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Nádia Castro
Morfemas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar alguns aspectos de aprofundamento em
morfologia. Nesta etapa, você vai conhecer as unidades morfológicas e
as estruturas internas das palavras, a partir do estudo dos morfemas em
língua portuguesa. Além desses saberes, você também vai apropriar-se
das características dos morfemas e da diferença entre eles e os sintagmas.
a outras parecidas e já existentes. Mas não significa que ela venha a fazer
parte do registro de palavras da língua. Esta e outras palavras são criadas por
impulsos momentâneos.
A forma institucionalizada de criar novas palavras é diferente e por este
motivo é denominada desta forma. Pense na palavra imexível. Ela foi pronun-
ciada em um contexto de publicidade de ato de um falante. Dessa forma, várias
pessoas ouviram e passaram a repeti-la. A circunstância era especial e tornou
o vocábulo familiar para os indivíduos. Por conseguinte, imexível passou a ser
um vocábulo institucionalizado. No entanto, você precisa saber: um vocábulo
pode ser institucionalizado dentro de um grupo de falantes de determinada
língua. Por exemplo, indesmentível está institucionalizada em determinada
família e determinada residência. Logo, esta formação é institucionalizada
naquele grupo específico, mesmo que não seja conhecido de outros grupos
de falantes. O que você precisa se perguntar é: mas por que alguns se tornam
institucionalizados e outros não?
Conforme Rocha (1998), precisamos considerar a visibilidade do “criador”
da palavra e, em seguida, o poder da mídia dessa palavra. Ou seja, em que
proporção esse vocábulo vai ser disseminado. Um vocábulo criado em um
contexto mais restrito e de forma esporádica, pode até ser institucionalizado,
isso depende da dimensão que ele atinge. Mantendo-se restrito, não será
institucionalizado, mas, caso contrário, passe a integrar a fala de um grupo
maior de pessoas, ele poderá ser registrado. As redes sociais, atualmente, têm
um papel importante para a fixação de novos vocábulos. Quando compatilhado
por muitos, a palavra passa a ser conhecida e as pessoas a utilizam fora das
redes sociais. O poder da mídia é evidente neste exemplo. Palavras como
sextou e trolar saem das redes sociais e passam a fazer parte dos diálogos
entre os falantes.
Outra situação que mobiliza a formação de novos vocábulos tem relação
com o fato de que certos processos são mais apelativos e enfáticos do que
outros. Por exemplo, dizer fumódromo no lugar de sala de fumantes. Portanto,
é importante você saber que é difícil responder plenamente à pergunta: tal
palavra existe? Pense nisso.
No nível morfológico, no entanto, passamos a tentar compreender as uni-
dades de sentido que compõem as palavras. No campo da análise linguística,
estudamos diferentes níveis, desde aqueles mais amplos, ou seja, os que estudam
as unidades mais amplas do discurso, até as unidades menores, como as sílabas
e os sons. Entre eles há um nível intermediário que estuda as unidades da
língua as quais apresentam certa autonomia formal. Essas unidades podem ser
encontadas como entradas lexicais do dicionário. Estamos, portanto, falando
Morfemas 3
casa + s = casas
linda + s = lindas
livro + s = livros
Os nomes terminados por vogal tônica ou por consoante perdem a vogal temática
quando presentes no singular — por exemplo, em fé, mar, paz e mal. Nesses casos,
são chamados de atemáticos.
mar/mares (mar-e-s)
paz/ pazes (paz-e-s)
mal/ males (mal-e-s)
Por fim, é importante reforçar que a vogal temática aparece tanto nos temas
simples (livr-o) quanto nos derivados (livr-eir-o).
6 Morfemas
[mar]
[mais]
[mas]
BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
ROCHA, L. C. A. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
SAUSSURE, F. Curso de línguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
Leituras recomendadas
CAMARA JUNIOR, J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
CARVALHO, C. Para compreender Saussure: fundamentos e visão crítica. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003.
MARGOTTI, F. W.; MARGOTTI, R. C. M. F. Morfologia do português. Florianópolis: LLV/
CCE/UFSC, 2011.
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