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Filosofia

“Toda a ação é um acontecimento, mas nem todo o acontecimento é uma ação”.


Ao considerar os eventos que envolvem o Homem, apercebemo-nos que existe uma diferença entre o
que nos acontece, o que fazemos sem nos apercebermos ou sem intenção de o fazer e o que fazemos
de forma voluntária. Assim podemos concluir que uma ação é um acontecimento que parte de nós
conscientemente e de forma voluntária, isto é, é um acontecimento intencional. Para agirmos,
necessitamos de um palco onde ocorrem os pensamentos (consciência) e de orientarmos essa
consciência para um determinado fim (intencionalidade). Tanto a consciência como a intencionalidade
são instrumentos da mente, e como para a filosofia, apenas os Homens têm mente, considera-se que
apenas o humano consegue realizar ações, que envolvem um agente (pessoa que toma a iniciativa da
ação), um motivo (crença, desejo que estabelecem a razão para se agir), uma intenção (sentido da
ação), uma deliberação racional (ponderação sobre as diversas alternativas) e uma decisão (opção por
uma das possibilidades disponíveis).

Explicar o que se entende por ação.


Acontecimento intencional. É uma inferência consciente e voluntária de um ser humano (agente) no
normal decurso dos acontecimentos, que sem a sua inferência seguiriam um caminho distinto.

Explicitar os seguintes conceitos: livre-arbítrio, determinismo, causa e causalidade.


➔ Livre-arbítrio: ideia de que temos uma vontade livre, ou seja, podemos controlar pelo menos
algumas das coisas que fazemos ou escolhemos fazer. Assim, algumas das nossas escolhas
ou ações dependem, em última análise, de nós, da nossa vontade.
◆ Liberdade de escolha. Dizemos que A é o resultado de livre arbítrio se e só se, decorre de uma
decisão que poderia, até ao momento da sua realização ter dado origem não A, isto é, se a
pessoa controlar o seu comportamento e dispuser de cursos alternativos de ação.
➔ Determinismo: ideia de que tudo o que acontece é uma consequência necessária do passado e
das leis da natureza. Assim, tal como os simples acontecimentos, as ações e decisões são
inteiramente determinados por fatores que os agentes não controlam (nomeadamente são
causadas por acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza)
◆ Doutrina científica e filosófica segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa: todos os
fenómenos do universo estão necessariamente ligados a eventos precedentes por meio de
cadeias causais. Qualquer acontecimento do universo- incluindo os estados mentais e a ação
humana- é um efeito provocado por um estado de coisas antecedente, ou seja, uma
consequência inevitável de estados anteriores e de leis da natureza que escapam ao nosso
controlo.
➔ Causa: a causa de um acontecimento é aquilo que o determina, que o leva a ocorrer, é a razão,
a explicação para o que aconteceu. (Ex: No planeta Terra ocorre a sucessão de dias e de noites
por causa da rotação do planeta sobre si próprio; a razão pela qual os corpos com massa caem
é por serem afetados pela força da gravidade.)
◆ Causa refere-se à origem ou motivo de um evento, situação ou fenômeno. É o que provoca, inicia
ou dá origem a algo. Por exemplo, a causa de uma dor de cabeça pode ser uma alimentação
inadequada, estresse ou uma lesão na cabeça.
➔ Causalidade: sequência de causa-efeito, ou seja, quando está presente um fator (a causa), o
outro segue-se-lhe (o efeito).
◆ Causalidade é a relação entre a causa e o efeito. Ela descreve como uma causa leva a um
determinado efeito, e é baseada na ideia de que todo evento tem uma causa anterior que o levou
a acontecer. A causalidade é importante em muitos campos, incluindo ciência, filosofia, psicologia
e direito. Por exemplo, a causalidade é usada para determinar se uma ação foi responsável por
um resultado negativo, como um acidente de carro ou um dano à propriedade.

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Filosofia (continuação)
Esclarecer em que consiste o problema do livre arbítrio.
O problema do livre-arbítrio é uma das questões filosóficas mais difíceis e debatidas ao longo do
tempo. A experiência subjetiva da liberdade da vontade é uma condição essencial de todo e qualquer
ato intencional e da ideia que temos de nós mesmos enquanto agentes. Mas será o ser humano
efetivamente livre? Teremos, de facto, controlo sobre as nossas ações? Será o livre-arbítrio compatível
com o determinismo? As respostas a estas questões nascem do aparente conflito entre o determinismo
e o livre-arbítrio.
Será possível articular, conciliar compatibilizar o determinismo (todos os
acontecimentos/efeitos são causados) com o livre arbítrio (a possibilidade de escolher, decidir fazer ou
não fazer)?

Livre-arbítrio constitui uma das questões filosóficas mais difíceis e debatidas ao longo do tempo. A experiência
subjetiva da liberdade, da vontade é uma condição essencial de todo e qualquer ato intencional e da ideia que
temos de nós mesmos enquanto agentes. Mas será o ser humano efetivamente livre? Teremos, de facto, controlo
sobre as nossas ações? Será o livre-arbítrio compatível com o determinismo? As respostas a estas questões
surgem do aparente conflito entre estes dois conceitos. Isto é, o determinismo é a doutrina científica e filosófica
segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa: todos os fenómenos do universo estão necessariamente
ligados a eventos precedentes por meio de cadeias causais. Qualquer acontecimento do universo- incluindo os
estados mentais e a ação humana- é um efeito provocado por um estado de coisas antecedente, ou seja, uma
consequência inevitável de estados anteriores e de leis da natureza que escapam ao nosso controlo. Por outro
lado, dizemos que A é resultado de livre-arbítrio se, e somente se, decorre do uma decisão que poderia, até ao
momento da sua realização, ter dado origem a não A, ou seja, se genuinamente o agente controlar o seu
comportamento e dispuser de cursos alternativos de ação.
Assim, sabendo que apenas o Homem consegue agir e que o livre-arbítrio se aplica apenas a ações, podemos
concluir que apenas o Homem tem livre-arbítrio. Contudo, de acordo com o determinismo as nossas ações são
provocadas pelas ações passadas, e são uma consequência impossível de evitar resultante do estado do
universo e das leis da Natureza: são incontroláveis, logo não temos livre-arbítrio.

Distinguir compatibilismo e incompatibilismo.


O Compatibilismo (ou determinismo moderado) é uma doutrina científica que oferece uma proposta de
conciliação entre ciência (determinismo) e humanidade (livre-arbítrio): é possível aceitar que o
comportamento humano está causalmente determinado e simultaneamente pensar em nós próprios
como agentes livres. Para o compatibilismo, determinismo não é apenas conciliável com o livre arbítrio
- este exige o determinismo.

O Incompatibilismo (determinismo radical e libertismo) partilha a tese de que determinismo e livre


arbítrio são inconciliáveis. Se uma ação é determinada (causada, então não é livre). O determinismo
radical afirma que esta proposição é verdadeira, dado que existe determinismo, mas não livre-arbítrio.
Já o libertismo afirma que a proposição é verdadeira, pois há livre-arbítrio, mas não determinismo na
ação humana.

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Filosofia (continuação)
Definir facto
➔ usamos a palavra “facto” para nos referirmos a coisas, pessoas, animais, acontecimentos sem
qualquer conotação afetiva ou interpretação subjetiva.
➔ o plano dos factos é o plano daquilo que é e nada há a discutir; logo, não há lugar para a
argumentação.

Definir valor
➔ Os seres humanos não se contentam com uma perspetiva meramente descritiva e informativa
da realidade. O que se passa à nossa volta não nos é indiferente. Por isso, faz sentido falarmos
de valores.
➔ Implicam sempre uma preferência que pode ser justificada por meio de argumentos/razões:
preferimos certas coisas em relação a outras (hierarquia); mas outras pessoas terão
razões/argumentos para justificar outras escolhas/preferências.
➔ A defesa deste ou daquele valor supõe a existência de grupos que os partilham e,
simultaneamente, a de outros grupos que os rejeitam (e que defendem outros valores); daí que
os valores sejam "o próprio reino da controvérsia, da adesão e da argumentação“.
➔ Os valores referem-se ao que há de bom, preferível, desejável, atrativo em certas coisas e/ou
ações e que as distingue de outras.
➔ O valor é aquilo que deve ser: o que é melhor ou correto, é o que vale, o valor é possível e
preferível, é uma qualidade e uma tomada de posição.
➔ Os valores são como regras, regras que devemos cumprir.
➔ Os valores apresentam algumas caraterísticas: a polaridade ou bipolaridade (ao bem opõe-se o
mal, à coragem a cobardia…) e a hierarquia (os valores apresentam-se escalonados, não valem
todos o mesmo).

Juízos de facto
➔ descritivos, pois descrevem a realidade ou informam-nos sobre factos, coisas, acontecimentos;
➔ são verdadeiros ou falsos, conforme coincidam ou não com o que se observa na realidade;
➔ objetivos, reúnem consenso.

Juízos de valor
➔ valoram determinados acontecimentos, coisas, ações; a valoração pode ser negativa ou
positiva;
➔ subjetivos e relativos: variam de sujeito para sujeito; variam no tempo (época para época) e no
espaço (cultura para cultura);
➔ são normativos ou prescritivos.

Normativos? Prescritivos?
Sim. Por exemplo: se digo que o sujeito X é boa pessoa, ou que a paisagem Y é deslumbrante, ou que
a pena de morte é desumana/injusta, pretendo que estes juízos se constituam como normas que sejam
seguidas por todas as outras pessoas, que funcionem como uma espécie de regra.

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Filosofia (continuação)
Distinguir juízos de facto de juízos de valor.
Um juízo de facto é uma tentativa de descrever a realidade. Crença que diz como o mundo é ou como
acreditamos que ele seja. Enquanto tal, tem conteúdo proposicional, isto é, valor lógico ou de verdade.
É objetivo, neutro e imparcial.
Um juízo de valor é a expressão de uma preferência ou de escolha. Envolve uma apreciação positiva
ou negativa da realidade, por exemplo, sobre o certo e o errado, sobre o bem e o mal. Se tem ou não
valor de verdade e se, tendo-o, esse valor de verdade é subjetivo ou objetivo são problemas filosóficos.

Compreender algumas caraterísticas dos valores: polaridade/bipolaridade e hierarquia.


Avaliamos o que nos rodeia constantemente, atribuindo valor aos acontecimentos, seres, às interações
e às nossas próprias ações. Isto é, tomamos uma posição em função do que é desejável ou
indesejável.
Têm duas características principais:
➔ Polaridade/bipolaridade: Polaridade dos valores refere-se à direção ou orientação positiva ou
negativa atribuída a um determinado valor, conceito ou ideia. Por exemplo, a polaridade positiva
pode ser atribuída a valores como amor, generosidade, justiça, enquanto a polaridade negativa
pode ser atribuída a valores como ódio, egoísmo e injustiça. A polaridade dos valores é
frequentemente utilizada em discussões éticas e filosóficas para avaliar o mérito moral ou ético
de uma ação ou decisão.
➔ Hierarquia: Hierarquia dos valores é uma teoria que postula que os valores humanos são
organizados em uma estrutura hierárquica, em que valores mais elevados são considerados
mais importantes do que valores mais baixos. Essa hierarquia é influenciada por fatores
culturais, sociais e pessoais, e pode variar de uma pessoa para outra. Alguns exemplos de
valores que podem ser incluídos em uma hierarquia de valores são: liberdade, justiça,
igualdade, segurança, felicidade, paz, sucesso, entre outros. Em geral, valores mais elevados
são aqueles que estão relacionados à realização pessoal e ao bem-estar da sociedade como
um todo, enquanto valores mais baixos estão relacionados a necessidades mais básicas e
imediatas.

Valores morais Valores estéticos Valores religiosos

➔ Bom / mau ➔ Belo / feio ➔ Sagrado / profano


➔ Justo / injusto ➔ Sublime / grotesco ➔ Puro / impuro
➔ Certo / errado ➔ Original / banal ➔ Piedoso / impiedoso
➔ Leal / desleal ➔ Elegante / deselegante ➔ Perfeição / pecado

Compreender em que consistem os juízos morais.


➔ estabelecem se uma determinada conduta ou situação tem conteúdo ético ou se, pelo contrário,
carece destes princípios;
➔ são juízos de valor → avaliam/apreciam as condutas e os comportamentos, se são corretos ou
não;
➔ por estarem associados aos valores morais que estão diretamente ligados com aquilo que
devemos/não devemos fazer, os juízos morais envolvem as noções de certo e de errado, justo e
injusto, louvável e censurável, etc.
◆ Juízos morais - juízos normativos sobre o que consideramos certo ou errado, sobre o bem e o
mal, sobre o que devemos ou não fazer.

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