Acontecimento - evento submetido à Determinismo e liberdade na ação humana
“necessidade”. Algo que acontece involuntariamente. Ex: adoecer. Um dos principais problemas associados à Agir/ação - atividade de autoprodução do ser filosofia da ação é o seguinte: “Será que humano, onde é possível a liberdade. Ex: ler temos livre-arbítrio?”. O livre-arbítrio é a um livro. Um acontecimento é uma ação se, e capacidade de decidir (ou arbitrar) em só se, é intencional (ou intencionalmente liberdade o que fazemos das nossas vidas. causado por um agente). Conforme vimos anteriormente, as nossas Agente - Sujeito da ação. ações são acontecimentos intencionalmente Consciência- Perceção de si como autor da causados por nós, ou seja, acontecimentos ação. causados pelas nossas crenças e desejos, Intenção - Propósito da ação. mas, por sua vez, é legítimo perguntar se Motivo - Porquê da ação: razões que existe algo que causa as nossas crenças e justificam a intenção. desejos. Nessas circunstâncias, é tentador Deliberação - Julgar e avaliar o que é mais perguntar se podemos considerar que somos conveniente. realmente livres e moralmente responsáveis Decisão - Capacidade de opção do agente. por aquilo que fazemos, ou se as nossas Vontade: Faculdade ou capacidade que nos ações são apenas o resultado de permite tomar decisões, isto é, que nos acontecimentos anteriores que escapam permite optar. Segundo Kant, é a nossa inteiramente ao nosso controlo. “faculdade do querer”. Ações involuntárias: as que se geram sob Teorias sobre o livre-arbítrio coação ou por ignorância. Uma ação - Incompatibilismo perpetrada sob coação é aquela cujo princípio Determinismo radical motivador é vindo do exterior. Libertismo Ações voluntárias: aquela cujo princípio - Compatibilismo reside no agente conhecedor das Determinismo moderado circunstâncias em que a ação se processa. - .... Indeterminismo Deliberação e decisão Determinismo radical - sustenta que, uma vez O ser humano é o princípio das ações. que todos os acontecimentos (incluindo as A deliberação visa: nossas ações) estão causalmente As ações que podem ser praticadas por determinados pelos acontecimentos nós; anteriores e pelas leis da natureza, não existe E os meios adequados à execução da verdadeiro livre-arbítrio. decisão. Teorias: A decisão: as opções e ações humanas são regidas É ato voluntário; pelas mesmas leis que os fenómenos da Não é desejo, anseio ou ira; natureza. Quem cede ao desejo não age por decisão. Não temos livre-arbitrio. A decisão é acerca das coisas que nos dizem Argumentos a favor: respeito e dependem de nós. Nada sustenta que os seres humanos têm É uma escolha preferida em detrimento de um estatuto diferente do estatuto dos outras, preteridas (implica um sentido seres naturais orientador e um processo de pensamento). A ilusão de liberdade provém de Objeções: conhecimento limitado. Não há fundamentação que legitime a Objeções: diferença de estatuto entre seres Apesar da física, acreditamos que a humanos e outros seres da natureza. liberdade é um facto de experiência. A aceitação do determinismo radical anula Incompatibilismo - o argumento central a a responsabilidade que temos nos nossos favor do incompatibilismo foi explicitamente atos. formulado pelo filósofo americano Peter van Libertismo - defende que, embora o universo Inwagen (n. 1942) e ficou conhecido como físico possa ser determinista, a vontade e a Argumento da Consequência. consciência escapam às cadeias causais que governam o universo físico e, portanto, o livre- 1. Se o determinismo é verdadeiro, então as arbítrio não é uma mera ilusão. nossas ações são a consequência das leis Teorias: da natureza e de eventos que ocorreram As ações resultam de deliberações num passado remoto. racionais e podem alterar o curso dos 2. Não controlamos as leis da natureza, nem acontecimentos. Não há determinismo os eventos que ocorreram num passado (incompatibilismo). remoto. Argumentos a favor: 3. Se não controlamos algo, então as suas O corpo e a mente são realidades distintas, consequências não dependem de nós. pois, embora sujeito a leis naturais, o ser 4. Se não controlamos as leis da natureza, humano tem livre-arbítrio. nem os acontecimentos que ocorreram Objeções: num passado remoto, então as suas Está por provar que os fenómenos mentais consequências não dependem de nós. (De não sejam condicionados por leis físicas ou 2 e 3) que não tenham. 5. As consequências das leis da natureza e Determinismo Moderado (o compatibilismo) - dos eventos que ocorreram num passado parte do conceito comum de liberdade e da remoto não dependem de nós. convicção que todos temos de que, não 6. Se o determinismo é verdadeiro, então as existindo constrangimentos que o impeçam, nossas ações não dependem de nós. (De 1 poderíamos ter feito outra coisa se assim o e 5) tivéssemos escolhido. Assim, aceitando a ideia 7. Se as nossas ações não dependem de nós, de que no mundo material todos os fenómenos não podemos escolher agir de um modo sejam causalmente relacionados, a vontade diferente daquele que agimos. humana, sendo igualmente determinada, é, no 8. Se o determinismo é verdadeiro, não entanto, livre quando não for constrangida, isto podemos escolher agir de um modo é, quando não for obrigada a escolher uma diferente daquele que agimos. (De 6 e 7) dada opção, por exemplo, sob ameaça. 9. Se não podemos escolher agir de um Teorias: modo diferente daquele que agimos, não A vontade tem livre-arbitrio, as escolhas temos livre-arbítrio. são condicionadas. -Mundo natural 10. Logo, se o determinismo é verdadeiro, não determinado, ações livres (compatibilismo). temos livre-arbítrio. (De 8 e 9) Argumentos a favor: Estamos sujeitos às leis naturais, mas Quer o libertismo, quer o determinismo sabemos por experiência que podemos aceitam este argumento e a respetiva fazer opções, embora condicionadas. conclusão.
Sincronicidade e entrelaçamento quântico. Campos de força. Não-localidade. Percepções extra-sensoriais. As surpreendentes propriedades da física quântica.