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Por quê estudar sistematicamente?

O que é teologia sistemática?

Uma teologia sistemática pode possuir várias definições, mas para o propósito de nosso estudo, usaremos a frase
de Wayne Grudem que conceitua o tema como: "Teologia sistemática é qualquer estudo que responda à
pergunta - O que a Bíblia como um todo nos ensina hoje? Acerca de qualquer tópico."

É sobre este aspeto que iremos estudar. O ensino bíblico não pode ser considerado como algo escrito somente
para um tempo, na verdade, ao longo dos estudos perceberemos que uma das característica das escrituras é o
fato dela ser atemporal.

O ser humano tende a buscar o divino de forma natural, mesmo os que negam sua existência possuem a
necessidade de formular uma crença que sirva de fundamento para sua negação. E desta forma vários
argumentos são criados, como por exemplo, o famoso "Paradoxo de Epicuro" que apesar de não negar a
existência de Deus, tenta negar alguns de seus atributos.

O problema do pensamento de Epicuro é o fato de tratar simplesmente o aqui e agora e sempre de um ponto de
vista mais egocêntrico (eu no centro). Vários teólogos refutaram seu pensamento, entre eles o Santo Agostinho.

A grande questão é que nós sempre estamos atrás de respostas, e infelizmente tendemos a desejar as respostas
que mais nos agradam e assim criamos mecanismos de bloqueio para as respostas que não estão de acordo com
nosso desejo. Enfim, o homem sempre estará atrás do desconhecido, em busca de algo que ele possa chamar de
sabedoria.

Mas afinal, o que vem a ser esta sabedoria?

"A soma total da nossa sabedoria, a que merece o nome de sabedoria verdadeira e certa, abrange estas duas
partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos" (Calvino)

Interessante observar que em seu posicionamento, quanto mais o homem se aproximar de Deus, mas ele
conhecerá a si.

Então, voltando a questão inicial, sobre a teologia sistemática, utilizaremos um método sistemático de estudo de
cada disciplina que envolva o tema:

 A doutrina de Deus (Teontologia) - Estudo sobre o ser de Deus e suas obras;


a. A existência de Deus
b. A cognicidade de Deus
c. O caráter de Deus (atributos comunicáveis e incomunicáveis)
d. Deus em 3 pessoas (doutrina trinitária)
e. Providencia divina
 A doutrina do homem (Antropologia)
a. Criação
b. Imagem e semelhança
c. Corpo, alma e espírito
d. Propósito divino
 A doutrina do pecado (Hamartiologia)
a. A natureza do pecado (mal moral)
b. A natureza do pecado (mal como propensão)
c. Soberania x responsabilidade
d. Consequências
 A doutrina de Cristo (Cristologia)
a. A pessoa de Cristo
b. A expiação
c. Ressurreição e Ascensão
d. Ofício de Cristo
 A doutrina do Espírito Santo (Pneumatologia)
a. Quem é?
b. Missão?
 A doutrina da salvação (Soterologia)
a. Doutrina da graça
b. Eleição, chamado, regeneração, conversão, arrependimento
c. A doutrina da fé.
d. A doutrina da adoção
e. Santificação
f. Perseverança
5 vias que dão acesso à existência de Deus

Santo Tomás apresenta cinco vias que dão acesso à conclusão da existência de Deus. Por diferentes caminhos,
partindo sempre de um fato ontológico de evidência experimental, de algo concreto, verificável, captado pelos
nossos sentidos, e elaborando uma relação de dependência ontológica, todas elas nos demonstram “nomes”
diferentes de Deus, ligados ao fato evidenciado do qual é tomado como ponto de partida para a respectiva via.

A primeira via parte do movimento

Constatamos que neste mundo todas as coisas se movem. Entendendo movimento aqui num sentido aristotélico,
como levar algo da potência para o ato. Se algo é movido, ele deve necessariamente ser movido por outro. O que
é movido deve necessariamente estar em potência em relação àquilo que move, assim como aquilo que move
deve necessariamente estar em ato em relação àquilo que é movido.

Aquilo que se move deve necessariamente ser movido por um outro. Esse outro deve estar em ato em relação
àquele que é movido. O movente foi por sua vez, necessariamente, movido por um outro agente, e este por um
outro, e assim por diante. Porém, não é possível que se continue até o infinito. É necessário que exista um
Primeiro Motor que seja causa primeira de todo movimento. Esse Primeiro Motor move sem ser movido. Se não
é movido, entende-se que nele não há potência, mas que é Ato Puro (Actus Purus). Somente o Primeiro Motor é
Ato Puro. Os demais motores necessitam dele para existir. Esse Primeiro Motor é, pois, entendido por Tomás
como Deus.

A segunda via é a que parte da razão da causa eficiente

A causa é entendida como aquilo pelo qual algo vem a ser. A causa, portanto, da vinda do efeito à existência é o
que se chama de causa eficiente. Santo Tomás explica que é possível identificar entre os entes uma ordem de
causa eficiente. Não é possível que algo seja causa eficiente de si próprio, senão seria anterior a si próprio. Todo
ente necessita de uma causa eficiente necessariamente anterior a si próprio.

Como a ordem entre as causas eficientes não pode ir até o infinito, se percebe que existe uma Causa Eficiente
Primeira que causa as intermediárias. Se não existisse essa causa primeira, não existiriam nem as intermediárias,
tampouco o efeito último. Como nossos sentidos nos atestam a existência do efeito último, necessariamente deve
existir a Causa Primeira, que Santo Tomás denomina Deus.

A terceira via é a tomada do possível (contingente) e do necessário

Entre os entes, encontramos alguns que nascem e perecem, ou seja, podem ser ou não ser. Assim, percebemos
que há contingência entre os entes. Por serem contingentes, não são necessários. Se considerarmos que tudo é
contingente, ou seja, que tudo pode não ser, teríamos que considerar que houve algum momento em que não
havia nenhum ser.

Se houve realmente esse momento, teríamos que considerar que ainda agora nada existiria, pois somente pela
mediação de algo que já existe aquilo que existe passa a existir. Como é um fato a existência dos entes, com sua
contingência, não podemos afirmar que tudo é contingente. É preciso afirmar a existência de um Ser Necessário
pelo qual os seres contingentes passam a existir.

Algo que é necessário pode ou não ter a causa de sua necessidade em um outro ser necessário anterior a si
(causa). Como se provou nas causas eficientes, a série das coisas necessárias que necessitam de uma causa da
própria necessidade não pode ir até o infinito. É preciso assumir a existência de um Ser Necessário em si, que não
encontra em nenhum outro ser a causa de sua necessidade, mas é, por sua vez, causa da necessidade dos outros
seres. Esse Ser Necessário é o que chamamos Deus.

A quarta via vai examinar o grau de perfeição

A quarta via vai examinar o grau de perfeição que é encontrado nas coisas. Para entender essa via é importante
compreendermos o sentido metafísico de participação. Participar é realizar em si, de forma parcial, o que está em
outro de forma plena. Há, então, uma relação de dependência entre o ente participante e aquele do qual ele
participa.

Essa via explica que nossos sentidos captam que entre as coisas existe certa relação de graus: algo pode ser
considerado mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre. Só é possível dizer ”mais ou
menos” conforme algo se aproxima daquele que é o máximo. Para Aristóteles, se algo possui determinada
qualidade em alto grau, será em virtude dela que as outras coisas possuirão determinada qualidade.

Santo Tomás, partindo dessa ideia, diz que, como encontramos nas coisas, em variados graus, algo de bom, de
verdadeiro, de perfeito, deve, pois, existir um ente que seja para os entes causa de ser de todas essas qualidades,
possuindo em si essas qualidades em supremo grau. Esse ente é conhecido como Deus.

A quinta via é a do governo das coisas

Para entendermos essa via, faz-se necessário considerar o sentido de fim, considerado a partir da causa. Fim,
desse modo, é o que vai determinar o princípio do ser, ou seja, vai estar no princípio da ação. O agente age em
vista de um fim.

Santo Tomás também expressa certa equivalência entre bem e fim: somente enquanto uma coisa é boa, ela é
atraída a ser. O bem, portanto, é aquilo para o qual tudo irá tender. Isso vai implicar, pois, a noção de um fim.
Dessa forma, o que move a causa eficiente na ordem da causalidade é aquilo que vem primeiro, o princípio da
ação: o bem e o fim.

Nessa quinta via, Santo Tomás explica que as coisas, mesmo aquelas que carecem de conhecimento, tendem para
um fim, para alcançarem o que é ótimo. Mas isso não acontece por acaso. Não pode uma coisa que carece de
conhecimento tender por si mesma para esse fim. É necessário afirmar a existência de algo inteligente que
governa todas as coisas naturais ao fim. Esse algo se chama Deus.

As qualidades de Deus

Primeiro Motor, Primeira Causa, Ser Necessário, Ser por essência e Suprema Inteligência ordenadora da natureza
são os atributos de Deus que as “cinco vias” nos proporcionaram. Apesar de não esgotarem o ser de Deus, nem é
essa a intenção de Santo Tomás, esses atributos são qualidades de Deus que a razão foi capaz de demonstrar. O
ser humano, então, apesar de limitado, possui, no seu exercício da razão, essa capacidade de transcendência.

Notas:
Epicuro de Samos foi um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido em numerosos centros epicuristas

que se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.  (341a.C)

Aurélio Agostinho de Hipona, conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos

primeiros séculos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Foi bispo

de Hipona, uma cidade na província romana da África. (354 d.C)

Tomás de Aquino, em italiano Tommaso d'Aquino, foi um frade católico italiano da Ordem dos Pregadores cujas obras tiveram enorme

influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica


O Carácter de Deus - Atributos, Nomes e Comparações (Salmo 139)

Tentar definir o ser de Deus de forma completa torna-se uma missão de grande complexidade e fadada ao não
atingimento do objetivo. Não poderíamos conhecer Deus se Ele não se revelasse nas obras da natureza, no
desenrolar da história, na constituição da natureza humana e, especialmente, no que diz a Sua Palavra. Os
primeiros aspéctos chamamos de revelação não verbal, sem qualquer conotação redentora. Porém, é utilizando a
revelação verbal que teremos todo material necessário para este estudo.

Existem várias classificações quanto aos atributos de Deus:

Atributos Naturais/Morais - Os atributos naturais de Deus envolvem sua essência (ex.: eternidade, imutabilidade)
e os atributos morais, sua vontade (ex.: santidade, justiça).

Atributos Comunicáveis/Incomunicáveis - Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus, como a


eternidade e a onipotência. Apenas ele tem essas qualidades e elas não foram transmitidas (comunicadas) a
nenhum ser criado. Deus não compartilhou tais atributos com o homem. Os atributos comunicáveis, por sua vez,
foram impressos na humanidade na criação: são a inteligência, a vontade e a moralidade, entre outros.

Uma outra forma de classificar os atributos seriam de acordo com a tabela abaixo, sendo que os itens marcados
são atributos incomunicáveis:

Atributos de Atributos de
Atributos mentais Atributos Morais Atributos de Síntese
descrição propósito
Espiritualidade Onisciência Bondade Vontade Imutabilidade
Invisibilidade Sabedoria Amor Liberdade Onipresença
Eternidade Fidelidade Misericórdia Soberania Unidade
Transcendência Presciência Graça Independência
Imanência Paciência
Santidade
Paz
Zelo
Ira

Em sua obra "Os atributos de Deus, A. W. Pink começa logo no primeiro capítulo trazendo um aspecto sobre a
Independência de Deus, o capítulo recebe o título da Solidão de Deus, apesar do titulo não ser suficientemente
claro para revelar o tema, é importante entendermos este definição:

"No princípio... Deus..." (Gênesis 1:1). Houve tempo, se é que se lhe pode chamar "tempo", em que Deus, na
unidade de Sua natureza, habitava só (embora subsistindo igualmente em três pessoas divinas). "No princípio...
Deus...". Não existia o céu, onde agora se manifesta particularmente a Sua glória. Não existia a terra, que Lhe
ocupasse a atenção, Não existiam os anjos, que Lhe entoassem louvores, nem o universo, para ser sustentado
pela palavra do Seu poder. Não havia nada, nem ninguém, senão Deus; e isso, não durante um dia, um ano ou
uma época, mas "desde sempre". Durante uma eternidade passada, Deus esteve só: completo, suficiente,
satisfeito em Si mesmo, de nada necessitando.

Deus não estava sob coação, nem obrigação, nem necessidade alguma de criar. Resolver fazê-lo foi um ato
puramente soberano de Sua parte, não produzido por nada alheio a Si próprio; não determinado por nada, senão
o Seu próprio beneplácito, já que Ele "faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Efésios 1:11).

O aspécto descrito, refere-se a singularidade de Deus, (Unitas Singularitatis), ou seja, Deus é único, sem par, não
há outro além dEle, todos os outros seres tem existência por causa dEle.

"Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor." (Deuteronomio 6:4)

"Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que
não há outro Deus, senão um só. (1 Coríntios 8:4)

Entendendo que Deus é único, outro ponto importante a salientar sobre os atributos é quanto aos erros de
compreensão.

1) O primeiro erro é conceber o o Ser Divino como uma coleção de atributos reunidos,

2) O segundo erro é conceber os atributos de Deus como algo externo de sua pessoa.

É imprescindível lembrarmos que todo o Ser Divino compreende a totalidade de seus atributos, ou seja, Ele é
inteiramente amoroso, inteiramente misericordioso, inteiramente justo...

Por fim, vamos avaliar cada atributo o Ser De Deus, iniciando pelos atributos incomunicáveis:

 Eternidade - A eternidade de Deus pode ser definida assim: Deus não tem princípio e nem fim, não possui
sucessão de momentos no seu próprio ser, e percebe todo o tempo com igual realismo; Ele, porém percebe
os acontecimentos no tempo e age no tempo. Este atributo é vinculado a doutrina da infinitude de Deus
com respeito ao tempo. Ser "infinito" é ser "ilimitado", e a doutrina ensina que o tempo não põe limites a
Deus.
 Deus é eterno em seu próprio Ser
 Deus percebe todo tempo com igual realismo
 Deus percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo
 Diferente de Deus, nós sempre existiremos no tempo

Devido sua profundidade, este atributo será abordado em outro momento do estudo.

 Transcendência - A doutrina da transcendência de Deus está presente em todas as religiões teístas. Essa
noção é saliente no judaísmo, no islamismo e, de um modo espe cial, em todas as manifestações do
cristianismo. E a doutrina que fala que Deus está assentado nas alturas, no seu trono, sendo um Deus
separado da sua criação e independente dela. Sendo separado e independente da sua criação, Deus está
além dela e sobre ela. As Escrituras referem-se a Deus como o “altíssimo”, como aquele que está sobre
todas as coisas, “elevado”, indicando a sua superioridade sobre todas as coisas que vemos e das quais
sabemos. Deus não está preso às mesmas categorias que os seres humanos, isto é, tempo e espaço, por isso
não deve ser medido por elas.

 Onisciência - Deus é onisciente. Ele sabe todas as coisas — todas as coisas possíveis, todas as coisas reais,
todos os eventos, conhece todas as criaturas, todo o passado, presente e futuro. Conhece perfeitamente
todos os pormenores da vida de todos os seres que há no céu, na terra e no inferno. "... conhece o que está
em trevas..." (Daniel 2:22). Nada escapa à Sua atenção, nada pode ser escondido dEle, não há nada que Ele
esqueça! Bem podemos dizer com o salmista: "Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a
posso atingir" (Salmo 139:6). Seu conhecimento é perfeito. Ele jamais erra, nem muda, nem passa por alto
coisa alguma. "E não há criatura alguma encoberta diante dele: antes todas as coisas estão nuas e patentes
aos olhos daquele com quem temos de tratar" (Hebreus 4:13). Sim, tal é o Deus a quem temos de prestar
contas!

 Presciência - Um dos atributos mais mal compreendidos, pois há dois pontos importantes que muitas vezes
são negligenciados: 1) o significado do termo, 2) escopo bíblico. A palavra presciência não se encontra no
velho testamento, mas a palavra "conhecer" ou "saber" encontram-se várias vezes. Quando o termo é
empregado a Deus, frequentemente significa considerar com favor, denotando não mera cognição, mas sim
uma afeição pelo objeto em vista (ex.:Ex.33-17, Dt.:09-24, Jr.:01-05, Os.:08-04, Am.:03-02). Assim também a
palavra conhecer aplicada no novo testamento possui o mesmo sentido do velho (Mt.:07-23, Jo.:10-14,
1Co.:08-03, 2Tm.:02-19). O fato é que "presciência" nunca é empregada nas Escrituras em relação a eventos
ou ações; em lugar disso, sempre se refere a pessoas. Pessoas é que Deus declara que "de antemão
conheceu" (pré-conheceu), não as ações dessas pessoas, ainda que conheça nossos atos antes mesmo de
realizarmos. Para provar isto, citaremos agora cada uma das passagens em que se acha esta expressão ou
sua equivalente.
 A primeira é Atos 2:23. Lemos ali: "A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e
presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos". Se der
cuidadosa atenção à terminologia deste versículo, ver-se-á que o apóstolo não estava falando do
conhecimento ..antecipado que Deus tinha do ato da crucificação, mas sim da Pessoa crucificada: "A
este (Cristo) que vos foi entregue", etc.
 A segunda é Romanos 8:29-30. "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho; a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou a estes também chamou", etc. Considere-se bem o pronome aqui empregado. Não se
refere a algo, mas a pessoas, que ele conheceu de antemão. O que se tem em vista não é a submissão
da vontade, nem a fé do coração, mas as pessoas mesmas. "Deus não rejeitou o seu povo, que antes
conheceu..." (Romanos 11:2). Uma vez mais a clara referência é a pessoas, e somente a pessoas.
 A última citação é de 1 Pedro 1:2: "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai..." Quem são "eleitos
segundo a presciência de Deus Pai"? O versículo anterior nô-lo diz: a referência é aos "estrangeiros
dispersos", isto é, a Diáspora, a Dispersão, os judeus crentes. Portanto, aqui também a referência é a
pessoas, e não aos seus atos previstos.

Esta doutrina esta bastante vinculada aos Decretos de Deus, eleição e outros temas de maior complexidade,
portanto deverá ser abordada com mais detalhe em outro momento.

 Imutabilidade - Podemos definir a Imutabilidade de Deus assim: Deus é imutável no seu ser, nas suas
perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de
modos diversos diante de situações diferentes. Este atributo é também chamado de inalterabilidade.
a. Evidencia das escrituras: No Salmo 102:25-2. O contraste entre o "ser" e o "vir a ser" assinala a
diferença entre o Criador e a criatura;
b. Será que Deus às vezes muda de ideia? As várias passagens que parecem haver um recuo de
arrependimento por parte de Deus, devem ser compreendidas como expressões verdadeiras da
atitude ou intenção presente de Deus, por exemplo, no caso onde Deus é visto como arrependido de
ter feito o homem, ou no evento onde se arrepende de ter ungido Saul como rei, deve ser entendido
como expressão do descontentamento presente de Deus diante da pecaminosidade do homem. Em
nenhum destes casos a linguagem é forte o bastante que nos leve a pensar que Deus pudesse
começar de novo e agir de modo diferente. Outro ponto a ser compreendido é o uso do
antropopatismo nos relatos bíblicos.

Notas:
Arthur Walkington Pink foi um professor bíblico de inglês que despertou um interesse renovado na exposição do

calvinismo ou teologia reformada. Pouco conhecido em sua própria vida, Pink tornou-se "um dos autores

evangélicos mais influentes da segunda metade do século XX". Livro de apoio para este capítulo: "Os atributos

de Deus"
Doutrina Trinitariana

Um pouco de história:

Por volta de 319, Ário, que estudou com Luciano de Antioquia[2], que, por sua vez, fora influenciado por Paulo de
Samósata, que foi acusado de ser um adepto do adocionismo; começou a propagar que só existia um Deus
verdadeiro, o "Pai Eterno", princípio de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido criado por Ele antes do tempo
como um instrumento para a criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar em contato com a
matéria. Apesar disso, Cristo, era inferior e limitado, e não possuía o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai
e os homens. Não se confundia com nenhuma das naturezas por se constituir em um semideus. Ário afirmava
ainda que o Filho era diferente do Pai em substância. Essa ideia ligava-se ainda ao antigo culto dos heróis gregos,
dentre os quais para ele Cristo sobressaía com o maior, embora apenas possuísse uma divindade em sentido
impróprio. Como meio de difusão mais abrangente de suas ideias, fê-lo sob a forma de canções populares.

Um primeiro sínodo, em Alexandria, expulsou Ário da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios, fora do
Egito, condenaram aquela decisão, reabilitando-o. Ário procurou o apoio de companheiros que, como ele, haviam
sido discípulos de Luciano de Antioquia, em especial Eusébio, bispo de Nicomédia (atual İzmit). A luta que se
seguiu chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de fragmentar também o império, levou o
imperador Constantino a enviar Ósio, bispo de Córdoba, seu conselheiro particular, como mediador. O insucesso
da missão levou-o a convocar, em 325, um concílio universal em Niceia (atual İznik). No Primeiro Concílio de
Niceia (325) a maioria dos prelados, corroborada pelo próprio Constantino graças à influência de Atanásio de
Alexandria (criador do termo "homoousios" (Consubstancialidade), significando "de substância idêntica" – para
descrever a relação de Cristo com o Pai), condenou as propostas arianas, e declarou-as heréticas, obrigando à
queima dos livros que as continham e promulgando a pena de morte para quem os conservasse[3]. Definiu ainda
o chamado "Credo Niceno".[4]

Principais heresias

Modalismo se refere a um entendimento errôneo sobre a Santíssima Trindade: consiste em ver as três Pessoas
Divinas do Único Deus não como Pessoas distintas, mas como “modos” de uma única Pessoa

Adocionismo, algumas vezes chamado de monarquianismo dinâmico, é uma visão teológica não trinitária do
cristianismo primitivo, que professa que Jesus nasceu humano, tornando-se posteriormente divino por ocasião do
seu batismo, ponto em que foi adotado como filho de Deus.

Arianismo foi uma visão cristológica antitrinitária sustentada pelos seguidores de Ário, presbítero cristão de
Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a consubstancialidade entre Jesus e Deus Pai,
que os igualasse.

Jesus então, seria subordinado a Deus Pai, sendo Ele (Jesus) não o próprio Deus em si e por si mesmo. Segundo
Ário, só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio Deus. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um
grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não
pode revelar a si mesmo. Com esta linha de pensamento, o historiador H. M. Gwatkin afirmou, na obra "The Arian
Controversy": "O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério".[1]

Foi condenada como heresia no Primeiro Concílio de Niceia em 325 devido ao Antitrinitarismo da doutrina.

CREDO DE NICEIA

Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.


Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai;
Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai;por quem
foram feitas todas as coisas que estão no céu ou na terra.
O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem.
Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus Ele virá para julgar os vivos e os mortos.
E no Espírito Santo.

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