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RESENHA
Koch e Travaglia nos apresentam, como exemplo, um texto que leva o título
“Oito Anos”. Quando o lemos pela primeira vez, parece incoerente. O texto é
composto por várias frases interrogativas com os assuntos mais aleatórios possível,
totalmente desconexos. Mas quando entendemos que as perguntas presentes ali,
são, na verdade, perguntas do filho da autora do texto que tem, como mencionado
no título, 8 anos, tudo parece fazer sentido. Utilizamos o nosso conhecimento de
mundo para entender o que está implícito no texto e conceber um sentido para ele.
Por muito tempo coesão e coerência foram tratadas como sendo a mesma
coisa. Mas depois de estudos, perceberam que por mais que elas andem lado a
lado, não são iguais. A diferença básica entre elas seria que a coesão encontra-se
no texto, enquanto a coerência não encontra-se nele, mas ela se constrói a partir
dele. Como já dito, ela reflete os conhecimentos que o leitor já tem.
Koch e Elias iniciam o capítulo com uma informação que é, de fato, muito
importante: a coerência não pode ser definida por um único conceito, mas sim pelo
conjunto de vários deles.
É por meio da coerência que os leitores conseguem estabelecer o sentido do
texto, por isso é considerada um princípio de interpretabilidade. Mas para haver
coerência, é necessário encontrar uma forma de relacionar os elementos presentes
no texto, e isso só é possível após análise de todo o contexto. Que tipo de análise?
Perceber sobre o que o texto fala, se atentar ao título que por muitas vezes pode ser
o elemento “implícito” principal para o entendimento, não deixando de notar que a
relação semântica pode, muitas vezes, também ser pragmática.
Para que esse diálogo seja coerente é necessário analisar também o que não
está escrito, as informações implícitas, ou ele não vai fazer sentido. A primeira frase
de A para B “o telefone!” indica que o aparelho está tocando e é para B atendê-lo,
mas quando B responde com “estou no banho!” seria o mesmo que dizer que não
pode atender o aparelho naquele momento pois está tomando banho. Se
levássemos em conta apenas o que está explícito no texto, e não as ideias
implícitas, seria impossível encontrar a coerência. Pareceria apenas um diálogo com
frases aleatórias, que não fazem o menor sentido.
Como bem notado por Charolles, a coerência se relaciona com a coesão pois
os elementos superficiais do texto servem como pistas para que a coerência seja de
fato estabelecida. Por mais que a coesão auxilie do estabelecimento da coerência,
ter um texto coeso não significa ter um texto coerente.
Embora o interesse em separá-las seja grande, as autoras concluem dizendo
que coesão e coerência são, na verdade, as duas faces de um mesmo fenômeno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS