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Lógica

Filosofia – 2º ano
Elias Atahara Lógica e Epistemologia Filosofia 2º ano

CH103 – Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor


argumentos relativos a processos políticos, econômicos,
sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na
sistematização de dados e informações de natureza qualitativa
1 - Analisar processos políticos, e quantitativa (expressões artísticas, textos filosóficos e
econômicos, sociais, ambientais e culturais sociológicos, documentos históricos, gráficos, mapas, tabelas
nos âmbitos local, regional, nacional e etc.).
mundial em diferentes tempos, a partir de
procedimentos epistemológicos e CH105 – Identificar, contextualizar e criticar as tipologias
científicos, de modo a compreender e evolutivas (como populações nômades e sedentárias, entre
posicionar-se criticamente com relação a outras) e as oposições dicotômicas (cidade/ campo,
esses processos e às possíveis relações cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/sensibilidade,
entre eles. material/virtual etc.), explicitando as ambiguidades e a
complexidade dos conceitos e dos sujeitos envolvidos em
diferentes circunstâncias e processos.
É Lógico!
– Lógica é uma palavra que vem do grego
clássico, da palavra “logos”, que tem o sentido
de discurso, linguagem, pensamento.
–Toda vez que queremos dizer que algo é
verdadeiro nos utilizamos de argumentos, e
estes argumentos precisam ser analisados pela
lógica a fim de sermos capazes julgar e
escolher a respeito das coisas.
Um instrumento da razão
– A lógica é um instrumento [Organon, em
grego] que utilizamos para estabelecer critérios
de validade a respeito do que nós mesmos
falamos.
– O termo Organon foi utilizado pela primeira vez
no séc. III d.C. por Alexandre de Afrodísia para
denominar o conjunto das obras de Aristóteles
que tratavam da lógica (os Tópicos).
Dos raciocínios
às proposições
Raciocínio – Raciocínio consciente
Processo mental no qual se interconectam Ex.: escolher a melhor forma de resolver
ideias para se chegar a algum um problema matemático…
entendimento, solução ou decisão sobre – Raciocínio inconsciente
determinado assunto. Ele pode ser E.: desistir de cruzar uma rua ao ver um
consciente ou inconsciente. São operações carro se aproximando em alta velocidade
mentais, experiências particulares. (conscientemente, seria necessário medir
⤋ Estes raciocínios são expressados de forma o tamanho da rua, a velocidade do carro, a
verbal através de ⤋ própria velocidade da pessoa…)

Argumentos, enunciados e proposições


Uma ou mais sentenças estruturadas com o propósito de apoiar, justificar ou provar a
verdade de outra sentença. A parte “visível” de um raciocínio.
Proposições
★ Aquilo que falamos de algo chamamos de proposição, isto é, um
enunciado que formamos logicamente a respeito de algo. Estamos tão
acostumados com certos enunciados (ou proposições) que
automaticamente pensamos “isto é lógico!”, ou “isto é óbvio”, mas, na
verdade, não acompanhamos mais o desenvolvimento lógico deste
enunciado, e simplesmente o acolhemos como válido.
★ A forma lógica de uma proposição é: s→p
falamos algo (predicado) de alguma coisa ou de alguém (sujeito).

★ Gramaticalmente, podemos dizer que:


sujeito = substantivos e pronomes
predicado = adjetivos, verbos e advérbios
❏ Ilusões ou intuições?
Observe as imagens abaixo: elas são imagens ou vídeos?
❏ Ilusões ou intuições?
Observe as imagens abaixo: A e B são da mesma cor mesmo?
❏ As ilusões de ótica são apenas óticas?
Texto I
“A ciência já achou que as ilusões de movimento eram fisiológicas, efeitos que aconteciam
só na retina. Pesquisas novas que monitoraram a atividade neural de sujeitos pirando nessas
imagens mostraram que também há influência cognitiva, cerebral, há muito o que explicar.
(...) O acompanhamento da atividade neural de humanos vendo ilusões assim mostrou que
os padrões estáticos da figura animam partes do cérebro associadas à visão de movimento
real. O mecanismo exato do estímulo não foi desvendado. (...) Cientistas do MIT acham que a
origem da ilusão está no córtex, e não nos fotorreceptores da retina, a tese clássica. viram
ainda que o efeito vale mesmo com imagem aumentada e cores invertidas. (...) Quando uma
mesma imagem se projeta em pontos diferentes da retina, vemos movimento. No cinema,
por exemplo, a imagem se repete “quadro a quadro”. Aqui, lado a lado.”
Revista Superinteressante.
https://super.abril.com.br/especiais/11-ilusoes-de-otica-incriveis-e-a-ciencia-por-tras-delas/
❏ Intuições

★ Intuições = Conhecimento imediato, não refletido,


direto.

Do latim Intuitio, olhar com atenção

≠ Instinto = ação irrefletida, que segue um rumo


diferente do da razão, não quer nem pode ser
refletido. Intuição é passiva, receptiva e instinto
é ativo, reativo, espontâneo.
≠ sexto sentido, a minha “intuição” diz que…
Uso vulgar, de um pensamento direto, que não
provém de nenhum dos cinco sentidos.
❏ Intuições Intuição empírica sensível
= visão, audição, tato, olfato e
Tipos de Intuições paladar
👂👃🖐👅👀
Intuição
empírica Intuição empírica
Intuições = Sensações psicológica
= Conhecimento = Emoções, raiva, alegria,
imediatas,
imediato, não paixão… 🤣😨😭😡😍
diretas.
refletido, direto.

Do latim Intuitio, olhar Intuição intelectual


com atenção = Percepção de si ou da presença de um objeto, ou
do mundo como um todo. 😲🤯🌍🌌
❏ Os tópicos – Órganon
Aristóteles foi o primeiro a organizar de forma
sistemática o estudo da lógica, numa obra chamada
Organon, isto é, o instrumento, que a razão utiliza para
proceder corretamente no pensar.
Princípios da Lógica aristotélica
1) Identidade: Se algo é verdadeiro, então este algo é verdadeiro : A = A
Ex.: Um cachorro é um cachorro.
Princípios da Lógica
aristotélica
2) Não contradição: Não é possível algo e
sua contradição ao mesmo tempo e no
mesmo lugar: Se A, então não não-A.
Ex.: Se alguém é cearense não pode ser
paulista. Se alguém é casado não pode
ser solteiro.

3) Terceiro excluído: Não é possível que


uma proposição sobre algo nem seja
verdadeira nem seja falsa ao mesmo tempo
sobre a mesma coisa. Não há terceira opção.
❏ Lógica aristotélica - Qualidade
★ As Proposições aristotélicas
Proposição é um enunciado a respeito de algo, no qual dizemos
alguma coisa a respeito de alguma coisa.
ex.: Todo cearense é nordestino.

1 ) Qualidade
Pela qualidade, as proposições são afirmativas ou negativas. A é B \
A não é B. | ex.: Todo cearense é brasileiro (afirmativa)
Nenhum casado é solteiro. (negativa)
❏ Lógica aristotélica - Quantidade
2) Quantidade
Pela quantidade, as proposições podem ser universais
ou particulares. Todo s é p \ Nenhum s é p.
ex.: Nenhum cachorro é ave. (universal)
Rex é um cão. (particular)

Todo cearense é brasileiro. (afirmativa universal)


Nenhum casado é solteiro. (negativa universal)
Nenhum cachorro é ave. (negativa universal)
Rex é um cão. (afirmativa particular)
❏ Lógica aristotélica - Extensão
3) Extensão
Extensão é a amplitude de um termo, isto é, a coleção de tudo o que o que se identifica
com este termo, todos os seres que ele contém. Para percebemos esta extensão,
podemos construir conjuntos, ou diagramas de Euler:
b c
Ex.: Todo cearense é brasileiro. (afirmativa univ.)
Nenhum casado é solteiro. (negativa universal) c s
Nenhum cachorro é ave. (negativa universal)
c s
Rex é um cão. (afirmativa particular)
b c
Segundo a extensão,
ainda é possível que alguns termos participem de mais de um atributo.
Ex: Algum cearense é solteiro.
Algum cearense não é solteiro. ce solteiros
❏ Quadrado Lógico aristotélico
CONTRÁRIAS
A As duas não podem ser ao mesmo
tempo, verdadeiras, mas podem ser ao E
Universal afirmativa (+) mesmo tempo falsas. Universal negativa (-)
Todo s é p Nenhum s é p

SUBALTERNAS CONTRADITÓRIAS SUBALTERNAS


Se A é verdadeira, I é verdadeira; Se ambas não podem ser, ao Se E é verdadeira, O é
A é falsa, I pode ser verdadeira ou mesmo tempo, verdadeiras verdadeira; se O é verdadeira,
falsa; Se I é verdadeira, A pode ser ou falsas. Se uma é E pode ser verdadeira ou falsa;
verdadeira ou falsa; se I é falsa, A é verdadeira a outra é falsa. se O é falsa, E é falsa.
falsa.

I SUBCONTRÁRIAS (OU 0
COMPLEMENTARES) Particular negativa (-)
Particular afirmativa (+) não podem ser ambas falsas, mas Algum s não é p
Algum s é p ambas podem ser verdadeiras.
❏ Argumentação silogística
Uma argumentação é a estruturação e a articulação de
informações para se defender ou negar algo. Silogismo
em grego clássico significa “ligação”, e é como
Aristóteles chama esse tipo de argumentação. assim:
premissa 1 + premissa 2 = conclusão

ex.:
p1: todo homem é mortal
p2: Elias é um homem
c: Elias é mortal
termo médio: homem
termo maior: mortal
termo menor: Elias
❏ Argumentação silogística
verdade e validade dos silogismos:
ex.: p1: todos os cães são mamíferos
p2: todos os gatos são mamíferos
c: todos os gatos são cães
premissas verdadeiras > conclusão falsa (Falácia formal)

p1: Todos os planetas são azuis


p2: A Terra é um planeta
c: A terra é azul
p1 falsa, p2 verdadeira > conclusão verdadeira (Falácia formal)
Do falso tudo vem, inclusive o verdadeiro.

p1: todo inseto é invertebrado


p2: todo inseto tem 6 patas
c: tudo que tem 6 patas é invertebrado
premissas e conclusão verdadeiras, mas a inferência é inválida. O termo médio está trocado.
(Falácia formal)
❏ Para não cometer falácias…
➸ O silogismo só pode ter 3 termos (médio, maior e
menor)
➸ De duas premissas negativas nada resulta
➸ De duas premissas particulares nada resulta
➸ O termo médio nunca entra na conclusão
➸ O termo médio pode ser pelo menos uma vez total
➸ Nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser
total nas premissas
➸ De duas premissas afirmativas não se conclui uma
negativa
➸ A conclusão segue sempre a premissa mais fraca
(negativa ou particular)
❏ Tipos de argumentação

A ➸ Dedução B ➸ Indução C ➸ Analogia


A conclusão é inferida Não é suficiente a validade das Esta é uma indução parcial, na
necessariamente das premissas, pois são qual vamos de premissas
premissas. necessárias evidências particulares a conclusões
parciais. Induções completas particulares, sem se chegar à
Ex.: podemos examinar todos os universalidade. Semelhanças a
p1: todo homem é mortal elementos em questão, a partir de comparação.
p2: Elias é um homem incompleta não.
c: Elias é mortal ex.: João fica bem em tomar café
ex.: O ouro é bom condutor de pela manhã, logo José também
eletricidade; o cobre também; o ficará bem ao tomar café pela
ferro também… logo, todo metal manhã.
é condutor de eletricidade.
❏ Falácias lógicas
★ A falácia é um tipo de argumento utilizado
com a intenção de parecer correto, mas que
na verdade possui conscientemente em seu
interior alguma contradição, impossibilidade
lógica ou omissão de informações. Por
definição, a falácia se refere a qualquer ideia
equivocada ou falsa crença em algo utilizada
como um argumento supostamente válido.
★ Aristóteles chamava as falácias de
“argumentos sofísticos”.
★ Refutação é o “desmascaramento” da falácia
utilizada por alguém em um discurso.

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