Você está na página 1de 1

Se Deus existe, porque é que há mal no mundo?

De acordo com Leibniz, Deus criou o melhor de todos os mundos possíveis. Isso
decorre da definição do Deus teísta. Porque sendo Deus omnipotente e
omnisciente, nada há que o possa impedir de criar o melhor mundo, e a sua
perfeição moral obriga-o a criar o melhor mundo possível. Portanto, se Deus
existe, o nosso mundo é o melhor. Para Leibniz os males que nos parecem
gratuitos não os são de facto. São características de bens que Deus promove. Deus
não poderia criar um mundo maximamente perfeito sem criar ao mesmo tempo,
coisas que, aos nossos olhos, nos parecem males gratuitos, apesar de não o
serem. Leibniz considera que não há afinal qualquer mal gratuito. Os muitos males
que parecem fazer parte do Universo são afinal constituintes de bens muitíssimo
mais importantes. Leibniz admite, pois, que existem males, mas nega que sejam
gratuitos é por isso que são compatíveis com a bondade, omnipotência e
omnisciência de uma pessoa divina que criou o Universo e tudo o que ele contém.
Contudo, o conhecimento imperfeito dos seres humanos não lhes permite ver a
totalidade do Universo, e por isso não vêm os bens associados aos males a que
assistem.

Colocar o problema do mal obriga a ir para além da questão lógica que subjaz à
afirmação da veracidade das proposições "Deus existe e é omnipotente e bom" e
"existe mal no mundo", ou seja, dizer que a primeira proposição é verdadeira é,
na verdade, consistente com a afirmação de que a segunda proposição também é
verdadeira. E Leibniz diz-nos porquê: Deus deve (ou pode) ter uma razão
suficiente para tal; o facto de não percebermos qual, não quer dizer que ela não
exista. Dizer que o mal existe para que, por contraste, possamos apreciar melhor o
bem faz sentido. É a diferença que nos permite compreender e valorizar os
opostos.

Gonçalo Escadas 11M

Você também pode gostar