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O

O TEXTO
Tipologia textual

Descripción breve
Definição de texto. Tipos de texto, características, exemplos. Exercícios. O texto
científico, estrutura.

GMR
Profa. de Português
O que é Texto:
Não existe uma única definição sobre o que é um texto. O conceito de texto possui algumas
características que o definem: qualquer “expressão” linguística que seja superior a uma frase
(desde que haja uma integração entre as referidas frases); disposição sentencial que traga
algum sentido, um entendimento.

A seguir algumas definições de texto de autores renomados:

“Texto é uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos
usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa
específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa
reconhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão.” (Koch & Travaglia, 1992:08-
09)

“(…) o texto deve ser visto como uma sequência de atos de linguagem (escritos e falados) e não
uma sequência de frases de algum modo coesas. Com isto, entram, na análise do texto, tanto as
condições gerais dos indivíduos como os conceitos institucionais de produção e recepção, uma
vez que estes são responsáveis pelos processos de formação de sentidos comprometidos com
processos sociais e configurações ideológicas.” (Marcuschi, 1983:22)

“Texto em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser
humano (…) isto é, qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de signos. (…)
Em sentido estrito, o texto consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que forma um todo
significativo, independente de sua extensão. Trata-se, pois de uma unidade de sentido, de um
contínuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis
pela tessitura do texto – os critérios ou padrões de textualidade, entre os quais merecem destaque
especial a coesão e a coerência.” (Fávero & Koch, 1994:25)

Texto e Contexto
O contexto pode ser explícito, quando é expresso por palavras (o texto em que se encontra a
frase ou a frase em que se encontra a palavra), ou implícito, quando está embutido na situação
em que o texto é produzido. Logo, a simples mudança de contexto faz com que a palavra
“madeira” seja interpretada de maneiras diferentes. Na primeira situação, embora a palavra esteja
dentro de um livro, ela está totalmente fora de contexto, por isso não produz sentido algum.

Conhecimento de mundo                                                    
Ao longo de sua vida, o leitor adquire conhecimentos utilizados durante a leitura dos textos. O
leitor constrói o sentido do texto quando articula diferentes níveis de conhecimento, entre eles o
conhecimento de mundo. Esse tipo de conhecimento costuma ser adquirido informalmente,
através de nossas experiências pessoais e convívio em sociedade. Ativar seu conhecimento de
mundo no momento certo pode ser útil tanto para salvar sua vida no meio da floresta ou para
resolver questões nos exámes.

Textos verbais e visuais. Analisando as definições anteriores, podemos dizer que os textos
podem ser orais ou escritos. Mas essa noção precisa ser ampliada, pois há textos que não contam
com o auxílio da palavra, seja ela escrita ou oral. É o caso, por exemplo, da fotografia e da
pintura. Então podemos afirmar que há textos verbais e visuais. Há ainda textos que utilizam os
dois recursos, como os filmes, que usam imagens, diálogos e legendas. Assim, chegamos a
conceito de texto mais ampliado e consistente: todo enunciado que faz sentido para um
determinado grupo em uma determinada situação.

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Coesão e Coerência textual
Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a mensagem
pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso. Para compreender um pouco melhor os
conceitos de Coerência textual e de Coesão textual, e também para distingui-los, vejamos:

O que é coesão textual?

Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que


permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras,
frases, parágrafos, etc. Ou seja, a coesão é responsável pelos sentidos encontrados na superfície
do texto. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos:

⇒ Coesão por referência: é um dos tipos mais utilizados em um texto. Graças a ela, evitamos
repetições de termos, descuido que pode tornar desagradável a leitura de um texto:

Os alunos do terceiro ano foram visitar o Museu da Língua Portuguesa. Eles foram
acompanhados pelos professores da escola.

Em vez de:

Os alunos do terceiro ano foram visitar o Museu da Língua Portuguesa. Os alunos do


terceiro ano foram acompanhados pelos professores da escola.

⇒ Coesão por substituição: são empregadas palavras e expressões que retomam termos já
enunciados através da anáfora. Observe o exemplo:

Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso isso volte a acontecer, eles serão
suspensos.

Em vez de:

Os alunos foram advertidos pelo mau comportamento. Caso o mau comportamento volte a
acontecer, os alunos serão suspensos.

⇒ Coesão por elipse: Ocorre por meio da omissão de uma ou mais palavras sem que isso
comprometa a clareza de ideias da oração:

Maria faz o almoço e ao mesmo tempo conversa ao telefone com a amiga.

Em vez de:

Maria faz o almoço e ao mesmo tempo Maria conversa ao telefone com a amiga.

⇒ Coesão por conjunção: Esse tipo de coesão possibilita relações entre os termos do texto
através do emprego adequado de conjunções:

Como não consegui ingressos, não fui ao show, contudo, assisti ao espetáculo pela televisão.

⇒ Coesão lexical: ocorre por meio do emprego de sinônimos, pronomes, hipônimos ou


heterônimos. Observe o exemplo:

Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro. O carioca nasceu no dia 21 de junho
de 1839 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908. Gênio maior de nossas
letras, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

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São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas
diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias.

O que é coerência textual?

Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais


dos elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso,
porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo:

"As ruas estão molhadas porque não choveu"

Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim,
do ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o
texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque
alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas
estarem molhadas. O texto está incoerente.

Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos:

1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se


contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.
2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste na
repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa
transmitir alguma informação, mas quando há repetição excessiva de palavras ou termos,
o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma
informação ou mensagem completa, então ele será incoerente
3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que
não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes
contenham certa coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos
não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto.

Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a CONTINUIDADE
TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA.

Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras partes do
texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao
leitor.

Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas


informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto). A sensação do leitor é que
o texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo final da
mensagem.

Em resumo, podemos dizer que A COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do


texto, do parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que
um dê sequência lógica ao outro. A COERÊNCIA, por sua vez, é a relação lógica entre as
ideias, fazendo com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um
todo significativo que é o texto.

Vale salientar também que há muito para se estudar sobre coerência e coesão textuais, e que
cada um dos conceitos apresentados acima podem e devem ser melhor investigados para serem
melhor compreendidos.

Por Ana Paula de Araújo

Por: Luana Castro Alves Perez em Textualidade

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TIPOS DE TEXTOS
Nem sempre percebemos, mas a verdade é que no nosso dia a dia convivemos com uma
variedade muito grande de textos.

Ao sairmos às ruas nos deparamos com cartazes, painéis, panfletos. Em casa, assistimos a
telejornais ou lemos jornais de nossa cidade, conversamos com nossos amigos pela Internet,
consultamos o manual de instrução para manusearmos um brinquedo novo, e outros mais.

O mais importante de tudo isso é sabermos que não importa qual seja o tipo de texto, todos eles
possuem uma finalidade, um objetivo.

Como por exemplo: o jornal serve para nos informar sobre os acontecimentos ligados à
sociedade; o e-mail é uma fonte de contato que estabelecemos com amigos e familiares; o
manual de instrução nos orienta sobre a maneira correta de utilizarmos um aparelho eletrônico,
um videogame; o cartaz nos informa sobre o filme que está em exibição; o panfleto nos estimula a
conhecer um novo produto vendido em uma loja; entre outras finalidades.

Então, essa variedade de textos que conhecemos denomina-se de “gêneros textuais”, pois cada
um possui uma importância para nós. E o mais importante: Possuem características próprias
quanto à linguagem e quanto à forma que os compõem.

Por exemplo, um anúncio possui uma linguagem com o objetivo de convencer, de estimular a
compra de um determinado produto; uma reportagem é geralmente feita por uma linguagem clara,
tentando fazer com que o leitor entenda perfeitamente o que se trata; uma receita de bolo nos
ensina passo a passo sobre como realizar a tarefa.

O e-mail já possui uma linguagem reduzida, pois temos a oportunidade de conversar com várias
pessoas ao mesmo tempo.

Tipos textuais
Basicamente são Cinco os tipos textuais.

1. Narração: A principal característica de uma narração é contar uma história, seja ela
verdadeira ou não. Você pode utilizar elementos como tempo, espaço e personagens para
deixar sua narrativa ainda mais interessante. É o tipo textual que encontramos nos contos,
crônicas, fábulas, biografias etc.
2. Dissertação: Esse é o tipo de texto que você pode escrever com a intenção de convencer
alguém sobre suas ideias. Ser um texto opinativo é a principal característica de uma
dissertação — tipo textual encontrado nos ensaios, cartas argumentativas, dissertações-
argumentativas, editoriais etc.

Um exemplo de texto dissertativo-argumentativo:


Em pleno século XXI é salutar refletir sobre a importância de preservação do meio ambiente bem como atuar em prol de
uma sociedade mais consciente e limpa. Já ficou mais que claro que a maioria dos problemas os quais enfrentamos
atualmente nas grandes cidades, foram gerados pela ação humana.

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De tal modo, podemos pensar nas grandes construções, alicerçadas na urbanização desenfreada, ou no simples ato de
jogar lixo nas ruas. A poluição gerada e impregnada nas grandes cidades foi em grande parte fruto da urbanização
desenfreada ou da atuação de indústrias; porém, deveres não cumpridos pelos homens também proporcionaram toda essa
"sujidade". Nesse sentido, vale lembrar que pequenos atos podem produzir grandes mudanças se realizados por todos os
cidadãos.
Portanto, um conselho deveras importante: ao invés de jogar o lixo (seja um papelzinho de bala, ou uma anotação de um
telefone) nas ruas, guarde-o no bolso e atire somente quando encontrar uma lixeira. Seja um cidadão consciente! Não
Jogue lixo nas ruas!

Um exemplo de texto dissertativo-expositivo: É a exposição de ideias, teorias, conceitos sem


necessariamente tentar convencer o leitor.
Os Relatórios das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre a gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos
alertam para a preservação e proteção dos recursos naturais do planeta, sobretudo da água. Sendo assim, as estatísticas
apontam para uma enorme crise mundial da falta de água a partir de 2025, de forma que atingirá cerca de 3 bilhões de
pessoas, e que pode provocar diversos problemas sociais e de saúde pública.
Um dos maiores problemas apresentados pela ONU é a “escassez de água” que já atinge cerca de 20 países no mundo,
ou seja, 40% da população do planeta. Os estudos completam que a água doce do planeta está em risco visto as
mudanças climáticas registradas nas últimas décadas.

3. Exposição: Nesse tipo de texto, a principal característica é a apresentação de informações


sobre um objeto ou sobre um fato através de uma linguagem clara e concisa. Ele é encontrado
nos gêneros textuais reportagem, resumo, fichamento, artigo científico, seminário etc.

 Verbete de dicionário
“Significado de Nostalgia (s.f). Tristeza causada pela saudade de sua terra ou de sua pátria; melancolia. Saudade do
passado, de um lugar etc. Disfunções comportamentais causadas pela separação ou isolamento (físico) do país natal, pela
ausência da família e pela vontade exacerbada de regressar à pátria. Saudade de alguma coisa, de uma circunstância já
passada ou de uma condição que (uma pessoa) deixou de possuir. Condição melancólica causada pelo anseio de ter os
sonhos realizados. Condição daquele que é triste sem motivos explícitos. (Etm. do francês: nostalgie) ” Fonte:
(Dicionário Online de Português- Dicio.com)

4. Injunção: Com o uso dos verbos no imperativo, os textos injuntivos têm como finalidade
ensinar, orientar ou instruir o interlocutor. Esse tipo de texto é encontrado nos manuais de
instruções, receitas culinárias, bulas, regulamentos, editais etc.

Receita de mosaico de gelatina: prepare 1 pacote de gelatina de limão, 1 de cereja e 1 de abacaxi, separadamente,


usando apenas 1 e 1/2 xícara (chá) de água para cada uma, sendo uma fervente e a outra fria. Leve à geladeira até o dia
seguinte. Retire da geladeira, corte as gelatinas em cubinhos, arrume em um refratário grande e reserve. Leve ao
fogo baixo, em uma panela, 1 xícara (chá) de água e 1 xícara (chá) de açúcar. Quando estiver fervendo, retire do fogo e
dissolva 1 pacote de gelatina de morango. Deixe esfriar e junte 1 lata de creme de leite sem o soro. Bata bem na
batedeira. Disponha o creme sobre os cubinhos de gelatina no refratário e leve à geladeira até firmar. Retire e sirva.

5. Descrição: Os textos descritivos têm como objetivo descrever coisas, pessoas ou situações.
Pode ser uma descrição objetiva ou subjetiva, sendo encontrada em textos literários,
relatórios, atas, guias de viagens etc.

Exemplos
Descrição Subjetiva
“Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a sutache, com
largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro,
enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras;
com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis
miudinhos davam cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de Queiroz)
Descrição Objetiva
"A vítima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de Marília, era magra, alta (1,75), cabelos pretos e curtos;
nariz fino e rosto ligeiramente alongado."

Diferentemente dos gêneros textuais, que são vários e adaptáveis às nossas necessidades
comunicacionais, os tipos são apenas cinco e servem de suporte para essa variedade de
gêneros. Os tipos estão sempre prontos para receberem os gêneros, apresentando características

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bem definidas, tais como vocabulário próprio, relações lógicas, tempos verbais e construções
frasais.

Finalidade de estudar ou compreender a classificação o tipos textuais


Mas para que é preciso agrupar os diferentes tipos de textos?

Quando estabelecemos tipologias claras e concisas para os textos, fica mais fácil interpretar e
produzir textos que circulam em um determinado ambiente social. Por exemplo: ao nos
depararmos com o texto a seguir:
Quiche de peito de peru
Ingredientes:
Massa
1 xícara (chá) de farinha de trigo (160 g)
4 colheres (sopa) de azeite (60 ml)
½ xícara (chá) de requeijão (120 g)
½ colher (chá) de fermento em pó sal a gosto
Recheio
1¼ xícara (chá) de peito de peru picadinho (150 g)
1 ½ xícara (chá) de muçarela ralada (150 g)
1/3 xícara (chá) de azeitona verde picadinha (50 g)
2 gemas
1 xícara (chá) de requeijão
(240 g) sal, pimenta-do-reino e cheiro-verde picadinho a gosto
2 claras batidas em neve
Queijo parmesão ralado a gosto
Modo de preparo

À primeira vista já sabemos que se trata de uma receita. Pela forma e pela distribuição do texto
no papel, identificamos a parte dos ingredientes e a parte do “modo de fazer”. Isso nos prepara
para a leitura e, consequentemente, para a interpretação.

Preferentemente vamos trabalhar com Textos Científicos, portanto seria


bom conhecer sua estrutura e características.

O que é um Texto científico:


Um texto científico é uma produção textual, uma narrativa escrita que aborda algum conceito
ou teoria, com base no conhecimento científico através da linguagem científica.

Quanto a tipologia textual O texto de divulgação científica é um tipo de texto expositivo e


argumentativo mais elaborado. São produzidos mediante pesquisas, aprofundamentos teóricos e
resultados de investigações sobre determinado tema.

Estrutura do artigo científico (adaptado) Mauricio Gomes Pereira


Professor Titular, Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil
Os artigos científicos constituem a unidade de informação do periódico científico. Por meio deles, as
informações do autor são transformadas em conhecimento científico, que é de domínio público. Se o artigo
é divulgado adequadamente, ele poderá ser lido, citado e utilizado por profissionais de saúde nas suas
atividades diárias. Por divulgação adequada entenda-se aquela efetuada em periódico científico que adota o
procedimento de revisão por pares1 - p.238
Há vários tipos de artigo científico. 1 - p.11 O autor se limitará a abordar os artigos originais (scientific article ou
paper em inglês). São os que contêm o relato, em primeira mão, dos resultados de uma pesquisa.
O texto de um artigo científico original é geralmente dividido em quatro seções com os seguintes títulos:
• Introdução
• Métodos (Método, Material e métodos ou Metodologia)

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• Resultados
• Discussão
O conhecimento da estrutura apresentada é o ingrediente básico para entender a lógica do artigo científico.
A tabela a seguir contém algumas perguntas que podem ajudar o leitor a compreender o conteúdo das
quatro seções e o relacionamento entre elas. Temas adicionais sobre comunicação científica serão
abordados em novos textos, a serem publicados nos próximos números desta Revista, preparados com
base no livro Artigos Científicos. 1 O domínio desses temas auxiliará o leitor a melhor apreciar a arte e a
técnica da comunicação científica.

 Referências
1. Pereira MG. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-
Koogan, 2011.

Assim ocorre com o chamado texto de divulgação científica, o qual se define por expor,
transmitir, conteúdos dessa natureza (científica). Exemplos de tal modalidade são os verbetes de
enciclopédia. Por se tratar de um texto cujo propósito é a transmissão de saberes, eis algumas
marcas linguísticas nele impressas:

* A impessoalidade é predominante, haja vista que o autor expressa as descobertas que fez sem
deixar se revelar, ou seja, sem revelar suas marcas pessoais;

* Em termos estruturais, pode-se afirmar que prevalece o padrão formal da linguagem, por meio
do uso dos verbos na terceira pessoa do singular – fato que imprime ao discurso o caráter
impessoal antes ressaltado;

* Ainda falando acerca dos traços estruturais, apesar de tal modalidade não obedecer a uma
norma rígida, o que normalmente se atesta é a predominância de um parágrafo introdutório,
revelando a ideia principal a ser abordada, seguido pelo desenvolvimento, sendo esse
manifestado por meio de exemplos, comparações, dados estatísticos, relações de causa e efeito,
resultado, objetivos de experiências, etc., e culminando nas conclusões acerca do que foi
anteriormente abordado.

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Vamos testar o que aprendemos?

Exercício 1. Classifique os textos em (1) descritivo, (2) narrativo ou (3) dissertativo. Justifique a
sua resposta.

                                TEXTO  I
(  ) Ele tinha o olhar fixo no anúncio luminoso, suspenso no fundo negro de um céu sem estrelas.
Já fazia uma hora que tinha o olhar fixo no anúncio onde um cisne branco aparecia fosforescente
em primeiro plano no espaço tumultuado de nuvens. Logo em seguida, com ondulações de
pétalas mansas, abria-se em torno do cisne um pequeno lago que chegava até quase a meia-lua
branca da qual saía o letreiro. Cortado pelo perfil de um edifício. Só as cinco letras do anúncio
eram visíveis, as outras desapareciam detrás do cimento armado.
(Lygia Fagundes Telles)

                              TEXTO II
(   ) Enfim, chegou a hora da recomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o
desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens  choravam também, as mulheres
todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria
arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver,
tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e
caladas. As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela. Capitu enxugou-as depressa, olhando  a
furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga e quis levá-la; mas o
cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o
defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a
vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.  
(Machado de Assis)

                           TEXTO III


(   ) A agressão ao meio que ameaça, hoje, todo o equilíbrio climático e a própria existência da
vida no planeta é uma consequência dos modos de produção capitalista. As evidências dessa
constatação saltam aos olhos quando se analisam os elementos que mais contribuem para a
destruição do meio ambiente.

Veja-se, primeiramente, a questão central da poluição do ar e das águas. O modelo industrial,


implementado pelo capitalismo, continua a jogar gases tóxicos no ar e seus rejeitos nos rios e
mares. Além disso, é importante frisar um fato específico, ligado à realidade brasileira: a
gravíssima e insana devastação das nossas florestas. As indústrias da madeira e de mineração,
aliadas à brutalidade de fazendeiros, vêm provocando um verdadeiro desastre ambiental sem
chances de reversão. Mais uma vez a noção de lucro supera a preocupação com o meio e o pior é
que, neste caso, a intervenção das autoridades responsáveis continua a ser tímida [...]
(Adaptado – Caderno de Redação – Colégio QI)

Exercício 2. Analise os fragmentos a seguir e assinale a alternativa que indique as tipologias


textuais às quais eles pertencem:

a) narração – descrição – dissertação – prescrição.


b) descrição – narração – dissertação – prescrição.
c) dissertação – prescrição – descrição – narração.
d) prescrição – descrição – dissertação – narração.

Texto I
“Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina,
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-
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se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes
rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se
ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque (...)”.
(Dalton Trevisan – Uma vela para Dario).

Texto 2
“Era um homem alto, robusto, muito forte, que caminhava lentamente, como se precisasse fazer
esforço para movimentar seu corpo gigantesco. Tinha, em contrapartida, uma cara de menino,
que a expressão alegre acentuava ainda mais.”

Texto 3

Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente
aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já
chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos,
transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos
hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um
aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida.
Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de
comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal
transformado em objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por
espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto
controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em:
1 mar. 2013 (adaptado).

Texto 4
Modo de preparo:
1. Bata no liquidificador primeiro a cenoura com os ovos e o óleo, acrescente o açúcar e bata
por 5 minutos;
2. Depois, numa tigela ou na batedeira, coloque o restante dos ingredientes, misturando
tudo, menos o fermento;
3. Esse é misturado lentamente com uma colher;
4. Asse em forno preaquecido (180° C) por 40 minutos.

Exercício 3. Leia o texto a seguir e levando em conta as características da organização do


discurso, a respeito do texto pode-se afirmar que se trata de uma:

a) dissertação de caráter expositivo, pois explica, reflete e avalia ideias de modo objetivo, com
intenção de informar ou esclarecer.
b) narração, por reportar-se a fatos ocorridos em determinado tempo e lugar, envolvendo
personagens, numa relação temporal de anterioridade e posterioridade.
c) dissertação de caráter argumentativo, pois faz a defesa de uma tese com base em
argumentos, numa progressão lógica de ideias, com o objetivo de persuasão.
d) descrição, por retratar uma realidade do mundo objetivo a partir de caracterizações, pelo
uso expressivo de adjetivos.
e) expressão injuntiva, por indicar como realizar uma ação, utilizando linguagem simples e
objetiva, com verbos no modo imperativo.

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INTERNET E A IMPORTÂNCIA DA IMPRENSA

Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes
sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da
internet: o empowerment (“empoderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela
grande rede.
É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de
expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica
está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem
modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização
virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário
democrático mais aberto, mais participativo, mais livre.
E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem
provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar)
com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos
“iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição.
O risco está em que é muito fácil aderir ao seu clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se
encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo
que desemboca no fanatismo e no extremismo.
Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem
enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como
um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a
linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim...
A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o
estabelecimento de uma base comum para o debate.
Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse
fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao
selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo
que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço
de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido.
A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que
configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos
sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos
grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede.
Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a
todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de
um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão
necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte.
O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso,
todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O
mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de
outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um
monopólio. 
1. (CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.)

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Gabarito:

Ex. 1. Resposta:

(1) DESCRITIVO – Consiste na caracterização de um objeto, ou seja, a autora se preocupa em fornecer um “retrato
verbal” daquilo que se propôs a descrever, fazendo observar a sequência de aspectos e características que o compõe.
(2) NARRATIVO – Trata-se de um fato ficcional ocorrido em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens.
Acima de tudo, há o narrador que, no caso específico, conta esse fato na terceira pessoa.
(3) DISSERTATIVO – Caracteriza-se por refletir, comentar, conceituar, expor idéias ou ponto de vista para fornecer
conhecimento, associando-se à idéia de análise e compreensão. De forma coerente, o autor tenta persuadir o receptor
por meio de argumentos articulados e construídos dentro de um repertório cultural produtivo.

Ex. 2. Resposta:

Alternativa a) narração – descrição – dissertação – prescrição

Ex. 3. Resposta:

Alternativa c) Na dissertação de caráter argumentativo, não basta expor ideias: é necessário explicá-las através de
opiniões e argumentos que convençam o leitor de que a ideia defendida está correta. Dizemos que é um texto
argumentativo porque defende uma tese e dissertativo porque utiliza explicações para justificar essa tese.

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