Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROPÓSITO
Compreender o processo morfológico de formação de sinais e o sistema morfológico da Libras
amplia o conhecimento linguístico das línguas de sinais.
PREPARAÇÃO PRÉVIA
Tenha em mãos um dicionário de Linguística para consultar os termos específicos da área. Na
internet, você pode acessar o Dicionário de Termos Linguísticos, hospedado no Portal da
Língua Portuguesa.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A Morfologia é a parte da Gramática que estuda a estrutura interna, a formação e a
classificação das palavras isoladas de contextos. Se a Linguística já se aprofundou muito nos
estudos morfológicos das línguas orais, os estudos morfológicos ainda são recentes em
relação às línguas de sinais.
MÓDULO 1
A Morfologia, segundo Dubois (1989), pode ser compreendida como o estudo e as descrições
das regras que regem a estrutura interna das palavras. Ou seja, ela trata das regras de
combinação entre os morfemas e itens lexicais para constituir palavras e a descrição das
formas diversas que essas palavras tomam conforme a categoria de número, gênero, tempo,
pessoa e assim por diante. Logo, a Morfologia investiga os processos percorridos pelas
línguas na constituição de seus léxicos (palavras nas línguas orais e sinais).
A palavra, nas línguas orais, pode ser definida como um conjunto de sons articulados que
expressam uma ideia e que pode ser constituída por um ou mais morfemas.
O morfema, por sua vez, corresponde à menor unidade de funcionamento na composição
(estrutura) da palavra, do vocábulo ou do sinal; é a unidade linguística mínima que possui
significado
Morfema, portanto, é:
(RIBEIRO, 2013)
Tanto na Libras quanto em língua portuguesa existem vocábulos com apenas uma unidade de
significado (monomorfêmicos) e outros tantos contendo mais de um morfema (polimorfêmicos).
MORFEMAS LIVRES
MORFEMAS PRESOS
MORFEMAS LIVRES
São exemplos de morfemas livres na língua portuguesa as palavras lápis, sol e lua, já que não
podem ser divididos em unidades menores.
MORFEMAS PRESOS
Unidades mínimas com significado que não ocorrem sozinhos, por exemplo um “a” do feminino
ou “s” do plural, que se combinam com outro morfema para criar significados.
Por exemplo, na palavra gatinho na língua portuguesa podemos isolar partes significativas
como o morfema livre ou radical gat e os morfemas presos inh indicativo de diminutivo e o
indicativo de masculino. Os morfemas inh e o são morfemas presos, já que não possuem
significado lexical independente.
Quando se quer expressar relações gramaticais diferentes, as palavras podem passar por
modificações morfológicas, como o processo de flexão. Desse modo, em geral, não verificamos
nas línguas a criação de novas palavras por meio de formas inéditas, pois o que ocorre é a
formação de palavras por meio de derivação ou composição, ou seja, palavras já existentes
dão forma a novas palavras. De acordo com Alves (1990), a regra geral não são os
neologismos ou os empréstimos linguísticos. Veja mais a seguir:
DERIVAÇÃO
COMPOSIÇÃO
DERIVAÇÃO
A derivação ocorre por meio de afixação, caracterizada pela formação de palavra com
acréscimo de afixos (prefixos e sufixos) a uma palavra ou radical que já exista.
COMPOSIÇÃO
Ocorre pela aproximação ou junção de palavras preexistentes e que têm um novo significado.
E no caso das línguas de sinais, quais são seus aspectos ou processos morfológicos?
Podemos já adiantar que a morfologia da Libras se constitui da estrutura interna dos sinais,
assim como as regras que determinam a formação dos sinais (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Embora haja pontos em comum com as demais línguas, alguns aspectos são exclusivos das
línguas de sinais dada a sua modalidade visuoespacial.
CARÁCTER SEQUENCIAL
A morfologia sequencial acontece quando os morfemas são combinados de forma
sequenciada, ou seja, um de cada vez. A morfologia sequencial é encontrada de maneira
frequente nas línguas orais, uma vez que os fonemas são articulados um após o outro.
CARÁTER SIMULTÂNEO
A morfologia simultânea acontece quando os morfemas são combinados simultaneamente.
Esse fenômeno é típico das línguas de sinais. Um caso frequente de morfologia simultânea nas
línguas de sinais acontece nos verbos direcionais como, por exemplo, em AVISAR-ME.
SAIBA MAIS
A afixação sequencial nas línguas de sinais existe, mas tem se mostrado um fenômeno raro,
como defende Aronoff et al. (2005), por meio de análise da ASL (língua de sinais americana) e
da ISL (língua de sinais israelense). Mas vale lembrar que esses processos não são universais
nas línguas de sinais. Um afixo pode ocorrer em uma língua de sinais, mas não em outra.
Dependendo da análise particular, um único verbo nas línguas de sinais pode incluir cinco ou
mais morfemas.
Foto: Shutterstock.com
Por exemplo, o verbo da Libras OLHAR - PARA pode ser flexionado de acordo com o sujeito e
o objeto, bem como de acordo com o aspecto temporal, e pode ser acompanhado por um
marcador gramatical não manual que funciona como um advérbio.
Esse verbo poderia significar, por exemplo, “ele olhou para ela com tranquilidade e prazer por
um longo tempo” e, nesse caso, consistiria em cinco morfemas.
Este tipo de morfologia é uma reminiscência de línguas com muitas flexões. Essas estruturas
morfológicas complexas – concordância verbal, construções de classificadores e aspectos
verbais – foram encontradas em todas as línguas de sinais já estudadas. Os classificadores
são formas que, substituindo o nome que as precede, pode vir junto ao verbo para classificar o
sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Portanto, os classificadores nas línguas
de sinais são marcadores de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA
(QUADROS; KARNOPP, 2004).
O outro é esparso, relativamente simples e sequencial.
Apenas as línguas de sinais parecem ter essa dicotomia em sua morfologia. Esse achado é
corroborado quando uma língua de sinais anteriormente não descrita é estudada em detalhes.
Não há registro de nenhum idioma falado com essa propriedade.
A simultaneidade está presente na morfologia das línguas de sinais pela possibilidade de uma
língua que se articula no espaço representar simultaneamente conceitos espaciais e
iconicamente visuais, por exemplo, um tema, uma fonte e um objetivo (todos informados ao
mesmo tempo). (ARONOFF et al., 2005; PIZZIO et al., 2009).
As línguas de sinais exibem, portanto, dois tipos morfológicos diferentes em suas gramáticas:
Morfologia simultânea
Morfologia sequencial
COMBINAÇÃO DE MORFEMAS
Na Libras, há um léxico extenso e um sistema de criação de novos sinais em que os morfemas
são combinados. As combinações acontecem entre os morfemas lexicais e os morfemas
gramaticais ou derivacionais.
MORFEMAS LEXICAIS
Relacionam-se com o mundo externo extralinguístico, sendo um conjunto aberto onde novos
significados podem ser acrescentados. Portanto, o morfema lexical funciona como o núcleo
que abriga a significação externa da palavra.
MORFEMAS GRAMATICAIS
Têm o significado na estrutura gramatical interna.
MORFEMAS DERIVACIONAIS
São elementos que se juntam aos radicais e que já apontamos anteriormente.
São os afixos, que a depender da posição ocupada podem, nas línguas orais, ser: antes do
radical (prefixos) ou depois (sufixos).
Citamos aqui o processo de derivação que cria nomes a partir de verbos ou verbos a partir de
nomes. A chamada nominalização é o processo por meio do qual nomes (substantivos)
derivam de verbos.
A partir das pesquisas de Supalla e Newport (1978) para a Língua de Sinais Americana (ASL),
Quadros e Karnopp (2004) argumentam e explicitam esse tipo de derivação na Língua
Brasileira de Sinais. Partindo de verbos e por meio do movimento do sinal, são criados nomes.
Um exemplo é o sinal de SENTAR, que tem a mesma configuração de mãos e o mesmo ponto
de articulação de CADEIRA, mas o movimento é reduzido no verbo (SENTAR), ao passo que é
repetido no substantivo (CADEIRA). Veja os sinais a seguir:
Foto: Rafael Roberto Aguiar
SENTAR
CADEIRA
EXEMPLO
Foto: Shutterstock.com
EXEMPLO
Justaposição de dois itens lexicais
Foto: Shutterstock.com
EXEMPLO
Justaposição de um classificador com um item lexical
Foto: Shutterstock.com
EXEMPLO
Justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que representa a ação
realizada pelo substantivo
EXEMPLO
A junção do sinal de MEIO-DIA com COMER origina o sinal ALMOÇAR, essa seria uma
composição pela justaposição de dois itens lexicais.
EXEMPLO
O sinal AGULHA é formado pela junção do sinal de COSTURAR com a datilologia A-G-
U-L-H-A, essa seria uma formação pela justaposição da datilologia da palavra em
português com o sinal que representa a ação realizada pelo substantivo.
Há três regras morfológicas utilizadas na criação de sinais formados por composição. Quadros
e Karnopp (2004) apontam estas regras: regra do contato, regra da sequência única e regra
da antecipação da mão não dominante. A seguir, a descrição das três regras para
composição apontadas pelas autoras:
REGRA DO CONTATO
ESCOLA
Por exemplo: ESCOLA é formado pelos sinais CASA e ESTUDAR e há um contato entre o
primeiro e o segundo sinal.
REGRA DA SEQUÊNCIA ÚNICA
PAIS
Por exemplo: os sinais PAI e MÃE, separadamente, apresentam movimento repetido, mas
quando se unem para formar o sinal composto PAIS, esse movimento repetido é eliminado.
Pode ser observada em compostos onde a mão passiva antecipa o segundo sinal
concomitante.
Por exemplo: no sinal ACREDITAR, a mão dominante fica no espaço neutro, com uma
configuração de mão que faz parte do sinal seguinte. A mão passiva do sinalizador antecipa o
segundo sinal que será articulado. Após a produção do primeiro sinal MENTE/SABER, a mão
esquerda (passiva) se antecipa, no espaço neutro, posicionando-se para a produção do sinal
ESTUDAR (mão direita ativa que toca na mão passiva formalizando o sinal ACREDITAR).
INCORPORAÇÃO
A incorporação é um processo recorrente na formação de palavras da Língua Brasileira de
Sinais. E ela apresenta três possibilidades, Incorporação de numeral, Incorporação de
negação e Incorporação de localização. Veja mais a seguir.
INCORPORAÇÃO DE NUMERAL
TRÊS MESES
QUATRO MESES
Foto: Rafael Roberto Aguiar
UM MÊS
DOIS MESES
Como demonstrado no exemplo, esses sinais são formados por dois morfemas: MÊS (parte
que inclui a locação, orientação e expressões não manuais) e o outro morfema é a
configuração de mão, que leva o significado de um numeral. A orientação da palma da mão, a
locação e as expressões continuam as mesmas, o que muda é a configuração de mão.
A configuração de mão não pode ocorrer isoladamente, deve ocorrer com uma estrutura
segmental, com uma locação, uma orientação e possivelmente uma expressão facial. Exemplo:
UM MÊS, DOIS MESES, TRÊS MESES ou QUATRO MESES.
EXEMPLO
INCORPORAÇÃO DE NEGAÇÃO
GOSTAR
Foto: Rafael Roberto Aguiar
NÃO GOSTAR
QUERER
Foto: Rafael Roberto Aguiar
NÃO QUERER
ENTENDER
Foto: Rafael Roberto Aguiar
NÃO ENTENDER
ATENÇÃO
NEGAÇÃO
Além da incorporação da negação por meio da alteração de um parâmetro, temos ainda outra
forma de negação: a negação por meio da expressão facial, incorporada ao sinal e sem
alteração dos parâmetros. As pesquisas relacionadas ao processo de modificação de raiz na
Libras demonstram que esse processo pode se dar a partir da adição de afixos ou de
modificação interna.
Segundo Felipe (2006), uma raiz pode ser modificada através de cinco mecanismos de
modificação interna:
A incorporação do numeral
A incorporação do intensificador MUITO
Casos modais
A flexão para gênero é feita por meio de configurações de mão específicas, funcionando como
classificadores. Por exemplo, o verbo CAIR modifica sua raiz a partir de configurações de mão
(classificadores), que precisam concordar com o sujeito (masculino ou feminino) da frase. Essa
incorporação do numeral representa os numerais mediante configurações de mão,
acrescentando um quantificador à raiz.
ATENÇÃO
INCORPORAÇÃO DE LOCALIZAÇÃO
EU LHE DOU
VOCÊ ME DÁ
Há ainda sinais realizados na localização associada ao que fazem referência (sinais locativos).
Por exemplo: COLOCAR, IR, CHEGAR.
ICONICIDADE
Outra característica importante para os processos morfológicos das línguas de sinais é a
iconicidade, mais prevalente em línguas visuoespaciais do que em línguas oral-auditivas,
apesar de existir em ambas modalidades. A iconicidade nas línguas de sinais trata da
relação da forma com o sentido. Sinalizar um objeto, uma qualidade de um objeto, um
estado, um processo ou uma ação pode ser representado, icônica ou gestualmente, com a
estrutura frasal.
Esta característica para o processo de formação de palavras, altamente produtivo, permite uma
economia, já que expressões faciais e corporais podem complementar os itens lexicais
estabelecendo contextos. Nesse sentido, temos os morfemas metafóricos nas línguas de
sinais descritos por Maurício (2009). Os morfemas metafóricos, segundo a autora, remetem ao
berço gestual e icônicos dos sinais.
Foto: Rafael Roberto Aguiar
ZOMBAR
Exemplo típico de morfema metafórico é o sinal de provocar, zombar, chatear codificado pela
mão em adaga (mão fechada com dedo indicador em riste), movimento curto e forte para frente
com expressão facial negativa. Esse morfema faz clara menção ao berço icônico do sinal.
SAIBA MAIS
Sobre a iconicidade dos sinais, o Paradoxo de Klima e Bellugi traz uma interpretação
interessante. Em pesquisas, tanto Klima e Bellugi (1979) quanto Martins (2017) se depararam
com a seguinte situação contraditória: quando expostos a sinais não conhecidos, informados
sobre seus significados e solicitados a atribuir uma nota de modo a avaliar o grau de
iconicidade desses sinais, os observadores tendem a atribuir notas elevadas e a persistir em
buscar, nos sinais, aspectos que justifiquem, em maior ou menor grau, a sua forma a partir de
seu significado.
Quando, porém, não há informação acerca dos significados desses sinais, e solicitados a
adivinhar-lhes o significado, os mesmos observadores tendem a atribuir a esses sinais
significados díspares e inadequados.
Esses estudos revelam que a maioria absoluta dos sinais é, de fato, muito opaca e arbitrária,
apesar de ser vista, quase sempre, como bastante icônica.
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA
MORFOLOGIA DA LIBRAS
Vamos recapitular alguns pontos Introdutórios da morfologia da Libras, como a incorporação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. TANYA FELIPE (2006) DISCUTE QUE, NA LIBRAS, OS PROCESSOS DE
COMPOSIÇÃO PODEM SE REALIZAR DE TRÊS FORMAS:
A) Pela justaposição de dois itens lexicais; pela justaposição de um classificador com um item
lexical; pela justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que representa a
ação realizada pelo substantivo.
B) Pela justaposição de dois itens lexicais e pela justaposição de um classificador com um item
lexical.
C) Pela a flexão para pessoa do discurso; a flexão para aspecto verbal; a flexão para gênero; a
incorporação do numeral; a incorporação do intensificador MUITO ou de casos modais.
B) Regra da composição: quando se repete um sinal mais rápido para formar um verbo; e regra
do contato: característica da formação de sinais compostos com infixos.
C) Regra da antecipação da mão não dominante: pode ser observada em compostos em que a
mão passiva antecipa o segundo sinal; e regra da composição: observada quando dois sinais
acontecem de forma sequenciada, formando um sinal composto.
Felipe (2006) discute que, na Libras, os processos de composição podem se realizar de três
formas: pela justaposição de dois itens lexicais; pela justaposição de um classificador com um
item lexical; pela justaposição da datilologia da palavra em português com o sinal que
representa a ação realizada pelo substantivo.
2. Relacione corretamente duas das três regras morfológicas indicadas por Ronice
Quadros e Lodenir Karnopp em Línguas de sinais brasileira: estudos linguísticos (2004):
Há três regras morfológicas utilizadas na criação de sinais formados por composição, segundo
Quadros e Karnopp (2004): 1. regra do contato; 2. regra da sequência única; e 3. regra da
antecipação da mão não dominante. A regra do contato diz respeito a uma sinalização
sequenciada, formando um sinal composto; na regra da sequência única, deixa de ser feito um
movimento ou uma repetição de movimento ao se seguir um sinal de outro na formação de
sinal composto; por fim, a regra da antecipação da mão dominante é observada quando a mão
passiva de um sinal se antecipa ao segundo.
MÓDULO 2
DERIVAÇÃO
Vamos nos aprofundar, a seguir, no fenômeno de derivação na Libras, além de introduzirmos
alguns conceitos relacionados à composição, esse último sendo uma forma de produção muito
frequente nas línguas de sinais.
Sabemos que as menores unidades com significado de uma língua são denominadas
morfemas. Mas você sabe com quantos morfemas se faz uma palavra ou sinal?
MONOMORFÊMICOS
Sinais como SENTAR são constituídos de uma combinação específica de parâmetros
fonológicos que formam um morfema. Assim como acontece na língua portuguesa em palavras
como azul, casa e andar. Essas palavras e esses sinais são formados por fonemas, que não
têm significado próprio. Eles são chamados de itens lexicais monomorfêmicos.
POLIMORFÊMICO
Em outros sinais, um ou mais parâmetros podem atuar como morfemas separados, como no
sinal UM ANO, que é bimorfêmico (ou seja, um sinal que consiste em dois morfemas). Mas há
ainda sinais polimorfêmicos, como já visto no módulo 1.
Sinais como esses podem ser comparados a palavras nas línguas orais que resultam de uma
combinação de dois ou mais morfemas, como o item lexical polimorfêmico in-acredit-ável
(JOHNSTON; SCHEMBRI, 2007).
Retomamos aqui a classificação dos morfemas. Eles podem ser divididos em dois grupos:
MORFEMAS LIVRES
MORFEMAS PRESOS
MORFEMAS LIVRES
São aqueles que podem existir sozinhos, e não requerem morfemas adicionais, portanto
podem ser itens lexicais por si só. Exemplo de morfemas livres tanto na Libras quanto em
português são CARRO, CASA, SER e TER.
MORFEMAS PRESOS
São aqueles que não podem existir sozinhos como palavras independentes, eles requerem a
presença de algum outro morfema. Na língua portuguesa, o morfema (s), característico do
plural, e as marcações de gênero, (a) feminino e (o) masculino, são exemplos de morfemas
presos que não podem existir independentemente como palavras e devem se juntar a outros
morfemas como gat(o)(s).
ORDINAIS
Têm as mesmas configurações de mão dos números cardinais, mas com movimento, que varia
conforme o regionalismo – podendo ser para cima e para baixo (mais comum) ou para os
lados.
O movimento acontece do SEGUNDO ao NONO. O movimento nesses numerais não pode ser
articulado e nem possui significado se for isolado, ele precisa ser acoplado à configuração de
mão do número obrigatoriamente, portanto, constitui-se como um morfema preso.
ATENÇÃO
No entanto, temos uma diferença crucial aqui. Enquanto na língua oral podemos pronunciar o S
do plural e o (a) feminino e (o) masculino, nas línguas de sinais é impossível articular um
movimento sem alguma configuração de mão.
As línguas utilizam recursos gramaticais para produzir e compreender uma infinita variedade de
significados. E uma das características das línguas é a criatividade/produtividade. Como já
visto, um dos processos de criação de novas unidades, sejam elas palavras ou sinais, é a
derivação. Veja uma comparativo a seguir:
A derivação é caracterizada pelo surgimento de uma nova palavra que nos remete a uma
realidade específica por meio de acréscimos de afixos a uma base.
Já a flexão é a formação de novos modos de dizer a mesma palavra, é uma modificação na
palavra para concordar com outras.
Ambos os fenômenos são encontrados nas línguas de sinais. Alguns autores, como Johnston e
Schembri (2007), se referem ao processo de flexão como modificação dos sinais e de
derivação como formação de sinais.
Segundo Basilio (1989), a derivação pode ser definida como o processo de formação de
palavras a partir de uma palavra base com acréscimo de afixos. Essa nova significação
pressupõe que exista a significação primária, por exemplo, o conceito de casa para a palavra
casarão. Assim, temos nas línguas palavras consideradas primitivas, que não derivam de
nenhuma outra palavra, e palavras derivadas, que se originam de outras.
Foto: Shutterstock.com
COMPOSIÇÃO
Os processos linguísticos de formação de novas palavras, como nas línguas orais, estão bem
presentes e em constante atividade nas línguas sinalizadas. Se a derivação gera um novo item
lexical a partir de um léxico primitivo, na composição acontece a união de dois léxicos para a
formação de um novo item.
Para uma melhor compreensão desse fenômeno nas línguas de sinais, é necessário ter em
mente os parâmetros da Libras. Isso porque a diferenciação entre justaposição e aglutinação
se dá na mudança de um dos cinco parâmetros. Veja a comparação a seguir:
Na justaposição, os dois sinais que formam o léxico são identificáveis e são completamente
sinalizados.
Na aglutinação, um dos sinais envolvidos sofre modificação em um dos cinco parâmetros de
sua composição.
Foto: Shutterstock.com
Nas línguas de sinais, em um processo de aglutinação, algum (ou alguns) dos parâmetros de
um ou ambos os sinais é modificado ou não seria realizado.
COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO
Segundo Figueiredo Silva e Sell (2009), dependendo da ordem de realização dos sinais e
compostos, eles poderão ser classificados em:
Compostos aparentes
a ordem de realização dos sinais envolvidos é variável; podemos citar os casos de:
Compostos verdadeiros
A ordem de realização dos sinais envolvidos é fixa, podemos citar os casos de:
Nesses exemplos, a desinência nominal serve como forma de diferenciação entre pessoa
(profissional) e verbo (atividade realizada).
SAIBA MAIS
Nos compostos verdadeiros, podemos indicar o sinal de CASA ligado a outro sinal, que
especifica o lugar de que se fala. Podemos citar os casos de:
Nesses léxicos é obrigatória a utilização de ambos os sinais envolvidos, visto que cada sinal
tem significado quando realizado isoladamente. Outro exemplo de sinais compostos para
lugares são:
Há ainda compostos verdadeiros formados pelo sinal CASA e mais dois outros sinais, ou seja,
CASA + NOME¹+ NOME², como ocorre em:
Ainda sobre justaposição, podemos citar o trabalho de Tanya Felipe, que em sua pesquisa
aponta outras três formas de categorização.
1
2
3
Forma-se um novo léxico por meio da utilização de um sinal da Libras acompanhado pela
soletração manual de uma palavra, podemos citar o caso de:
LETRAS-LIBRAS
Na aglutinação, o novo léxico, formado por outros dois, apresenta alguma alteração nos
parâmetros envolvidos. Um exemplo que podemos apresentar de aglutinação em Libras é o
sinal de LETRAS LIBRAS = LETRAS + LIBRAS. Nesse caso, a configuração em L permanece
na mão de apoio, já a mão dominante dá lugar à configuração com a mão aberta do sinal
LIBRAS.
Mas voltemos a tratar da derivação. Ela se configura na criação de um léxico, no caso um sinal,
oriundo de um radical. Nas línguas de sinais, esse fenômeno pode incluir a datilologia de
termos das línguas orais. Nesse caso, o que vemos acontecer é o princípio da economia, o
qual está presente em todas as línguas naturais, visto que adaptar é mais fácil que soletrar
sempre manualmente.
É o caso desse tipo de derivação, de palavras que eram empréstimos linguísticos, soletrados, e
que foram incorporadas tornando-se um sinal pertencente ao núcleo lexical. Dentre os sinais
que eram soletrados manualmente, mas já se encontram totalmente integrados à Libras, estão
NUNCA, AZUL, LUA E SOL.
Foto: Rafael Roberto Aguiar
AZUL
O sinal NUNCA é realizado com maior rapidez que uma datilologia e, em seu processo de
evolução, perdeu as configurações C e A. O mesmo processo pode ser evidenciado em AZUL,
que manteve a configuração inicial em A e a última em L, mas perdeu as configurações Z e U.
ATENÇÃO
Nas análises morfológicas, observa-se também a mudança de classe gramatical nos léxicos;
nas línguas de sinais isso acontece quando o sinal de um verbo passa a ser utilizado para um
substantivo ou vice-versa. Esse tipo de derivação é conhecido como derivação imprópria.
Podemos citar os casos de:
TELEFONE e TELEFONAR;
SENTAR e CADEIRA;
PERFUMAR e PERFUME;
PENTEAR e PENTE,
OUVIR e OUVINTE, e
ROUBAR e LADRÃO.
EXEMPLO
NÃO QUERER;
NÃO GOSTAR;
NÃO SABER e
NÃO ENTENDER.
Nesses casos, o movimento de cabeça típico de negação é articulado com alterações nos
parâmetros do sinal.
Foto: Rafael Roberto Aguiar
ONTEM
ANTEONTEM
VERIFICANDO O APRENDIZADO
E) Na segunda, dois léxicos estão presentes, mas um perde sua integridade silábica.
C) Na justaposição, existe somente radical e este permanece com sua integridade silábica.
E) Na aglutinação, existe somente radical e este permanece com sua integridade silábica.
GABARITO
A derivação gera um novo léxico a partir de um léxico primitivo. Portanto, é importante lembrar
que, na derivação, um léxico é formado a partir de um radical, enquanto na composição
acontece a partir de dois léxicos, logo dois radicais, e pode se desenvolver por aglutinação ou
justaposição.
Para que haja justaposição, é necessário que todos os léxicos mantenham a sua integridade,
exemplo: IGREJA = CASA + CRUZ, ao passo que na aglutinação, em Libras, há alguma
alteração de parâmetro.
MÓDULO 3
Verbo é uma classe de palavras que exprime ações, estados, acontecimentos ou fenômenos.
Pode apresentar marcas morfológicas de pessoa, número, modo, tempo, voz e aspecto.
A flexão verbal é uma alteração que o verbo é capaz de fazer para se adequar no discurso.
Essa flexão é feita por meio de morfemas colocados no final das palavras, alterando suas
formas originais. Assim, a flexão verbal varia a forma dos verbos.
Em língua portuguesa, as alterações do verbo são de número, pessoa, tempo, modo e voz.
Com uma explicação simples, na flexão de número e pessoa, o verbo pode estar no singular ou
plural (exemplos: eu fiz / eles fizeram), e em relação ao modo verbal, trata-se de como o
falante expressa a ação que ele anuncia.
MODO VERBAL
Foto: Shutterstock.com
Quando um falante tem certeza do seu ato e o fato é uma realidade, ele usa o modo
indicativo.Por exemplo: Eu cozinhei com muito amor para você.
Mas quando o falante duvida do fato ou não tem certeza da ação ou, ainda, que há somente
uma possibilidade de o fato acontecer, usa-se o modo subjuntivo. Ex.: Pode ser que eu
cozinhe mais tarde para você.
Por fim, o falante pode se expressar de uma maneira autoritária, ou fazer um pedido, ou, quem
sabe, dar um conselho; para isso, ele usará o modo imperativo. Ex.: Coma o que eu cozinhei!
TEMPO VERBAL
Foto: Shutterstock.com
O tempo verbal indica o momento da ocorrência da ação ou do fato anunciado pelo falante. Tal
ocorrência pode estar acontecendo quando o falante anuncia, então, trata-se do momento
presente. Ex.: Estou faminta!
Caso a ocorrência anunciada pelo falante tenha relação com o que acontecerá depois da fala,
emprega-se o tempo futuro. Por exemplo: Eu comerei bastante quando chegar em casa.
VOZ VERBAL
Foto: Shutterstock.com
A voz verbal expressa ou faz referência ao tipo de relação que existe entre sujeito da oração e
verbo da oração. Quando o sujeito é agente da oração, dizemos que a voz é ativa. Ex.: Maria
cozinhou um banquete de Natal.
Vejamos, também, que no exemplo, “um banquete de Natal” ocupa o lugar de objeto direto,
mas, quando passa a ocupar a posição de sujeito da oração, tem-se a voz passiva. Ex.: O
banquete de Natal preparado por Maria foi muito elogiado.
Há mais uma voz verbal, nomeada de voz reflexiva, e ela acontece quando o sujeito é agente
e paciente da oração. Ex.: A cozinheira cortou-se com a faca enquanto preparava o banquete
de Natal.
O sistema de concordância das línguas de sinais faz parte da gramática dessas línguas, mas
também apresenta berço icônico típico das línguas de sinais. Aliás, talvez isso explique sua
rica morfologia simultânea na qual certos verbos concordam tanto com o sujeito quanto com o
objeto.
Foto: Shutterstock.com
ATENÇÃO
Para os estudos linguísticos das línguas de sinais, um classificador é uma forma que existe em
número restrito e que estabelece concordância. Para as línguas de sinais, a descrição, a
reprodução da forma, o movimento e sua relação espacial são necessários, já que tornam os
significados mais claros e compreensíveis.
MESA COLOCAR
(jarra, panela...)
Foto: Rafael Roberto Aguiar
CARRO
A iconicidade possibilita que um objeto, uma qualidade, uma pessoa, um estado do objeto
sejam representados simultaneamente na estrutura frasal. As expressões faciais e corporais
complementam os itens lexicais, estabelecendo contextos discursivos por meio de uma
economia linguística no processo de formação dos sinais.
ATENÇÃO
Não se devem confundir classificadores com os adjetivos descritivos que, nas línguas de
sinais, representam iconicamente qualidades de objetos. Nas línguas viso-gestuais, quando se
quer sinalizar que alguém está “vestindo uma blusa listrada”, a expressão adjetiva vai ser
desenhada no peito do anunciador, entretanto, essa descrição não é um classificador, mas sim
um adjetivo, que classifica estabelecendo somente uma relação de característica do objeto e
não a relação de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL e COISA, que caracteriza os
classificadores na Libras e nas demais línguas orais e de sinais.
Verbos simples
São aqueles que não se flexionam em pessoa e número e que não incorporam afixos locativos.
Alguns deles mostram flexão de aspecto continuativo ou iterativo, como: CONHECER, AMAR,
APRENDER, SABER, INVENTAR, GOSTAR.
Flexionam em pessoa, número e aspecto, mas não incorporam afixos locativos. Exemplos:
DAR, ENVIAR, RESPONDER, PERGUNTAR, DIZER, PROVOCAR.
Foto: Rafael Roberto Aguiar
Verbos espaciais
São aqueles que possuem afixos locativos, como: COLOCAR, IR, CHEGAR. Os verbos
espaciais apresentam como principal característica a exigência da marcação de local na
sinalização, a qual incide a ação do sujeito. São ações físicas do sujeito que ocorrem de um
ponto a outro.
Verbos indicadores
São também chamados de verbos manuais e são sinais de verbo que dependem do objeto,
além de, como o nome indica, usarem classificadores.
SAIBA MAIS
Essa análise foi proposta por Ronice Quadros e Lodenir Karnopp inspiradas em estudos
linguísticos sobre a Língua Americana de Sinais, a ASL.
Para os verbos “escovar”, “lavar”, “abrir”, “andar”, “crescer”, entre outros, não existem sinais
específicos e únicos, pois, de acordo com o contexto e com o sinal do objeto, eles variam. São
exemplos de verbos manuais:
Foto: Shutterstock.com
Devemos sinalizar “escovar cabelo” em uma configuração e em um único sinal, sem precisar
fazer o sinal de “cabelo”.
Foto: Shutterstock.com
É necessário saber qual o objeto e se é um objeto ou pessoa que está caindo para que a
sinalização seja efetuada corretamente. Se o indivíduo quer sinalizar que a folha caiu, ele
precisa sinalizar “folha cair”, usando um classificador que representa a folha.
SAIBA MAIS
Chen (1998) menciona que os verbos manuais envolvem uma configuração de mão que é uma
imitação de uma mão real segurando um objeto.
Quadros e Karnopp (2004) afirmam que esses verbos envolvem uma configuração de mão em
que se representa estar segurando um objeto na mão.
EU
TU
ELE
NÓS
VÓS
ELES
EU
Para marcar a primeira pessoa do singular (eu), o dedo indicador aponta para o peito do
emissor.
TU
ELE
Para marcar a terceira pessoa do singular, é estabelecido um ponto no espaço (para “ele).
NÓS
Uma das formas de mostrar o plural é o movimento circular do dedo indicador para a primeira
pessoa.
VÓS
ELES
Uma das formas de mostrar o plural é o movimento semicircular para a segunda pessoa e o
movimento circular para a primeira pessoa.
TEMPO NA LIBRAS
Na categoria de tempo, usam-se os locativos temporais com relações espaciais entre si.
O passado distante é representado por um movimento longo que se amplia além das costas.
O passado é indicado pelo movimento feito sobre o ombro, que deve ir ao espaço anterior do
ouvido.
ASPECTOS NA LIBRAS
Na categoria dos aspectos em Libras, as maneiras aspectuais mais conhecidas são
pontualidade, continuidade e duração. Os contrastes espaciais e temporais superpostos são
os fatores modificadores dos movimentos dos sinais.
(FERREIRA, 2010)
EXAUSTIVA
A ação é exaustivamente repetida
DISTRIBUTIVA ESPECÍFICA
A ação é direcionada para referentes específicos
INCESSANTE
A ação é realizada incessantemente
ININTERRUPTA
A ação se inicia e continua ininterruptamente
HABITUAL
A ação apresenta recorrência
Felipe (1998) esquematizou o sistema de flexão verbal na Libras realizado segundo alguns dos
elementos com seus respectivos parâmetros:
SAIBA MAIS
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Que não se flexionam em número e pessoa e em alguns casos apresenta flexão de aspecto.
B) São morfemas posicionados no início dos verbos indicando que eles podem flexionar.
D) São morfemas posicionados no final dos verbos, indicando que eles podem flexionar.
GABARITO
Segundo Quadros e Karnopp (2004), os verbos simples são verbos que não se flexionam em
pessoa e número e não anexam afixos locativos. Alguns desses verbos apresentam flexão de
aspecto, a qual permite indicar que a ação verbal está totalmente concluída, ou não; que o foco
da ação verbal está no início, no desenvolvimento, ou no fim da ação; se a ação verbal é
momentânea, duradoura, contínua, interrompida.
A flexão verbal é uma alteração para a forma verbal se adequar no discurso. Trata-se de um
morfema (unidade mínima da palavra que expressa significado) colocado no final de uma
palavra para indicar a flexão dessa palavra, sendo a flexão verbal a variação da forma dos
verbos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos aqui a morfologia de uma língua de sinais específica, a Língua Brasileira de Sinais
(Libras). Vimos que os estudos linguísticos das línguas de sinais são recentes, incluindo seus
estudos morfológicos. No entanto, questões importantes já foram apontadas por
pesquisadores, como a morfologia simultânea, muito frequente nas línguas de sinais, os
processos de derivação e composição, bem como as flexões verbais e construção de
classificadores.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALVES, I. M. Neologismo. São Paulo: Ática, 1990.
ARONOFF, M. et al. The Paradox of Sign Language Morphology. In: Language (Baltim), v.
81, pp. 301-344, 2005.
DUBOIS, J. et al. Dicionário de Linguística. Traduzido por Frederico Pessoa de Barros et al.
São Paulo: Cultrix, 1989.
EMMOREY, K. Language, Cognition, and the Brain: Insights from Sign Language Research.
Nova Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 2002.
KLIMA, E.; BELLUGI, U. The signs of language. Cambridge: Harvard University Press, 1979.
RIBEIRO, M. P. Gramática aplicada da língua portuguesa. 22. ed. Rio de Janeiro: Metáfora,
2013.
STOKOE, W. Sign Language Structure: An outline of the visual communication systems of the
American deaf. In: Studies in Linguistics, Occasional Papers 8. Nova York: University of Buffalo
Press, 1960.
SUPALLA, T.; NEWPORT, E.L. 1978. How many seats in a chair? The derivation of nouns and
verbs in American Sign Language. In: SIPLE, P. (ed.). Understanding language through sign
language research. New York: Academic Press, pp. 91-132.
EXPLORE+
Avance nos estudos sobre morfologia da Libras lendo o artigo “Descrição de aspectos
morfológicos da Libras”, de André Xavier e Sylvia Neves, publicado no portal da Revista
Sinalizar, da UFG.
CONTEUDISTA
Antonielle Cantarelli Martins
CURRÍCULO LATTES