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Introdução

I. A origem do Mal
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1.1 Deus e a existência do mal
1.2 Conceito do Mal
1.3 Por que Deus permitiu que o Mal existisse
1.4 Por que Deus não destrói imediatamente o Mal
1.5 Qual o objetivo de Deus permitir que o Mal existisse

II - Por que do Sofrimento


III – O Sentido da Dor
IV – Os Frutos do Sofrimento
V – Como Lidar com o Sofrimento

Conclusão

INTRODUÇÃO

Deus é de fato, tão poderoso e amoroso?


Por que Ele parece não se importar com a dor?
Onde está Deus quando mais preciso dele?
Por que não poderia ter Ele criado todas as belezas deste mundo
deixando de fora a dor?
Por que eu sofro?
Onde estava Deus quando aconteceu isso?
Entre todas as crianças que frequentam a escola, por que justamente o
meu filho foi baleado por um louco?
Um tipo raro de câncer ataca apenas uma em cada cem pessoas. Por que
justamente o meu pai tem de estar entre as vítimas?
O quê Deus está a me dizer por meio da dor?
Deus é o único causador do mal?
O sofrimento é fruto do acaso?
Por que Deus permite que pessoas ruins nascem?
Por que Deus criou Lucifer sabendo que ele iria se transformar no diabo?
Por que Deus colocou a “arvore do conhecimento do bem e mal”
sabendo que Adão e Eva iriam comer?
Se Deus é criador de tudo, Ele também criou o mal?
Por que Deus permitiu que Jó fosse tentado?
Podemos Saber realmente todas as Respostas?

Nunca saberemos por que algumas coisas ruins acontecem neste universo.
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Alguns caminhos de Deus continuarão a ser um mistério para nós. Deus
afirmou em Isaías 55.8,9:

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos,


nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.
Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim
são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e
os meus pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos”.

Deus nunca explicou a Jó por que Ele permitiu que coisas ruins acontecessem
com ele. Jó enfrentou um dos maiores dilemas das aflições da sua vida,
quanto ao silêncio de Deus quando diz: “Ah! Quem me dera um que me
ouvisse! Eis que o meu intento é que o Todo-poderoso me responda!”
(Jó. 31:35)

Jó ergueu aos céus dezesseis vezes a mesma pergunta: Por que? Por que?
Por que? A única resposta que recebeu foi o total silêncio de Deus. Jó
expôs sua queixa trinta e quatro vezes. Qual resposta obteve? Apenas o
silêncio. Quando Deus falou com ele, não respondeu sequer uma de suas
perguntas. Ao contrário, fez-lhe setenta perguntas, revelando sua majestade
e poder. Aqui aprendo duas lições:

1) A soberania de Deus, liberta-nos da necessidade de entendimento.


Não precisamos ter todas as respostas.

2) Independentemente do que aconteça — até mesmo se o sofrimento


e a dor não fizerem sentido, devemos, em tudo, confiar em Deus. Jó
disse: “Embora ele me mate, ainda assim esperarei nele; certo é
que defenderei os meus caminhos diante dele”. (Jó 13.15).

“A dor coloca à prova nossas convicções mais


elementares sobre Deus”.
I - A ORIGEM DO MAL

(ILUSTRAÇÃO: “Ônibus que transportava jovens de igreja evangélica de


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Parauapebas capotou no MA e pelo menos 3 morreram” (19/01/15)

Aqueles que não morreram são gratos a Deus por proteger, guardar e
preservar a vida deles. E aqueles que morreram? Quando somos salvos,
atribuímos a Deus. E aqueles que morreram atribuímos a quem? Tem que
atribuir a Deus também, porque não fez nada para salvar quem morreu.

Qual a pergunta mais feita no mundo?


“Se Deus existe, por que há tanto sofrimento no mundo?”

Blaise Pascal disse que o destino de Deus é ser eternamente mal


compreendido.

O sofrimento é o maior argumento que ateus e céticos utilizam para


provar a não existência de Deus. Nós cristãos vamos provar que Deus existe
sim, tomando o mesmo argumento da não existência – O SOFRIMENTO.

1º) O fato do sofrimento existir pode no mínimo dizer que Deus não é bom
e não que Ele não existe. Pode existir um deus sarcástico, masoquista e
brincalhão. (Deus existe)

2º) Se o sofrimento fosse razão única para não existência de Deus, o


mundo seria predominantemente ateísta. Conforme levantamento 80% da
população mundial diz “crer em Deus”, contra 16% de ateus. Ex: O holocausto
seria razão principal do ateísmo total dos judeus, e eles não são. (Deus existe)

3º) A solução está na própria natureza do problema – o sofrimento. Se


temos o “mal”, é porque temos o “bem”. Se temos a noção do “certo” e
“errado” é porque temos leis que nos informam tal distinção. Se temos leis,
temos o LEGISLADOR que criou tais leis. Agora se não cremos no
LEGISLADOR (DEUS). Então cremos que não há leis morais. Tudo é certo e
nada é mal. Se não existe o mal (sofrimento), então porque estamos discutindo
a existência de Deus? (Deus existe).

Ter sofrimento no mundo não tem nada haver com Deus existir ou
não existir.
1.1- DEUS E A EXISTÊNCIA DO MAL

Trilema de Epicuro (SILOGISMO)


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A) Deus é TODO-PODEROSO
B) Deus é AMOR
C) Existe o MAL no mundo

Filósofo ateu David Hume, defendeu isso ao explicar o trilema:

A) Ele quer evitar o mal, mas não é capaz? Então, Ele é impotente.
B) Ele é capaz, mas não quer fazer isso? Então, ele é sádico.
C) Ele é capaz e quer: então por que motivo o mal existe?

(ILUSTRAÇÃO: Rico e o Amigo)

COMO RESOLVER ESTA QUESTÃO?

PERGUNTA 1) Porque Deus colocou a arvore do conhecimento do bem e


do mal, sabendo que Adão e Eva iria comer dando início ao sofrimento no
mundo através do PECADO?

PERGUNTA 2) Se Deus é Onisciente, porque criou Lucifer sabendo que


ele se transformaria no diabo, dando origem ao mal?

Precisamos entender duas coisas:

1) A bíblia diz que Deus é Amor, Santo, Reto, Justo e Soberano.


2) Deus não DUELA com o seu CARÁTER

(ILUSTRAÇÃO: Avaliação Reniery – EBD) – Qual avaliação você faz do


meu caráter? Falso! Mentiroso! Injusto! E Desonesto.

Se Deus disse-se que todos que Ele criasse iriam nascer livres, mas só Ele
deixaria vir à existência aqueles que não iria negá-lo ou dar às costas a Ele,
Deus seria também falso, mentiroso, injusto e desonesto. E o livre arbítrio seria
uma farsa e enganação. Por isso, mesmo sabendo, Lucifer, Adão, Eva, Hitler e
tantos outros, que se rebelaram contra o bem a favor do mal, Deus permitiu
que nascessem.
Talvez você perguntaria: Mas quem ia saber? Ninguém havia sido criado! Não
interessa! Deus não duela com o seu caráter de justiça, não bate de frente
com sua vontade soberana e nem é contrário consigo mesmo em amor.
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“A POSSIBILIDADE DO MAL VIR A EXISTIR FOI O PREÇO
QUE DEUS PAGOU PARA VOCÊ EXISTIR”

Quando Deus permite que pessoas nascem livres com poder de escolha,
capazes de aceita-lo ou rejeitá-lo, é porque a LIBERDADE é REAL, o seu
AMOR é REAL e está conforme o seu caráter.

Você perguntaria: E a dor que as pessoas sentiram, sentem e sentirão por


causas dessas pessoas que praticam a maldade? Deus não pensou
neles?

Pergunto: Quem pagou o maior preço? Jesus Cristo!

1.2 O CONCEITO DO MAL

O que é o mal? De uma perspectiva filosófica, o mal é não auto-existente;


ele é a perversão de algo que já existe. O mal é a ausência ou privação de
alguma coisa boa.

Ex: Só há devastação florestal, por exemplo, enquanto existirem árvores. A


queda de um dente apenas pode acontecer se houver dente.

REFLEXÃO: O MAL EXISTE?

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta: 


- Deus fez tudo o que existe?

Um estudante respondeu corajosamente: 


- "Sim, Ele criou!" - Deus criou tudo, mesmo? - Sim, professor - respondeu o
jovem.

O professor replicou:
- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e
considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então
Deus é mal.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, professor? Sim, pode.
- Professor, o frio existe?
- Mas que pergunta é essa? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu
frio?
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O rapaz respondeu:
- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que
consideramos frio, na realidade é ausência de calor.

- E a escuridão professor, existe? - continuou o estudante.

O professor respondeu: 
- Mas é claro que sim.

O estudante respondeu: 
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é
na verdade a ausência de luz.

Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:


- Diga, professor, o mal existe?

Ele respondeu: - Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos
roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas
coisas são o mal.

Então o estudante respondeu:


- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é
simplesmente a ausência de Deus, a ausência do Bem. Deus não criou o mal.
O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus
corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que
acontece quando não há luz."

O mal é a perversão ou privação(ausência) de alguma coisa boa que


deveria estar presente.

1.3 POR QUE DEUS PERMITIU QUE O MAL EXISTISSE?

COSMOVISÃO CORRETA SOBRE A ONIPOTÊNCIA DE DEUS

Onipotência = Capacidade que Deus tem de fazer tudo de acordo com o


seu caráter.
LEMBRE-SE: Deus é TODO-PODEROSO, mais isso não significa que Ele
pode fazer TUDO. Tem muita coisa que Deus NÃO PODE FAZER. Ex:

a) Deus não pode criar um outro Deus igual a Ele mesmo;


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b) Deus não pode mentir;
c) Deus não pode morrer;
d) Deus não pode pecar;
e) Deus não pode deixar de ser Deus;
f) Deus não pode ser tentado pelo mal;
g) Deus não pode ir contra seu caráter;
h) Deus não pode fazer círculos quadrados
i) Deus não pode ser ILÓGICO.

Não podemos confundir TODO-PODEROSO com a FALTA de LÓGICA. Deus


pode criar uma pedra que Ele mesmo não consegue carregar? Se Deus
criasse não seria TODO-PODEROSO, Ele seria ILÓGICO. Deus pode fazer
tudo, desde que esteja dentro e em conformidade com o seu caráter,
atributos, princípios, leis e da pessoa dEle.

A LEI é a base do CARÁTER de Deus. Deus trabalha com leis LÓGICAS. Se


Deus infligir suas leis não seria TODO-PODEROSO, seria ILÓGICO,
CONTRADITÓRIO, FALSO E IRRACIONAL.

1.4 - Por que Deus não Elimina o Mal imediatamente?

Houve um acidente ferroviário, no qual um homem competen-


te, arrimo de família, foi morto; nas mesmas circunstâncias, um
pedófilo escapou.

A explosão em uma mina matou o provedor de uma família


que executava seu árduo trabalho, e um bêbado vadio — cujas
noites de orgias resultavam em manhãs de sono pesado — foi
"providencialmente" salvo enquanto roncava preguiçosamente na
cama, em casa.

O homem, cheio de vida e talentos, perece na juventude,


enquanto o assassino vive com boa disposição até idade avan-
çada.

O comerciante honesto se mantém com dificuldades,


enquanto observa o político esperto e inescrupuloso acumular
uma fortuna e escapar das malhas da lei.
Annie Besant (1847-1933), tese seu argumento dizendo: “Se de que de fato,
existe um Deus, Ele deveria envolver-se nos negócios da terra. Ele
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deveria se envolver no agora, assegurando que coisas ruins não
aconteçam a pessoas boas e assegurar de que as pessoas más
experimentassem dor e sofrimento. O fato de pessoas boas sofrerem e
pessoas más prosperarem mina a crença no Deus do cristianismo”.

Chamo atenção para dois versívulos bíblicos: 1º) “Pois ele faz nascer o seu
sol sobre maus e bons e faz cair chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).
2º) “Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos
homens” (Salmos 115:16).

No primeiro versículo Deus não faz ACEPÇÃO, oportunidade são para


TODOS. O sofrimento não são para POUCOS, são para TODOS. No segundo
versículo Deus é Todo-Poderoso e tem todo o poder sobre o Céu e sobre a
Terra, mas a autoridade da terra foi confiada ao homem. O que está em jogo
aqui não é o poder, mas a autoridade. Deus criou Adão e Eva no Jardim do
Éden e disse: “cuide desse Jardim” (Gn.2:15). Por isso, os males que
acontecem na terra não são culpa de Deus, mas daquele que tem autoridade
sobre a terra: o homem.

Para os incrédulos, o ser humano divide em dois grupos: "pessoas boas" que
não deveriam sofrer mal, e "pessoas más" que deveriam receber sua parcela
de mal. A bíblica fala DIFERENTE. TODO ser humano é "mal" uma vez que
TODOS pecaram.

A passagem de Romanos 3.23 é bastante clara quando afirma: "Porque todos


pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Mesmo quando achamos
que não estamos pecando, apenas enganamos a nós mesmos. Em 1 Jó 1.8
afirma: "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós
mesmos, e não há verdade em nós". Somos pecadores sempre.

Em comparação a outro ser humano, podemos nos sair relativamente bem. No


entanto, nosso padrão moral não deve basear-se em nenhum outro ser
humano, mas em Deus. E quando nos comparamos a Deus, com sua infinita
santidade e retidão, nosso pecado aparece em toda sua feiúra, e começamos a
duvidar se, de alguma forma, merecemos algo de bom.

O pecado humano sempre aparece de modo claro diante da santidade de


Deus. À luz da santidade dEle, a "sujeira" do pecado aparece como um claro
cristal. Lembra-se do que aconteceu ao profeta Isaías? Ele era um homem
íntegro. No entanto, quando observou Deus em sua infinita santidade, o
pecado pessoal de Isaías foi focado de maneira clara, e ele apenas pode dizer:
"Ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios
impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios" (Is 6.5).

Em vista de que todos somos pecadores (e fomos todos contaminados pelo


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pecado), seria sábio repensar a idéia de que Deus deve livrar-se ime-
diatamente do pecado. Todos poderíamos morrer. Paul Little, apologista
cristão, expõe:

Se hoje Deus erradicasse todo o mal, poderia fazer o serviço


completo. Sua ação poderia incluir nossas mentiras e impurezas
pessoais, nossa deficiência em amar e nosso malogro em fazer o
bem. Suponha que Deus decrete que hoje, à meia-noite, todo mal
será removido do universo — quem de nós ainda restaria aqui
depois da meia-noite?

1.5 - QUAL O OBJETIVO DE DEUS DEIXAR O MAL EXISTIR?

Na filosofia tem uma matéria chamada METAFÍSICA (Doutrina do Ser/O que


é o ser?).

Tem uma máxima na metafísica que diz: “Tudo que existe, existe em duas
formas – POTÊNCIA (POSSIBILIDADE) OU ATO.

Exemplo: Comprar o carro. Enquanto estiver no campo da minha mente e


desejo é apenas uma POTÊNCIA/POSSIBILIDADE. Eu posso ou não comprar
o carro novo. Quando eu resolver comprar de fato o carro, deixou de ser uma
POSSIBILIDADE e passou a ser ATO.

OBJETIVOS PARA EXISTÊNCIA DO MAL

A) A DESTRUIÇÃO FINAL DO MAL

Exemplo: Digamos que eu penso em desenhar um animal que tem como


objetivo fazer o mal, criar o caos e espalhar o sofrimento. O que fazer para que
este animal não venha existir?

a) Matar o desenhista
b) Tirar a capacidade de desenhar
Após desenhar o animal, antes ele era apenas uma POSSIBILIDADE, agora
desenhado virou ATO. Agora sendo ATO, podemos DESTRUIR o animal.

Do ponto de vista na criação de Deus: Como evitar a existência do mal?


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a) Matando a criação dEle
b) Tirar a condição do livre-arbítrio do homem

CUIDADO: Deus não CRIOU o MAL. Quando Deus criou os seres LIVRES, o
mal passou existir inicialmente como POSSIBILIDADE.

ESCUTE: Toda LIBERDADE traz consigo a prerrogativa da ESCOLHA e da


possibilidade de ser TENTADO. Nosso Deus é criador lógico e coerente.

Ao criar o homem e a mulher livres, Deus deu a eles o poder de fazer


ESCOLHAS e de serem TENTADOS. Por isso o diabo tinha que existir e
também a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Infelizmente ou felizmente, através das escolhas erradas, nossos pais


adâmicos foram tentados e caíram, proporcionando o surgimento do PECADO.
Deus não criou o mal, mais PERMITIU que o PECADO de POSSIBILIDADE se
torna-se ATO, que por sua vez poderia ser DESTRUIDO.

IMPORTANTE: Mais para ser destruído o MAL ou PECADO precisaria de um


corpo (representação física do PECADO). Mas porque um CORPO? Tem
como apresentar uma criança que ainda não nasceu? Tem como casar com
alguém que ainda não existe? Tem como orar por um câncer que ainda não
tenho? Claro que não. Por isso a necessidade da MATERIALIZAÇÃO
CORPÓRIA do PECADO. Corpo de quem foi escolhido? JESUS CRISTO!

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as


nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de
Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões,
e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós
andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu
caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”.
(Isaías 53:4-6)
B) EXTRAIR DO MAL O BEM

Deus não criou o mal, não planejou o mal, não desejou a existência do mal.
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Mas a partir do momento que o mal saiu do campo da possibilidade e se tornou
ato, pela liberdade de escolha dos seres vivos, Deus, de forma miraculosa e
incompreensível tira coisas BOAS de situações que Ele não desejou.

Podemos ter certeza de que quando estivermos no céu, na cidade celestial, na


nova Jerusalém, não teremos nunca mais motivos para sofrer: “… lhes
enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá
luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap
21.4).

II - POR QUE DO SOFRIMENTO?

“Agora esvai-se a minha vida; estou preso a dias de sofrimento. A noite


penetra os meus ossos; minhas dores me corroem sem cessar”
(Jó 30.16-17).
Vivemos hoje uma TRIOLOGIA SATÂNICA – nas igrejas evangélicas. A
triologia é – “O MEU DESEJO”, “O MEU DIREITO” e “A MINHA VONTADE”. A
chamada “meritocracia” tem sido caos da maioria das igrejas. Muitos dizem;
Por ser “filho(a) de Deus, “cabeça e não calda” tenho autoridade de não
aceitar qualquer mal, dor e sofrimento. A cruz é a minha garantia de estar
livre do mal. Tomam como base bíblica Isaias 53 onde diz que na cruz Jesus
levou todas as nossas dores.

A tentativa de fazer da Cruz o ponto de anulação de toda dor e


enfermidade é falso é mentiroso e enganoso. A bíblia relata homens e
mulheres de Deus que passaram por algum tipo de sofrimento, dor,
enfermidades, etc.

A) Jacó morreu de uma enfermidade (Gn. 48: 1- 33);


B) Eliseu de uma enfermidade física (II Reis 13: 14);
C) Paulo tinha uma enfermidade física (Gl. 4: 13);
D) Timóteo era suscetível a frequentes enfermidades (I Tim. 5: 23);

Os adeptos da Teologia da Prosperidade poderiam questionar - Como pode


ser isto se Isaías 53 diz que Jesus levou na Cruz todas as nossas dores,
enfermidades, transgressões e iniquidades?
Significado da palavra “LEVAR” em Isaías 53:
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A) Expiatório: Ou seja, Cristo levou (pagou) o que eu mereço sofrer e se
ofereceu a Deus como oferta moral e espiritual substitutiva por mim.

B) Experiência da nossa condição humana : Isto é, "como um que sabe


o que é padecer". Em hebreus 4.15 diz: “Porque não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas
sem pecado”.

Outro erro semelhante é sobre as enfermidades. Salmo 103: 3 diz: "Ele é o


que sara todas as tuas enfermidades". Alguns dizem: Se Deus cura todas
as enfermidades, crente não pode ficar doente. No livro “O Privilégio de
poder Simplesmente dizer tá doendo”, Caio Fabio disse: “...não se pode
dizer que o Cristo que cura, cura sempre. O que se pode dizer é que o
Cristo que cura, salva sempre aqueles que se achegam a Ele”.

Por causa da Teologia da Prosperidade, igrejas estão cheias de uma “legião


de angustiados e frustrados”. Filhos mimados que pensam que não
merecem passar pelo deserto do sofrimento. Mas Jesus disse a respeito de
Paulo o seguinte: “...pois Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo
meu nome” (At 9.6).

Por que do sofrimento? Precisamos entender antes algumas questões para


respondermos tal indagação:

1) O sofrimento não é para poucos é para todos, sem data e hora


marcada. Jesus disse: “No mundo tereis aflições, Mas tende bom
ânimo eu venci o mundo”. Uma vida livre de dor? É impossível!

2) O sofrimento não eterno é passageiro . A confiança do cristão é crer


que toda agonia, dor, sofrimento limita-se somente a esta vida. “Porque
a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso
eterno de glória mui excelente”; (2 Co 4:17).

3) O sofrimento revela a glória futura . Paulo nos exortada dizendo:


"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo
presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada
em nós" (Rm 8.18).
4) O sofrimento nos ajuda a testemunhar de Cristo. O sofrimento não
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é incompatível com a vida cristã. Se o mundo perseguiu a Cristo, não
perseguiria a nós também? “Todo aquele que quiser viver neste
mundo piedosamente, será perseguido” (2 Tm 3:12).

5) O amor de Deus por nós não elimina o nosso sofrimento . Quanto


mais próximos e íntimos dEle mais haverá de nos trazer sofrimento.
Jesus em Mt. 5.11 disse: “Bem-aventurados serão vocês quando,
por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo
tipo de calúnia contra vocês.”

Paulo disse em Rm 8.35-37 o seguinte: “Quem nos separará do amor


de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome,
ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: "Por amor de
ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como
ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em todas estas coisas
somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”.

Notem bem que Paulo não diz que é ao escapar destas coisas que
nós somos mais do que vencedores. E sim que são NESTAS COISAS,
ao PASSAR EM TODAS ESTAS COISAS, é que somos MAIS DO
VENCEDORES EM CRISTO JESUS.

6) A vida do cristão é uma batalha diária . Muitos querem ser


vitoriosos, mas não querem pagar o preço da vitória: Que preço é
esse? “Que nenhuma vitória se conquista sem empenho e sem
lutas”; Willian Penn disse: “Sem dor não há vitória. Sem espinho
não há poder, sem cruz não há coroa”. O amor de Deus nos dá
coragem para enfrentar tudo isso firmado na certeza e convicção.
Na certeza e convicção de que?

7) De que nada nos separará do amor de Deus. Paulo reconhece que


o amor de Deus não nos exime do sofrimento. Mas ele também sabe
que nenhuma dessas misérias, causadas pelo sofrimento, são capazes
de nos separar do amor de Deus. “Pois estou convencido de que
nem morte, nem vida, nem anjos, nem demônios, nem o presente,
nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem
profundidade, nem qualquer outra criatura será capaz de nos
separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
(Rm 8.38-39).

Podemos perder tudo e todos nesta vida, mas, em Cristo, nunca,


jamais, em tempo algum perderemos o amor de Deus. Você ainda
quer saber do Porque do Sofrimento?

Deus não nos poupa do sofrimento, mas caminha conosco no sofrimento.


III - O SENTIDO DA DOR

“Que esperança posso ter, se já não tenho forças? Como posso ter
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paciência, se não tenho futuro?” (Jó 6.11).

Dor tem sentido? Vejamos dois pontos de vista: humano e espiritual:

A) Do ponto de vista físico-emocional (HUMANO):

- Sem os sinais da dor, a maioria dos esportes seria arriscada;


- Sem a dor, a arte e a cultura seriam muito limitadas;
- Sem a dor, não receberíamos o aviso da ocorrência de um enfarto;
- Em suma, a dor é essencial à preservação da vida.

B) Do ponto de vista Divino (ESPIRITUAL) : O alvo de Deus para nós é a


SANTIFICAÇÃO. É termos um “caráter aprovado”. Se o sofrimento for
necessário para isso, Deus certamente usará. O sentido da dor não é
nos punir, mas é nos transformar à imagem de Cristo.

A intenção de Deus é que atravessemos as provações e tribulações da vida


como pessoas melhores do que éramos antes. A maneira humilde de
promover essa transformação e crescimento é negar a nós mesmos, tomar
cada um a sua cruz e seguir a Jesus (Mt 16.24).

O mal não estava nos planos de Deus para nós. Mas já que nós
evidenciamos o mal no Éden, Deus consegue tirar do mal todo o bem que
lhe apraz para o nosso próprio bem e para sua glória.

IV - OS FRUTOS DO SOFRIMENTO

“O único lar pelo qual espero é a sepultura”; “Quem poderá ver alguma
esperança para mim?” (Jó 17.13,15).

1. O sofrimento causa mudança – Na medicina a dor é um sinal de


“advertência”. Na vida cristã a “enfermidade espiritual” é o motivo de
Deus permitir o sofrimento para nos chamar atenção. Provocar
mudanças em nós, nos chamando de novo para perto dEle.
(Lembremos do Filho pródigo). C.S. Lewis, no livro “O Problema do
Mal” sugere: “Deus sussurra para nós em nossos prazeres, fala na
nossa consciência, mas grita em nossas dores”.
2. O sofrimento desenvolve um caráter reto – Jesus é o nosso maior
exemplo disso. Em Hb 5.8 diz: “...aprendeu a obediência por meio
daquilo que sofreu”. Cristo aprendeu, através do sofrimento, a
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plenitude do que significa obedecer e determinar seguir a vontade Pai,
não importa quão elevado seja o custo.

3. O sofrimento nos atrai para Deus – O sofrimento ajuda arrancar


qualquer fingimento em nosso relacionamento com Ele. O sofrimento
nos esvazia de nós mesmos e nos enche dEle mesmo.

4. O sofrimento promove ministração e unidade – Paulo escreve:


“Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”
(Gálatas 6:2).

5. O sofrimento cria um elo de compartilhamento da dor . Paulo em 2


Co 1.5-6 disse: “Pois assim como os sofrimentos de Cristo
transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a
nossa consolação. Se somos atribulados, é para consolação e
salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de
vocês, a qual lhes dá paciência para suportarem os mesmos
sofrimentos que nós estamos padecendo”.

6. O sofrimento nos faz mais parecidos com Jesus . Quanto mais


identificados e dedicados a Cristo, mais sofrimentos. Pedro disse:
"Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também
Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para
seguirdes os seus passos…" (1 Pe2.21).

7. O sofrimento produz crescimento. Rm 5.3-5 diz: “E não somente


isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a
experiência a esperança. E a esperança não traz confusão,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado”.

V - COMO LIDAR COM O SOFRIMENTO?

“De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus


serão perseguidos”. (2 Timóteo 3:12)
O que fazer quando a dor, a angustia e o sofrimento chegar? Antes de
FAZER precisamos antes SABER sobre ação de Deus no nosso sofrimento.

1) Deus está sempre no controle do nosso sofrimento – Deus nunca é


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pego de surpresa. “Tudo que nos acontece passa antes pelo crivo
do amor de Deus por nós”. Talvez nunca venhamos conhecer o real
motivo pelo qual estamos passando tais dores. Mais Deus sabe, fico
tranquilo.

2) Deus sempre tem um limite para o sofrimento – Como diz o ditado


popular: “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Paulo em 2Co 4.8-9
diz: “De todos os lados somos pressionados, mas não
desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos
perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não
destruídos”. Deus estabeleceu os limites do sofrimento de Jó, também
estabelece limites para o nosso sofrimento.

3) Deus sempre proverá um “escape” para que possamos suportar o


nosso sofrimento –Em lugar nenhum da Bíblia temos promessa de
livramento total e imediato do mal. Antes, Deus promete prover graça
para suportarmos todo mal. O salmista disse: “Lança o teu fardo sobre
o Senhor, e Ele te susterá”.

4) Deus sempre nos dará consolado . Paulo relata em 2Co 1.3-4:


“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das
misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em
todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que
recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando
por tribulações”.

5) Deus sempre virá ao nosso socorro . Em Mateus 14.25 nos relata


Jesus andando sobre as águas e sobre uma grande tempestade que
açoitava o barco dos discípulos. No verso 25 diz o seguinte: “Mas, à
quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima
das águas”. Os judeus dividia a noite em quatro vigílias. A Primeira
das 6 da tarde às 9 da noite. A Segunda das 9 da noite a meia-noite;
A Terceira de meia-noite às 3 da manhã e a Quarta de 3 a 6 da
manhã.
Sabe qual é o momento mais escuro? Meia ora antes de despertar o
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novo dia, ou seja, na quarta vigília. Se você está no momento mais
escuro de sua vida, se você acha que não há mais solução, não há
mais saída, não tem mais forças, que a dor está insuportável,
lembre-se do Sl 30.1 diz “O choro pode durar uma noite mais a
alegria vem pela manhã”. No momento mais escuro, a alegria, Jesus
aparecerá. Ele prometeu. Ele é fiel. Apenas confie.

6) Deus sempre está conosco no sofrimento. Mas assim diz o Senhor:


“Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem
apavorados por causa delas, pois o SENHOR, o seu Deus, vai com
vocês; nunca os deixará, nunca os abandonará”. (Dt 31.6)

Como lidar com o sofrimento? Após SABER! O que FAZER ante a dor?

1) Medite na bíblia, Ore e continue a caminhada pela fé – A bíblia é


a lâmpada para os nossos pés. Jamais duvide na escuridão
daquilo que Deus já lhe mostrou claramente na luz das
Escrituras Sagradas.

2) Confie completamente em Deus – Não se precipite. Não tente dar


uma mãozinha para Deus. Não tente resolver tudo sozinho(a). de
cabeça quente. Quando não temos escolhas, a melhor escolha é
confiar em Deus e nas suas promessas. Sl 46.10ª diz: ”Aquietai-vos
e sabeis que Eu Sou Deus”.

3) Não Estranhar o sofrimento - Hoje vemos pessoas muito


indispostas a passar por lutas, dor e sofrimento. O Ap Pedro nos
orienta dizendo: "Amados, não estranheis o fogo ardente que
surge no meio de vós (…) como se alguma cousa extraordinária
vos estivesse acontecendo", (1 Pe 4.12). A reflexão de Pedro é:

a) O sofrimento não deve nos endurecer nem nos deixar apáticos . A


nossa entrega a Deus leva-nos à ação. Devemos semear ainda que com
lágrimas. Devemos amar, ainda que rejeitados. Devemos abençoar
ainda que amaldiçoados. Devemos orar, ainda que perseguidos.
Salmos 126:5,6 diz: “Aqueles que semeiam com lágrimas, com
cantos de alegria colherão. Aquele que sai chorando enquanto
lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus
feixes”.
b) O sofrimento é purificador. O sofrimento quando vivida na dimensão
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correta nos leva para frente, nos transforma e faz uma faxina em nós,
tirando tudo aquilo que não presta. O sofrimento passa não ser estranho
a nós, mais passa ter sentido, significado e esperança de triunfo para a
glória de Deus.

CONCLUSÃO

Como crentes em Cristo, precisamos crer que o sofrimento é uma prova de um


Pai amoroso, e não um ardil para nos destruir. O sofrimento não é anormal
nem estranho. O sofrimento é o caminho da glória, uma oportunidade para ser
bem-aventurado e para glorificar a Deus. O sofrimento é uma oportunidade
para nos entregarmos a Deus e fazermos o bem aos outros, dando testemunho
da nossa fé.

O Calvário é a grande prova que Deus dá de que o sofrimento segundo a


vontade divina sempre conduz à glória.

Não é fácil sentir dor, mais pode ser suportável. Não é fácil passar pela dor,
mais se crermos, certamente nunca estaremos sozinhos.

Temos o direito de ficarmos tristes. Temos o direito de prantear, chorar e


gritar. Temos o direito de questionar. Temos o direito de compartilhar
nossa dor. Temos o direito de pedir ajuda. Temos o direito de nos
solidarizarmos com a dor do outro, enquanto sofremos. Só não temos o
direito de DESISTIR, de entregar os pontos, de jogar a toalha, de culpar a
Deus e pedir que a morte nos leve. Porque? Por que o sofrimento nos
leva a celebrar a vida.

No livro “Quando a Vida nos Machuca - Compreendendo o lugar de Deus


em sua dor” – Autor: Philip Yancey. termina o livro com este pensamento.

"Se amarmos a Deus e nele amarmos os outros,


teremos prazer em deixar que o sofrimento
destrua em nós qualquer coisa que Deus
queira que por Ele seja destruída,
porque sabemos que tudo o que o sofrimento
destrói não tem importância.
Preferiremos deixar que o lixo acidental da vida
seja consumado pelo sofrimento
para que a glória de Deus possa
transparecer em tudo o que fazemos."

Thomas Merton

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