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A resposta de Leibinz ao argumento do mal:

Como crítica ao argumento do mal construiu-se uma teodiceia para mostrar que a premissa “se o Deus teísta existe,
então não há mal no mundo” é falsa, o mal e a existência do Deus teísta são compatíveis.

Gottfried Leibniz elaborou uma das teodiceias mais influentes e dedicou-se a responder a duas questões : a primeira,
como justificar o mal no mundo frente à infinita bondade e onipotência divinas? Se Deus é bom e, tudo o que existe,
existe segundo sua vontade, como pode existir o mal no mundo?

A teodiceia de Leibniz apresenta a seguinte estrutura argumentativa:

1)Deus criou o melhor de todos os mundos possíveis e o melhor de todos os mundos possíveis tem partes
indesejadas, ou seja, males.

2)se a premissa 1 e verdadeira, então Deus permite o mal.

3)Logo, Deus permite o mal. (de 1 e 2, por Modus Ponens)

premissa 1 Deus criou o melhor dos mundos possíveis, Ele escolhe voluntariamente o melhor, pois ao contrário não
seria perfeito. Isto decorre da definição do Deus teísta. Porque, sendo Deus omnipotente e omnisciente, Deus
sempre é obrigado a criar o melhor, neste caso o melhor mundo possível.

No segundo conjunto da premissa 1, Leibniz salienta que um mundo sem qualquer tipo de mal não seria o melhor
mundo possível. Mas porquê? Porque algumas partes más do mundo são tais que, se Deus se eliminasse estaria a
eliminar partes boas e valiosas do mundo que superam esses males. Por exemplo, vamos supor que o ato de perdoar
é um aspeto valioso e bom do nosso mundo (dado que por exemplo fortalece as relações) todavia é impossível haver
perdão sem haver algum tipo de ofensa, ou seja, algum tipo de mal.

Alem disso, parece que o livre arbítrio é um bem maior para o ser humano; Mas é impossível haver livre arbítrio
genuíno sem a possibilidade de se escolher e efetivar coisas mas, havendo assim males morais. Também se pode
alegar que os males naturais são necessários para se desenvolverem virtudes como coragem ou compaixão. Ou seja,
num mundo sem mal, não existiria oportunidades para as pessoas desenvolverem o seu carater moral.

Ou seja, o bem significa o triunfo sobre o mal e para que haja bem é necessário que haja mal. O mal que existe no
mundo é o mínimo necessário para que haja um máximo de bem.

. O mal que o ser humano pratica faz parte da permissão de Deus, pois o homem é dotado de liberdade.

De fato, ele chegou ao ponto de afirmar que a presença do mal cria um mundo melhor, pois "pode acontecer
que o mal seja acompanhado por um bem maior".[5] Em outras palavras, Leibniz argumentou que o contraste
fornecido pelo mal pode resultar na produção de um bem maior. Sem a existência do mal, tudo seria bom; a
bondade não mais pareceria boa, seria simplesmente normal e esperada, não mais elogiada

Segundo Leibniz, o pecado é necessário para criar o melhor de todos os mundos possíveis e é resultado do
nosso livre arbítrio

Uma das formas como Lebniz refuta o argumento do mal é com recurso ao livre arbítrio:

Poderíamos então questionar o seguinte: se Deus nos criou livres sabendo que poderíamos pecar, então porque nos
criou? Para Leibniz, Deus nos criou livres, isto é deu-nos a capacidade para escolhermos o que fazer, pois do contrário
seríamos meros fantoches na vida, robots, programados apenas para realizar boas ações Por bondade, Deus deu-nos
livre-arbítrio pois mais vale um mundo onde as pessoas tenham liberdade nas suas escolhas, mesmo que algumas
contribuam para a existência do mal, do que não haver livre- arbítrio. Deus não é o mal ao deixar o ser humano
sofrer pelas suas escolhas. Temos que assumir a nossa condição humana com suas alegrias e dores.
-Objeções á resposta de Leibniz

. Provavelmente há males injustificados

1)Deus criou o melhor de todos os mundos possíveis e o melhor de todos os mundos possíveis tem partes
indesejadas, ou seja, males.

2)se a premissa 1 e verdadeira, então Deus permite o mal.

3)Logo, Deus permite o mal. (de 1 e 2, por Modus Ponens)

Na justificação da premissa 1 do argumento de Leibniz, salienta-se que todos os males são justificados(ou seja, os
males são necessários para se obterem bens maiores). Mas ainda que alguns males sejam necessários para se
obterem bens maiores, pode-se argumentar que aparentemente há males que não servem para qualquer propósito
benéfico e que não contribuem para bens maiores. Ou seja, parece haver males injustificados.

Com base neste caso pode-se argumentar que, apesar de Deus poder ser compatível com males justificados, o
problema do mal continua, pois uma vez que a existência de Deus é incompatível com males gratuitos e não
benéficos.

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