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RELIGIÃO

O PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DE DEUS Argumento nuclear: Se tudo aquilo que


Este problema coloca-se no âmbito da existe tem no mundo tem uma ordem e
teologia e da filosofia e não propriamente no causa, o Universo ao existir terá
da religião. necessariamente uma causa primeira que
seja a causa de todas as outras coisas que
A religião é a necessidade do ser humano de
existem; caso contrário, a cadeia de
explicar o universo, de encontrar um sentido
causalidade estender-se-ia indefinidamente
da existência humana. O Universo e a vida são
geralmente apresentados como criação de ↓
um ou vários deuses. Pelo facto de o Ou seja, se tudo aquilo que existe tem uma
argumento da religião para a existência de causa, então o Universo, uma vez que existe,
Deus ser suportado pela fé → Logo, este tem necessariamente uma causa também
problema não se coloca Tipo de argumento: A posterior. Constatação,
O facto de não existirem provas concretas por intermédio da experiência, de que o
evidentes da existência de Deus e o de esta Universo existe e todos os acontecimentos
entidade exercer uma forte «presença» no dependem de uma causa anterior.
espírito da humanidade tem gerado um CRÍTICAS E RESPOSTA ÀS CRÍTICAS
conjunto de reflexões e discussões sobre este ➔ Qual a razão de Deus não ter uma causa
problema. se o Universo necessita dela para existir?
Para estudar a religião do ponto de vista da Ou seja, porque é que o Universo precisa de
filosofia procuramos encontrar argumentos uma causa para existir e Deus não? Ao
dentro da racionalidade humana que tornem afirmarmos que Deus não precisa de uma
consistente a admissão da existência de causa, o princípio da causalidade deixa de
Deus. ser válido.
CONCEITO TEÍSTA DE DEUS Resposta: Deus tem uma causa, Ele é a
Deus é um ser único, omnisciente (que tudo causa de si mesmo, se assim não fosse ele
sabe), omnipotente (que tudo pode), que é não seria Deus. A causa primeira não pode
sumamente bom (ou moralmente perfeito) e ser uma entidade física, pois estaria sujeito
que criou o universo e tudo o que nele existe. ao espaço e ao tempo. Deus existe fora do
ARGUMENTOS QUE PROVAM A EXISTÊNCIA mundo, por isso não está sujeito ao espaço
DE DEUS e ao tempo, pelo contrário é a causa do
espaço e do tempo
1. ARGUMENTO COSMOLÓGICO
↳ Logo, Deus é a causa primeira
Criadores: Aristóteles e S. Tomás de Aquino
Pressuposto: Admite a existência de Deus a ➔ Porque terá de existir uma causa primeira
partir da necessidade de existir um criador e não uma série infinita de relações
para o Universo que seja a causa de tudo. causais? Ainda que todos os acontecimentos
↓ tenham uma causa, tal não significa que
Ou seja, como não conseguimos encontrar exista uma primeira causa de tudo. A série de
nada no Universo que seja a causa de si causas e efeitos podia estender-se ao longo
mesmo, a causa do Universo terá, de um tempo sem fim. Tudo o que existe tem
necessariamente, de se encontrar fora dele, uma causa é compatível com a ideia de um
isto é, terá de ser uma entidade não física mas mundo sem princípio e sem fim.
apenas inteligente, neste caso, Deus. Deus
existe enquanto causa primeira de todas as
coisas, da qual todas as outras dependem.
Resposta: Embora o infinito exista enquanto ideia que temos de um ser mais que perfeito
ideia no nosso pensamento, isso não significa do qual nada maior possa ser pensado seja
que a infinitude exista na realidade. A ciência verdadeira.
prova que o Universo não é infinito, a partir da
Tipo de argumento: A priori. Parte apenas do
teoria do Big Bang, logo ele teve um início.
pensamento, da ideia de Deus, para deduzir a
➔ Que garantias temos de que Deus é a sua existência, sem recorrer aos dados
causa primeira? Porque é que a ideia de empíricos.
causalidade não se estende para além de
CRÍTICAS E RESPOSTA ÀS CRÍTICAS
Deus?
➔ Será que basta termos a ideia de algo
Resposta: A garantia que temos de que Deus sumamente perfeito para provar a sua
é a causa primeira, provém da verdade existência? Ou seja, será que basta termos
essência do raciocínio filosófico, de que a na nossa mente a ideia de perfeição para ele
causa primeira deve transcender o mundo existir?
físico, não estando por isso sujeita às
Resposta: Deus é caracterizado como um ser
condições espaciotemporais, logo tem de
que contém todas as perfeições, do qual
provar de uma inteligência pessoal, neste
nada maior pode ser pensado. Logo, se nosso
caso, Deus.
pensamento existe um ser com estas
2. ARGUMENTO ONTOLÓGICO qualidade é necessariamente obrigatório Ele
Criadores: Descartes e Snt. Anselmo existir.
Pressuposto: Deduz a existência de Deus, a
➔ Poderá deduzir-se a existência de algo
partir da ideia de que todos os indivíduos têm
a partir, somente, do pensamento puro?
no seu pensamento a ideia de que Ele é um
Deduzir a existência de Deus a partir de uma
ser perfeito do qual nada maior pode ser
ideia não pressupõe que Ele contenha todas
pensado.
as perfeições. Mas todos os seres humanos
↓ têm a ideia de que Deus é um ser do qual
Ou seja, sendo que todos os seres humanos nada maior pode ser pensado, logo este tem
têm a ideia de que Deus é um ser perfeito, de conter todas as perfeições, senão não
para deduzir a sua existência. Não podemos seria Deus.
ter na nossa mente essa ideia e depois não
afirmarmos que Ele não existe, pois isso seria 3. ARGUMENTO TELEOLÓGICO
contraditório Criadores: William Paley
Pressuposto: Afirma a existência de Deus a
Argumento nuclear: Se todos os seres partir da relação estabelecida entre os
humanos têm a ideia de um ser mais que artefactos criados pelo ser humano com uma
perfeito, ele tem de existir; caso contrário finalidade e a necessidade de o Universo ter,
essa ideia que temos de um ser mais que também, um criador
perfeito não seria verdadeira

↓ Ou seja, é estruturado a partir da analogia
Ou seja, se tivéssemos em nós a ideia de que feita entre os artefactos criados pelo ser
Deus é perfeito e ele não existisse na humano e a Natureza
realidade, poderíamos pensar na existência
de ser mais perfeito que Deus e contenha Argumento nuclear: Ao constatarmos que
todas as perfeições do mesmo. Logo, Deus todas as coisas criadas pelo Homem têm
tem necessariamente de existir, para que a uma finalidade e apresentam organização e
harmonia entre todos os seus componentes,
deduzimos que o Universo, por apresentar seres vivos que se foram progressivamente
uma complexidade maior e uma harmonia e adaptando às adversidades do meio,
ordem entre todos os seus elementos, evoluindo para serem mais complexos,
demonstrando, um fim qualquer, terá também conforme afirma a teoria de Darwin?
necessariamente de ter um criador, que será
Resposta: A teoria evolucionista (que foi uma
Deus.
evolução dos seres vivos para serem mais
↓ complexos) não põe em causa a tese
Ou seja, ao constatarmos que um objeto criado criacionista (que foi Deus que provocou esta
pelo ser humano, todos os componentes complexidade): elas poderão coexistir. O ser
existem com um propósito, percebemos que humano pode ter-se tornado mais complexo,
foi fruto de uma inteligência. Verificamos que, em função da sua progressiva «adaptação»,
no Universo, essa ordem e harmonia também mas o ponto de partida terá sido dado por
existe, e que, sem eles, o seu funcionamento Deus, permitindo, assim, a sua evolução, cuja
não seria possível, conferindo-lhe assim um finalidade reside em Deus.
fim. Logo, da mesma forma que existe um
criador inteligente para os artefactos, também ➔ Se Deus é o criador e a finalidade
tem de existir um criador inteligente para o absoluta do Universo, como explicar o
Universo e, tendo em conta a sua sofrimento e todos os dramas que assolam
complexidade e perfeição, o seu autor não a existência humana? Ou seja, se Deus é o
poderia ser nenhuma entidade física, teria de criador do Universo e se o criou com uma
ser uma inteligência divina, ou seja, Deus. finalidade, será que Deus também é o
responsável pelo mal, então porque é que o
Tipo de argumento: A posterior. Parte da criou?
observação empírica para constatar que tudo Resposta: A religião, ao definir Deus como
na Natureza tem uma função e uma finalidade. um ser infinitamente bom, torna este
argumento contraditório. Mas alguns teóricos
CRÍTICAS E RESPOSTA ÀS CRÍTICAS afirmam que o mal existe com uma finalidade
➔ De que forma o raciocínio por analogia é que só Deus conhece ou que o entendimento
suficientemente consistente para provar a humano ainda não teve capacidade de
existência de algo? Ou seja, como é que se compreender.
pode comparar a existência e o funcionamento
de um artefacto à complexidade do Universo?

Resposta: A complexidade de um relógio


pouco tem a ver com a complexa organização
do Universo. No entanto, do ponto de vista
lógico, o raciocínio é coerente, pois esta
sintonia/harmonia existente entre todas as
constantes que compõem o Universo não
poderia provir do acaso, por isso necessitaria
de um criador inteligente, neste caso, Deus.

➔ Que garantias temos de que a


complexidade da Natureza e a dos seres
vivos se deve a um criador e não a uma
evolução dos mesmos? Ou seja, porque é que
esta complexidade não foi causada pelos
ESTÉ TICA
Não há uma verdade única quando se trata
PROPRIEDADES ESTÉTICAS
de juízos estéticos. Se o sujeito A afirma que x
Um dos objetivos da estética filosófica é
é belo e o sujeito B defende o contrário,
compreender a natureza das propriedades
nenhum deles está mais certo do que o
estéticas. Exemplos:
outro, dado que a beleza está nos olhos de
● Beleza
quem vê e não nas próprias coisas.
● Harmonia
● Delicadeza Quais as dificuldades?
● Originalidade (...)
O problema do gosto: Se os juízos estéticos
OBJETO ESTÉTICO são meras expressões individuais do gosto,
Um objeto estético é algo a que pode ser não deveremos comportar-nos como se
atribuída uma propriedade estética, seja ou tivessem validade universal nem dar
não um objeto no sentido literal, uma vez que importância às justificações que podem
atribuímos propriedades estéticas tanto a uma defender este ou aquele juízo estético
obra de arte como a aspetos da Natureza.
Argumento da coincidência de valores:
JUÍZO ESTÉTICO Existe um largo consenso na atribuição de
Quando atribuímos uma propriedade estética a certas propriedades estéticas a alguns
um objeto, fazemos um juízo estético. O juízo objetos, reforçando a tese da objetividade
estético é um enunciado valorativo, capaz de dessas propriedades, ou seja, de que alguns
exprimir uma experiência estética e em que se objetos têm realmente essas propriedades
atribui uma propriedade estética a algo que estéticas.
percepcionamos.
OBJETIVISMO ESTÉTICO
➔ Por vezes, as pessoas discordam quanto O que é?
aos juízos estéticos que consideram Defende que os juízos estéticos são
verdadeiros. objetivos, ou seja, verdadeiros ou falsos
apenas em função de propriedades que os
SUBJETIVISMO RADICAL
objetos efetivamente têm, e não em função
O que é?
de sentimentos do sujeito que faz o juízo.
Defende que: os juízos estéticos são
Exemplo: “x é belo, mas não gosto de x”.
subjetivos, uma vez que atribuem aos objetos,
propriedades que são meras projeções, ↓
resultantes dos sentimentos de prazer ou Os juízos estéticos têm validade universal.
desprazer que ocorrem no sujeito. Logo, os Quais as dificuldades?
juízos estéticos têm apenas validade
individual. Argumento do desacordo insanável:
Existem desacordos em relação às
Concluindo: propriedades estéticas atribuídas aos objetos.
- Os juízos estéticos são juízos sobre o que nos Não é raro alguém considerar que uma certa
é ou não agradável. obra de arte é elegante, ao mesmo tempo
- A função dos juízos estéticos não é a de que outra a considera vulgar e grosseira.
descrever a realidade e indicar propriedades
que os objetos tenham, mas sim a de traduzir Argumento da estranheza: Não existem
os sentimentos do sujeito transmitidos através dados que possam esclarecer o que são as
da percepção de um certo objeto. propriedades estéticas nem sequer uma
forma de saber se elas existem no mundo
independentemente dos sentimentos dos
observadores. Logo, as propriedades que
existem são propriedades estranhas
(ou seja, desconhecidas), contrariamente às
propriedades objetivas, como ter cinco
metros ou pesar um quilo.

SUBJETIVISMO MODERADO
David Hume defende que:
- Os juízos estéticos são subjetivos.
- Existem juízos estéticos que são verdadeiros
ou falsos independentemente dos gostos
individuais.

Kant defende que:


- Os juízos estéticos são subjetivos.
- Os juízos estéticos têm validade universal

EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
Para os subjetivistas: os subjetivistas
defendem que a experiência estética se
caracteriza pela ocorrência no sujeito de uma
emoção, que acompanha a percepção dos
objetos estéticos.

Para os objetivistas: os objetivistas defendem


que o que marca a experiência estética é a
percepção de certas propriedades dos objetos,
como a sua estrutura ou forma.
AR TE

Filosofia da arte - relacionada com questões Tese central da teoria da imitação:


com a Natureza, a produção, a apreciação e a x só é uma obra de arte se for uma imitação,
avaliação das obras de arte → A questão ou seja, se x é arte, então x é uma imitação.
principal é a da Natureza
➔ Se a teoria da imitação for a correta para
O que é a arte? definir o que é arte, então uma obra de
A arte contemporânea colocou a questão de arte será tanto melhor, quanto mais fiel à
saber o que é a arte de forma exemplar, realidade ela for
sobretudo através do surgimento dos objetos
OBJEÇÕES
ansiosos.
Objeção da pintura abstrata, Objeção da
Objetos ansiosos: são produções artísticas arte decorativa e a objeção da música
feitas deliberadamente para manter a instrumental: todas estas formas de arte
incerteza sobre se são ou não são obras de não imitam necessariamente nada, são
arte simplesmente exemplos de obra de arte
genuínas, logo, a teoria da imitação fica posta
Dizer que algo é uma obra de arte é dizer que em causa
esse objeto pertence a uma determinada
2. TEORIA DA EXPRESSIVIDADE
classe (à categoria de arte) → Sentido
Tolstoi: defende que a arte é uma forma
classificativo (descritivo) da palavra arte
de um homem (o artista) comunica
Dizer que uma obra de arte é dizer que além
conscientemente aos outros e, que as
de pertencer a essa categoria, é um bom
pessoas a quem esses sentimentos foram
exemplo dessa a categoria (é uma boa obra de
transmitidos irão ser contaminados por eles e
arte) → Sentido valorativo (avaliativo) da
irão ter a experiência que originou o artista a
palavra arte, implica atribuir um determinado
criar essa obra.
valor estético ao objeto em causa
Condições necessárias que em conjunto
TEORIAS DA ARTE
são suficiente para que seja arte:
1. TEORIA DA IMITAÇÃO → o artista tem de experimentar
Platão: defende que as obras de arte são determinados sentimentos ou emoções
cópias da realidade que estão ao alcance dos (condição experimentalista)
nossos sentidos e destinam-se a iludir-nos. → o artista tem de produzir uma obra que
Acredita que esta tese deve ser repudiada exprima os seus sentimentos (condição
(abandonada) expressivista)
Aristóteles: atribui um papel social → o público têm de ser contagiado pelos
importante, uma vez que liberta sentimentos sentimentos do artista (condição identitária)
ao público
Tese central da teoria da expressividade:
Afirmar que a imitação é uma condição x é uma obra de arte se, e só se, transmitir
necessária para a arte é afirmar que algo só é emoções do seu criador a um público
arte se for uma imitação, o que é muito
➔ Esta teoria não fornece um critério seguro
diferente de dizer que a imitação é uma
de definição de arte
condição suficiente para a arte. Isso significaria
que tudo o que envolve imitação é arte
OBJEÇÕES Objeção 3: Consiste no facto de nós termos
Objeção à condição experimentalista: Esta sentimentos e como é que poderemos
objeção consiste no facto de nem todas as diferenciar o que são os nossos sentimentos
obras de arte não terem como base uma e o que são uma emoção estética.
vivência do artista, mas a imaginação, . . .

Objeção à condição expressivista: Esta


objeção consiste no facto de nem todas as
obras de arte expressarem os sentimentos do
artista naquele momento.

Objeção à condição identitária: Esta objeção


consiste no facto de ser implausível defender
que o estatuto de uma obra enquanto arte está
dependente do facto de alguém ter uma
experiência semelhante à do seu criador,
quando a contempla. As emoções do
auditório não têm de ser iguais às do artista

3. TEORIA DA FORMA
Clive Bell: defende que as obras de arte
trata-se de uma composição de linhas, cores,
formas, (..), que têm a capacidade de originar
uma emoção estética (nojo, solidão, ... ) no
espectador .

Todas as obras de arte possuem uma forma


significante, esta é a propriedade dos objetos
capazes de produzir uma emoção estética

Tese central da teoria da imitação:


X é uma obra de arte se, e só se, x foi
concebido (principalmente) para exibir forma
significante.

OBJEÇÕES
Objeção 1: O facto de nem sempre ser
possível apreciar uma obra de arte sem ter em
conta o que aquela obra representa (uma fruta,
um monumento). Depois de identificarmos o
que representa a forma significante não terá o
mesmo impacto.

Objeção 2: Consiste no facto de ser difícil


distinguir o valor de uma obra de arte genuína
de uma obra de arte falsificada, uma vez que a
falsificação for realmente boa nos trará os
mesmos sentimentos que a original.

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