flexão de gênero
Os adjetivos não possuem gênero definido, eles assumem o gênero do
substantivo que o determina. Logo, quanto ao gênero, pode-se dizer que eles se
classificam como biforme ou uniforme.

Adjetivos biformes e uniformes são dois tipos de adjetivos que se


diferenciam pela forma como se flexionam em gênero (masculino/feminino) e
número (singular/plural) na língua portuguesa.

Os adjetivos uniformes são aqueles que apresentam uma única forma,


tanto para o gênero masculino quanto para o feminino, como por exemplo "feliz",
que não muda de forma quando utilizado para descrever um homem ou uma
mulher: "o homem feliz" e "a mulher feliz". Já os adjetivos biformes apresentam
uma forma para o gênero masculino e outra para o feminino, como por exemplo
"bonito" (masculino) e "bonita" (feminino), que se flexionam de acordo com o
gênero do substantivo que estão acompanhando: "o homem bonito" e "a mulher
bonita" (respectivamente).

De acordo com Cunha (2017), para a formação adjetivos femininos é


preciso estar atento a algumas regras:

A primeira regra básica é que nos adjetivos terminados em –o fazem o


feminino trocando essa terminação por –a:

 Garoto educado = garota educada

Adjetivos terminados em –u , -ês ou –or recebem o acréscimo do sufixo –


a:

 Rapaz norueguês = moça norueguesa

Alguns adjetivos terminados em –dor e –tor trocam essa terminação por


–triz, ou substituem –or por –eira:
 Impulso motor = força motriz
 Homem trabalhador = mulher trabalhadeira

Adjetivos terminados em –ão fazem o feminino com –ã ou –ona:

 Homem cristão = mulher cristã


 Menino comilão = menina comilona

Os adjetivos que têm terminação em ditongo –eu fazem o feminino em –


eia:

 Ator europeu = atriz europeia

Os terminados em –éu formam o feminino em –ao:

 ilhéu = ilhoa

É preciso mencionar também a exceção do adjetivo mau, que forma o


feminino com a forma má.

Quanto aos adjetivos compostos biformes, a maioria flexiona no gênero


feminino apenas o segundo elemento:

 Consultório médico-dentário = clínica médico-dentária


ATENÇÃO para as exceções!

▶ Azul-marinho (que é uniforme) e surdo-mudo, cujos dois


elementos flexionam-se no gênero feminino (surda-muda).

▶ Os adjetivos uniformes são aqueles que apresentam uma


forma única, tanto para o masculino como para o feminino.
Ex.: especial, forte, insuportável, difícil.

Flexão de número

Os adjetivos constituem concordância com os substantivos que


identificam; desta forma, se o adjetivo estiver acompanhando um substantivo no
singular, ele será singular, da mesma forma, se o substantivo estiver no plural, o
adjetivo também se flexiona no plural. A forma plural dos adjetivos simples é
formada do mesmo modo dos substantivos simples. Em adjetivos compostos
formados por dois adjetivos simultaneamente, apenas o segundo elemento é
flexionado no plural:

 Clínica médico-dentária = clínicas medico-dentárias


 Acordo luso-brasileiro = acordos luso-brasileiros
ATENÇÃO para as exceções!

▶ Azul-marinho e azul-celeste (invariáveis) e surdo-mudo, cujos dois


elementos pluralizam-se (surdos-mudos).

▶ Adjetivos compostos referentes a cores, cujo segundo elemento é um


substantivo, também são invariáveis: Tinta amarelo-ouro = tintas amarelo-
ouro; blusa verde-água = blusas verde-água.

Flexão de grau

Para Bechara (2006), quanto à variação de grau, os adjetivos modificam


de acordo com os graus em que se encontram, comparativo ou superlativo, e
variam através das formas sintéticas ou analíticas.

Grau comparativo

De acordo com Machado (2017), no grau comparativo há uma


comparação entre características de dois ou mais seres. Essa comparação pode
ressaltar igualdade, superioridade ou inferioridade, ocorrendo na maioria das
vezes na forma analítica. Veja:

 Minha família é tão rica quanto a sua. (comparativo de igualdade)


 O namorado de Jéssica é mais chato que o de Camila. (comparativo de
superioridade)
 A moto de Daniel é menos potente que a de Fernando. (comparativo de
inferioridade)
Existem alguns adjetivos que apresentam forma sintética para externar o
comparativo de superioridade, como é o caso de: bom e mau (melhor e pior),
grande e pequeno (maior e menor).

Grau superlativo

Para Castilho (2010), o grau superlativo é uma das formas de grau que
um adjetivo ou advérbio pode ter. É usado para indicar que algo ou alguém tem
a qualidade em maior grau dentro de um conjunto ou categoria específica.

Existem duas formas de grau superlativo: o grau superlativo relativo e o


grau superlativo absoluto.

O grau superlativo relativo é usado para comparar uma coisa ou pessoa


com outras dentro do mesmo grupo. Por exemplo: "o carro mais rápido da
concessionária", "a menina mais inteligente da turma".

Já o grau superlativo absoluto é usado para indicar que algo ou alguém


tem uma qualidade em maior grau, sem fazer comparação com outros. Ele é
formado por meio de sufixos como "-íssimo" ou "-érrimo", que são acrescentados
ao final do adjetivo ou advérbio. Por exemplo: "fortíssimo", "altíssimo",
"rápidíssimo", "grandíssimo".

5 PRONOMES

De acordo com Azevedo (2015), a linguagem é uma atividade


essencialmente social. Para realizá-la, é preciso a formulação de discursos que
somente são possíveis com a presença de um “eu” e um “outro”. Na linguagem,
a presença das pessoas do discurso é diretamente marcada pela utilização dos
pronomes.

A principal função dos pronomes, portanto, é fazer referência às pessoas


do discurso delimitando-as gramaticalmente. Assim, é possível definir o pronome
como uma palavra invariável que identifica na língua os participantes do
discurso: primeira pessoa (o ser que fala), segunda pessoa (o ser com quem se
fala) e terceira pessoa (o ser de que se fala).
Existem seis tipos de pronomes: pessoais e de tratamento, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos.

PRONOMES PESSOAIS

Fazem referência direta e explícita às pessoas do discurso.

▶ PRONOMES PESSOAIS

Fonte: adaptada de Azevedo (2015)

ATENÇÃO! Alguns gramáticos e linguistas já incluem na 2ª pessoa os


pronomes “você” e “vocês”, que, embora empregados com a forma verbal da 3ª
pessoa, indicam a 2ª pessoa do discurso.

5.1 Pronomes de tratamento

Conforme Cegalla (2014), os pronomes de tratamento são palavras que


funcionam como pronomes pessoais e são utilizados para designar o
interlocutor. É o contexto e o interlocutor que definem que pronome de
tratamento deve ser utilizado para realização do discurso.

A seguir você verá a reprodução de uma tabela contendo os principais


pronomes de tratamento e suas abreviaturas.
▶ PRONOMES DE TRATAMENTO

Fonte: adaptada de Azevedo (2015)

5.2 Pronomes possessivos

São aqueles que fazem referência às pessoas do discurso indicando uma


relação de posse material ou afetiva. Atente para o texto abaixo:
CUIDADO COM O “SEU”!

Este caso aconteceu com um velho amigo. Ele, gerente de vendas de uma
multinacional, ao voltar do almoço, encontrou sobre sua mesa um memorando interno
no qual estava escrito:

“Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às


15h.”

Imediatamente ligou para sua secretária e pediu que ela preparasse tudo para
a tal reunião, principalmente a limpeza da mesa e mais algumas cadeiras.

Às 15h em ponto, lá estava ele à espera do seu diretor.

Às 15h10min, nada. Achou estranho, pois o diretor sempre exigiu muita


pontualidade de todos.

Às 15h15min, um telefonema. Era o diretor: “Que é que você está fazendo aí


que ainda não veio para a reunião?”
No exemplo anterior é possível observar a utilização do pronome
Só então ele entendeu que o “seu escritório” não era o dele próprio, mas sim
possessivo “seu” estabelecendo tanto uma relação de posse afetiva “seu diretor”,
o do diretor.
“sua secretária” quanto posse material “seu escritório”, “sua mesa”.
Fonte: Nogueira (2015).

Veja a seguinte tabela contendo os principais pronomes possessivos.

Fonte: adaptada de Azevedo (2015)


5.3 Pronomes demonstrativos

Para Almeida (2009), os pronomes demonstrativos são aqueles que


fazem referência às pessoas do discurso estabelecendo, entre elas e os seres
por eles designados, uma relação de proximidade ou distanciamento, no tempo
e no espaço.

▶ Pronomes demonstrativos
Fonte: adaptada de Azevedo (2015)

5.4 Pronomes indefinidos

Fazem referência à terceira pessoa do discurso de uma maneira


indefinida, vaga, imprecisa ou genérica.

 Comprei muitos livros.


 Gostaria de ler alguns livros interessantes.

Os pronomes indefinidos podem ser variáveis ou invariáveis:


Fonte: adaptada de Azevedo (2015)

5.5 Pronomes interrogativos

São usados nas perguntas diretas ou indiretas. São eles: que, quem, qual,
quanto.

 Que são pronomes interrogativos? (pergunta direta)


 O professor perguntou aos alunos o que são pronomes interrogativos. (pergunta
indireta)

5.6 Pronomes relativos

Segundo Cunha (2017), os pronomes relativos são aqueles que fazem


referência a algum elemento anteriormente mencionado no texto, considerando
o seu antecedente, com o qual estabelecem uma relação de natureza anafórica.
 Comprei um livro de Machado de Assis que tem alguns contos muito
interessantes.
 Este é o meu pai, a quem devo as orientações que me ajudaram a definir o rumo
da minha vida.

▶ Pronomes relativos

Fonte: adaptada de Azevedo (2015)

5.7 Degrau pronominal: como os pronomes ajudam a construir o sentido


das frases

Conforme Cunha (2017), o pronome tem a capacidade de promover


remissão (sua natureza é, como se diz, fórica). A natureza fórica é a responsável
pelo processo de referência e de substituição em um texto.

Pronomes Exofóricos: Os pronomes exofóricos são pronomes que se


referem a elementos que estão fora do texto ou da fala em que são utilizados.
Eles são chamados de exofóricos porque sua referência não é encontrada dentro
do próprio texto, mas em elementos que estão no contexto externo à produção
linguística.

Um exemplo comum de pronome exofórico é o pronome "aquela", que se


refere a algo que foi mencionado anteriormente, mas que não está presente no
texto ou na fala em que o pronome é utilizado. Por exemplo: "Ontem, vi uma casa
muito bonita. Aquela era de madeira e tinha um jardim encantador".

Pronomes Endofóricos: Se a comunicação exige substituição de um


termo por pronome: “Você precisa conhecer as últimas novidades, a elas vão
impressionar”.
Eles se referem a elementos que estão dentro do próprio texto ou discurso
em que são utilizados. São chamados de endofóricos porque sua referência é
encontrada dentro do próprio contexto linguístico.

Um exemplo comum de pronome endofórico é o pronome "este", que se


refere a algo que foi mencionado anteriormente no próprio texto ou discurso. Por
exemplo: "Ontem eu vi uma casa muito bonita. Este era o meu sonho de
infância".

Há ainda funções anafóricas e catafóricas responsáveis pelo processo


remissivo em um texto:

Anafórica: Quando retomam um termo, oração ou expressão: “Preguiça:


esse é o seu problema.”

Catafórica: Quando anunciam o termo que virá: “Este é o seu problema:


preguiça.”

De acordo com Cunha (2017), como agentes articuladores, os pronomes


têm nuances que ajudam a construir o sentido de um texto. Daí a crítica a quem,
nas escolas, trabalha com essa categoria gramatical limitando-se à classificação
ou a exercícios de correção. Afinal, os pronomes podem oferecer ao usuário da
língua muitas possibilidades de modular um texto.

O referido autor explica que é por meio da interlocução que os pronomes


fazem referência aos participantes de um discurso. Por remissão textual, fazem
alusão a pessoas ou a coisas que participam dele. Considerando que muitos
podem ter dúvidas de como identificar as palavras com as quais ocorre a
próclise, Azevedo (2015), alinha as mais frequentes:

 Palavras negativas e advérbios (não, nem, nunca, ainda, assaz, bastante, bem,
já, jamais, mais, mal, muito, menos, pouco, quanto, quase, quem, quiçá, sempre,
só, talvez, tanto, etc.);
 Conjunções, principalmente subordinativas (quando, enquanto, se, que, etc.);
 Pronomes relativos (que, quem, cujo, etc.);
 Pronomes indefinidos (tudo, alguém, nada, etc.);
 Pronomes pessoais retos (eu, tu, etc.) em muitos casos;
 Ou... Ou, ora ... Ora, etc. (das orações coordenadas sindéticas alternativas).
Cegalla (2004), esclarece que, quanto a ênclise, usa-se em poucos
outros, nos quais sempre haverá formalidade. Tanto que se procura adotar uma
forma em que seja possível utilizar a próclise. Ou se torna o sujeito explícito ou
se muda a disposição da frase, pois ninguém pedirá num almoço de família
“passe-me a terrina de feijão” e, sim, um informal “me passe o feijão”.

 Em frase iniciada por verbo: Dê-me o livro. Enchi-me de coragem.


 Com infinitivo impessoal: Decidiram considerá-los inocentes. Resolveram
aumentar-lhe o salário.
 Com verbo no gerúndio, se não precedido por “em”: Virando-se, pisou no que
não devia.
 Com o verbo no imperativo afirmativo, em uso literário e artificial: Deixai-a seguir
em paz.
 Com infinitivo e gerúndio: Em locuções com o verbo principal no infinitivo
(desinência -ar, -er, -ir, -or) ou no gerúndio (-ndo), a frase flui melhor com o
pronome antes do verbo principal: Precisam nos avisar. Ela quer me enciumar.
 Em textos formais, ou se antecipa o pronome ao verbo auxiliar ou se usa a
ênclise ao verbo principal.
 Com gerúndios: “Estou a lixar-me para o povo” x “Estou-me lixando para o povo”.
Se o pronome estiver sem hífen junto do verbo auxiliar, a informalidade aumenta:
Eles devem avisar-nos. Ela quer enciumar-me. Eles devem-nos avisar. Ela quer-
me enciumar. Eles devem nos avisar. Ela quer me enciumar.
 Com particípio: Jamais se coloca o pronome átono após o particípio (desinência
-do: amado, comido, partido, exceto alguns irregulares: dito, feito, posto, etc.).
Com particípio, o pronome se liga ao verbo auxiliar. A formalidade é marcada
pelo hífen ligando o pronome em ênclise ao verbo auxiliar. No texto menos
formal, evita-se o hífen: Haviam-lhe contado que o Congresso é baba. Haviam
lhe contado... Eles lhe haviam contado...
 Com o/a/os/as: Aqui, o pronome se antecipa ao verbo auxiliar; a menos que a
construção tenha infinitivo ou gerúndio, caso em que será melhor colocar o
pronome depois deles. Se a ênclise for ao infinitivo, o pronome assume as
formas variantes lo/la/los/las, colocações que sempre parecerão artificiais: Eles
não a tinham de convocar. Eles não tinham de convocá-la.
As variantes -no, -na, -nos, -nas são exclusivas de registros formais ou
ultraformais e surgem sempre após as formas verbais terminadas por vogal ou
ditongos nasais (-am; -em): Tragam-nos aqui.

Cunha (2017), aponta que é frequente o uso do pronome oblíquo átono


“lhe” em vez de “o” e “a” (e seus plurais) com verbos transitivos diretos, que
rejeitam preposição. Pelo padrão formal, o lhe é complemento de verbos
transitivos indiretos, preposicionados. Então, não fica bem dizer, ou escrever:

 Eu lhe amo.
 Conheceu-lhe na rua...
 Quero lhe abraçar.

A melhor forma é:

 Eu a amo,
 conheceu-o na rua,
 quero abraçá-la.

O que vale, claro, é a adequação da linguagem à circunstância, ao


momento, ao meio e ao interlocutor. Por isso, a verdade pode estar no “eu te
amo”, “eu lhe quero” naturais da linguagem descontraída regional. Só não fica
bem usar a linguagem coloquial em conversa ou texto formais.

O “lhe” adequado à regência verbal

 Muitos redatores pingam pronomes distraidamente (forma indiscutível entre


parênteses):
 “Não sabem o que lhes aguarda” (os aguarda).
 “Apresentou-lhe ao senador” (Apresentou-o).
 “Não sabem o que lhes espera...” (o que os espera).

Mas há casos adequados à regência:

 Deu-lhe um mimo.
 Fez-lhe um agrado.
 Apresentou-lhe o senador.
 Trouxe-lhe um presente.
Verbos que rejeitam o “lhe”

Há verbos que rejeitam o “lhe”, mesmo transitivos indiretos: aludir, aspirar,


assistir (= presenciar), recorrer. Usa-se “a ele”, “a ela”, “a você”:

 Amava a mulher, por isso aludia a ela com frequência.


 O cargo de prefeito era bom: todos aspiravam a ele.
 O parto foi difícil; assisti a ele preocupado.
 Recorreu a você, pois não havia outro jeito.

Conforme Almeida (2009), os pronomes têm um papel na articulação e na


força retórica dos textos, pois promovem vínculos propositais entre os agentes
do discurso. O pronome de tratamento “você” no lugar do pessoal “tu”, por
exemplo, gera entre os participantes do discurso uma relação mais estreita, pois
a flexão em 2ª pessoa (tu) por tempos esteve presente em discursos distantes
da fala cotidiana. A substituição do pessoal “nós” pela expressão “a gente”
sinaliza afeto. Já o artigo indefinido antes do pronome indefinido pode incidir em
redundância ou soar pejorativo:

 “Um certo dia vi um terrível acidente.” (redundância)


 “Um certo prefeito roubou o dinheiro público.” (pejorativo)

O possessivo “seu” ultrapassa a noção de posse se usado como


tratamento (“Fique tranquilo, seu João”) ou assume valor de substantivo (“Fique
junto aos seus”). Sua posição na frase muda o sentido:

 “Recebi suas informações” (= informações vindas de você)


 “Recebi informações suas” (= informações sobre você)

Há vezes em que o possessivo “perde” a noção de posse e adquire papel


intensificador (“Não faça isso, seu maluco!”). Em outras, o oblíquo tem função de
possessivo (“Chutou-me a perna” = chutou minha perna). Demonstrativos não
se limitam a indicar posição no tempo ou espaço, mas também imprecisão (“Um
dia desses irei com você”; “João deve ter seus 40 anos”).

NUMERAL

Como o próprio nome já enuncia, e conforme Cegalla (2004), nesta classe


de palavras agrupam-se os termos que dizem respeito aos números. Essas
palavras são instrumentalizadas para quantificar substantivos ou indicar
posições numéricas ou ordinais de algo ou alguém. A representação gráfica do
numeral pode se dar de forma simbólica, pelo número, ou em sua escrita por
extenso. Esta classe de palavras divide-se em: numerais cardinais, numerais
ordinais, numerais multiplicativos, numerais fracionários e numerais coletivos.

Atenção!

O que difere o numeral um do artigo um é que, no contexto semântico, o


artigo indica uma indefinição do substantivo, enquanto o numeral indica a
quantidade do substantivo.

Classificação dos numerais: Convencionou-se classificar os numerais


da seguinte forma:

Numerais cardinais

Os numerais cardinais designam o número ou a quantidade de seres. Ou


seja, indica uma quantidade exata de algo, como "um", "dois", "três", "quatro",
"cinco", etc. Eles são usados para contar objetos ou pessoas, por exemplo: "Eu
tenho dois gatos".
 Podem cair mil à tua esquerda, dez mil à tua direita. (Livro de Salmos na Bíblia
Sagrada).

Observe na charge abaixo o numeral contabilizando a quantidade de


pássaros desatentos e a quantidade de pássaros que o gato devorou:

Fonte: antenadosnaescrita.webnode.

Numerais ordinais

Os numerais ordinais indicam a ordem dos seres em uma sequência,


primeiro, segundo, terceiro...

 Quando o segundo sol chegar, para realinhar as órbitas dos planetas (O


segundo sol — Nando Reis).

Observe a charge a seguir, a mãe de Armandinho ordenando pela quarta


e sexta vez que ela vá para o banho:
Fonte: brainly.com.br

Numerais multiplicativos

Para Azevedo (2015), os numerais multiplicativos são aqueles que


indicam aumento proporcional através dos múltiplos da quantidade tomada por
base, triplo, dupla, dobro, sêxtuplo, décuplo, duodécuplo, tercio décuplo.

 Para você ser aprovado no concurso deve estudar o dobro de horas que está
estudando.

Observe a charge a seguir a palavra dobro indica o aumento dos gastos


dos políticos com o dinheiro público se comparado a última eleição.

Fonte: portalodia.com
Numerais fracionários

Conforme Cunha (2017), os números fracionários são aqueles que


indicam a diminuição proporcional, por meio de frações, da quantidade tomada
como base, terço, quinto, oitavo, sexto, um terço, três quartos.

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha,

Esperando o ônibus da escola sozinha

Cansada com minhas meias três quartos

Rezando baixo pelos cantos

Por ser uma menina má

Quem sabe o príncipe virou um chato

Que vive dando no meu saco

Quem sabe a vida é não sonhar. (Malandragem — Cássia Eller)

Observe a fala da Mônica com a Magali sobre a divisão da melancia, ela


usa um numeral fracionário “um quarto” indicando em quantas partes a fruta deve
ser partida.

Fonte: brainly.com.br

Numerais coletivos
De acordo com Almeida (2009), os numerais coletivos designam um
conjunto de seres, assim como os substantivos coletivos, mas possuem como
particularidade a capacidade de demarcar com exatidão a quantidade de seres
que pertencem àquele conjunto, dúzia, cento, dezena.

O homem disse para o amigo:

— Breve irei a tua casa e levarei minha mulher.

O amigo enfeitou a casa

e quando o homem chegou com a mulher,

soltou uma dúzia de foguetes. (Sociedade — Carlos Drummond de


Andrade)

Observe no exemplo a seguir que houve a utilização do numeral coletivo


“dúzia” que demarca a quantidade de donuts.

brainly.com.br

A tabela a seguir contém os principais numerais:


Fonte: adaptada Azevedo (2015)

7. VERBO

Verbo é a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo e


voz, indicando ações, processos, estados, mudanças de estado e manifestações
de fenômenos da natureza. A estruturação de um verbo se dá a partir de três
elementos básicos: radical, vogal temática e desinências. O radical é a parte
fundamental do verbo, uma base a partir da qual ele se edifica morfologicamente.
Ele contém a significação do termo.

 Radical: AND- (and-ar), CORR- (corr-er), PART- (part-ir).

A vogal temática é a partícula que se une ao radical, a fim de que este


possa se ligar às desinências e, desta maneira, promover a conjugação dos
verbos. Ao produto da junção do radical à vogal temática, dá-se nome de tema
(tema = radical + vogal temática).

 Tema: ANDA- (anda-r), CORRE- (corre-r), PARTI- (parti-r)

É a vogal temática que determinará a conjugação a qual o verbo pertence:


na primeira conjugação, agrupam-se os verbos cuja vogal temática é -A — falar,
amar, beijar, dançar —; na segunda conjugação, estão os verbos cuja vogal
temática são -E ou -O — correr, ler, ter, pôr —; finalmente, na terceira
conjugação, figuram os verbos cuja vogal temática é -I — partir, definir, ir.

As desinências são elementos que, juntamente ao tema (radical + vogal


temática), facultam as conjugações. Podem ser de dois tipos:

 Modo-temporais: indicam o modo e o tempo em que uma ação ocorre.


 Número-pessoais: indicam o número e a pessoa.

Exemplo:

 Andávamos:

va → desinência que indica o tempo pretérito perfeito do modo indicativo

mos → desinência que indica 1ª pessoa do plural (nós)

 Correrei:

re → desinência que indica tempo futuro do presente do modo indicativo

i → desinência que indica 1ª pessoa do singular (eu)

 Partamos

a → desinência que indica o tempo presente do modo subjuntivo

mos → desinência de 1ª pessoa do plural


A classe dos verbos é a que tem o maior número de flexões em nossa
língua. Os verbos podem ser classificados como regulares, irregulares,
defectivos ou abundantes. Essa classificação toma por critério as flexões
verbais, e não o significado dos verbos. Estes flexionam-se em número (singular
e plural), pessoa (1ª, 2ª e 3ª), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), tempo
(presente, pretérito, futuro) e voz (ativa, passiva, reflexiva) (AZEVEDO, 2015).

Verbos regulares — Verbos cujo radical não se altera; seguem um


modelo de conjugação. Exemplos: falar, torcer, tossir.

Verbos irregulares — Verbos cujo radical altera-se na conjugação; não


seguem um paradigma de conjugação como os regulares. As irregularidades
aparecem no radical, nas terminações ou em ambos. Exemplos: dar, caber,
medir. Observação: se a alteração do radical é muito profunda, esses verbos
passam a ser chamados de verbos anômalos, casos dos verbos ser e vir.

Verbos defectivos — Verbos que não se conjugam em todas as pessoas,


tempos e modos. Essas pessoas nas quais os verbos não se flexionam
simplesmente inexistem.

Verbos abundantes — São aqueles que permitem ao falante duas ou


mais maneiras de flexão. Exemplos: aceitado/aceito, inserido/inserto, segurado/
seguro.

Compreender melhor as classes gramaticais, como o numeral, o pronome


e o verbo são de suma importância para o estudo da língua portuguesa,
especialmente para os estudos da morfologia vernácula. Os pronomes e os
numerais, como acessórios linguísticos, complementam o sentido das
sentenças. Os verbos são o cerne das orações, a alma das línguas, os termos
que dão movimento e vida aos textos (CUNHA; ALTGOTT, 2004).

Flexões verbais

Assim como explica Almeida (2009), os verbos podem apresentar


variação de número, pessoa, modo, tempo e voz.
▶Número

As formas verbais podem variar quanto ao número, pois podem


apresentar-se no singular ou no plural, a depender da relação que se estabelece
entre elas e das formas nominais a que se referem. Se fazem referência a um
ser apenas, estão no singular, mas se a referência for a mais de um ser, estarão
no plural. Assim, enquanto TRABALHA é uma forma verbal no singular,
TRABALHAM é uma forma verbal no plural.

▶Pessoa

De acordo com Cegalla (2004), marcam-se também formalmente, nas


formas verbais, as chamadas pessoas do discurso que já estudamos na seção
sobre os pronomes. Assim, a forma verbal estará:

 Na primeira pessoa se fizer referência à primeira pessoa do discurso, a pessoa que fala
(eu trabalho, nós trabalhamos);
 Na segunda pessoa se fizer referência à segunda pessoa do discurso, a pessoa com
quem se fala (tu trabalhas, vós trabalhais);
 Na terceira pessoa se fizer referência à terceira pessoa do discurso, a pessoa de quem
se fala, ou seja, o referente do discurso (ele/ela trabalha, eles/elas trabalham).

▶Modo

Os modos indicam a atitude do falante com relação ao conteúdo de seus


enunciados. São três os modos em que se podem manifestar as formas verbais:

 Indicativo (o conteúdo do enunciado é tomado, pelo falante, como certo).

Nos versos a seguir, retirados de um poema de cordel, observe como o


locutor enuncia sobre a personagem Marina dando as informações sobre ela
como certas.

(...)
Marina era uma moça
muito rica e educada
o pai dela era um barão
duma família ilustrada
mas ela amou a Alonso
que não possuía nada.
(...)
(Silva, 1883).

 Subjuntivo (o conteúdo do enunciado é tomado pelo falante como duvidoso,


hipotético, incerto em termos de probabilidade de ocorrência).

Nos versos da música a seguir, conforme Azevedo (2015), é, possível ver


a utilização do modo verbal subjuntivo no título da música, bem como no primeiro
e segundo versos, nos quais o eu lírico levanta a possibilidade de que o
interlocutor ao qual se refere irá trabalhar apenas “se quiser”. Logo estabelece a
possibilidade, a dúvida, a incerteza de que a ida ao trabalho se concretize.

VOCÊ VAI SE QUISER


Você vai se quiser...
Você vai se quiser...
Não se deve obrigar a trabalhar,
Mas não vai dizer depois
Que você não tem vestido
Que o jantar não dá pra dois
Todo cargo masculino
Desde o grande ao pequenino
Hoje em dia é da mulher
E por causa dos palhaços
Ela esquece que tem braços
Nem cozinhar ela quer
Os direitos são iguais,
Mas até nos tribunais
A mulher faz o que quer
Cada um que cate o seu
Pois o homem já nasceu
Dando a costela à mulher (Azevedo, 2015).

▶ Imperativo (o conteúdo do enunciado expressa uma atitude de ordem,


conselho, súplica).

Na propaganda a seguir a utilização do verbo “pedir” no modo imperativo


tem como finalidade incentivar o consumo de um chocolate.
Fonte: ulturamix.com

▶Tempo

Conforme Almeida (2015), tomando-se como ponto de referência o


momento da enunciação, os fatos expressos pelo verbo podem referir-se a um
momento presente, passado (pretérito) ou, ainda, a um momento futuro. O modo
indicativo apresenta os tempos seguintes:

Presente: Expressa um fato que ocorre no momento atual, isto é, no


instante em que ocorre. No próximo poema, é possível notar a utilização de
verbos no tempo presente, ressaltando a noção de que o tempo presente aponta
o fato no momento em que ele se desenvolve. Observe os grifos nossos.

Pretérito imperfeito: Expressa um fato ocorrido anteriormente ao


momento atual, mas que não foi completamente finalizado, ou uma ação habitual
e contínua que acontecia no passado.

 Ele estava ouvindo música no momento que ocorreu o terremoto.


 Ele fumava quando era jovem.

Pretérito perfeito: Expressa um fato que ocorreu em um momento


anterior ao presente e que foi totalmente terminado.
 As crianças jogaram bola ontem.

Pretérito mais que perfeito: Expressa um fato ocorrido antes de outro


fato que já está terminado, por isso alguns gramáticos chegam a afirmar que
esse tempo se refere a um tempo passado mais que passado.

 Marina já terminara o dever quando seus amigos a chamaram para brincar.

Futuro do presente: Indica um fato que deve ocorrer em um tempo


posterior ao momento atual.

 As crianças farão prova de matemática amanhã.

Futuro do pretérito: Indica um fato que poderia ter acontecido após um


ocorrido em um tempo passado.

 Eu teria ido ao show ontem se não tivesse chovido tanto.

▶ O modo imperativo apresenta três formas:

Imperativo afirmativo: Utiliza-se o modo imperativo afirmativo com a


segunda pessoa do discurso, expressando uma ordem, pedido, conselho, etc.
que se deseja que tal pessoa realize.

 Vá pegar o lixo!
Imperativo negativo: Também utilizado para indicar ordem, pedido,
súplica, conselho de ações ou atitudes que se espera que o ser com quem se
fala não realize.

 Não compre mais nada, meu dinheiro está no fim!

▶ Modo subjuntivo, que apresenta três tempos:

Presente: Indica um fato incerto, uma possibilidade, uma hipótese no


presente.

 Talvez eu cante.

Pretérito imperfeito: Indica a possibilidade de um fato ter acontecido ou


não.

 Se eu falasse mais alto de repente ele teria me ouvido.

Futuro: Indica a possibilidade de um fato vir a acontecer.

 Quando eu falar poderei ser ouvida.

7.1 Interjeição

Conforme explica Azevedo (2015), as interjeições são expressões


linguísticas de utilização predominantemente coloquial com forte valor
conotativo, pois elas exprimem sensações e estados emocionais.

Vale ainda ressaltar sobre as interjeições que elas recebem influência


direta do contexto em que ocorrem. Assim, apesar de serem classificadas de
acordo com o sentimento que denotam, uma mesma interjeição pode possuir
valores semânticos diferentes de acordo com o contexto de uso.
Observe nos exemplos a seguir como a interjeição “ai” pode ter diferentes
sentidos:

 Ai, ai, ai! Mãe, me ajuda que eu caí do balanço! (denota dor)
 Ai, ai! Quem me dera poder estar contigo! (denota saudade)
 Ai! Um rato! (denota medo)

As interjeições costumam ser classificadas de acordo com o sentimento


que traduzem. Atente para uma lista de interjeições e locuções interjetivas, de
acordo com a circunstância emotiva na qual o falante se encontra:

Advertência: cuidado! calma! sentido! atenção! devagar! olha lá!

Afugentamento: fora! rua! xô! passa!

Animação: vamos! força! firme! coragem! avante!

Alegria: ah! oba! oh!

Alívio: ufa! ah!

Apelo, chamamento: olá! alô! socorro! psiu! ei! ou!

Aplauso: bis! bravo! mais um! boa!

Concordância: claro! sim! tá! tá bom!

Desaprovação: credo! francamente! sinceramente! puxa!

Desejo: tomara! se Deus quiser! com fé em Deus!

Dor, lástima: ai! ui! que pena! ai de mim! ah! oh!

Dúvida: como assim? o quê? epa! qual? o quê? peraí! opa!

Espanto: puxa! uai! ué! mesmo? oh!

Saudação: olá! alô! salve! adeus!

Silêncio: silêncio! psiu! quieto!

Surpresa, admiração: caramba! cruz! putz! que legal! nossa! vixe! opa!

Fonte: adaptada Azevedo (2015)


8 PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO

Azevedo (2015), explica que as preposições e conjunções são classes de


palavras invariáveis e têm como função estabelecer conexão entre os termos
das orações ou entre as próprias orações, e, por isso, são conhecidos como
conectivos que garantem coesão dos enunciados.

Preposições: são palavras que estabelecem a ligação entre os


elementos de uma oração. As principais preposições da língua portuguesa,
também chamadas de preposições essenciais são: a, ante, até, após, com,
contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Além de exercerem a função sintática de conexão no interior das orações,


Cegalla (2004), completa que as preposições também fornecem uma carga
semântica muito importante para a construção de sentido dos enunciados.
Dessa forma, é possível afirmar que as preposições indicam noções de sentido
que auxiliam na construção do significado de um enunciado.

Veja alguns exemplos de algumas preposições e o valor semântico que


elas transmitem em dado contexto:
Fonte: adaptada Camara Junior (2004)

Conjunções

Conforme Camara Junior (2004), as conjunções, assim como as


preposições, são palavras invariáveis e possuem a função de conectivos, porém
a ligação por elas efetuada ocorre entre orações, sendo consideradas, portanto,
conectores interfrásicos. Além disso, as conjunções, assim como as
preposições, também são responsáveis pela construção do sentido de um
enunciado.

Na propaganda a seguir é possível observar a utilização da conjunção


“mas” estabelecendo a ligação – conexão – entre as orações e construindo uma
relação lógico-semântica de oposição em ambos os enunciados em que ela foi
utilizada. As conjunções são classificadas em conjunções coordenativas e
conjunções subordinativas.

Fonte: brainly.com.br

COORDENATIVAS: são as que ligam termos da oração ou orações


independentes. Podem ser:

Aditivas: exprimem relação de soma, adição: e, nem, mas também, mas


ainda.

 Ela tem o maior colégio e o maior cursinho do Brasil.

Adversativas: exprimem relação de contraste, oposição: mas, contudo,


porém, todavia, entretanto.

 A noite estava chuvosa, mas a moça foi à festa.

Alternativas: exprimem relação de alternância ou exclusão: ou, ou… ou,


já… já, quer… quer, ora… ora.
 Ou tudo se resolve, ou não nos casaremos mais.

Conclusivas: exprimem relação de conclusão: logo, portanto, por isso,


por conseguinte, pois (posposto ao verbo).

 O professor não compareceu à reunião, portanto perdeu a classe.

Explicativas: exprimem relação de explicação: pois (anteposto ao


verbo), que, porquanto, porque.

 Seja rápido, porque não temos muito tempo.

SUBORDINATIVAS: são as conjunções que ligam orações


sintaticamente dependentes, uma oração principal a uma oração subordinada.
Podem ser:

Integrantes: integram à oração principal as orações subordinadas


substantivas que funcionam como algum de seus elementos: que, se

 Espero que se restabeleça rápido.

Causais: exprimem uma relação de causa; provocam um determinado


fato. As principais conjunções são: porque, como, pois, que, já que, uma vez
que, visto que. Observação: quando a oração subordinada vier antes da
principal.
 A árvore caiu porque o vento foi muito forte.

Comparativas: exprimem uma relação de comparação; comparam um


fato mencionado na oração principal. As principais conjunções são: como, tão…
como (quanto), menor (do) que, etc.

 O Brasil é tão rico quanto os outros países.

Concessivas: exprimem uma relação de concessão; admitem um fato


contrário à oração principal. As principais conjunções são: embora, conquanto,
ainda que, ainda quando, se bem que, etc.

 Não a aceitou como mulher, se bem que a amasse.

Condicionais: exprimem relação de condição ou hipóteses necessárias


para que se realize algo mencionado na oração principal. As principais
conjunções são: se, caso, contanto que, exceto se, a menos que, etc.

 Iremos ao campo, se a sala cooperar.

Conformativas: exprimem uma relação de conformidade cujos fatos


estão de acordo com o que foi colocado na oração principal. As principais
conjunções são: Conforme, como, consoante e segundo.

 A viagem foi feita conforme combinamos.


Consecutivas: exprimem uma relação de consequência daquilo que foi
declarado na oração principal. As principais conjunções são: tanto… que, tão…
que, que, de forma que, etc.

 A falta de honestidade foi tão grande que as escolas públicas ficaram sem
verbas.

Finais: exprimem uma relação de finalidade do que se declarou na oração


principal. As principais conjunções são: a fim de que, para que, porque.

 Ela fez tudo para que eu fosse despedido.

Proporcionais: exprimem uma relação de proporcionalidade;


estabelecem relações de proporção de acordo com o que acontece na oração
principal. As principais conjunções são: à proporção que, à medida que, ao passo
que, enquanto, quanto mais… mais, etc.

 Quanto mais andava, mais eu me distanciava do acampamento.

Temporais: exprimem uma relação ou circunstância de tempo. As


principais conjunções são: quando, enquanto, assim que, logo que, desde que,
etc.

 Minha vida perdeu algo desde que meu pai se foi.


8.1 Advérbio

Os advérbios têm como função principal promover uma caracterização


mais precisa do processo verbal. Nesse sentido, indicam as circunstâncias em
que o processo verbal se realiza. Veja:

 Meus livros estão aqui (circunstância de lugar).


 Eduardo talvez pare de comer pipocas (circunstância de dúvida).

De acordo com Almeida (2009), os advérbios, embora tenham como


principal função a caracterização dos processos verbais, são empregados
também em relação a adjetivos e a outros advérbios, como intensificadores do
sentido expresso por essas palavras. Observe na propaganda a seguir como o
advérbio “bem” intensifica o adjetivo “gelada”.

Fonte: brainly.com.br

Classificação dos advérbios

A classificação dos advérbios e locuções adverbiais obedece a um critério


de ordem semântica, pois eles são classificados de acordo com a circunstância
ou a ideia que exprimem em relação aos verbos, adjetivos ou outros advérbios.
Fonte: adaptada Almeida (2009)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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