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Teísmo: doutrina que acredita num só Deus, assumindo-o como realidade suprema, absoluta e

transcendente, um algo que não pode ser inteiramente definido com as palavras de que o ser humano dispõe.
Para os teístas Deus é o criador do universo e de tudo quanto existe, sendo o fundamento da moral, do
conhecimento e das leis. É pessoa que, embora transcendente, pode entrar em relação com o ser humano.

Características de Deus segundo os teístas:


▪ Ser pessoal, carente de corpo
▪ Único criador e sustentáculo do Universo.
▪ Ser omnipotente (pode tudo; é todo-poderoso, o que faz com que não exista nenhuma ameaça que esteja
acima dele).
▪ Ser omnisciente (tudo sabe, podendo ser o garante da justiça, pois não pode ser enganado).
▪ Ser omnipresente (está simultaneamente em toda a parte, pelo que pode garantir uma proteção permanente)
▪ Ser perfeitamente livre.
▪ Ser eterno.
Religiões ocidentais: judaísmo; cristianismo e islamismo.
Para as religiões ocidentais, a tese central é a existência de Deus, e esta, só por si, justifica a existência do
mundo enquanto criação divina.
Judeus, cristãos e muçulmanos são designados monoteístas, ou teístas, pois acreditam num só Deus.

Religiões ocidentais
Visão linear da história, isto é, a história tem um princípio e um fim, o mundo foi criado em
Visão histórica determinada altura e em algum dia terá um fim.
Conceito divino Deus é o criador, todo poderoso e absoluto. O monoteísmo é a característica típica.
Existe um abismo entre Deus e o ser humano, entre o criador e aquele que foi criado. O
Perceção por parte pecado religioso consiste no desejo do ser humano se transformar em Deus, em vez de se
da humanidade submeter à sua Vontade.
Deus redime o ser humano do pecado, da mesma forma que o julga e pune. Noção de
Salvação existência de uma vida além da morte, no Céu ou no inferno.
Os chefes religiosos têm uma relação ativa com a sociedade. O ser exterior existe para ser
Ética controlado. São comuns as religiões de Estado.
Culto Oração, pregação e louvor.

Ateísmo: doutrina que nega a existência de Deus ou de deuses. Os ateístas consideram que toda a
crença em Deus é um atentado a liberdade humana e como tal, deve ser combatida.
Agnosticismo: teoria que racionalmente não coloca a existência de Deus, pois considera-O incognoscível, isto
é que escapa ao nosso conhecimento. Os agnósticos não colocam em causa a sua existência de Deus, visto
que consideram um mistério inacessível.
O agnosticismo pode ser estritamente pessoal ou confessional. No primeiro caso, dizer “não tenho uma
nenhuma crença firme em Deus”. No segundo caso, ter uma pretensão que nada deveria alimentar uma
crença positiva a favor ou contra a existência divina.
Politeísmo: acredita em mais do que um Deus
Qual o sentido da vida ou da existência?
Normalmente, só procuramos resposta ao sentido da vida e da existência quando algo nos corre mal, quando
estamos infelizes ou quando sentimos alguma inquietude face ao sentido da nossa existência, ou seja,
quando nos questionamos quando reconhecemos a nossa finitude.
Sentido da vida ou da existência: é a finalidade, o objetivo ou o propósito pelo qual viver, mas,
simultaneamente, o valor da vida. Depende de encontrar o objetivo geral para as nossas ações e experiências.
Num ponto de vista mais religioso, no qual as pessoas procuram o sentido da sua vida na crença e na fé em
Deus, o sentido da vida reside fora de nós, ou seja, reside em Deus. Depende da sua existência de Deus e da
crença de uma vida após a morte que tudo recompensará.
Para o crente, esta resposta é a que melhor esclarece as experiências e as questões radicais postas pela
realidade e pela existência. Deus é o sentido último de todo o sentido. Ele é a razão de todo o sentido.
Muitas outras pessoas procuram o sentido da vida na sua essência íntima, isto é, fora do âmbito da religião
e das crenças religiosas. Para elas o sentido da vida deve-se à procura da felicidade, de objetivos para
concretizar, participar em atividades que tragam felicidade entre vários outros casos.
Duas respostas não-religiosas ao problema do sentido da existência:
➢ Resposta de Richard Taylor:
Taylor acredita na perspetiva subjetiva da existência, a qual afirma que a vida terá subjetivamente
o sentido que qualquer um de nós lhe der, desde que sejamos felizes. Assim, acredita que o
sentido da vida depende da nossa vontade e da nossa motivação e são os nossos desejos que
definem se o que fazemos vale ou não a pena.
➢ Resposta de Susan Wolf:
Wolf acredita que o sentido da vida consiste na entrega ativa àquilo a que se chama projetos de valor ou
de mérito.
Segundo ela há ideias, objetos e atividades melhores do que outros, devendo, por isso, escolher-se aquilo
que mais vale a pena por mais difícil que seja, isto é, devemos escolher aquilo que aparenta ter um valor
positivo, mas que nos fará sentir realizados e, consequentemente, felizes. Esta definição do melhor ou
pior resulta da conjugação da nossa subjetividade com a objetividade que nos é exterior.
Assim para Susan Wolf, o sentido da vida assume uma perspetiva objetivista, estabelecendo uma
ligação entre a felicidade e o sentido objetivo concebido. Este sentido objetivo concebido resulta
de viver de um modo que vise a preservação, a promoção ou a criação de valor cuja fonte seja
exterior a nós e de um modo que possa ser compreendido e admirado de pontos de vistas
diferentes do nosso.
Argumentos teístas de demonstração da existência de Deus
Haverá boas razões que mostrem que há ou não Deus? A resposta a esta questão assenta tradicionalmente
em três argumentos teístas:
• Argumentos do desígnio ou teológico
Tipo de A posteriori: dependem de princípios que só podem ser conhecidos através da nossa experiência do
argumento mundo.
Finalidade Provar a existência de Deus, tendo como ideia central assente no propósito que nós aparentemente
detetamos no funcionamento do mundo natural provando a existência de um agente criador e
responsável por ele.
O que diz o Baseia-se na observação direta do mundo e apoia-se na ideia de que o universo é como uma
argumento máquina constituída por partes que conjuntamente tendem para um fim. Basicamente, procede
por meio de uma analogia e sustenta que as máquinas são o produto de um desígnio inteligente e se
o universo se assemelha a uma máquina, então também foi produzido por um desígnio inteligente,
Deus. Afirmando que a beleza, a ordem, a complexidade e o aparente propósito observáveis no
mundo que nos rodeia não podem resultar simplesmente de processos naturais casuísticos e
insensatos.
Críticas ao • É um argumento por analogia que opera através da pretensão de que duas coisas são
argumento suficientemente semelhantes em certos aspetos conhecidos para justificar a suposição de que elas
se assemelham também uma à outra noutros aspetos desconhecidos. Por esta razão, a conclusão
que alcançarmos será pouco consistente.
• Nada mostra que o universo em si mesmo é um sistema teleológico - não sabemos qual a sua
finalidade.
• Só afirmar que o universo tem em si muitas partes naturais que se assemelham a máquinas; não
demonstra que o desígnio inteligente do universo seja necessariamente o Deus teísta.
Teleológico: Relativo ou dotado de propósito. Um sistema teleológico é composto por partes que
funcionam conjuntamente tendo em vista uma finalidade.
• Argumentos cosmológico ou da primeira causa
Tipo de A posteriori: dependem de princípios que só podem ser conhecidos através da nossa experiência do
argumento mundo.
Finalidade Provar a existência de Deus, assentando numa relação de causa efeito que se observa nas coisas
criadas no mundo. Todavia, afirma que é necessário que haja uma causa primeira (que é Deus) que
por ninguém tenha sido causada, pois se houvesse uma regressão infinita na cadeia de causas, não
haveria uma primeira causa, incausada, logo, não poderia haver também um primeiro efeito, não
existindo deste modo o mundo.
O que diz o Sendo a posteriori, este argumento parte da experiência para provar a existência de Deus,
argumento afirmando que a existência do universo é a sua justificação. Apoia-se na ideia de que todas as coisas
no mundo foram causadas por qualquer coisa que lhes é anterior. Assim ao termos o conhecimento
que o universo existe, podemos seguramente presumir que existe toda uma série de causas e
efeitos produziram o universo. Porém esta série não pode ser infinita e por isso afirma a existência
da primeira causa que é Deus, deduzindo que a primeira causa nunca poderia ser humana, visto que
a existência do universo, a sua complexidade e particularidades sugerem a existência de uma causa
não humana sendo-lhe superior. Basicamente, afirma que como tudo no mundo é causado por
outras coisas que lhe são anteriores, nada é a causa de si mesmo, sustentando que tem de haver
uma causa original, a primeira de todas, para a sua existência, sendo essa causa incausada Deus.
Críticas ao • À primeira vista, a principal premissa do argumento (tudo tem uma causa) contradiz a sua
argumento conclusão. Para o evitar, Deus terá de estar fora do âmbito de «tudo», terá de ser sobrenatural.
Para quem já acredita na conclusão, o resultado satisfaz, mas para os demais — os que têm de
ser convencidos — o argumento permanece ininteligível.
• Defende simultaneamente que não pode haver uma causa não causada e que há uma causa não
causada.
• Não quer dizer que tudo tem uma causa, mas apenas que tudo, exceto Deus, tem urna causa.
• Não é uma demonstração; se é possível existir uma série infinita de causas e efeitos, porque não
pode esta série prolongar-se, retrospetivamente, infinitamente?
• Mesmo que se possa responder a estas críticas, não existe prova de que a causa primeira seja o
Deus teísta.
No entanto, neste dois argumentos não há a prova concreta de que esse Deus que afirmam existir
seja necessariamente o Deus teísta.
• Argumentos ontológico
Tipo de A priori: assenta em princípios que podemos conhecer independentemente da nossa experiência do
argumento mundo.
Finalidade Provar a existência de Deus, assentando em verdades puramente conceptuais, já que tenta
demonstrar Deus a partir da sua própria definição como ser supremo, omnisciente, omnipresente e
omnipotente.
O que diz o Apoiando-se apenas na análise do conceito de Deus, sustenta que a existência de Deus resulta
argumento necessariamente da definição de Deus como ser supremo (omnisciente, omnipresente e
omnipotente). Neste sentido, de acordo com este argumento, Deus é o ser mais perfeito e maior
que é possível imaginar. E se Deus, com todas as suas características, só existisse no entendimento e
não existisse na realidade, então não seria perfeito, uma vez que a noção de perfeição inclui
necessariamente a existência. Logo, conclui-se que Deus como ser perfeito e supremo que é existe
na realidade e no entendimento.
Críticas ao • Poderíamos justificar a existência de qualquer coisa, mesmo que fosse absurda.
argumento • A existência não é, de modo algum, uma propriedade. Ela é apenas uma condição de possibilidade
para que Deus tenha uma qualquer propriedade, como ser omnipotente ou omnisciente.
• Kant objetou este argumento afirmando que a existência não é um predicado, ou seja, quando
dizemos que algo existe não lhe estamos a atribuir nenhuma qualidade particular.
Consequentemente. a existência não pode ser algo que Deus tenha de ter para ser Deus. Diz-se,
por isso. que o argumento passa ilegitimamente da ordem do pensar para a ordem do conhecer,
da ordem lógica para a ordem ontológica.
Argumentos contra a existência de Deus: o problema do mal
Entre os argumentos que negam a existência de Deus, o mais invocado contra o teísmo tradicional é o
problema do mal, em que os ateístas se sustentam no Deus ser perfeito e sumamente bom e não conseguir
evitar a existência do mal, da dor e do sofrimento, pondo a existência deste ser divino em causa.
O argumento do problema da existência do mal parte da própria definição de Deus como ser sumamente
bom, omnipotente e omnisciente para afirmar que um Deus assim definido não evita a existência da dor e
do sofrimento. Assim os argumentos:
1. Primeira argumentação:
• Deus não sabe que existe o sofrimento e então não é omnisciente (logo não existe Deus)
• Sabe que o sofrimento existe, mas não consegue pôr-lhe fim e então não é omnipotente (logo não
existe Deus)
• Sabe que existe sofrimento, mas não quer terminar com ele e então não é sumamente bom (logo
não existe Deus)
Respostas teístas:
• Negam que um ser perfeitamente bom tenha de escolher prevenir o mal.
• Recorrem ao conceito de livre-arbítrio.
• Afirmam que o sofrimento não é causado por Deus, mas pelas pessoas, e Deus deu-lhes a
possibilidade de escolherem praticar ou não o mal.
• Defendem que escolher entre um mundo em que há livre-arbítrio e sofrimento e um mundo em
que não há livre-arbítrio nem sofrimento, ou seja, onde vigora um absoluto determinismo, a
primeira é a melhor escolha.
2. Segunda argumentação:
• Como pode existir Deus se existe males pelos quais o ser humano não é responsável, como
catástrofes naturais, doenças incuráveis?
Respostas teístas:
• Estes males naturais dão aos seres humanos a oportunidade, que de outra maneira não teriam,
de realizar ações boas e heroicas.
3. Terceira argumentação:
• Que justificação existe para que Deus permita que as crianças sofram?
A resposta teísta:
• Deus, que nos dá a vida, tem o direito de permitir que haja algum sofrimento para alguns
durante um período de tempo, pois sempre existe a compensação na vida, o que é um
privilégio.
Todas as provas dos ateístas são suficientemente importantes para questionar a existência de Deus, mas insuficientes
para tornar inquestionável a sua não existência. Por conseguinte, a questão ainda permanece em aberto.
Razão e fé
Acreditar em Deus não é uma questão de razão, mas de fé, e isso é um facto incontestável. Nunca ninguém
chegou à fé religiosa a partir de raciocínios filosóficos, demonstrações racionais e provas científicas. O
fenómeno da fé tem um caráter pré-reflexivo, nada tem de irracional ou mal pensado.
A fé é a única via para aceder a Deus. A razão é incompetente para tal fim.
As religiões monoteístas supõem a fé: na revelação; na ressurreição, no que diz a bíblia, o Corão ou a Tora.
Apesar das várias tentativas de conciliação entre a razão e a fé, percebe-se que a fé se afirma por si própria,
sem críticas, sendo a certeza num absoluto, o que não acontece com a razão. A razão nunca é absoluta e
isenta de erros e críticas. Ou seja, a fé é inquestionável, sendo incompatível com a razão.

Teísmo Fideísmo
Perspetiva que considera Deus criador do universo e de Perspetiva que considera que acreditar em Deus é dar um
tudo quanto existe. Deus é o fundamento dos valores salto para lá dos limites e da capacidade de compreensão
morais e o princípio supremo das leis naturais e das da razão. Fé e razão são incompatíveis. A fé começa onde
verdades lógicas. Deus é concebido como absolutamente a razão acaba. De Deus podemos dar testemunho,
livre, perfeito, omnipotente, omnisciente, sumamente mas não provas.
bom. Apesar de ser, para os teístas, misterioso e infinito,
a sua existência pode ser provada através de Fideístas são os que elevam a fé acima da razão,
argumentação racional. Podemos não compreender os defendendo que a fé é o caminho alternativo para a
desígnios de Deus, mas podemos provar racionalmente a verdade e que, no caso da religião é o caminho correto.
sua existência.
Todas as tentativas de conciliação entre a razão e a fé revelaram-se muito difíceis. A conciliação entre a razão
e a fé, enquanto religião não pode estabelecer princípios universais e irrefutáveis que substituam a tentativa
de conciliação. A universalidade axiomática é pertença única da razão.
No entanto, a dialética da conciliação da fé e da razão pode ser estabelecida através de outras vias que não as
religiosas.
Não se pode assumir totalmente a fé na razão, no sentido em que a razão não explica nem pode explicar tudo.
Mas pode-se ter fé nas virtudes racionais relativamente aos delírios e às ilusões.
Face ao desconhecido e ao mistério da aventura humana é necessário tanto a razão com a fé.

As dimensões pessoal e social das religiões


A religião desempenha uma função orientadora enquanto elemento de coesão social, instituindo
valores de conduta que norteiam a prática quotidiana dos seus seguidores. Os elementos
enquadradores da religião são o ambiente familiar, o contexto histórico e social, a educação e todo o
processo o processo de socialização.
Apesar das divergências entre diferentes credos, princípios, estrutura e manifestações de
religiosidade, todas as religiões continuam a funcionar como um catalisador, quer para a conservação
da união social quer como instrumento para a sua transformação. Ela estimula também a procura de
um mundo melhor.
O poder da religião reside na fé e na obediência à ordem que impõe, que é emanada diretamente de
Deus. Os princípios estruturantes das religiões funcionam como verdades inquestionáveis (dogmas),
não passíveis de revisão e orientadores de doutrinas. Por todas estas razões, as religiões continuam a
ser um refúgio onde as pessoas procuram quer o conforto quer as respostas para as inquietações mais
profundas.
Devido a esta diversidade de religiões, os crentes de cada uma têm certos comportamentos face a
tradições religiosas de outras religiões:
• Postura exclusivista
Para o exclusivismo há apenas uma religião verdadeira que é a sua, sendo a única que leva à salvação
e, portanto, todas as outras são falsas.
Uma vez que ser crente de uma determinada religião é aceitar as suas afirmações corno verdadeiras,
dizemos que esta é uma postura natural.
Se uma religião particular declara que só ela salva, então está a ter uma postura exclusivista e torna
aqueles que aceitam essa fé religiosa exclusivistas, a não ser que se desviem dessa doutrina particular.
Ou seja, a adesão a uma religião particular leva a que se acredite no caminho para a salvação que essa
religião ensina e apresenta, levando também a que se acredite que esse caminho é único e exclusivo.

• Postura inclusivista
Na tentativa de ultrapassar o radicalismo da postura exclusivista, o inclusivismo, embora também
considere que só há uma religião verdadeira, tenta conciliar o facto de não se pertencer a uma
determinada religião com a possibilidade de se alcançar a salvação, afirmando que o Deus dessa
religião também salva os crentes das outras religiões e daqueles que não têm religião. Para tal,
segundo esta perspetiva, basta que se faça o possível por se ser uma boa pessoa e merecerem a
salvação, mesmo por caminhos distintos, para a alcançarem.

• Postura pluralista
Para o pluralismo as diversas religiões são interpretações de uma única realidade divina, por isso cada
uma é igualmente verdadeira e legítima como caminho para a salvação.
Religião e tolerâncias:
A situação religiosa de uma pessoa está enquadrada pela sua educação, pelo seu ambiente familiar e pelo
contexto histórico e social em que se desenvolve. Neste sentido, pertencer a uma dada religião começa por
ser o resultado de urna aprendizagem e de um processo de socialização, de tal modo que se se tivesse nascido
noutro país, noutra família e noutras circunstâncias, a religião professada seria, possivelmente, outra. Assim,
se todos aqueles que professam uma determinada religião, ou que não seguem nenhuma, tivessem
consciência deste facto, talvez muitos conflitos pudessem ser evitados.
Perceber e aceitar a diferença é a atitude necessária para se ser tolerante.
No entanto, no contexto do fenómeno religioso, as manifestações de intolerância foram sempre, e são ainda
hoje, bastante comuns. A solução para a intolerância, para os fanatismos e radicalismos passará sempre pelo
diálogo inter-religioso, pois só ele pode apelar ao respeito por todas as fés e práticas religiosas, no sentido
de promover a paz entre todas as crenças enquanto formas de humanidade.
Mas ser tolerante não significa aceitar tudo. Ser tolerante não é ser passivo, mas assumir uma posição
combativa contra a intolerância e o fanatismo, a favor da diversidade social e cultural. A tolerância permite
explorar e descobrir a diversidade humana, reconhecendo as pessoas como sujeitos independentes das
ideias ou crenças e dos costumes que praticam. Porém, respeitar as pessoas não implica tolerar e aceitar
todas as suas opiniões e comportamentos, que devem e podem ser criticados e questionados.

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