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ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola Editorial.

2005.

Smarlley Batista Britto

No livro “Lutar com palavras: coesão e coerência”, publicada pela Parábola Editorias
em São Paulo em 2005, a autora Irandé Antunes aborda sobre um assunto de muita relevância
sobre a nossa língua materna, trazendo duas características importantes para a construção de
um texto com transparência e de fácil interpretação pelos leitores, se trata da coerência e
coesão.
A obra está dividida em onze capítulos, nos quais ela discorre sobre o tema, sempre
utilizando os mais diversos exemplos, a utilização de tabelas e rodapés, bem como de uma
linguagem simples e de fácil ensinamento, o que favorece sobremaneira a elaboração e
interpretação dos tópico no livro para uma ampla gama de pessoas, sejam elas especialistas na
área ou não.
A autora em seu primeiro capítulo "O estudo da língua", aborda algumas questões
relacionadas com o estudo do português, no qual destaca que esse acontecimento ocorre sem
muito incentivo à leitura, e, sem uma carga horaria satisfatória voltada para o
desenvolvimento de textos e que condizem com as necessidades diárias, dentro ou fora das
escolas. Destaca os potenciais fracassos das instituições de ensino em relação as habilidades
de escrita, colocando em primeiro plano a leitura oral e o uso de frases soltas, ao mesmo
tempo que sacrifica as inúmeras possibilidades de uso e estudo de todo o texto.
Irandé esclareceu o que é o processo de escrever, descrevendo-o como uma atividade
de comunicação oral, um comportamento cooperativo que deve ser contextualizado e munido
de propósito para se obter um determinado fim, dessa forma orientado e respeitando a ideia
central, além de ter características pragmáticas. Deixa claro por que os textos devem ser
tomados como o núcleo do estudo da língua ao declarar que “O texto, falado, ouvido, lido e
escrito é que constitui, na verdade, o objeto de estudo das aulas de língua”. Elenca
categoricamente as características destacadas do texto, sendo elas: a coesão, a coerência, a
informatividade e a intertextualidade.
No capítulo seguinte, " A coesão do texto", explica que a coesão é "[...] essa
propriedade pela qual se cria e sinaliza toda espécie de ligação, de laço, que dá ao texto
unidade de sentido ou unidade de temática", ou seja, a coesão tem por finalidade promover a
continuação do texto, para que não se perca o fio de igualdade que garante a sua interpretação.
O capítulo três apresenta as relações textuais que são essenciais para alcançar a coesão
notória. São eles: reiteração, associação e conexão. Essas relações só podem ser alcançadas
por meio de alguns procedimentos (repetição, substituição, seleção lexical e conexão
sintática-semântica), tais procedimentos dependem de recursos diferentes (paráfrase,
paralelismo, repetição em si, substituição gramatical, substituição lexical, elipse, palavras
semanticamente próximas e uso de diferentes conectores)
No capítulo quatro, "Procedimentos e recursos de coesão", Antunes lista esses
procedimentos e recursos ao nível introdutório, o que é muito didático, que nos capítulos
seguintes, do quinto ao oitavo, ilustra de forma mais detalhada e explicativa de como fazer
uso deles, textos com uma forte conexão e que permeia-o como um todo, ligando suas ideias
centrais. Vale ressaltar que se houver um texto coeso quanto à sua coerência, não é necessário
o uso de alguns desses recursos, com apenas um pode-se concluir a tarefa com sucesso.
O nono capitulo, " A coesão, o léxico e a gramática", discute o entrelaçamento desses
elementos. Mostra como ainda ensinamos gramática de uma forma arcaica, vista como uma
ferramenta limitadora, algo que nos ajuda a não cometer erros, ao invés de sua verdadeira
utilidade. “[...] um conjunto de possibilidades que regulam o funcionamento de uma língua,
para que ela se efetive socialmente”, esta é a sua verdadeira face.
Não podemos adicionar texto como queremos, o que nos leva a acreditar que não
existe texto sem gramática, mas não podemos fazer nenhum texto usando apenas a gramática,
as palavras e suas regras são uma armadura, mas existe uma essência além da armadura que a
cobre. Atribui-se ao léxico uma imagem de um conjunto de palavras, e a utilizamos para
representar o que queremos dizer, ou seja, o vocabulário é mistificado, como se fosse uma
entidade do dicionário, separada do texto. De forma encorajadora, a autora elucida que "[...] o
uso de determinadas palavras pode funcionar como estratégia textual de armar a construção
que se pretende realizar”, eliminando assim o véu que cobre e obscurece a visão do léxico.
Em seu decimo capitulo, “A coesão e a coerência”, Irandé recorre a um poema de
autoria desconhecida, em que se pode subir à porta e fechar a escada, tirar as orações e recitar
os sapatos bem como desligar a cama e deitar-se na luz. Tudo graças ao beijo de boa noite. "
Seria esse texto incoerente?", indaga a autora. Diante disso, podemos responder em voz alta a
autora: Sim, este poema é coerente, pois, em outras palavras, busca um efeito comunicativo
específico. No entanto, é importante notar que este texto é coerente, não porque seja apenas
um texto poético, é coerente, porque pode restaurar uma unidade de sentido e uma unidade de
intenção de qualquer forma.
No final de seu livro, intitulado “Que a luta não seja vã”, ela termina com uma
mensagem clara de que não podemos limitar as questões linguísticas mencionadas em todo o
livro aos professores de gramática ou profissionais da área de letras. A verdadeira
aprendizagem da língua se dá através do estudo de textos, desde que não deixemos que a luta
seja vã, todos, independentemente de seus talentos, podem produzi-la.
O livro Lutar com palavras – coesão e coerência nos abre um leque de informações
importantes a respeito da gramática e sua devida aplicação no campo da língua portuguesa,
pois somente dessa maneira podemos escrever textos coesos e coerentes afim de que se possa
abrir espaço para a explanação de diálogos socio cognitivos, através das questões linguísticas
tratadas no livro.

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