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ARISTÓTELES

O método analítico e a introdução


à lógica
O Método Analítico e a
Introdução à Lógica
• “Quando observamos a classificação
aristotélica das ciências, percebemos
que a lógica não faz parte de nenhuma
ciência. O motivo é simples: a lógica
não é o conhecimento teorético nem
prático de nenhum ser, de nenhum
objeto”.
• O que é a lógica?
✓ “[...] é um instrumento do pensamento
para pensarmos corretamente”.
(CHAUÍ, 2002, p. 357)
O Método Analítico e a
Introdução à Lógica
• A lógica se refere:
✓ À forma ou às formas do pensamento.
✓ Às estruturas do raciocínio em vista de uma prova
ou de uma demonstração.
• Obs: “A palavra empregada por Aristóteles foi
analíticos, analytikós, do verbo analyo, que
significa: desfazer uma trama, desembaraçar fios,
[...] examinar em detalhe e no pormenor, remontar
às causas ou às condições”.
• “Os Analíticos buscam os elementos que
constituem a estrutura do pensamento e da
linguagem, seus modos de operação e de
relacionamento”.
(CHAUÍ, 2002, p. 357)
O Método Analítico e a
Introdução à Lógica
• “A lógica é também...
“[...] o que devemos estudar e aprender antes
de iniciar uma investigação filosófica ou
científica, pois somente ela pode indicar qual
é o tipo de proposição, de raciocínio, de
demonstração, de prova e de definição que
uma determinada ciência deve usar”.
• “[...] uma disciplina que fornece as leis ou
regras [...] ideais do pensamento e o modo
de aplicá-las na pesquisa e na demonstração
da verdade”.
(CHAUÍ, 2002, p. 357)
O Método Analítico e a
Introdução à Lógica
• “A lógica é geral e intemporal,
pois as leis e formas do
pensamento não dependem do
tempo e do lugar, nem das pessoas
e circunstâncias, mas são
universais, necessárias e imutáveis
como a própria razão”.
(CHAUÍ, 2002, p. 358)
O Método Analítico e a
Introdução à Lógica

• Como podemos observar a lógica


em nossa vida cotidiana? Como ela
pode nos auxiliar a encontrar a
verdade?
O Método Analítico e a Introdução à Lógica
• “A lógica faz parte do nosso cotidiano. Na família, no trabalho, no
lazer, nos encontros entre amigos, na política, sempre que nos
dispomos a conversar com as pessoas usamos argumentos para expor e
defender nossos pontos de vista”.
• “Se assim é, tanto melhor que saibamos o que sustenta nossos
raciocínios, o que os torna válidos e em que casos são incorretos”.
(ARANHA, 2009, p. 131)
O Método Analítico e a Introdução à
Lógica
• A lógica se estrutura da seguinte forma:
❖ Proposição: enunciado no qual afirmamos ou negamos um termo de
outro.
✓ Ex: Todo cão é mamífero (Todo C é M).

✓ Temos uma proposição em que o termo “mamífero” afirma-se do


termo “cão”.
O Método Analítico e
a Introdução à Lógica
❖ Qualidade e quantidade:
• As proposições podem ser
distinguidas pela qualidade e pela
quantidade.
• Quanto à qualidade, são
afirmativas ou negativas:
✓ Ex: Todo cão é mamífero.
(Afirmativa)
✓ Nenhum C é M. (Negativa).
O Método Analítico e a Introdução à Lógica
• Quanto à quantidade são gerais – universais ou totais – ou
particulares.
✓ Ex: Todo cão é mamífero. (proposição universal afirmativa)
✓ Nenhum animal é mineral. (proposição universal negativa)
✓ Algum metal não é sólido. (particular negativa)
✓ Algum brasileiro é paulistano. (particular afirmativa)
O Método Analítico e a
Introdução à Lógica
• Para melhor compreender as
proposições, podemos representá-
las por meio dos chamados
diagramas de Euler:
Considere as seguintes situações
• Todo Paulista é Brasileiro. • Nenhum Brasileiro é Argentino.
Todo P é B. Nenhum B é A.

B
B A

P
Considere as Seguintes Situações
• Algum paulista é solteiro. • Algum homem não é justo.
Algum P é S. Algum H não é J.

P S H J
Atividade
• Classifique as proposições abaixo quanto à quantidade e quanto à
qualidade.
a) Todas as baleias são mamíferos.
b) Nenhum peixe tem pés.
c) Alguns mamíferos são vegetarianos.
d) Algumas batatas não são frescas.
e) A maioria dos brasileiros adultos dirige carros.
f) Uma boa parte dos brasileiros votou nulo.
Introdução à Lógica
• Conforme percebeu Aristóteles...
“Nosso pensamento, seja qual for o conteúdo pensado, obedece a três
princípios lógicos, sem os quais não há pensamento” (CHAUÍ, 2002, p.
365):

✓ Princípio da identidade.
✓Princípio da não contradição.
✓ Princípio do terceiro excluído.
Introdução à Lógica
• Princípio da identidade: A é A, isto é, uma coisa é sempre e
necessariamente idêntica a si mesma.
• Princípio da não contradição: A é A e não pode ser não A, isto é, é
impossível que uma coisa seja idêntica a si mesma e contrária a si
mesma, ao mesmo tempo e na mesma relação.
• Princípio do terceiro excluído: A é X ou não X, e não há terceira
possibilidade, isto é, dadas duas proposições cujos predicados são
contrários, uma delas é verdadeira e a outra falsa, não havendo terceira
possibilidade.
(CHAUÍ, 2002, p. 365)
Observe: As proposições
relacionam-se entre si. Essas relações
ocorrem por oposição ou por
dependência e podem ser
Introdução visualizadas pelo quadrado de
à Lógica oposições.
Quadrado de oposições
Quadrado de oposições
• As proposições contraditórias (A e O) e (E e I) não podem ser ambas
verdadeiras ou ambas falsas.
Exemplo: Se considerarmos verdadeira a proposição “Todos os homens
são mortais”, “Algum homem não é mortal” será falsa.
• As proposições contrárias (A e E) não podem ser ambas verdadeiras,
embora possam ser ambas falsas.
Exemplo: Se “Todo homem é mamífero” for verdadeira, “Nenhum
homem é mamífero” será falsa. Já “Todo homem é justo” e “Nenhum
homem é justo” podem ser ambas falsas.
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 133)
Quadrado de oposições
• As proposições subcontrárias (I e O) não podem ser ambas falsas,
mas ambas podem ser verdadeiras, ou uma verdadeira e a outra falsa.
Exemplo: “Algum homem é justo” e “Algum homem não é justo”
podem ser verdadeiras. Mas...
Se “Algum cão é gato” é falsa, então “Algum cão não é
gato” é verdadeira.
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 133)
Quadrado de oposições
• Quanto às subalternas, se A é verdadeira, I é verdadeira; se A é falsa,
I pode ser verdadeira ou falsa; se I é verdadeira, A pode ser verdadeira
ou falsa; se I é falsa, A é falsa.

• Se E é verdadeira, O é verdadeira; se E é falsa, O pode ser verdadeira


ou falsa, se O é verdadeira, E pode ser verdadeira ou falsa; se O é
falsa, E é falsa.
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 133)
Argumentação
A argumentação é um discurso em que encadeamos proposições para chegar
a uma conclusão.
Exemplo 1:
O mercúrio não é sólido. (Premissa maior)
O mercúrio é um metal. (Premissa menor)
Logo, algum metal não é sólido. (Conclusão)

Obs: Aristóteles definiu esse tipo de estrutura argumentativa de silogismo.


(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 133)
Argumentação
• Silogismo: significa “ligação” e faz referência à ligação de dois termos
por meio de um terceiro. No exemplo, há os termos “mercúrio”,
“metal” e “sólido”.
• Termo médio: é aquele que aparece nas premissas e faz a ligação
entre os outros dois: “mercúrio” é o termo “médio”, que liga “metal” e
“sólido”.
• Termo maior: é o termo predicado da conclusão: “sólido”.
• Termo menor: é o termo sujeito da conclusão: “metal”.
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 133)
Regras do Silogismo
• Verdade e validade:
✓ Obs: É preciso muita atenção no uso de verdadeiro/falso,
válido/inválido.
✓ Verdadeiro/falso: uma proposição (e não um argumento) é
verdadeira quando corresponde ao fato que expressa.
✓ Válido/inválido: os argumentos são válidos e inválidos (e não
verdadeiros ou falsos). Um argumento é válido quando sua conclusão
é consequência lógica de suas premissas.
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 134)
Regras do Silogismo
• As oito regras do silogismo:
1. O silogismo só pode ter três termos (o maior, o menor e o médio).
2. De duas premissas negativas nada resulta.
3. De duas premissas particulares nada resulta.
4. O termo médio nunca entra na conclusão.
5. O termo médio deve ser pelo menos uma vez total.
6. Nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser total nas premissas.
7. De duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa.
8. A conclusão segue sempre a premissa mais fraca (se nas premissas uma delas
for negativa, a conclusão deve ser negativa; se uma for particular, a conclusão
deve ser particular).
Atividade
• Examine os argumentos abaixo, classificando os argumentos em
válidos ou inválidos.
a) O mercúrio não é sólido.
O mercúrio é um metal.
Logo, algum metal não é sólido.

b) Todos os cães são mamíferos.


Todos os gatos são mamíferos.
Logo, todos os gatos são cães.
Atividade
c) Todos os homens são louros.
Pedro é homem.
Logo, Pedro é louro.

d) Todo inseto é invertebrado.


Todo inseto é hexápode (tem seis patas).
Logo, todo hexápode é invertebrado.
REFERÊNCIAS
• ARANHA, M. L. A; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. São
Paulo: Moderna, 1992.
• ______. Filosofando: introdução à filosofia. ed. 4. São Paulo:
Moderna, 2009.
• CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-
socráticos à Aristóteles. ed. 2, ver. e ampl. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002.

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