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PRÁTICA DA TRADUÇÃO: INGLÊS - PORTUGUÊS [31359]

TÓPICO 1: INTRODUÇÃO À PRÁTICA DA TRADUÇÃO

São Jerónimo, Patrono dos Tradutores.


Mosteiro de Santa Maria de Belém [Mosteiro dos Jerónimos], Lisboa.

INTRODUÇÃO À PRÁTICA DA TRADUÇÃO

Introdução

O curso de Línguas Aplicadas oferece aos seus estudantes, no Minor em


Assessoria e Administração, um conjunto de unidades curriculares sobre a prática da
tradução. Estas unidades curriculares são escolhidas pelos estudantes em função das
suas opções em língua estrangeira. Assim, este conjunto compreende o Alemão (UC
31357), o Francês (UC 31358), o Inglês (UC 31359) e o Espanhol (UC 31368). Todas
elas são oferecidas no momento em que os estudantes completam as suas
aprendizagens no nível mais elevado de língua estrangeira. Deste modo, a prática da
tradução compreende-se enquanto desafio a todos os estudantes: complementa o
nível de língua estrangeira mais elevado e constitui uma oportunidade para o uso das
aprendizagens realizadas.
O tradutor exerce a sua atividade de traduzir (quase) sempre de uma língua
estrangeira para a sua língua materna. Neste conjunto de unidades curriculares sobre
a prática da tradução também será aplicado este princípio. Será sempre para a Língua

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Portuguesa que os textos em Alemão, em Francês, em Inglês ou em Espanhol serão
traduzidos. Quando o estudante não tiver o Português como língua materna, o que
pode acontecer, dadas as características dos estudantes da Universidade Aberta, ser-
-lhe-á solicitado seguramente maior esforço ao nível do Português do que aquele que
é solicitado ao estudante cuja língua materna seja o Português. Esse estudante
saberá, em autonomia, realizar esse esforço, mas contará também com o apoio do
docente da unidade curricular, como contará com as virtualidades da aprendizagem
colaborativa, um dos pilares importantes do ensino-aprendizagem das unidades
curriculares em estudo. Na Prática da Tradução: Inglês-Português, os vários tipos de
texto a traduzir serão alvo de trabalho colaborativo, em grupo, potenciando as
aprendizagens e a evolução do estudante

A tradução no curso de Línguas Aplicadas

Como referido acima, a prática da tradução é oferecida no Minor de Assessoria


e Administração do curso de Línguas Aplicadas. Compreender-se-á que, desta forma,
o estudante não fique habilitado para o exercício profissional da tradução. Veremos
adiante que a tradução constitui hoje já um vasto campo de estudos e ao tradutor é
pedido um conjunto de competências que só num curso de licenciatura específico
pode ser adquirido ou desenvolvido.
Não sendo um ‘tradutor’, o futuro licenciado em Línguas Aplicadas, estará, no
entanto, habilitado para a tradução de pequenos textos, não muito marcados dos
pontos de vista linguístico e cultural. Neste sentido, a aprendizagem realizada na
prática da tradução constitui, por certo, uma mais-valia para a atividade profissional
que já desenvolve ou será chamado a desenvolver.
Traduz-se um texto (no caso da tradução escrita) ou um discurso (no caso da
tradução oral, vulgarmente designada por ‘interpretação’) — texto ou discurso de
partida — de determinada língua de modo a obter um outro texto ou discurso — texto
ou discurso de chegada — numa língua diferente daquela em que está escrita ou se
diz o texto ou o discurso a traduzir. Na tradução moderna, exige-se ao texto ou ao
discurso traduzido que seja tão fiel quanto possível, quer no que diz respeito ao
sentido, quer no que diz respeito à forma. Por exemplo, se o texto a traduzir é um
texto em prosa, deve ser traduzido para prosa.

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Apesar de todos os progressos verificados nas novas tecnologias da
informação e comunicação, ainda se não substituiu de modo convincente o tradutor
humano. É certo que o tradutor possui, na atualidade, um conjunto apreciável de
ferramentas que o ajudam nas suas tarefas, das quais as ‘memórias de tradução’
serão porventura o melhor exemplo; até o ‘Google tradutor’ e outros motores de
pesquisa podem ajudar na tarefa de traduzir… mas nada ainda substitui o tradutor
humano de forma decisiva. Na prática da tradução, os utensílios informáticos devem
ser indicados aos estudantes com precaução. Eles são úteis face a uma dúvida, tal
como os dicionários, monolingues ou bilingues.

Os ‘Estudos de Tradução’

‘Estudos de Tradução’ (Translation Studies) é o nome que na atualidade se dá


à disciplina universitária que se dedica ao estudo da tradução. No entanto, esta
designação nem sempre foi tão consensual como hoje. Sobretudo durante os anos
oitenta do século XX, a designação possuía como rivais as designações de
traductologie, traductología, translation theory, translationswissenschaft, entre
outras. Mas ‘Estudos de Tradução’ acabou por sobrepor-se a tal proliferação
terminológica, constando atualmente na denominação das associações (nacionais e
internacionais) que reúnem os investigadores da tradução. Enquanto disciplina
universitária, os ‘Estudos de Tradução’ produzem (identificando e organizando)
conhecimento sobre a tradução, agrupando estudos descritivos, teóricos e históricos
sobre o fenómeno da tradução.

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Pela análise da situação portuguesa, o estudante da prática da tradução
dificilmente reconhecerá a dinâmica atual dos ‘Estudos de Tradução’. O que falta em
Portugal, existe noutros países europeus, nomeadamente Faculdades e
Departamentos de Tradução nas Universidades Públicas, Congressos e Colóquios
sobre os mais variados temas sobre a tradução, uma bibliografia consistente e
considerável sobre a tradução.
Devem-se aos ‘Estudos de Tradução’ as orientações metodológicas seguidas
nesta unidade curricular.

Assim, e por sistema, nos tópicos de ensino-aprendizagem serão


apresentados dois textos aos estudantes: o texto de partida e o (mesmo) texto
traduzido. Apresentados em fases de aprendizagem distintas, veremos como e o que
o estudante deve fazer. Um texto (texto de partida) é sempre escrito por alguém,
incluindo os textos não literários e os textos não ensaísticos. Descortinar o sentido
do texto requer, por conseguinte, a atenção do estudante ao fenotexto, mas também
à sua intencionalidade. A ‘fidelidade’ (relação do tradutor com o texto de partida) e
a ‘lealdade’ (relação do tradutor com as expectativas do recetor da tradução) iniciam-
-se logo com a apreensão do sentido do texto levada a cabo pelo estudante.
Aprender com o tradutor — é um propósito metodológico assumido pela
unidade curricular. Apresenta-se, como fase última da aprendizagem, o texto de
partida já traduzido e publicado. Verificar as opções tomadas, constatar como foram
resolvidas pelo tradutor algumas dúvidas linguísticas e culturais do texto de partida,
por exemplo, são tarefas a que o estudante não pode furtar-se.
Contudo, entre a apresentação do texto de partida e o texto traduzido,
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postula-se um terceiro texto, a que chamámos texto de chegada, embora geralmente
a expressão seja utilizada com o significado de ‘texto traduzido’. Aqui, de facto,
pretendemos designar o texto ‘a que o estudante chegou’, traduziu para a sua língua
materna, após a sua apreensão do sentido do texto de partida ou, do ponto de vista
didático, no quadro da realização da atividade formativa — tradução do texto de
partida.
É habitual classificar a tradução em função do tipo de texto de partida. Ora,
tendo em conta o curso em que a unidade curricular está inserida (os seus objetivos
gerais e o seu público), optou-se por um leque diversificado de textos. Deste modo,
e de acordo com a tabela seguinte, todas as categorias são, grosso modo, abrangidas
pela unidade curricular.

Assim, o ensino-aprendizagem requer e propõe um aprofundamento


vocabular, de acordo com o tema do texto de partida, assim como uma atenção
particular ao género e à função de cada texto. O texto jornalístico ou o texto literário
não possuem a mesma função. O primeiro possui uma função informativa ou
declarativa e o segundo uma função expressiva ou poética.

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Questões de aprendizagem

Já se compreendeu que o texto de partida (a traduzir) se encontra no


comando de cada tópico do ensino-aprendizagem da unidade curricular. O
estudante será confrontado com uma estrutura semelhante no conjunto dos
tópicos, em conformidade com a tabela seguinte.

↓ ESTRUTURA DO TÓPICO DO ENSINO/APRENDIZAGEM

FASES TEXTOS ATIVIDADES FORMATIVAS

1ª FASE Texto de partida Apreensão do sentido do texto

- Inventário das dificuldades de língua


- Inventário das dificuldades de cultura
2ª FASE Texto de chegada Tradução do texto

- Resolução das dificuldades de língua


- Resolução das dificuldades de cultura
3ª FASE Texto traduzido Comparação de textos
- Texto de chegada e texto traduzido

Especial relevo deve ser dado ao que na tabela consta como ‘Inventário
das dificuldades de cultura’ e sua resolução. Com efeito, um texto transporta
consigo as marcas próprias da língua em que está escrito e as marcas culturais
que distinguem os falantes dessa língua. As marcas culturais do texto constituem
um problema para o tradutor, que deve saber como transpor para outro texto,
outra língua e outra cultura essas marcas do texto de partida.
Seguindo as orientações decorrentes dos Estudos de Tradução, o
estudante pode efetuar a transposição das marcas culturais do texto segundo um
dos métodos de proceder seguintes:

• manter a marca cultural — casos de nomes próprios de lugares, de


pessoas, nomes de larga difusão (a palavra portuguesa ‘saudade’, por
exemplo);

• procurar equivalente — casos em que não exista um termo que


corresponda à realidade enunciada no texto de partida; geralmente, o
tradutor tem de acrescentar palavras e/ou frases inexistentes no texto de
partida.

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Bibliografia

O estudante encontra aqui uma bibliografia mínima, caso pretenda aprofundar as


matérias tratadas. De modo algum se deve considerar esta lista de livros enquanto
bibliografia obrigatória da unidade curricular. Evidentemente, a Internet e os
dicionários monolingues e bilingues são também ferramentas que o estudante pode
e deve utilizar sempre que julgue necessário.

ASENSIO, Roberto Mayoral e FOUCES, Oscar Diaz. La traducción especializada y las


especialidades de la traducción. Publicacions de la Universitat Jaume I, Castelló de
la Plana, 2011;

MONROY, Amalia Rodríguez. El saber del traductor, hacia una ética de la


interpretación. Editorial Montesinos, Barcelona, 1999;

PRECKLER, Mercedes Tricás. Manual de traducción Francês/Castellano. Gedisa


Editorial, Barcelona, 2003;

RABADÁN, Rosa e NISTAL, Purificación Fernández, La traducción inglés-español:


fundamentos, herramientas, aplicaciones. Universidad de León, León, 2002;

ROSILO, J.A. Gallegos e BUSCH, Hannelore, Benz, (Ed.). Traducción y cultura.


Libros ENCASA, Ediciones y Publicaciones, Málaga, 2004;

YEBRA Valentín García. Traducción y enriquecimiento de la lengua del traductor.


Editorial Credos, Madrid, 2004.

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