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GRAMÁTICA
METÓDICA
DA
LÍNGUA PORTUGUESA
(CURSO ÚNICO E COMPLETO)
[Original da:]
EDIÇÃO SARAIVA
SÃO PAULO
1961
GRAMÁTICA METÓDICA
CAPÍTULO I
LINGUAGEM
1 — Como todos os outros animais, nós agimos; mas, a diferença dêles, manifestamos e
externamos nossa ação, mediante o dom que nos é próprio, a linguagem, que outra coisa não é
senão propriedade que temos de, por meio de palavras, comunicar-nos entre nós, exteriorando o
nosso pensamento, relatando fatos e coisas internas ou externas, acontecidas ou ainda por acontecer.
2 — Êsse meio de comunicação poderá ser feito com simples sons orais, com sinais, com
arranjos convencionais, gestos, disposição dos objetos que nos cercam; teremos, então, além da
linguagem por meio de sons orais, que se denomina linguagem falada ou glótica, a linguagem
mímica, feita por gestos, e a linguagem escrita ou gráfica, feitas por sinais, marcas, gravações e
arranjos etc.
3 — Palavra é, pois, a parte de que se compõe a linguagem, e pode ser constituída por um
simples som ou pela combinação de sons, ou, ainda, pela representação dêsses mesmos sons. A
linguagem indica o pensamento; as palavras, como partes que são da linguagem, indicam as partes
do pensamento, ou seja, as idéias.
4 — Conquanto constitua a linguagem dom comum de todos os homens, nem todos êles se
comunicam pelas mesmas palavras. O conjunto de palavras, ou melhor, a linguagem própria de um
povo chama-se língua ou idioma.
6 — Língua viva é atualmente falada por um povo ou tribo. Assim, são línguas vivas o
português, o francês, o italiano etc.
7 — Chama-se Língua morta a que já não é usada por nenhum povo ou tribo, mas
sobrevive em documentos. São exemplos de línguas mortas o latim (língua primitivamente falada
pelos latinos, habitantes do Lácio, que tinha como capital Roma), o hebraico, o sânscrito (língua
clássica da Índia).
8 — Língua extinta diz-se a que não é falada nem deixou provas de sua existência. Tal se
chama a língua dos etruscos, a dos celtas e a dos primitivos habitantes da terra. Sabemos que tais
línguas existiram porque alguma língua devem ter falado êsses povos.
9 — A palavra, como representação material, isto é, como som ou aparência gráfica, chama-
se vocábulo. Como índice da idéia que ela encerra, chama-se têrmo. Por isso é que se diz: “Falar
em bom têrmo” e não: “Falar em bom vocábulo”, da mesma maneira que não se diz: “Pronunciar
bem um têrmo”, mas : “Pronunciar bem um vocábulo” (ou palavra).
10 — A reunião de vocábulos forma o vocabulário; quando dispostos os vocábulos em
ordem alfabética e acompanhados de suas significações, tal reunião é denominada dicionário ou
léxico.
O livro de Pedro — Os grandes olhos de Maria — são frases, porquanto constituem reunião
de têrmos ou idéias, sem nada afirmar nem negar.
12 — Se a frase encerrar uma declaração, isto é, se afirmar ou negar alguma coisa, ela
passará a chamar-se oração. Exs.: O livro de Pedro é grande — Os grandes olhos de Maria
fecharam-se.
GRAMÁTICA
13 — Denomina-se gramática a reunião ou exposição metódica dos fatos de uma língua.
Da mesma maneira que a música possui sua artinha, ou seja, o conjunto de princípios,
normas, ensinamentos e regras concernentes a essa arte, também as línguas possuem cada uma a sua
gramática, isto é, o conjunto de tôdas as normas para o seu perfeito uso.
15 — Se a gramática visar apenas aos fatos de uma língua particular, ela será gramática
particular, que passará a chamar-se portuguesa, francesa, inglesa etc., conforme a língua particular
que estudar.
18 — Se, porém, visar os fatos atuais de uma língua, mostrando e ensinando as regras
vigentes para o seu perfeito manuseio, sem cogitar da sua formação, ela será gramática expositiva.
DIVISÃO DA GRAMÁTICA
20 — Três são as grandes partes da gramática:
Fonética
Morfologia
Sintaxe
21 — Fonética (do gr. phonê = som) é a parte da gramática que estuda os vários sons ou
fonemas lingüísticos.
22 — Morfologia (do gr. morphê = figura + logia = estudo) é a parte que estuda a palavra
em si, quer no elemento material, isto é, quanto à forma, quer no elemento imaterial, ou seja,
quanto à idéia que ela encerra.
23 — Sintaxe (do gr. syntáxis = arranjo) é a parte que estuda a palavra não é si, mas com
relação às outras que com ela se unem para exprimir o pensamento.
Se a fonética e a morfologia estudam a palavra, a sintaxe estuda a frase, quer completa quer
incompleta.
Análise sintática é a que considera a palavra com relação às outras que se acham na mesma
oração.
Nota — Em certos programas de ensino ou de concursos pede-se erradamente análise gramatical para
contrastar com análise sintática. Análise gramatical, tal com sentido, é expressão da língua francesa.
QUESTIONÁRIO
1 — O que é linguagem?
Linguagem é a propriedade que temos de, por meio de palavras, comunicar-nos entre nós.
São três espécies de linguagem, sendo elas: linguagem falada ou glótica, linguagem mímica, feita
por gestos, e a linguagem escrita ou gráfica, feita por sinais, marcas, gravações arranjos etc.
3 — Que é palavra?
Língua viva é a atualmente falada por um povo ou tribo. Assim são línguas vivas o português, o
francês, o italiano etc.
Chama-se língua morta a que já não é usada por nenhum povo ou tribo, mas sobrevive em
documentos. São exemplos de línguas mortas o latim (língua primitivamente falada pelos latinos,
habitantes do Lácio, que tinha por capital Roma), o hebraico, o sânscrito (língua clássica da Índia).
Língua extinta diz-se a que não é falada nem deixou provas de sua existência. Tal se chama a língua
dos etruscos, a dos celtas e a dos primitivos habitantes da terra.
Enquanto o vocábulo se refere à palavra como representação material (isto é, como som ou
aparência gráfica), o têrmo é o índice da idéia que ela encerra.
Enqua