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Introdução à filosofia
Definição – Filo / Philo (amar, gostar de) + Sofia / Sophia (sabedoria, saber, conhecimento).
Filósofo (procura da sabedoria) ≠ Sofistas (sábios - posse da sabedoria).
A atitude filosófica ⇒ atitude crítica / criativa frente à realidade posta pelo mundo. De Sócrates ficou-nos a
afirmação, só sei que nada sei, cuja interpretação é a de uma ignorância sábia ou de um saber que se sabe
limitado. A filosofia: é cética - tudo é questionável, tudo pode ser posto em causa e analisado racionalmente,
contudo, a filosofia não prova experimentalmente as suas teorias; é argumentativa - uma racionalidade, em
que, não havendo provas, baseamo-nos no mais ou menos razoável, no que faz mais ou menos sentidos.
Perguntas filosóficas – Expressam-se de forma aberta, geral e abstrata. Não têm solução científica ou
técnica; Não são questões de fato; Ultrapassam o campo da legalidade; Universais e racionais; Dizem
respeito à nossa existência; Deve-se evitar os termos negativos, eles vinculam a intenção de influenciar as
pessoas nas suas avaliações. Devem ser colocadas de forma liberta de interesses pessoais e de visões
apaixonadas dos acontecimentos, por isso, não se devem referir a casos particulares e concretos. Por
serem abertas, permitem várias perspectivas de solução.
Princípios lógicos do pensamento
❖ Princípio da identidade – “Uma coisa é o que é”.
Exemplo:: laranja ≠ pera |Pera = Pera
❖ Princípio da não contradição – “uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, segundo uma
mesma relação”.
Exemplo: camaleão verde | camaleão castanho
❖ Princípio do terceiro excluído – “uma coisa deve ser ou então não ser, não há uma terceira
possibilidade”.
Exemplo: está frio.| Não está frio. - Não há outra hipótese.
❖ Princípio da bivalência - existem dois valores de verdade, o verdadeiro e o falso, e toda a preposição
tem um deles.
Instrumentos lógicos do pensamento
Teses ⇒ são as respostas que os filósofos constroem para responder aos problemas da filosofia.
Argumento / Inferências ⇒ é um conjunto de proposições relacionadas de modo a defender uma ideia / tese.
Apresentam-se na forma padrão (primeiro as premissas e depois a conclusão).
Exemplo:
Se um ser tem a capacidade de sofrer, então tem direitos.
Os animais têm a capacidade de sofrer.
Logo, os animais têm direitos.
Um argumento é sólido se, e apenas se, tiver premissas verdadeiras e for válido. Um argumento é válido se,
e apenas se, as premissas apoiam logicamente a conclusão (válido ou inválido).
Conceito ⇒ consiste na representação mental, abstrata e geral, respeitante a um conjunto de seres
ou objectos com as mesmas características essenciais. Exemplo: mesa (conceito) -> tampo, pernas, metal /
madeira, plana.
Termo ⇒ é a expressão verbal do conceito, é a operação racional pela qual estabelecemos relações
entre conceitos.
➔ O mesmo conceito pode ser expresso por termos diferentes. Exemplos:
Mesa Rei
-> mesa (português) -> rei (português)
-> table (inglês) -> king (inglês)
-> table (francês) -> roi (francês)
-> 桌子(chinês) -> 国王(chinês)
Filosofia – Módulo i
➔ O mesmo termo pode traduzir diferentes conceitos. Exemplo: compasso -> instrumento de desenho;
visita pascal; divisão do tempo em música
➔ O termo pode ser constituído por uma ou várias palavras. Exemplo: ser vivo, ser humano, vida
selvagem, animal doméstico.
Raciocínio ⇒ relação entre juízos e proposições. Processo de inferência através do qual se chega de uma
coisa à outra
Juízos ⇒ Ato de pensamento que estabelece a relação entre conceitos
Proposição ⇒ São frases declarativas com valor de verdade (verdadeiras ou falsas). Premissas e conclusão
são preposições.
Premissas ⇒ são proposições que sustentam e justificam a conclusão. Conclusão ⇒ é uma proposição
sustentada pelas premissas.
Argumentos válidos ⇒ são argumentos cuja conclusão é corretamente inferida a partir das premissas.
Argumentos não válidos ⇒ são argumentos que infringem regras de inferência.
O problema do livre–arbítrio:
Livre–arbítrio é a capacidade de escolha e decisão, ou seja, depende de mim o que escolho fazer. A ação
não está ligada a acontecimentos anteriores, não é um mero efeito ou desfecho de algo que já aconteceu.
Teorias da problemática do livre–arbítrio:
- Determinismo radical (incompatibilismo);
- Indeterminismo;
- Determinismo moderado (compatibilismo);
- Libertarismo.
Determinismo radical (incompatibilismo):
O determinismo defende que o livre-arbítrio não é mais que uma ilusão, já que todas as ações humanos
estão determinadas. Para os deterministas radicais todo o universo obedece a leis naturais, de tal modo que
defendem que cada acontecimento no mundo decorre é causado por acontecimentos anteriores, então para
estes ocorre um fenómeno X, com causa Y que gera o acontecimento.
Não podemos interferir neles (mesmo com consciência delas). As leis que as regem não estão minimamente
sob o nosso controle. A existência de livre-arbítrio é incompatível com o determinismo.
Indeterminismo:
Filosofia – Módulo II
O determinismo defende que é impossível prever o comportamento de um dado sistema de micropartículas
da matéria. Estas comportam-se de modo diferente em cada momento, sem que se possa encontrar causa
dessa mudança. Podemos admitir que o indeterminismo que rege o mundo das micropartículas também se
aplica à vontade humana. Uma vez que há indeterminismo na Natureza, o indeterminismo defende que as
nossas ações não são determinadas.
O indeterminismo é, assim, a corrente que defende a impossibilidade de prever os fenómenos a partir de
causas determinantes, introduzindo noções de acaso e aleatoriedade.
Determinismo moderado (compatibilismo):
O determinismo moderado parte do conceito comum de liberdade e aceita a convicção de que poderíamos
ter feito outra coisa se o tivéssemos escolhido. No mundo todos os fenómenos são causalmente
relacionados. A vontade humana, igualmente determinada, é livre quando não for obrigada a escolher sob
ameaça (de uma arma, por exemplo). Tudo no mundo natural é determinado, mas as ações humanas são
livres, por serem determinadas mas não constrangidas. Este determinismo defende a compatibilidade entre o
determinismo e a liberdade. Argumentos do determinismo moderado:
- O fatalismo, baseado na existência de uma vontade sobrenatural superior à vontade humana,
restringindo-lhe a sua liberdade de ação e condicionando o seu exercício.
○ Fatalismo vulgar - o Homem tem um destino, um Fatum que pesa sobre todos os atos
humanos.
○ Fatalismo teológico - se o futuro está previsto, todos os atos futuros estão regulados e a
liberdade da vontade humana seria apenas uma liberdade ilusória.
- O determinismo universal, baseado no princípio da causalidade, que tem um valor universal,
aplicando-se a toda a espécie de fenómenos. Todos os fenómenos físicos, fisiológicos, sociais e
psicológicos estariam rigorosamente condicionados uns pelos outros, sujeitos a leis rígidas, sem
lugar para qualquer atividade verdadeiramente livre.
Libertismo (incompatibilismo):
No libertismo as nossas ações não são determinadas nem aleatórias. Este afirma a liberdade em absoluto,
dizendo que o Homem é um ser pleno de liberdade e acrescentando que não há nada que restrinja ou coaja
a sua liberdade: nem Deus, nem o destino, nem a sua própria constituição. Defende o Homem como o único
sujeito e artífice da conduta humana. Para o libertismo o mundo material e a ação humana são de natureza
diferente e regem-se por leis diferentes.
O Libertismo afirma que as ações humanas resultam de deliberações racionais e podem alterar o curso dos
acontecimentos no mundo.
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Filosofia - Módulo iii
Valores e Factos
Os valores são qualidades resultantes da apreciação do que um indivíduo ou sociedade faz acerca de um
objeto, de uma ação, ou de um ser real ou ideal, em função de algo que é desejável.
Valores são ideias que orientam a nossa ação, isto é, a nossa ação é determinada pelos valores, dividindo o
campo da ação humana entre o desejável e o indesejável: justo / injusto (valores éticos), belo / feio (valores
estéticos), sagrado / profano (valores religiosos). Valores são subjetivos.
Atribuir valor é no sentido geral, ter preferência, dar mais importância a algumas coisas, pessoas, ações,
situações, etc., do que outras. Um valor é, portanto, algo abstrato, não físico, em função do que deve ser, do
que vale, o possível, o preferível.
Os factos são aspetos da realidade, aspeto este que é descrito com objetividade. São dirigidos para o
campo do conhecimento. Procuram dar-nos as coisas por aquilo que elas são. Um fato age em função do
que é real, o descritível, o ser, o que é.
Para atribuir valor ou descrever um facto, elaboramos juízos de valor ou juízos de facto, respetivamente.
Juízos de valor – é quando nos expressamos de forma emotiva/efetiva, transparecendo opiniões e
preferências. São apreciações subjetivas que expressam a forma como o indivíduo se relaciona com o real.
Utilizamos os valores à nossa disposição, para classificar a realidade. Exemplos: Portalegre é a melhor
cidade de Portugal; O Benfica é o maior de Portugal; O Gonçalo é muito simpático.
Juízos de facto – é a descrição impessoal, neutra e objetiva da realidade, onde não é adicionada qualquer
interpretação, comentários e preferências. Podem ser classificados como verdadeiros ou falsos. Limitam-se a
comunicar a descrição de uma determinada realidade. Exemplos: Eu tenho 1,59 cm; Lisboa é a capital de
Portugal; Tive 14,7 no teste de matemática.
Valor Facto
Real Ideal
Observável Interpretação
Verificável Preferível
Impessoal Pessoal
Objetivo Subjetivo
Etnocentrismo - Monoculturalismo:
– Tendência para se sobrevalorizar a cultura a que se pertence em relação a outras diferentes, sendo que se
avalia as outras culturas pelos parâmetros da nossa. Estabelece-se os padrões que regem a nossa cultura
como universais. Está na base de fenómenos como o racismo e a xenofobia.
Relativismo cultural - Multiculturalismo:
– Noção que implica a aceitação de padrões culturais de culturas diferentes da nossa. Inexistência de
valores absolutos e de culturas superiores ou inferiores. Impossibilidade de se julgar qualquer prática ou
tradição cultural à luz de valores universais / a partir da perspectiva de outra cultura.
Se aceitarmos o relativismo cultural, ficaríamos impedidos de condenar os costumes de outras sociedades,
teríamos de respeitar e aceitar costumes como a escravatura, a utilização de crianças na guerra, a mutilação
genital feminina, etc… Deixaríamos de poder falar de progresso civilizacional, é normal existirem progressos
e avanços culturais ao longo dos anos, mas se o relativismo cultural estivesse correto não poderíamos falar
de grandes feitos como a abolição da pena de morte e o fim da escravatura. Cria-se então o
interculturalismo.
Interculturalismo:
– Esta posição defende a tolerância face à diversidade, defendendo que se devem estabelecer um conjunto
de valores comuns / universais, baseados na dignidade humana. Promove o diálogo entre culturas, de modo
a procurar aspetos comuns e ajudar na compreensão das diferenças. O interculturalismo parte do
reconhecimento do direito à diferença, vista como algo positivo para o enriquecimento do
tecido social. Alia a necessidade de estabelecer um terreno comum entre culturas, construindo sobre valores
que todas elas aceitem e partilhem.
Filosofia – Módulo IV
Ética e Moral
Moral, deriva do latim mores (costumes) — Conjunto de comportamentos que são aceites, esperados e
incentivados numa sociedade. Orienta o comportamento humano numa comunidade ou cultura.
● prática – diz, em termos concretos o que uma sociedade deve ou não fazer;
● coletiva – define padrões de comportamento a nível social;
● direitos e deveres comuns.
Ética, deriva do grego ethos (modo de ser/comportamento) — Pensamento e reflexão sobre as normas
ditadas pela moral, tentando sempre compreendê-las e dar-lhes sentido. Estudo da moral - o que ela é, como
se fundamenta e como se aplica.
● teórica – diz respeito ao pensamento (porque devemos fazer algo?);
● individual – parte da reflexão pessoal de cada indivíduo sobre as normas para perceber se continuam
a fazer-lhe sentido (e assim continuar a segui-la ou não).
Perspectivas filosóficas - teorias éticas
Ética Deontológica ou absolutista → Kant
➔ ética do dever ou dos princípios (devemos agir de acordo com o nosso dever;
➔ reúne as teorias morais segundo as quais certas ações devem ou não ser realizadas,
independentemente das consequências que resultam da sua realização ou não realização;
➔ centra-se na intenção (nesta perspectiva o ato de roubar é sempre mau).
Ética Teológica ou consequencialista → John Stuart Mill e Jeremy Bentham
➔ ética dos fins (as ações são avaliadas em função dos seus resultados / consequências;
➔ reúne as teorias morais segundo as quais as ações são corretas ou incorretas em virtude das suas
consequências ou resultados.
➔ as ações não são, em si mesmas, nem boas nem más, tal depende sempre dos seus resultados;
A Ética Kantiana
“As nossas ações serão morais se, e somente se, forem de tipo tal que queiramos que todas as pessoas as
sigam em todas as circunstâncias"
– Base racional, é sustentada pela razão
Agir bem + Intenção boa = ação boa
– Como descobrir a moralidade de uma ação → pelo motivo que está na sua origem
Para Kant, existem 3 tipos de ações:
● ação contrária ao dever – ações imorais, que não cumprem as regras / normas morais e que surgem
sempre inclinação sensível;
Ex. teoria: ser honesta | prática: mentir – Imoralidade / Ilegalidade = ação má.
● ação conforme o dever – ações que cumprem as regras / normas morais, mas que ocorrem por
interesse ou vantagem pessoal, ou por sentimento;
Ex. diz a verdade: a quem for honesto contigo; por medo de ser apanhado a mentir; se ganhas alguma
coisa com isso – Legalidade = ação que não é má nem boa.
Heteronomia, o sujeito não pensa pela própria cabeça, age pelos outros ou pelo o que lhe é dito para fazer.
Está relacionado ao imperativo hipotético.
● ação por dever – ações que cumprem as regras / normas morais e que ocorrem por total respeito à lei
moral; decorrem de uma exigência puramente racional;
Ex. diz a verdade – Moralidade = ação boa.
Autonomia, o sujeito pensa por si próprio e estabelece as suas próprias leis. Está ligado ao imperativo
categórico.
Filosofia – Módulo IV
Imperativo hipotético Imperativo categórico ou da moralidade
Uma ação é boa porque é um meio para conseguir Uma ação é boa se, e apenas se, for realizada por
algum fim ou propósito. puro respeito à representação da lei em si mesma.
É particular (vale apenas em determinadas É uma lei universal (válida para todos os seres
condições e para alguns indivíduos) e contingente racionais, quaisquer que sejam as circunstâncias] e
(isto é, de um ponto de vista lógico pode ser necessária (de um ponto de vista lógico, tem de ser
verdadeiro ou falso). verdadeira)
Rege as ações conforme ao dever (legalidade). Rege as ações por dever (moralidade).
É o enunciado típico das éticas materiais. Traduz É a lei da moralidade, dado o seu caráter
uma moral heterônoma (imposta a partir do exclusivamente formal. A obediência a este princípio
exterior). apolítico (que vale por si mesmo) deriva apenas da
autonomia da vontade.
Imperativo hipotético – é uma hipótese; Se queres X, então deves fazer Y, sem y não há x.
Imperativo categórico – é linear, sem falhas; Deves fazer X, sem mais.
1º formulação (universalidade): age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer
que se torne lei universal;
2º formulação (humanidade): age de tal que uses a humanidade, sempre e simultaneamente, como fim e
nunca simplesmente como meio;
Críticas à ética Kantiana:
● Obrigações morais e conflito de deveres:
○ A teoria de Kant nem sempre consegue resolver facilmente o problema do conflito de deveres.
Para Kant, as obrigações morais são incondicionais – muitas vezes é inevitável, temos de
escolher entre dois deveres.
● Obrigações morais e consequências funestas:
○ Esta teoria não dá atenção às consequências da ação. (Ex. Mentir para manter alguém vivo –
Kant e os defensores diriam a verdade).
● Kant subestima sentimentos altruístas:
○ Subestima sentimentos com base na simpatia e na empatia – estes sentimentos devem ser
estimulados e desenvolvidos nas pessoas ao invés de serem secundarizados.
● Moral difícil de concretizar plenamente:
○ falta de realismo, apresenta um ideal distante daquilo que conhecemos à nossa volta.
Filosofia – Módulo IV
.A Ética de Jeremy Bentham e John Stuart Mill
“As nossas ações serão morais se, e somente se, previsivelmente maximizarem imparcialmente a felicidade
do conjunto de afetados”
● Origem do Utilitarismo – Inglaterra, com David Hume;
● Formulação clássica – séc. XIX, com Jeremy Behtham, John Stuart Mill e Harriet Taylor;
O utilitarismo contribui para a transformação política das sociedades e para a promoção de causas (reformas
dos sistemas criminal e prisional, restrições do uso de mão de obra infantil, direito de voto das mulheres).
– Princípio da utilidade: devemos fazer aquilo que previsivelmente produza os maiores benefícios
possíveis para todos os que serão afetados pela nossa ação. A partir deste princípio avaliam-se as boas
ou más ações.
Este princípio utilitarista da maior felicidade assenta em três pressupostos:
● Ética Hedonista
○ Hedonismo – devemos fazer aquilo que cause os maiores benefícios (prazer) e os
menores prejuízos (dor) ao conjunto dos afetos.
→ filósofo epicuro – objetivo central da vida = felicidade;
→ mente livre de inquietude e corpo livre de dor.
● Ética Imparcial
○ Ao ponderarmos a maior soma de felicidade global, devemos contabilizar o bem–estar de
cada indivíduo como sendo igualmente importante.
→ nada afeta o estatuto moral do indivíduo, nem a etnia, o gênero ou a classe social.
● Ética Consequencialista
○ Devemos orientar-nos pelos resultados previsíveis das nossas ações.
→ a correção ou incorreção moral do ato depende das suas consequências, mas não do ato
em si ou da consideração acerca da motivação que este subjacente;
→ na avaliação da ação, importam, acima de tudo, as consequências que dela decorrem.
● Ética Altruísta
→ a felicidade de um indivíduo é igualmente importante à de qualquer outro – felicidade
universal, sem egoísmo;
→ em todo o ser humano existe um sentido social, ou seja, um sentimento natural que o leva
a cooperar com os outros;
→ desistir do seu maior bem, a felicidade, em função do bem dos outros apenas será útil se
esta auto renúncia servir para maximizar a soma total da felicidade.
Avaliação da felicidade
Bentham diz que a moralidade de uma ação deveria ser medida em função da quantidade de prazer que
produzisse. Critérios de quantidade:
➔ intensidade – o prazer visado deveria ser o mais forte possível;
➔ duração – devemos escolher o prazer mais duradouro;
➔ certeza – entre dois prazeres, o escolhido deveria ser aquele que temos mais probabilidade de
conseguir corrigir;
➔ proximidade – se pudermos escolher entre um prazer muito distante e outro que está próximo,
devemos escolher o último;
➔ extensão – deve ter-se em conta quantas pessoas beneficiarão da ação.
Critérios de qualidade:
➔ prazeres superiores – prazeres intelectuais e morais
◆ associados à dimensão espiritual / racional do humano;
◆ apenas acessíveis ao ser humano;
◆ proporcionam verdadeira felicidade;
◆ prazeres como a prática do bem, ou intelectualmente relacionados com o conhecimento.
Filosofia – Módulo IV
➔ prazeres inferiores
◆ associados à dimensão física / corporal do humano;
◆ comuns a todos os animais;
◆ proporcionam apenas satisfação / contentamento, mas não a verdadeira felicidade;
◆ prazeres como comer chocolate é um exemplo.
Críticas à ética utilitarista:
● dificuldade em quantificar a felicidade;
● impossibilidade de prever todas as consequências;
● conduz as consequências moralmente inaceitáveis:
○ exemplo – numa situação de 100 pessoas, 95 ficam felizes e escravizam-se as outras 5
pessoas inocentes, isto não é aceitável.
● ética indeterminada:
○ não existe um princípio ético que sirva de critério universal, ou seja, a avaliação das
consequências seria subjetiva, dependia da opinião e interesses do sujeito. Tornar-nos-íamos
individualistas e correríamos o risco de esquecer valores como a solidariedade.
● o utilitarismo é absurdamente exigente;
○ se agirmos sempre em função do benefícios maiores, isso obrigar-nos a gastar muito tempo
das nossas vidas e os deontologistas (como Kant) defende que é perfeitamente aceitável
dedicarmo-nos a atividades que não contribuem para o bem estar geral, como comer gelado
com uma amiga ou viajar de férias para o Algarve.
Filosofia – Módulo V
A dimensão ético-política
Ética – diz respeito ao comportamento dos homens, quer a nível individual, quer em sociedade.
Direito – deriva do latim directum ( dirigir / alinhar ). Este termo é utilizado para definir o que é certo / correto.
Inclui o conjunto de obrigações legais (leis) que regem coercivamente o comportamento dos cidadãos,
prescrevendo sanções no caso de incumprimento.
Política – deriva do grego polis ( cidade / estado). Refere-se à atividade de organização do poder de forma a
garantir a manutenção do equilíbrio social no interior do Estado e também entre diferentes Estados.
Debruça-se sobre os assuntos de uma sociedade.
A ética relaciona-se com o direito na medida em que o que regulamenta a conduta do Homem enquanto
cidadão é o Direito, através de um conjunto de normas jurídicas, compiladas sob a forma de Constituição,
Código Civil, Penal ou de Trabalho. O Homem muitas vezes entra em confronto com os seus semelhantes,
devido a interesses conflituosos, justificando a existência de sociedades política e juridicamente organizadas,
reguladas pela lei que a própria sociedade cria e fiscaliza.
A ética relaciona-se com a política na medida em que a ética é a arte de escolher o que mais nos convém
para vivermos o melhor possível e o objetivo da política é organizar o melhor possível a convivência social,
de modo a que posso escolher o que mais lhe convém. O que provoca que quem tenha a preocupação ética
de viver bem não pode ignorar a política
Estado – Polis ou cidade-estado é para os antigos gregos, uma unidade política, autônoma e independente.
Cada Polis possuía o seu próprio território, exército, calendário, moeda, constituição, governo, leis e
instituições políticas. A Polis foi concebida para ser uma forma autárquica perfeita, a única capaz de fornecer
os instrumentos para a realização plena das aptidões morais e intelectuais dos indivíduos. Quando os gregos
se referem à cidade (polis) referem-se pois ao Estado.
É necessário ter consciência de fatores como o ambiente familiar, o contexto histórico e social, a educação e
todo o processo de socialização, para perceber que em função deles poderíamos ter uma outra religião ou
não ter religião alguma, e perceber e aceitar a diferença adotando uma atitude de tolerância.
Filosofia – Módulo VI
A religião é um elemento catalisador da união social e da sua transformação. Ela estimula também a procura
de um mundo melhor. O seu poder reside na fé e na obediência à ordem que impõe, que é emanada
diretamente de Deus. Os princípios estruturantes das religiões funcionam como verdades inquestionáveis
(dogmas), não passíveis de revisão e orientadores de doutrinas.
Por todas estas características, as religiões continuam a ser um refúgio onde as pessoas procuram quer o
conforto quer as respostas para as inquietações mais profundas.
Postura exclusivista: só existe apenas uma religião verdadeira. Para se poder ser salvo é necessário
abraçar explicitamente como sua a única religião verdadeira.
Postura inclusivista: apesar de só existir uma religião verdadeira, considera-se que o Deus dessa religião
também salva os crentes virtuosos das outras religiões.
Postura pluralista: as diversas religiões são interpretações de uma única realidade divina, por isso cada
uma é igualmente verdadeira e legítima como caminho para a salvação.
Ser tolerante não é aceitar tudo. Ser tolerante não é ser passivo, mas assumir uma posição combativa contra
a intolerância e o fanatismo, a favor da diversidade social e cultural. A tolerância permite explorar e descobrir
a diversidade humana, reconhecendo as pessoas como sujeitos independentes das ideias ou crenças e dos
costumes que praticam. Respeitar as pessoas não implica tolerar e aceitar todas as suas opiniões e
comportamentos, que devem e podem ser criticados e questionados. O diálogo inter-religioso é a atitude a
seguir no combate à intolerância e no apelo ao respeito por todas as fés e práticas religiosas, procurando
promover a paz entre todas as confissões enquanto forma de humanização.
Filosofia – Módulo VII
A dimensão estética
Estética – disciplina que sistematiza racionalmente as experiências da beleza. A estética é uma teoria do
conhecimento sensível.
Filosofia da arte – está para além da estética e é uma disciplina distinta desta. É, de certa forma, uma
especialização da estética.
Experiência estética – é a fruição ou contemplação da natureza ou de uma obra de arte e, nesse sentido,
diz-se que é também experiência do belo artístico.
Para Kant, esta experiência estética é marcada pelo desinteresse, é um prazer meramente contemplativo.
Encontra-se ligado ao juízo estético. Juízos estéticos indicam sentimentos subjetivos, por isso Kant
considera um juízo estético um juízo de gosto. Este é desinteressado e deve tender para um consenso
subjetivo universal, isto é, todo e qualquer sujeito deve considerá-lo de tal modo.
Para distinguir o prazer do gosto pelo belo dos prazeres do bom e do agradável:
O bom transporta um prazer prático. O agradável traz consigo um prazer condicionado por estímulos.
O prazer do belo é puramente contemplativo, pois tem apenas em conta a natureza do objeto, em função do
sentimento de prazer ou desprazer que provoca. O belo é que nos apraz.
Perspetivas que existam relativamente à natureza dos juízos estéticos:
Existe uma resposta subjectivista, que considera que um objeto é belo em virtude daquilo que o sujeito
sente, dependendo o belo do sujeito que avalia;
E ainda uma resposta objetivista, que defende que um objeto é belo pelas propriedades que lhe são
intrínsecas, ou seja, a beleza está nas coisas e é independente dos sentimentos do sujeito que avalia.