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O que é o homem? E por que um homem questiona isso de si mesmo?

Somos um grande enigma, e o fato de sabermos isso é um outro grande enigma. Somos
como um olho
que olha para si mesmo, somos, no fim, homo sapiens(homem que sabe)

Talvez o homem seja uma sintetização dos cosmos, e como diz as Escrituras ''A
imagem e semelhança de Deus''.
Em que sentido o homem é essas duas coisas? É o que veremos
Para dizer que o homem é a sintetização dos cosmos, primeiro precisamos saber o
que é o cosmo, ou melhor,
o que e como funciona a realidade.

DA REALIDADE:

A realidade é tudo o que é, pois é real tudo aquilo que é. E é nessa realidade que
existe a unidade primaria de tudo, que é o ser, ou melhor, ela provém dessa unidade
primordial.
Ela funciona através de um processo dialetico de ideias e seus contrários, que,
através do logos e do amor, buscam se unificar em um único princípio, que é o ser.
Essa unificação
se dá, eu acho, pela virtude, ou seja, pela excelencia das coisas; tudo o que é
individualmente, busca ser no seu arquetipo, ou seja, busca estar de acordo com seu
arquetipo perfeito, o seu universal, como
um animal que busca ser um perfeito animal, estando em pleno acordo com o arquetipo
''animal''. E digo que isso é através do logos e do amor por parafrasear o
pensamento de Heráclito e Platão. As coisas
se tornam virtuosas por uma força atrativa que harmoniza os individuos à seus
arquetipos, que podemos chamar de logos, que é uma força imanente em cada ser, ou
de amor, que é o principio harmonizador, como bem
diz platão.

Definindo então o que é a realidade, podemos aplicar esses conceitos ao homem

DO HOMEM:

O homem é uma sintetização do processo do cosmo, ou seja, o homem é explicado por


um processo dialetico de teses, antíteses, e sinteses, e é isso o que caracteriza o
homem, pois o curso histórico da sociedade
é uma evolução baseada nesses princípios, e isso se dá pelo logos, que é nossa
razão, e pelo amor, que nos leva a uma unidade, seja a verdade ou o ser, que são a
mesma coisa. O fim último do homem é a unidade, e não
só isso, mas ele entende como gerar a unidade, e é capaz, de alguma forma, se
tornar um principio harmonizador de contrários, como diz Platão. Vemos isso
principalmente nas artes; o médico trabalha unindo
elementos organicos contrários para formar uma unidade funcional, o músico trabalha
unindo ruídos alheios para formar uma unidade funcional, o filósofo trabalha unindo
ideias contrárias para formar uma unidade
funcional, e da mesma forma com as demais artes. Isso explica Platão ao dizer '' É
de fato preciso ser capaz de fazer com que os elementos mais hostis no corpo fiquem
amigos e se amem
mutuamente.''.
Também temos a frase de São Paulo, que parafraseou os gregos ao dizer ''‘Nós somos
também de sua raça...’, da raça de quem? Da raça divina. E isso, como diz Platão
também, por meio de Sócrates, é evidente por termos
o principio governador, que é a alma, e também fica evidente ao sermos um tipo de
príncipio harmonizador, sendo nós, uma verdadeira ''imagem e semelhança de Deus'',
pois tudo isso pertence ao divino. O fim último do homem,
diferente das criaturas, não se limita ao seu arquetipo universal apenas, mas o
homem, ao alcançar a plenitude com seu arquetipo universal, alcança e contempla o
próprio ser, o próprio belo, e o próprio bem, e isso é necessário, graças
a capacidade do homem de inteligir os conceitos por si mesmos.

Dizemos então, que o homem é a sintetização do cosmo, por ele ser, em si mesmo, em
sua história, e nas sociedades, uma representação perfeita do processo dialético da
realidade. E dizemos também que ele é semelhante a Deus, por
ser capaz de realizar as faculdades divinas, que é governar e harmonizar. Vemos a
questão da harmonização na virtude da política, que consiste na harmonização de uma
sociedade a fim de gerar um todo harmonico.

Tocando novamente no campo da virtude, sabemos que virtude significa excelencia,


ou seja, relação plena com seu arquetipo ideal. Mas, se a virtude consiste em uma
só coisa, por que separamos as virtudes? Ou melhor, as virtudes são separaveis?
Indo direito ao ponto, não, não são. Como bem diz Platão, novamente, as virtudes
são nomes diferentes dadas a um todo, pois toda virtude possui as outras virtudes,
e assim deve ser, para não violar o princípio de que cada contrário só tem um
contrário.
Eu diria que os nomes diferentes se dão para elucidar ações divinas em
circunstâncias diferentes, como a justiça ou a misericordia, que na verdade são uma
só coisa, que eu diria ousadamente que é o amor. Toda ação divina é, em ultima
analise, amor, ou seja, Deus
em todas as ações busca realizar a unidade, e isso se dá em circustâncias
diferentes; no caso dos castigos, chamamos de justiça, no caso do perdão, chamamos
de misericórdia, no caso da organização, chamamos talvez de temperança. Todas em
última analise são boas, sendo
já nisso uma unidade, mas o processo das virtudes, que é o principal, é o amor.

Agora sobre o como e o porque do homem ser uma sintetização do cosmo é algo
complicado. Uma explicação válida é as emanações de Plotino, já que deixaria o
homem e o cosmo como de um único príncipio, sendo, eu acho, o homem anterior ao
cosmo, e mais próximo ao uno. Agora
uma explicação cristã é realmente difícil, sabemos que Deus nos fez a imagem e
semelhança do Logos, mas por que? Bem, alguns diriam que é para espalhar sua
caridade, o que não é errado, as emanações são, de certa forma, uma exteriorização
do divino, o que inclue o amor, mas
não sei se é uma explicação suficiente.

Um homem deveria crer em tudo o que a razão indica que é verdadeiro? Ou melhor,
ele deveria crer SÓ nisso? Não, isso aniquilaria a fé

A razão da fé, por mais ironico que soe essa expressão, se dá na atratividade de
uma doutrina bela à alma, que sem necessitar da razão, busca se unificar com essa
beleza, já que o fim ultimo do homem é contemplar o bem em si mesmo, como diz
Platão.
E como diz Origenes, é evidente que nem todos tem tempo pra filosofias, então não é
errado crer sem razão filosofica, afinal a razão está na melhoria que aquilo
trouxe, ou seja, o senso de excelencia, que é presente em todo homem, como no caso
de justiça e misericordia.

Pois se alguém conhece a si mesmo, conhecerá a Deus ; e conhecendo a Deus , ele


será feito como Deus

Encontramos na Santa Filocalia, um exemplo do homem como microcosmo, não só como


microcosmo, mas como a representação do próprio éden, a manifestação do Belo. A
terra do éden é o próprio coração do homem, as águas do Eden, em 4 direções,
representam
as 4 virtudes primordiais, que a Filocalia diz ser a prudência, modéstia, justiça e
coragem, e por meio dessas águas, surgem as árvores, que se nutrem do rio e são
plantadas por Deus no coração do homem, simbolizando as ''raizes'' vinda das
virtudes primordiais,
que são as virtudes menores, que quando reunidas em um todo, formam a divinização
do homem, a Theosis. E nesse éden sempre há sol, representando a iluminação por
parte de Deus, pois sem o conhecimento da verdade, não conhecemos a Verdade como
Deus, e portanto estamos no escuro.
A fonte da água é nada mais nada menos que o próprio Espirito divino no homem, e
imagino eu que, quanto mais livre das paixões, mais livre fica as águas para
regarem e fazerem crescer as árvores, como da mesma forma o sol fica longe das
nuvens, em total esplendor.

''É por isso que foi dito que logo a água, ou seja, a energia,
regou a superfície da terra, ou, se você preferir, a superfície do
coração, para o crescimento, a maturação e a colheita dos frutos
eleitos das virtudes divinas.''

''A fonte, como eu disse,


corre por entre toda esta variedade de plantas. Ela derrama sua água
única e simples, que é seu maior auxílio; dividindo-se em quatro
correntes, ela faz assim o que é melhor para cada planta. Ela não é
da mesma natureza das coisas que existem em nós, sejam as
virtudes, o conhecimento ou a contemplação ligada a ele. E ela
também não é da mesma natureza que o coração. Ela é a divina
irradiação sobrenatural d’Aquele que criou a vida, seu movimento e
sua energia irrefreáveis.''

Tudo isso prova Paulo ao dizer ''O amor de Deus se derrama nos nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado''

''Assim eu penso que a pedra em que Moisés o legislador18 bateu com


sua vara fazendo com que jorrasse água sobrenaturalmente como de
rios, é o coração petrificado pelo endurecimento. Quando Deus, em
lugar da vara, bate oportunamente com suas palavras este coração e
o penetra com a compunção, o poder do Espírito alegremente
suscitado jorra deste coração de maneira sobrenatural como se
fossem correntes de água vivificante, e traz a tudo uma ajuda
imensa''

E assim também coloca São João no Evangelho “quem crê em mim, como diz a Escritura,
de seu coração
brotarão rios de água viva2''

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