Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
É longo o caminho para se escrever bem, mas há um conjunto de regrinhas simples que ajudam a errar
menos nessa importante atividade do vestibular. Vejamos algumas das coisas que você pode evitar.
1."Não sei bem o que dizer da especialização precoce dos jovens, mas a eliminação do juvenil do
Corinthians foi também muito precoce no campeonato!"
Está aí um bom exemplo de bola fora. Comece sua redação lendo com atenção todos os elementos que o
examinador apresentou para você utilizar. Procure ver se realmente entendeu o que se pede. Pense num
caminho, faça um esquema se preferir, e veja se você não está forçando, inventando algo fora do contexto. Sim,
porque conta demais o fato de você escrever dentro ou fora do tema pedido. Já pensou se acharem que você
fugiu do assunto? ...É zzzzzzzero!
2."Esse tipo de gente merece ser exterminado"
Radical demais, não parece? É até grosseiro. Nas dissertações, como recomendação geral, evite os
riscos desnecessários de posições extremistas. Vale a pena procurar desenvolver um texto equilibrado,
mostrando as coisas de forma ampla e assumindo posições sem partidarismos extremos.
3."De uma perspectiva pedagógica e heuristicamente viesada o numerário foi ínfimo."
Pois é. Veja aí que escrever com clareza é muito importante. Os outros devem entender o que você
escreveu (especialmente os examinadores). Não use palavras que você acha bonitas mas não entende o que
significam. Aliás, a frase acima não é apenas complexa - apesar de usar termos que existem, ela é desprovida de
sentido. Um pequeno truque: procure colocar-se no lugar do leitor - ele entenderia seu argumento?
4."Fazem muitos anos que eu queria isso/ Se ela quizer deixar isso para mim fazer/ A muito tempo
estou afins".
Evite erros básicos (um exercício: corrija os erros que estão em destaque vermelho nas frases entre
aspas.). Fuja de palavras de grafia duvidosa para você. Use só termos que você conhece. Respeite a gramática e
as regras de grafia. Isso pega bem.
5."Ele deu um pum fedido pacas. Foi aquele auê!"
Gostou disso? E o examinador também iria gostar? Hoje, a linguagem parece que "liberou geral" --
como costuma-se dizer. Será que entramos na era do vale-tudo? Cuidado! Esse território é perigoso. Sugerimos
que deixe a "franqueza" vocabular para lançar alguma nova versão de "sabão crá-crá". Aí, pode deitar e rolar --
o público irá agradecer, se você for bem-sucedido. Agora, no vestibular, cuide-se. Evite grosserias na sua
redação. Não é só você que tem mãe, irmã etc. Os examinadores também têm e nem todos são apaixonados pelo
"exótico".
6.Ahxxvdfjkkl ...gfgdfg 34tggg
Nem precisava ser dito, mas limpeza conta. Procure manter uma letra razoável. Nada de emporcalhar a
folha. É o mínimo para seu cuidado com o conteúdo e para a qualidade do texto não desaparecer no meio de
rabiscos.
Afastar pedras do caminho não constrói a boa redação, apenas evita que você comprometa seu trabalho.
O trabalho de formular um bom texto também tem suas regras, mas esse é outro problema...
REDAÇÃO
Ambigüidade
A função da ambigüidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. É uma figura de
palavra e de construção. Embora funcione como recurso estilístico, a ambigüidade também pode ser um vício de
linguagem, que decorre da má colocação da palavra na frase. Nesse caso, deve ser evitada, pois compromete o
significado da oração.
Exemplo:
" (...) os corpos do casal B serão exumados pela segunda vez nesta semana." ( Folha de S. Paulo)
Comentário:
Os corpos serão exumados pela segunda vez desde que foi iniciado o inquérito ou os corpos serão
exumados duas vezes numa mesma semana, "nesta semana"? (Unicamp)
Exemplo:
" O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia
Saudita, onde comeu um peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados
americanos." ( Veja, 09/01/91 )
Comentário:
Às vezes, quando um trecho é ambíguo, é o conhecimento que o leitor tem dos fatos que lhe permite
fazer uma interpretação adequada do que lê. Um bom exemplo é o trecho acima, no qual há duas ambigüidades,
uma decorrente da ordem das palavras e a outra, de uma elipse do sujeito.
a)Trecho: "... onde comeu peru fantasiado de marine ..."
"... no mesmo bandejão em que era servido ..."
Pode-se entender que o peru estivesse fantasiado de marine ( fuzileiro naval ), e não o presidente. Por
outro lado, é possível entender que o presidente estivesse sendo servido aos soldados no bandejão, e não o peru.
b)Correção: O presidente americano, fantasiado de marine, produziu um espetáculo cinematográfico
em novembro passado na Arábia Saudita, quando comeu peru no mesmo bandejão de que se serviam os
soldados americanos.
Comentário:
O leitor deve levar em conta o fato de que o peru não estaria fantasiado de marine, nem o presidente
poderia ser servido aos soldados americanos em um bandejão.
Exemplo:
Jatene pede resistência à equipe econômica
" O ministro Adib Jatene ( saúde ) pediu no Senado a volta do Imposto Provisório sobre Movimentação
Financeira e disse que " o Congresso não deve se vincular aos interesses da equipe econômica do Governo".
Jatene quer utilizar em sua área os recursos do IPMF, que vigorou em 94 e descontava 0,25% de qualquer
movimento bancário. A equipe econômica é contra."
Comentário:
A leitura do título independente da notícia revela nele uma ambigüidade, pois pode-se interpretar "pede
que a equipe econômica resista". A ambigüidade instaurada pelo título da matéria não explica se o pedido do
ministro tem como destinatário o Senado ou a equipe econômica do governo. O texto, todavia, esclarece que o
congresso deve resistir à oposição da equipe econômica, contrária à volta do IPMF.
Exemplo:
" Calheiros participou da reunião ministerial com FHC no Palácio do Planalto, na qual ele voltou a pedir
unidade no governo.
Comentário:
A frase acima é ambígua porque não deixa claro quem voltou a pedir unidade no governo - Calheiros ou
FHC?
Exemplo:
" A principal notícia foi o bate-boca entre os presidentes do Senado e da Câmara que chocou a todos."
Comentário:
A ambigüidade na frase acima pode ser desfeita com a seguinte reescritura: a principal notícia, que
chocou a todos, foi o bate-boca entre os presidentes do Senado e da Câmara.
Dissertação é um texto que se caracteriza pela exposição, defesa de uma idéia que será analisada e
discutida a partir de um ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos,
com fatos, com dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas idéias.
Organiza-se, geralmente, em três partes:
Introdução - onde você explicita o assunto a ser discutido, com a apresentação de uma idéia ou de um
ponto de vista que pretende defender.
Desenvolvimento ou argumentação - em que irá desenvolver seu ponto de vista. Para isso, deve
argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos, se necessário.
Conclusão - em que dará um fecho coerente com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados.
Em geral, a conclusão é uma retomada da idéia apresentada na introdução, agora com mais ênfase, de forma
mais conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma idéia nova, uma vez que você está fechando o texto.
O texto dissertativo argumentativo destina-se ao chamado "leitor universal", ou seja, a qualquer pessoa
que tenha acesso a ele. Devem ser textos abrangendo conceitos amplos, genéricos, evitando particularizar
situações. As construções mais adequadas, procurando evitar-se a 1ª pessoa do singular, seriam:
"Notamos que grande parte dos brasileiros..."
"Observa-se que uma parcela da população..."
Vestibular Fuvest 2004
Redação
Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções do tempo; o autor de cada um deles expõe
uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:
Texto I
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real,
mas somente um passado que sirva a seus objetivos (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos
especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela
passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawm, Tempos interessantes: uma vida no século XX)
Texto II
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a
ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade
moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo,
não entende nada do que está acontecendo.
(Herberto Linhares, depoimento)
Texto III
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar...
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas, palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.
Talvez uma das maiores conquistas da humanidade em sua evolução das cavernas à sociedade moderna
seja o conceito de tempo. Com a idéia de passagem do tempo, está a idéia de evolução, de mudança, de
expectativas que virão, de lembranças do que já veio. A concepção de tempo nos diferencia dos demais
elementos da natureza – animais, vegetais, seres inanimados em geral, todos estes vivem em um cotidiano
atemporal, perene, interrompido apenas com a morte (para os seres vivos) e a destruição. O homem consciente
do tempo é consciente de sua mortalidade, de sua condição efêmera e talvez por isso busque a cada momento
modificar o mundo que o rodeia e interagir com seus componentes. Talvez seja o próprio tempo que nos faz
verdadeiramente humanos.
Por ser o tempo um conceito humano, tantos existe, quanto os seres que o concebem. Para uns, o tempo
é história, aprendizado com as experiências passadas, referencial para nossa compreensão do mundo; o tempo
de Hobsmann, crítico analítico, manancial de conhecimento. Para outros, o tempo é o instante, é presente,
efêmero, é agora, sem maiores divagações; o tempo de Heriberto, fugaz e irreversível. Alguns, por fim, vêem o
tempo com olhos contemplativos, num amanhã sem pressa, por ser inevitável. Tudo chegará um dia, como o
amor da canção de Chico Buarque. Nada é para já, e certas coisas serão o que são, não importa em que época.
Certas coisas desafiam o próprio tempo.
A verdade talvez resida nos versos do músico. O tempo, surgido para dar um sentido à existência
humana, acabou por escravizá-la. O homem moderno é refém do tempo, seja ele passado ou presente. Sem
perder tais tempos de vista, poderia ser mais interessante voltar os olhos para o futuro, aguardar sua chegada
com calma, dele desfrutar quando tornar-se presente e dele recordar-se quando virar passado. Seria um resgate à
serenidade das eras atemporais, sem descuidar do progresso e da necessidade de mudar que a idéia de tempo
traz ao homem.
Texto persuasivo (geralmente solicitado na forma de uma carta) é endereçado a uma pessoa específica,
única, a quem o interlocutor (que o escreve) deverá tentar convencer, persuadir , a respeito de determinado
assunto do conhecimento de ambos.
Além da parte formal, cabeçalho com data e o cumprimento inicial, o escritor se despede ao final,
colocando apenas suas iniciais, uma vez que a prova de vestibular exige que se mantenha o sigilo sobre o
candidato.
Ao desenvolver esse texto, durante a argumentação deverão estar presentes as marcas de interlocução.
" Como o senhor pode bem verificar, algumas pesquisas são fraudulentas e visam confundir as pessoas."
" É nosso dever de cidadão - tanto meu quanto seu - observar o que existe de errado e denunciar, sempre
que preciso."
" Entendo que lhe seja difícil admitir estar errado." ( lhe = ao senhor)
Geralmente o assunto proposto para a esse tipo de texto é polêmico e atual, cabendo a você discuti-lo e,
muitas das vezes, usando os próprios argumentos do interlocutor fortalecer sua oposição a ele. Tal recurso é a
conta-argumentação que, bem sucedida, enriquece seu texto.
Um texto deve ser entendido como uma unidade de sentido. Diz-se que um texto tem coerência quando
suas partes se encaixam perfeitamente, sem contradições, de forma lógica e ordenada, formando uma totalidade
revestida de significado.
Os enunciados de um texto estabelecem entre si inúmeras relações de sentido. Diz-se que um texto tem
coesão quando esses enunciados estão intimamente articulados entre si, constituindo um conjunto significativo.
Um texto deve atender às regras gramaticais da língua portuguesa, isto é, seu autor deve dominar as
regras de ortografia, regência, concordância verbal e nominal, flexão verbal, pontuação etc. assim como
aspectos relativos à sintaxe da modalidade escrita culta do português. Para estar perfeitamente adequado, um
texto deve ainda obedecer ao grau de formalidade exigido pelo tipo de texto.
Vírgula
Não separe:
Separe:
os complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar e o outros que não fazem parte da essência da
oração - "Bem mais tarde, encontrei Joana."
Ponto e Vírgula
Em períodos maiores, para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já tem vírgulas
no seu interior. .
Diz-se que uma frase apresenta ambigüidade em sua estrutura quando ela poderia ser interpretada de
mais de uma maneira.
Ex: "Onde está o cachorro do seu tio?" em que "cachorro" pode ser entendido como o animal, mas
também poderia ser um modo pejorativo de referir-se ao tio.
Ex: "Vi seu quadro na exposição." em que você pode ser dono do quadro, ser o pintor ou estar retratado
nele.
Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que
eventualmente essa jovem geração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais
importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também, considerá-la quanto à formação intelectual,
identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qual é o grau de respeito
pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de conformismo ou de
inconformismo que essa geração manifesta.
Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais
pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar
do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, apresentando argumentos que dêem consistência e
objetividade ao seu ponto de vista.