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As idéias de Boehme refletem o processo da Criação e Divindade.

Fiel ao seu Espírito protestante e independente,


concentrou sua visão cosmológica em conhecimentos modernos.
Freqüentemente citado por C.G.Jung nas ilustrações da dinâmica transformativa do processo individual
“alquímico” da “psyche”, obtinha em sua consciência o entendimento sobre o simbolismo alquímico abordado em
uma maneira psicológica.

Os escritos de Boehme formam um todo sinfônico, articulando temas


centrais, embelezando-os em muitos níveis de significado, voltando a eles e
fundindo-os em uma visão unificada de Deus, do Homem e da Natureza.
Seus vasto sistema místico e metafísico é expresso em termos metafóricos,
freqüentemente de sua própria lavra, e em uma linguagem bíblica simbólica.

De acordo com os 'Seis Pontos Teosóficos' de Boehme, o Sem-raiz eterno,


"que existe e também não existe", se manifesta primordialmente como
vontade, "uma falta de raiz que deve ser considerada como um eterno nada".
"Não é um espírito, mas uma forma do espírito, como o reflexo em um
espelho. Pois a forma de um espírito é vista no reflexo ou no espelho, e
ainda assim não há nada que o olho ou o espelho vejam; mas é vendo em si
mesmo, pois não há nada mais profundo do que ele.
"Esta vontade primeira, dirigida para o Sem-raiz, percebe a potencialidade
abstrata do espírito como um véu sobre ele. Quando a vontade volta-se para
fora de si mesma, o véu se torna uma luminosidade informe.
"Pois se a imagem se separa do espelho, o espelho passa a ser uma clara
luminosidade, e sua luminosidade é um nada; e mesmo assim todas as
formas da Natureza estão ocultas ali como um nada; mas ainda são
verdadeiras, embora não em essência".

"E assim", conclui Boehme, "um é livre do outro, mas o espelho é o


verdadeiro continente da imagem". O Sem-raiz permanece alheio a toda
relação com a Natureza numenal, embora a contenha".
O desejo pristino surge nesta vontade e produz essências, a base do ser,
manifestando-se como o Coração, "pois é a Palavra da vida, ou sua
essencialidade". O movimento em direção ao Coração, "indo para dentro de
si mesmo até o centro da raiz" é chamado Espírito, "pois ele é aquele que
encontra, e desde a eternidade encontra onde não há nada". Estes três -
Vontade, Palavra e Espírito - são a "santa Tri-unidade de Deus", a Deidade
manifesta contra o Sem-raiz absoluto, e a fonte da natureza.

O poder pelo qual a Natureza evolui é a Magia. "A Magia é a mãe da


eternidade, do ser de todos os seres", escreveu Boehme em seu 'Seis
Pontos Místicos', "pois ela cria a si mesma, e é entendida no desejo".
Em si ela não é nada mais que uma vontade, e esta vontade é o grande
mistério de todas as maravilhas e segredos, mas faz vir a ser a si mesma
pela imaginação daquele que deseja.

“O Estado Original da Natureza”. (INRI)

A Verdadeira Magia não é uma entidade, mas antes o espírito desejoso ou


criativo de todos os seres.
É uma matriz sem substância, mas manifesta a si mesma no ser substancial.
A Magia é espírito, e o ser é seu corpo; mas os dois são um só, e corpo e
alma são apenas uma só pessoa. A Magia é o maior segredo, pois está
acima da Natureza e conforma a Natureza à sua vontade. É o mistério do
Ternário, isto é, é a vontade no desejo seguindo em direção ao coração de
Deus.

Os três aspectos da Deidade dão cada um nascimento aos outros, e a magia


é a potência criativa que surge em sua reciprocidade e que faz com que
todas as coisas venham a ser. "Em suma: a Magia é a atividade do espírito-
Vontade". Assim, os aspectos material, moral e espiritual da existência
manifesta têm suas origens na Magia.

A Natureza manifesta tem duas qualidades, chamadas, em seus aspectos


éticos, de bem e mal, embora ambos sejam na realidade a vontade eterna. A
qualidade boa leva ao coração da Deidaede, e a qualidade raivosa afasta da
Divindade em direção à diferenciação. Em seu comentário sobre 'Aurora',
Louis Claude de Saint-Martin assinala: "Pela palavra 'ira' o autor entende o
poder eterno em si, separado do amor, justiça e luz". A ira de Deus,
exemplificada em numerosas lendas Bíblicas, é o poder eterno da vontade
invocado e canalizado através das vontades refletidas dos homens, quando
eles se afastaram do amor universal, da justiça imparcial e da iluminação
interna.
A Árvore da Vida é, portanto, também a Árvore do Conhecimento do Bem e
do Mal, e "o fruto que cresce da árvore significa os homens". O homem tem
inclinações para o bem e para o mal. Quando ele é atraído para o mundo da
manifestação, o mal predomina; mas quando ele responde à seiva vitalizante
da árvore, o bem o eleva à Deidade, que é a própria seiva. A maioria da
humanidade agora "está meio-morta" e "conhece apenas em parte", embora
a natureza "tenha em todas as épocas guiado e instruído os homens sábios,
santos e inteligentes" que "sempre com seus escritos e ensinamentos têm
sido uma luz para o mundo".
"Quando a alma é acesa ou iluminada pelo Espírito Santo, então ela triunfa
no corpo, como um grande fogo, que faz o coração e os afetos tremer de
alegria".

A Filosofia, a Astrologia e a Teologia são os três ramos do conhecimento que


constituem a Aurora, simbolizada na Árvore da Vida. A Filosofia trata da
vontade divina, da natureza da Deidade, dos arquétipos de todas as coisaas
e das qualidades boa e irada na natureza. A Astrologia, "de acordo com o
espírito e os sentidos, e não de acordo com a especulação", demonstra os
poderes da natureza, dos astros e dos elementos, e como estes afetam
todas as criaturas. A Teologia explica a natureza do princípio Crístico, como
ele constitui um reino em guerra contra o princípio irado do mundo perecível,
e como os homens se tornam habitantes de um ou de outro reino.

Os mundos espiritual, sideral e terrestre estão em relações mútuas e são


unidos por correlações e correspondências através do poder deífico que se
irradia através das formas ou matrizes abstratas até os diversos graus de
objetividade. Em 'A Assinatura de Todas as Coisas' Boehme escreve:
"Todo o mundo externo visível, com todos os seus seres, é uma assinatura,
ou figura, no mundo interno espiritual; o que quer que haja internamente, e
qualquer que seja sua operação, terá seu caráter externo conformado do
mesmo modo; como o espírito de cada criatura estabelece e manifesta a
forma interna de seu nascimento através de seu corpo, do mesmo modo o
faz o Ser Eterno".
Os “Seis Dias da Criação” simbolizam as "seis formas do poder atuante" na
natureza, através do qual o mundo visível vem a expressar a "divina
corporalidade pela qual são gerados todas as coisas e vêm a formar um ser",
isto é, o cosmo. Eles têm seu repouso e síntese no sétimo, que superintende
mas jamais anima diretamente seja a substância divina seja a matéria
terrestre. Os seis poderes que ele emite são "o divino som... pelo qual são
manifestas todas as formas".

A Natureza pode ser entendida em termos de sete propriedades.


Existem especialmente sete formas na natureza, tanto na natureza eterna
como na externa; pois o externo procede do eterno. Os filósofos antigos
deram nomes aos sete planetas de acordo com as sete formas da natureza.
Mas eles, com isso, entenderam outra coisa - não só os sete astros, mas as
propriedades sétuplas na geração de todas as essências.
Saturno representa o desejo-energia de uma matriz, que nutre-se da vontade
livre da eternidade, e que se torna energia harmoniosamente ordenada, a
imagem da eternidade. Esta condição é representada por Júpiter. Saturno
permite ao eterno se manifestar como essência, e Júpiter significa a potência
de sensibilidade. Marte representa a manifestação do desejo-energia como
poder ardente, a origem do sentimento e ]om isso do sofrimento. Ele também
é a origem do desejo-amor e, portanto, é o princípio que pode aspirar à
unidade com o eterno, ou à separação dele.
O Sol simboliza a "luz da natureza" pela qual são contemplados os outros
planetas.
Vênus é o começo da corporalidade e dá origem ao desejo falso ou terrestre.
Mercúrio é o símbolo da discriminação, o separador de todo pensamento e
consciência. Quando desperto, é santo e divino, mas pode matar tão
facilmente como pode criar.
A Lua é "a essência reunida" da corporalidade. O artista espiritual sabe como
os 'planetas' devem ser reunidos, as combinações cujas influências são
daninhas e aquelas onde se rejubilam mutuamente e conjugam suas
potências em uma exaltação divina.
Talvez o maior ensinamento de Boehme a respeito da senda espiritual seja
seu 'Diálogo sobre a Vida Supra-sensorial'. Um Discípulo questiona seu
Mestre: "Como posso chegar à vida supra-sensorial?" O Mestre responde:

"Filho, quando puderes te lançar n'AQUILO, onde residem todas as criaturas,


mesmo que só por um momento, então ouvirás o que Deus fala... Bendito
serás doravante se puderes ficar longe do pensamento em ti mesmo e da
vontade pessoal, e puderes parar a roda de tua imaginação e de teus
sentidos... então passarás ao supra-imaginário, e à vida intelectual, que é um
estado de vida acima das imagens, figuras e sombras".
Então nada poderá fazer mal à pessoa, pois ela se torna como todas as
coisas. Mas "se fores como todas as coisas, deves esquecer todas as
coisas". Desejar uma ou outra coisa é estabelecer um laço com ela, e este
laço separa a pessoa do resto da natureza ao mesmo tempo que permite à
pessoa ser afetada e modificada em sua própria natureza. O único desejo
que leva à vida supra-sensorial é o desejo do Cristo, o Coração da Deidade,
pois nele a pessoa entrega toda a vontade à vontade original do ser.
Quando o Discípulo pergunta: "O que é aquilo que devo abandonar?", o
Mestre responde que todos os amores parciais devem ser abandonados em
favor do amor de Cristo, pois "no amor há certa grandeza e amplitude de
coração que é inexprimível". Neste amor "a pessoa não pode ter vontade
alguma de amigos espirituais e relacionamentos, que estão todos enraizados
juntos com ela no amor que vem de cima".
"A virtude do amor é NADA e TUDO, ou aquele nada visível de onde
procedem todas as coisas; seu poder está em todas as coisas; sua altura é a
de Deus; sua grandeza é tão grande como Deus. Sua virtude é o princípio de
todos os princípios; seu poder sustenta os céus e mantém a terra; sua altura
é mais alta do que os mais altos céus; e sua grandeza é até maior do que a
própria manifestação da Divindade na luz gloriosa da essência divina, sendo
infinitamente capaz de manifestações cada vez maiores em toda a
eternidade. O que mais posso dizer? O amor é mais alto do que o mais alto.
Sim, de certa forma é maior do que Deus; embora no sentido maior de todos,
Deus é AMOR, e amor é Deus. Sendo o Amor o princípio mais alto, é a
virtude de todas as virtudes, pois elas derivam dele. Sendo o Amor a maior
majestade, é o poder de todos os poderes, pois a partir dele eles operam
variadamente. E é a raiz mágica e santa, ou o poder espiritual de onde todas
as maravilhas de Deus foram produzidas pelas mãos de seus servos eleitos,
em todas as suas gerações sucessivas. Quem quer que descubra isso,
descobre todas as coisas".

O Discípulo, tendo aprendido que a sabedoria do mundo é loucura quando


comparada à sabedoria divina, pergunta como a luz da sabedoria inferior
deve ser usada. O Mestre responde que "em tua alma existem duas
vontades, uma inferior, para te levar para as coisas externas e inferiores, e
uma vontade superior, que te leva para as coisas internas e superiores".
Estas duas se colocam uma contra a outra no homem não-regenerado.
Similarmente, a alma tem dois olhos, que encontram sua imagem nos olhos
da forma física.
"O olho direito busca em ti à frente, na eternidade. O olho esquerdo em ti
procura atrás, no tempo".
Assim como "devemos aprender a distinguir bem entre a coisa e aquilo que é
só uma imagem sua", devemos sacrificar a vontade inferior à vontade divina
da qual ela é a imagem. Então os dois olhos podem se fundir numa unidade
de visão na qual contemplamos "com o olho da eternidade as coisas eternas"
e "com o olho das coisas naturais, e ambos contemplando assim as
maravilhas de Deus, e com isso sustentando a vida do veículo externo ou
corpo". Nas palavras do 'Evangelho de Mateus', "A luz do corpo é o olho: se
portanto tiveres só um olho, todo o teu corpo ficará cheio de luz".

Tendo instruído seu Discípulo de que "Tudo está na vontade", o Mestre


adverte:
"... quando o corpo terrestre perece, então a alma deverá ser aprisionada na
mesma coisa que tiver recebido e deixado entrar; e se não deixares entrar a
luz de Deus, sendo privado da luz deste mundo, não poderá senão se
encontrar em uma prisão escura".
A Alma iluminada, tanto na morte como na vida, transcende as condições de
lugar e tempo, pois sua luz é a luz primordial que vela o mistério daquele
Sem-raiz que está além da deidade.
A despeito de virulenta oposição, os ensinamentos deste homem de visão
que penetrou no cerne universal do pensamento Cristão se espalharam
rapidamente pela Europa e Inglaterra. Eles indicaram o caminho em direção
a uma percepção da verdade e a uma devoção ao divino que transcendeu o
dogma e a intolerância das igrejas, atravessou as superstições e
embelezamentos da teologia, e abriu o livro da Natureza tríplice onde o
Eterno incessantemente inscreve suas palavras.

O desejo de saber é inato no homem, afirmou Aristóteles; manifesta-se, desde cedo, na criança, pela curiosidade
natural, e continua vida afora, durante todo o período de desenvolvimento do ser humano.
Esse desejo de saber é o princípio das ciências, cujo fim primeiro não está em oferecer ao homem os meios de agir
sobre a natureza, mas, inicialmente, em satisfazer sua natural curiosidade.
) conhecimento fIlosófico é a mais alta expressão da necessidade de saber. Enquanto visa conhecer as coisas por
suas causas, as causas mais imediatas, é uma ciência; a fIlosofia tem por fim descobrir as causas mais universais,
ou seja, as causas primeiras das coisas. Ela se serve apenas da razão, distinguindo-se, por isso mesmo, da
Teologia, que se apóia, em seus primeiros princípios, nas verdades reveladas, enquanto a Filosofia apela
unicamente para as luzes da razão.

Os Discípulos e Aspirantes da Ciência Divina simbolizavam o processo (mental) por um arqueiro disparando suas
flechas sem acertar o alvo, para transmitir claramente, a arte de Controle do Pensamento.
O alvo representa a essência Divina em nosso interior, ou o centro, para o qual dirigimos nossas preces. O arco
representa a própria Alma que deveria estender-se como a corda do arco.
Nossos Pensamentos são as Flechas, e nosso Ser exterior o Arqueiro, o “Disparo” rumo ao “Alvo” requer atenção,
calma, e concentração, os requisitos essenciais
para uma prática mística, e alcance de seu (alvo) Objetivo.

A vida de Jacob Boehme revela que ele não foi um místico comum; as repetidas declarações de que não realizou
estudos formais, escolásticos, que não recebeu o que sabia de nenhum mestre-escola, mas da plena natureza, da
própria vida, observando o que existia e que, mercê da graça divina, foi instruído por Deus, demonstram esse fato;
seus estudos foram orientados no sentido místico e sua realidade decorreu de profundas reflexões que fez,
fundamentalmente, debruçado sobre a Gênesis.
Considerado um dos mais originais e grandes místicos cristãos, Boehme possuía uma forte inclinação para as
coisas do espírito; revelava, ao mesmo tempo, muitas caracteristicas do clarividente e do metafísico. Suas idéias
influênciaram enormemente, não só a filosofia como o misticismo religioso.

O Misticismo, em seu mais simples e essencial significado pode ser considerada como uma “doutrina” ou
“religião” que enfatiza sua atenção imediata de Ligação ou Conexão direta (Religião = Religar) entre o Corpo
(Matéria) e Espírito (Eu Superior – Self) e íntima com Deus, Sua Consciência Divina.
A definição do termo “Místico” foi empregada pela primeira vez no Mundo Ocidental, nos escritos atribuídos a
Dionisius, “O Aeropagita” que apareceu no final do quinto século, empregando a palavra para expressar uma
variação de Teologia, no sentido “mais do que uma Experiência”.
Para ele e para muitos intérpretes, desde então, o misticismo se baseava em uma teoria ou sistema religioso que
concebe Deus como absolutamente transcendente, além da Razão, do pensamento, do intelecto e de todos os
processos mentais.
A palavra, a partir de então, tem sido vagamente usada para os tipos de “Conhecimentos Esotéricos e Teosóficos”
não suscetíveis de verificação.
A “Essência do Misticismo” apoia-se sobre a “Experiência de Comunicação Direta com Deus”.
O místico é aquele que aspira a uma união pessoal ou à unidade com o Absoluto, que ele pode chamar Deus,
Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo, O Icognoscível, etc, etc, e etc.

Em sua última Obra, o “Mysterium Magnum”, escrita em 1623, declara Jacob Boehrne que recebeu, realmente,
da graça divina, o poder e a capacidade de falar do Grande Mistério, ou do começo e origem de todas as coisas; e
desde que somos capazes, pelo funcionamento da alma, de compreender o conhecimento real, a palavra inspirada
pela Ciência Divina

O “Centrum” (centro) refere-se, em muitos casos, ao Centro (Ponto) ou “Raiz” de um Ser Existêncial; Matriz, à
Fonte de um Ser/Seres;
“Logos” ao “Lugar Determinado” para um “Ser Específico”.
“Separator” (separador), ao “Poder de Oposição”.
“Principium”, simplesmente, “A Princípio”; Muitas Vezes empregado como “Os Três Princípios”;
“Limbus” (ou limus), quando aplicado ao Homem, refere-se ao aspecto do Homem (Ser Humano) pelo qual Cristo
Reside N'le;
“Turba Magna” refere-se ao desequilíbrio da ira despertada na queda de Adão;
“Verbo Fiat” é a Palavra pela qual ocorreu a Criação de D'us.
“Paraíso”, “A Essência (Origem) do “Primeiro “Ser”, ou “ENS”;
“ENS” Faz sua Referência a “Quintessência”, o Elemento designado por “Tintura”
“Tintura” é o Poder pelo qual “Todas as Coisas” são Modificadas; É a “Palavra Expressa”, é a Vida da Sabedoria
(Sophia). Exteriormente, Tintura é o Poder pelo qual os “Metais-Base são Transformados em Ouro”. (Alquimia do
Espírito).
O “Spiritus Mundi” (Espírito do Mundo) é o Poder Atuante que Existe nos “Quatro Elementos”.
“Signature” (Marca/Assinatura) é a Manifestação Externa de “Alguma Coisa”.
“Imaginação” é o aspecto do Homem pelo qual Ele se Orienta (Pensamento, Vontade).
“Consciência”, A Magia que Atravessa a Imaginação em Direção ao “Mysterium Magnum” (o mistério do
Divino).
“Sophia”, “A Sabedoria”, “A Noiva da Alma”.

[A palavra “Filosofia” é composta de duas palavras de origem grega: “Filos”,


que significa Amor, e “Sofia”, traduzida como Sabedoria ou Conhecimento,
pelo Grande Mestre e Filósofo Pitágoras de Samos (571 a.C. – 496 a.C.)]

Sua obra foi acrescida, posteriormente, de um relato de sua vida e das Tábuas da Revelação Divina que estuda a
Cosmogonia Mística, e fazendo a minuciosa exposição ao Primeiro Livro de Moisés (A Genêsis da Criação).
Expondo sua Perspectiva (Visão) a respeito a “Manifestação da Palavra Divina”, A Origem do Mundo, do Reino
da Natureza, e do “Reino da Graça”, auxiliando a compreensão do Velho e do Novo Testamento; Enfatizando a
maneira como o Homem deveria de Pensar, e “Conhecer a Si Mesmo” (Nosce Te Ipsum), sob a Luz de Sua
Natureza; O Q'Ele É. Em'Quê consiste sua Vida Eterna e Temporal. Sua “Bem-Aventurança” ou “Santidade”
(Sacro-Ofício), e também ter “O Conhecimento” de “Sua Perdição”.
– “Eu não adquiri O Conhecimento através de Estudo; MASS, Observei a Ordem e Posição dos 7 Planetas
em Livros de Astrólogos. Concordei com Eles. Não pude aprender com os homens, “Em Profundidade”, como os
Planetas vieram a Existir, e de onde Vieram; Os homens não souberam explicar o porquê, realmente, não sabiam.
Eu não estava Presente Quando Deus Criou O Universo e Os Planetas.” -

Podemos concluir sem margem de erro, que Boehme fora “Um Iluminado”, que Recebeu a Sabedoria (Sofia) O
Conhecimento, mediante a 'Qualquer Esforço”.
Tocado momentânea e Conscientemente pelo Espírito Divino, que cedo compreendeu que há
uma “Gnose Vital”.

(Gnose, ou Gnosis, é o substantivo do verbo gignósko, que


significa conhecer. Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. Em filosofia, epistéme significa
“conhecimento científico” em oposição a “opinião”, enquanto gnosis significa conhecimento em oposição a “ignorância”,
chamada de ágnoia. A gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca
do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento que dá sentido à Vida humana, que a
torna plena de significado porque permite o Encontro do homem com sua Essência Eterna e Maravilhosa”)

“O Conhecimento Superior que Transcende todo o Conhecimento humano e qualquer Instrução formal.”
A leitura e assimilação deste Conhecimento transmitido através Desta Obra () de Jacob Boehme levará o leitor à
“Constatação de que a Verdade é realmente “Una” (Uma), e que sempre se manteve exposta à Mente e Coração
dos Homens.”
“Áqueles Homens” (Seres Humanos) que Compreendem a “Natureza de Deus”, Enxergam a Deus, como “Pai
Único”, de “Onde Partiu a Vontade”, ou “Impulso) Inicial”.
Seus Segredos, somente de Tempos em Tempos é que Ele poderá vislumbrar seu Lampejo."

A Filosofia, Astrologia, e Teologia são “A Raiz” de Onde Cresce uma Esplendida Árvore, Que Floresce Em um
Magnífico Jardim de Delícias.
O Solo de onde parte Esta Árvore, Irriga Continuamente com Seu Suco, e que Lhe A Torna Vivente, Lhe
permitindo Vegetar (por Si Mesma), Tornando-a Forte para se Ramificar em Galhos (Troncos) Majestosos.

Assim como a terra, por sua virtude (potencial específico) opera na árvore para que ela possa crescer e tornar-se
frondosa, a árvore, com todos os seus galhos e ramos opera sem cessar, com todo o seu poder, para oferecer, de
tempos em tempos, excelentes frutos.

Se, entretanto, a árvore frutificar pouco, ou se os frutos forem fracos, pequenos ou medíocres, não quer dizer que a
natureza desta árvore seja destinada a produzir frutos maus, pois ela é magnífica e de excelente qualidade; isto
pode ter sido causado por frio intenso, grande calor, pelas intempéries, pelas lagartas ou por insetos, pois as
propriedades (ou as influências) que as estrelas espalham no espaço, corrompem-na e a impedem de produzir bons
e abundantes frutos.

Não é, pois, regra geral da espécie, produzir os mais doces frutos à medida que a planta cresce e vai ficando mais
vell1a. Ela pode produzir pouco quando é nova, por causa de sua abundante umidade ou da qualidade da terra
(áspera, seca, fraca, pedregosa) e embora a árvore se cubra de flores, seus frutos cairão, à medida que crescerem,
se ela não for plantada em terreno ou terra fértil.

Se a árvore tem em si uma qualidade doce e boa, tem, também, três outras que a combatem: a amarga, a áspera e a
adstringente. O mesmo ocorre com seus frutos, até que o Sol atue neles, adoçando-os, dando-ll1es um gosto
agradável, e até que eles adquiram força para resistir à chuva, ao vento e às tempestades.

Quando, porém, a árvore se toma vell1a, com os galhos secos, e seu suco não mais subir à copa, muitos brotos
verdes crescem ao redor do tronco e até mesmo sobre a raiz, patenteando o envell1ecimento desta árvore que fora,
outrora, um pequenino arbusto coberto de ramos soberbos; a natureza (o suco) conserva-se até que o tronco fique
completamente seco; então, é cortado, vira lenha e vai para o fogo. Atente, caro leitor, para esta comparação.

O jardim onde a árvore está significa o mundo; o terreno, a natureza; o tronco da árvore, as estrelas; os galhos, os
elementos; as frutas que surgem desta árvore, os homens; o suco, a pura divindade; os homens são, pois, formados
da natureza, das estrelas e dos elementos. E Deus, o criador, domina todas as coisas, como o faz o suco, em
relação à árvore inteira.

A natureza possui, em si mesma, duas qualidades, e isto assim será até o julgamento de Deus; uma, amável,
celeste e santa e outra, áspera, infernal e voraz.

A qualidade boa atua e trabalha continuamente com grande atividade, para produzir bons frutos, nos quais o
espírito santo domina; a natureza oferece, para isso, seu suco e sua vida. A qualidade má também cresce e faz
grande esforço para produzir sempre frutos maus; é alimentada, para isso, com o suco e a chama infernal do
demônio.

Estas duas coisas estão, agora, na árvore da natureza; os homens são formados desta árvore e vivem, no meio de
uma e da outra qualidade neste mundo, neste jardim, em grande perigo, expostos tanto ao ardor do sol como à
chuva, ao vento e à neve.

Quando o homem eleva seu espírito à divindade, o espírito santo penetra e opera nele; mas se ele deixar seu
espírito descer a este mundo e o entregar ao império do mal, o demônio e o suco infernal nele se insinuarão e o
dominarão.

Assim como a geada, o calor ou a neve magoam as frutas de uma árvore, fazendo-as murchar e estragar
rapidamente, ocorre o mesmo com o homem, quando ele se deixa governar pelo demônio e seu veneno.

O mal e o bem existem, fermentando no homem, dominando-o como fazem na natureza. Mas o homem é filho de
Deus, que o fez do mais perfeito fundamento para dominar o bem e subjugar o mal. O mal está ligado ao bem na
natureza; é assim, também, no homem, que, entretanto, pode subjugá-la. Se elevar seu espírito para Deus, o
espírito santo se aproximará dele e o auxiliará a alcançar a vitória.

Da mesma forma que a boa qualidade que vem de Deus e sobre a qual o espírito santo exerce a soberania é dotada
de poder na natureza para vencer a qualidade má, a qualidade da ira tem, nas almas corrompidas, o poder de
triunfar, pois o demônio é um poderoso senhor da ira e dela é o eterno príncipe. (pela palavra "ira"
Boehme expressa o próprio poder eterno considerado separadamente do amor, da justiça e da luz).

Em seu primeiro livro, "Aurora Nascente", Boehme refere-se ao Grande Mistério e previne o leitor de
que o que não foi escrito, nessa oportunidade, poderá ser lido em outro lugar, em escritos posteriores, quando
puder falar melhor a respeito da grandiosidade do mistério, já que esse livro é o primeiro ramo do galho que
emerge e cresce, verde em sua origem, exatamente como ocorre com uma criança que está aprendendo a andar e
que, por isso, não anda depressa nem corre.

Aliás, é oportuno lembrar que o título original do livro "Aurora" foi: "A Raiz ou a Mãe da
Filosofia, da Astrologia e da Teologia", justificado pelo autor, como se segue.

Por Filosofia, considera-se o poder divino, o que Deus é; como a natureza,-as estrelas e os elementos são criados
na essência de Deus, de onde tudo se originou; como são criados o céu, a terra e o inferno, os anjos, o homem e o
demônio e tudo o que existe materialmente, ou concretamente; ou ainda, o que são as duas qualidades da natureza.

Por Astrologia, considera-se as virtudes da natureza, das estrelas e dos elementos como todas as criaturas
procedem desta fonte; como estas mesmas virtudes estimulam, governam e operam em todas as coisas; como, por
seu intermédio, são operados o mal e o bem no homem e nos animais; como o mal e o bem se encontram neste
mundo e aí dominam; e como aí subsistem os reinos do céu e do inferno.

"Meu objetivo não é expor o curso, o lugar e o nome de todos os astros; como ocorre anualmente sua
conjunção, sua oposição ou sua quadratura, nem como eles operam cada ano e em cada lua. Meu objetivo é
escrever segundo o espírito e o sentido, e não, depois de especulações."

Por Teologia, considera-se o reino de Cristo: o que o constitui, como ele se colocou em oposição ao reino infernal;
como ele se agita e combate, na natureza, o reino infernal; como os homens podem, pela fé e pelo espírito,
submeter-se a este reino infernal, triunfar na virtude divina e obter, na luta e como penhor da vitória, a eterna
santidade, ou seja, como o homem se lança na perdição pela atividade da qualidade má. Na parte final do Capítulo
3, retomaremos a este assunto.

Declara ser como todos os homens que lutam pela coroa da felicidade eterna e vivem buscando a perfeição; pois já
que as portas da profundeza foram-lhe abertas, pela graça divina, seu espírito não pôde deixar de olhar através
delas, pura os grandes mistérios, embora se posicionando como uma criança que, ao aprender a falar, apenas
consegue balbuciar.

Como há um começo no homem, e não em Deus, continua Boehme, eu devo descrever, de forma humana, os
assuntos transcendentais; do contrário, o leitor não os entenderia.

Porque o conhecimento e a compreensão pertencem à luz divina, não é fácil compreender a essência divina;
procurarei representar, toscamente, o sublime segredo, de forma objetiva e material, para que o leitor possa
penetrar na profundeza. A essência divina não pode ser inteiramente expressa pela linguagem humana; apenas o
espírito da alma, que perscruta a luz, a compreende. A alma do homem que é iluminada pelo Espírito Santo, pela
luz de Deus, percebe a essência celestial. O espírito astral que reveste a alma e o espírito elementar , que governa
a origem não vêem além de sua geratriz, de onde nascem e na qual vivem.

Se eu pudesse escrever sobre o que é puramente celestial, ou sobre tudo a respeito da divindade, seria considerado
um tolo pelo leitor que não tivesse capacidade de me entender. Por isso, usarei ambas as formas, divina e humana,
esperando estimular alguém a refletir sobre as coisas transcendentais.

o homem é feito de todos os poderes de Deus; extraídos dos seus sete-espíritos, como os anjos. Sendo, porém,
matéria corruptível, nem sempre o poder divino se manifesta em todos os seus aspectos e se desenvolve operando
nele.

Isto porque o Espírito Santo não se sujeita à carne pecadora, mas eclode como um relâmpago, da mesma forma
que a faísca irrompe de uma pedra quando o homem a golpeia. Quando este clarão alcança a fonte do coração, o
Espírito Santo se eleva nos sete espíritos-fontes até o cérebro, como o amanhecer do dia, como o rubro romper da
aurora.

Nessa luz, os sete-espíritos interagem; um vê o outro, sente-o, toca-o, sente-lhe o gosto e o escuta como se a
Divindade se manifestasse nele, com toda a Sua plenitude. Aqui, o espírito assoma na profundeza da Divindade,
porque o Deus próximo e distante é um-todo-único, e o mesmo Deus está em seu aspecto trino tanto no céu como
na alma do santo.

A alma vive um eterno perigo neste mundo, motivo pelo qual é, justamente, cognominado de um "vale de
lágrimas", cheio de miséria e angústia: um desafio constante a que somos atraídos, empurrados, arrastados e
levados a combater.

o corpo, frio e meio morto, nem sempre compreende esta luta da alma; não sabe o que ocorre, mas se sente pesado
e ansioso; vai de uma coisa à outra e de um a outro lugar, em busca de quietude e repouso. E quando chega ao
lugar que visava, não encontra o que buscava; parece-lhe que foi abandonado pela mão de Deus. Não compreende
a luta do espírito, nem como este, às vezes, está caído e, noutras, exultante.

Insisto em que o leitor saiba que não escrevo isto como quem narra uma história que me tivessem contado, afirma
Boehme; devo livrar-me, permanentemente, desse combate, e considero que esse esforço, que às vezes parece me
derrubar, como a qualquer outro homem, é algo verdadeiramente aniquilador.

Foi exatamente por ser a luta tão violenta, em razão da seriedade com que abordo o tema, que me foi dada essa
revelação bem como o veemente impulso de lançar tudo isso no papel.

Nesse combate, acrescenta ele, passei por provas terríveis que amargaram meu coração. Muitas vezes, meu Sol se
eclipsou e noutras, se extinguiu, porém, sempre se reergueu, e quanto mais amiúde se eclipsava, mais
resplandecente e claro se elevava de novo.

Admira-me muito que Deus tenha podido revelar-se assim, plenamente, a mim, um homem tão simples, e que me
ordenasse escrever a respeito disso, sobretudo, por haver tantos homens sábios que o fariam melhor e mais
corretamente do que eu, tão pequeno, neste mundo! Quanto mais a isso me opunha, mais pedras recolhia para o
edifício em construção.

Agora, cheguei tão alto que não me atrevo a olhar para trás, pois receio ter uma vertigem e só me falta um
pequeno trecho para chegar à meta que meu coração aspira e deseja alcançar com toda a plenitude. Enquanto
subo, não sinto vertigem, porém, quando olho para trás e entrevejo a possibilidade de regressar, sinto tonteiras e
medo de cair. Se tenho plena confiança em Deus, e a luz e o conhecimento de meu Deus permanecem comigo,
tenho o bastante para esta vida e para a que se segue.

E, realmente, prosseguiu. Pareceu-nos, pois, que a peculiar e, por vezes, difícil doutrina de Boehme seria melhor
compreendida, se fossem conhecidos alguns fatos de sua vida e as influências que recebeu.
Filosofia

Ao contrário de uma concepção medieval e até neoplatônica da divindade, ele não a concebe como
estática, mas nela descobre uma luta ardente de princípios opostos, sendo que a principal
preocupação dos escritos de Böhme era a natureza do Pecado, do Mal e da Redenção. De acordo
com a teologia luterana, Böhme pregava que a humanidade tinha caído do estado de divina graça
para um estado de pecado e sofrimento, que as forças do Mal incluíam os anjos caídos que tinham
se rebelado contra Deus e que o objetivo de Deus era restaurar o mundo ao seu estado natural de
graça.

Na cosmologia de Böhme, é necessário que a humanidade se voltasse para Deus a fim de que a
criação voltasse ao estado original de harmonia e de inocência, permitindo ao homem atingir uma
nova auto-consciência pela interação com a criação que se tornaria, ao mesmo tempo, parte Dele e
distinta Dele. Deste modo, o livre arbítrio seria o mais importante dom dado a humanidade por
Deus, permitindo-nos buscar a graça divina na condição de uma livre escolha, enquanto permitiria
aos seres humanos manter as suas individualidades.

Böhme via a encarnação de Cristo, não como um sacrifício oferecido para perdoar os pecados dos
homens, mas sim como uma oferta amorosa e divina para a humanidade, mostrando a vontade de
Deus suportando igualmente o sofrimento terrestre como um aspecto necessário da criação. Ele
também acreditava que a encarnação de Cristo expressava a mensagem que um novo estado de
harmonia seria possível.

Primeiro Ponto
"Do Sangue e da Água da Alma"
1. Tudo o que tem substância e é tangível está neste mundo. Dado que a alma não é nem uma
substância, nem uma entidade neste mundo; nem seu sangue, nem sua água são substâncias ou
entidades neste mundo.
2. É certo que a alma, com seu sangue e sua água, reside no sangue e nas águas exteriores, mas sua
substância é mágica. Pois a alma é também um fogo mágico, e sua imagem ou forma é criada na luz

(pela força de seu próprio fogo e de sua própria luz), emanadas do fogo mágico e, portanto, ela é
uma imagem verdadeira da carne e do sangue, mas não em seu estado original.
3. Como a Sabedoria de Deus, tem um ser e, portanto, existe, mas a Sabedoria não é um ser. Assim
também a alma, com sua imagem, possui uma existência, mas, contudo, a alma não é mais do que
um fogo mágico, mas sua subsistência busca sua fonte em sua substância.
4. Assim como o fogo tem necessidade de substância para arder, também o fogo mágico da alma
tem
a carne, o sangue, e a água. Não haveria sangue se a tintura do fogo e da luz não fossem de água.
Esta tintura é a entidade ou a vida da sabedoria (que tem nela todas as formas da Natureza) e é o
outro fogo mágico.
5. Ela dá, pois, todas as cores e de sua forma emana a energia divina da natureza doce da luz (quer
dizer: segundo a propriedade da luz que está nela), e segundo a propriedade do fogo que está nela, é

uma sutileza da transmutação. Ela pode conduzir todas as coisas a seu grau mais elevado, ainda que
não seja um espírito vivo, mas a entidade suprema.
6. Assim, a tintura é a mesma entidade na água e ela introduz nesta última as propriedades do fogo e

da luz, com todas as forças da Natureza pelas quais transforma a água em sangue. E o faz na água
exterior e também na água interior, o mesmo que ela faz no sangue exterior e no interior.
7. O sangue interior no estado de substância divina é igualmente mágico, pois é a Magia que a
transforma em substância. É o sangue espiritual que a natureza exterior não pode alcançar (rügen), a
não ser pela imaginação. A imaginação interior introduz a vontade exterior no sangue interior. Por
esse processo, o sangue e a carne no estado de substância divina se corromperam, e a nobre imagem

da semelhança com Deus está eclipsada.


8. O sangue e a carne da alma vivem no mais alto mistério, pois eles são o estado da substância
divina. E quando o sangue e a carne exteriores morrem, caem no mistério exterior, e o mistério
exterior cai no mistério interior.
9. E cada fogo mágico tem seu resplendor e sua obscuridade no si-mesmo; o que provoca a
necessidade de um dia final de separação: quando todos deverão passar através de um fogo e serão
provados, o que determinará os que são aptos, e os que não o são. Então todas as coisas retornarão à

sua própria magia e será como era desde a eternidade.

Segundo Ponto
Da escolha da graça
Do bem e do mal
1. Só Deus, desde a eternidade é o Todo. Sua essência se divide em três distinções eternas: a
primeira é o mundo-fogo, a segunda é o mundo das trevas, e a terceira é o mundo-luz. E, contudo,
não há mais do que uma única essência; uma na outra, mas uma não é a outra.
2. As três distinções são igualmente eternas e sem limites, não estão limitadas nem no tempo, nem
no espaço. Cada distinção se encerra nela-mesma, num ser. Sua qualificação está de acordo com sua

propriedade, e nesta qualificação reside também seu desejo, como o centrum naturae (centro da
natureza).
3. E o desejo é sua criação, pois o desejo cria o ser onde não havia nada, e com a essência do desejo,

segundo a propriedade do desejo. E o conjunto não é mais do que uma Magia, ou a fome pelo
estado
de ser.
4. Cada forma cria um ser em seu desejo; e cada forma se enche do reflexo de sua própria claridade,

e tem sua visão em seu próprio espelho. Sua visão é uma treva para outro espelho, e sua forma está
oculta para outro olho; mas na sensação, há uma diferença.
5. Cada forma deriva sua sensação do estado original das três formas da Natureza, a saber: o ácido,
o
amargo e a angústia e, portanto, nestas três formas não há nenhum sofrimento em si, mas ali o fogo
causa a dor que a luz transforma de novo, em doçura.
6. A verdadeira vida está enraizada no fogo; há um vínculo entre a luz e as trevas. Esta relação é o
desejo com tudo o que se completa é por isso que o desejo pertence ao fogo, e sua luz brilha desse
fogo. Esta luz é a forma, para a visão desta vida e a substância introduzida no desejo é a madeira a
consumir no fogo ardente e como quer que ela seja dura ou suave, é também o reino do Paraíso ou
do Inferno.
7. A vida humana é o vínculo entre a luz e as trevas e arderá naquela na qual se abandonar. Se ela se

abandona ao desejo da essência, arderá na angústia, no fogo das trevas.


8. Mas se ela se abandonar a um vazio (o nada), então estará sem desejo e cairá no fogo da luz e
assim arderá sem dor, pois ela não põe em seu fogo nenhum combustível que poderia alimentar um
fogo. Como não há nenhuma dor nela mesma, como a vida não recebe sofrimento, pois ela (a vida)
não contém nada em si-mesma, a vida humana cairá na primeira Magia, que é Deus em sua
Trindade.
9. Quando nasce, a vida possui os três mundos em si. Ela estará contida no mundo ao qual se unirá e
é deste fogo que arderá.
10. Pois, quando a vida se inflama, é atraída pelos três mundos e eles se movem na essência, como
no primeiro fogo que se inflama. Qualquer que seja a essência que a vida em seu desejo escolha
receber, deste fogo é que arderá.
11. Se a primeira essência na qual a vida se inflama é boa, então o fogo é também agradável e bom.
Mas se esta é má e escura, consistindo de uma propriedade de violenta fúria, então o fogo será
também um fogo-fúria, e terá um desejo correspondente, que se ajusta à propriedade deste fogo.
12. Cada imaginação deseja somente uma essência igual a ela-mesma e da natureza da qual nasceu
originalmente.
13. Atualmente, a vida do homem é como uma roda e logo o ponto mais baixo se tornará o ponto
mais alto. Ela se inflama com cada essência e se mancha com cada essência. Mas a vida se banha no

movimento do coração de Deus, uma água de gentileza e, nesse lugar, é capaz de introduzir um
estado de substância em seu fogo-vida. A escolha de Deus não depende da primeira essência.
14. A primeira essência não é, pois, mais do que o Mysterium para uma vida. E a primeira vida,
assim como o fogo do qual se inflama, pertence ao Mysterium que ela tomou da essência, de que
esta
essência é inteiramente violenta, ou uma essência mista, ou uma essência de luz, de acordo com o
mundo-luz.

15. A propriedade na qual a vida adquire a ascensão é também aquela que consumirá sua luz. Esta
vida não teve escolha e nenhum juízo será conduzido sobre ela, pois tem sua própria condição
primitiva, e leva seu juízo em si-mesma. Ela se separa de toda outra fonte (Qual), pois ela não
consome mais que de sua própria fonte, de seu próprio fogo mágico.
16. A escolha está em relação ao que é introduzido, que pode pertencer seja à luz ou às trevas. Pois,
de acordo com o que seja introduzido pertença a uma propriedade ou a outra, assim será também a
vontade de sua vida. Assim é como se pode saber se ela é de uma natureza de violenta fúria, ou de
uma essência de amor. Também por longo tempo arderá de um único fogo e será abandonada pelo
outro. A escolha do fogo no qual ela arderá se transmite à vida, por este mesmo fogo por tanto
tempo
quanto ela permanecer neste fogo.
17. Mas, se a vontade deste fogo (como o punctum instável) se submerge em outro fogo e ali se
inflama, ela poderá iluminar deste fogo a vida inteira, e poderá permanecer neste fogo.
18. Então a vida renasce, seja para o mundo das trevas seja para o da luz (segundo o mundo no qual
a vontade se tenha inflamado), e então surge outra escolha. Eis aqui a razão pela qual Deus tolera
que o homem ensine, assim como o diabo. Cada um dos desejos que a vida lança em seu próprio
fogo se ilumina de si-mesma. E assim cada um desses mysterium compreende o outro.

Terceiro Ponto
Do pecado
Do que é o pecado e porquê é pecado
1. Algo que é Uno não tem nem mando, nem lei. Mas, se esse algo se mescla a outro algo, resultam
dois seres diferentes, existindo como um só. Mas também há duas vontades, uma operando contra a
outra. Eis aqui a origem da oposição ou da inimizade.
2. Consideremos a oposição a Deus. Deus é Uno e Bom, sem nenhum sofrimento ou qualidade
limitada (Qual). E toda fonte ou qualidade (Qual) está nEle, mesmo que ainda não esteja
manifestada, pois o bem absorveu o mal, ao contrário do si-mesmo, e o guarda encerrado no
bem,
como um prisioneiro, pois o mal será uma das causas da vida e da luz, mas causa não
manifestada.
Portanto, o bem morre no mal a fim de poder mover-se no mal, sem sofrimento nem
sensação em simesmo.
3. O amor e a inimizade são uma única e mesma coisa, mas cada uma reside em si-mesma, o
que as
tornam duas coisas diferentes. A morte é a linha de demarcação entre elas e, portanto, a
morte não
existe exceto que o bem morra no mal, como a luz morreu na mordida do fogo e não sente
mais o
fogo.
4. Nós devemos ainda explicar o pecado na vida humana. Eis: a Vida é Una e Boa, mas se
existe
outra qualidade no interior dela-mesma, esta se transforma numa inimizade contra Deus,
pois Deus
reside na vida mais elevada do homem.
5. No entanto, nenhuma existência incomensurável pode residir numa existência
mensurável. Já que
enquanto a verdadeira vida desperta a dor em si-mesma, não é mais idêntica ao nada, no
qual não há
dor. É porque uma se separa imediatamente da outra.
6. Pois o bem - ou a luz - é como um nada, mas se alguma coisa o penetra, então se torna
outra coisa
além do nada, pois a coisa que o penetra reside em si-mesma, no tormento (Qual), pois ali
onde há
alguma coisa, deve também haver uma qualidade (Qual) que a crie e a mantenha.
7. Consideremos agora o amor e a inimizade. O amor não possui mais do que uma única
qualidade e
uma só vontade. Não deseja mais do que o objeto de seu amor e nenhum outro, pois o bem é
tão
somente a Unidade e a qualidade é múltipla. E a vontade humana, que deseja múltiplas
coisas, traz para si-mesma e para o Único (onde reside Deus), o tormento da pluralidade.
8. Pois o múltiplo é treva e obscurece a vida da luz, e o Único é a Luz, pois esta se ama a si-
mesma e
não possui nenhum desejo pelo múltiplo.
9. A vontade da vida deve, então, ser dirigida para o Único (como fazia o Bem), e assim
permanecer
numa qualidade única. Mas, se imagina outra qualidade, ela mesma se torna o recinto do que
deseja.
10. E se esse algo não tiver um fundamento eterno terá uma raiz perecível e frágil. Então
buscará
uma raiz para assegurar sua preservação, a fim de subsistir, pois cada vida reside num fogo
mágico, e
cada fogo deve ter uma substância para poder arder.
11. Este algo deve criar por si-mesmo uma substância, segundo seu desejo, a fim de que seu
fogo
tenha um combustível para nutrir-se. Nenhum fogo-fonte pode subsistir no fogo livre, pois
este não
pode alcançá-lo, não sendo ele-mesmo mais do que uma coisa.
12. Tudo o que subsiste em Deus deve ser liberado de sua própria vontade. Não pode haver
ali
nenhum fogo individual queimando no interior de si-mesmo, pois o fogo de Deus deve ser o
seu
fogo. Sua vontade deve estar unida a Deus, a fim de que Deus e a vontade e o espírito do
homem não
sejam mais do que uma única e mesma coisa.
13. Pois o que é Uno não pode estar em desacordo ou em inimizade com si-mesmo, porque
não
possui mais do que uma vontade. Onde quer que ele vá, o que quer que faça, permanece Uno
consigo
mesmo.
14. Uma vontade única não pode ter mais do que uma imaginação única, e a imaginação não
cria
onde não se deseja o que se assemelha a si-mesma. É desta maneira que nós devemos
compreender a
vontade contrária.
15. Deus reside em todas as coisas e nada o contém, exceto se tal cosa é Una com Ele. Mas,
se esta
sai da unidade, ela sai de Deus e entra em si-mesma e se torna, então, diferente de Deus, se
separa
por si-mesma. E é aqui que se manifesta a Lei que quer que todas as coisas voltem a sair de
simesmas para retornar à Unidade ou ficarem separadas da Unidade.
16. Eis como se pode saber o que é pecado e porque é pecado. Quando um ser humano quer
separarse por si-mesmo de Deus, em sua própria existência, ele desperta seu próprio si e
arde de seu próprio
fogo, que não tem a capacidade do fogo divino.
17. Pois, toda coisa que a vontade penetre e tome posse, tornar-se-á estranha à vontade Una
de Deus.
Pois tudo pertence a Deus e nada pertence à vontade do homem. Mas, se a vontade reside
em Deus,
então também tudo lhe pertence.
18. Assim, pois, nós reconhecemos que o desejo é pecado, pois este é uma tentação da
separação da
Unidade em direção ao múltiplo e a introdução do múltiplo na Unidade. Deseja possuir e,
portanto,
deverá estar sem vontade. É pelo desejo que se busca a substância, e é na substância que o
desejo
acende um fogo.
19. Cada fogo particular queima segundo o caráter de seu próprio ser, e eis como nasce a
separação e
a inimizade. Pois o Cristo disse: "Aquele que não está comigo, está contra mim e aquele que
não
atesoura comigo, dissipa no lugar de juntar." (Lucas XI, 23). Pois aquele que atesoura sem
Cristo e
tudo o que não está nEle, está fora de Deus.
20. Vemos, então, que a avareza é pecado, pois se age com um desejo exterior a Deus. E nós
compreendemos também que o orgulho é pecado, pois este tenderá a voltar-se para sua
própria coisa,
separando o si-mesmo de Deus, assim como da Unidade.

21. Pois tudo o que reside em Deus deve mover-se nEle, em Sua vontade. Então vemos que
estamos
todos em Deus, como uma unidade dividida em numerosos membros. Não encontrará Deus
aquele
que se separa dos outros, fazendo de si-mesmo um senhor, como o orgulho pode fazê-lo. O
orgulho
se fará um senhor, e Deus é o único Senhor. Haverá então dois senhores, e um se separa do
outro.
22. É por isso que tudo o que se deseja possuir para si mesmo é pecado e uma vontade
contrária, o
mesmo quando se age assim ao beber ou ao comer. Se a vontade se imagina neste estado, ela
se
enche e se ilumina de seu próprio fogo, e age então outro fogo ardendo no primeiro e se
torna uma
vontade contrária e um erro.
23. É porque nós devemos cultivar, fora da oposição, uma vontade nova, que se abandonará
outra
vez na Unidade simples, e a oposição deverá ser quebrada e abatida.
24. Consideremos agora o Verbo de Deus feito homem. Se o homem coloca ali seu desejo,
sairá da
dor (Qual) de seu próprio fogo e será um recém-nascido no Verbo. E, assim, a vontade
nascente
residirá em Deus, mas a vontade primeira permanecerá com avareza, materialidade e
pluralidade.
25. Também a pluralidade do corpo deve ser quebrada, e esta deve desaparecer e separar-se
da
vontade nascente. Então a vontade nascente conhecerá um novo nascimento, pois na
Unidade,
reabsorve tudo em si-mesmo, não com seu próprio desejo, mas com seu próprio amor - um
amor que
está unido a Deus -, a fim de que Deus esteja inteiramente em tudo, e que Sua Vontade seja a

vontade de todas as coisas, pois em Deus não existe mais que uma única vontade.
26. Assim, nós descobriremos que o mal deve estar subordinado à vida do bem, sempre que
a
vontade se retire de novo do mal, de si-mesmo, ao bem, pois o fogo da vida é constituído de
ferocidade.
27. Mas a vida da vontade de vida deve ter voltado contra si-mesma, em conflito, pois deve
fugir de
sua ferocidade e não mais desejá-la. Ela não deve mais querer desejar e, no entanto, a
vontade de seu
fogo (quer dizer a vida de seu fogo) deseja e deve possuir o desejo. Eis aqui, então, a coisa:
renascer
na vontade.
28. Cada vontade-espírito que permanece no desejo do fogo de sua vida (como no ardor da
madeira
para o fogo), ou que ali penetra e possui o terreno, fica separada de Deus enquanto possuir o
que é
diferente, quer dizer, o terreno.
29. Então nós reconhecemos como a superficialidade de beber e de comer engendra o
pecado. Pois, a
vontade pura que se separa do fogo da vida, está mergulhada no desejo e aprisionada, e
assim se
encontra muito fraca no combate. Pois a fonte do fogo (ou do desejo) a mantém cativa e a
cumula do
ardente desejo, de tal maneira que esta mesma vontade dirige sua imaginação no desejo.
30. Assim também a vontade colocada no desejo de beber e de comer é terrena e está
separada de
Deus. Mas a vontade que escapa do fogo terrestre, arde no fogo interior e é divina.
31. A vontade que não escapa do desejo terreno não se eleva além do fogo terrestre. Não, ela
éa
vontade do fogo da alma que foi capturada e oculta pelo desejo terreno. Ela não deseja
permanecer
no desejo terreno, mas quer retornar à sua Unidade, em Deus, de onde ela encontrou
originalmente
sua fonte.
32. Mas se ela é guardada prisioneira do desejo terreno, será encerrada na morte e sofrerá a
agonia.
Eis como compreender o pecado.

Quarto Ponto
Reino a Seu Pai
1. Durante a criação do mundo e de todos os seres, o Pai se põe em movimento segundo sua
propriedade, quer dizer pelo centro da Natureza, pelo mundo tenebroso e o mundo-fogo. Eles
continuarão seu movimento e sua dominação até o momento em que o Pai se eleva, segundo seu
coração (e o mundo-luz), e Deus se torna homem. A seguir, o amor reina, a luz venceu a
propriedade
da violenta fúria do Pai e guia o Pai no Filho, com amor.
2. Depois o Filho teve domínio sobre os que se vincularam a Deus; o Espírito-Santo (que provém do

Pai e do Filho) atrai os homens para a luz do amor, através do Filho, para Deus, o Pai.
3. Mas, no final dos tempos, o Espírito-Santo voltará ao Pai e também a propriedade do Filho e as
duas propriedades se tornarão ativas nesse instante. O espírito do Pai se revelará no fogo e na luz,
mas também na violenta cólera do mundo das trevas. Então o reino retornará ao Pai. Pois o
EspíritoSanto deve governar eternamente e ser um revelador eterno no mundo-luminoso como
também no
mundo das trevas.
4. Pois os dois mundos permanecerão imóveis e o Espírito-Santo, que provém do Pai e do Filho tem

o direito de reinar eternamente nos dois mundos, segundo a natureza e a propriedade de cada um
destes mundos.
5. Ele só será o revelador das maravilhas. E a dominação eterna que Ele exercerá com o Espírito,
será devolvida ao Pai (que é tudo), pelo Filho.
Quinto Ponto
Da magia. Do que é a magia
Do que é o fundamento da magia
1. A magia é a mãe da eternidade, do Ser de todos os Seres, pois ela se cria a si-mesma e seu
entendimento reside no desejo.
2. Ela não é ela-mesma mais do que como uma vontade e essa vontade é o grande mistério de todos
os milagres e de todos os segredos, mas ela se manifesta pela imaginação da fome do desejo de
existir.
3. É o estado original da Natureza. Seu desejo cria uma imagem (Einbildung). Essa imagem ou
figura é somente a vontade do desejo, mas o desejo cria na vontade um ser, semelhante ao que
contém a vontade.
4. A magia verdadeira não é um ser, mas o espírito do desejo deste ser. É uma matriz sem
substância,
mas que se manifesta num ser de substância.
5. A Magia é o espírito, e o ser é seu corpo e, no entanto, os dois não fazem mais do que um, como a
alma e o corpo não fazem mais do que uma só pessoa.
6. A Magia é o maior segredo, pois ela é superior à natureza e cria a natureza segundo a forma de
sua
vontade. Ela é o mistério do Ternário, quer dizer que ela reside no desejo, na vontade de aspirar ao
coração de Deus.
7. Ela é a potência formadora na Sabedoria eterna, sendo um desejo no Ternário, no que a eterna
maravilha do Ternário deseja manifestar-se em cooperação com a Natureza. É o desejo que se
introduz na Natureza tenebrosa, e pela Natureza no fogo e pelo fogo, pela morte ou a violência, na
luz da Majestade.
8. Ela não é a Majestade, mas o desejo da Majestade. Ela é o desejo do poder divino, e não o poder
em si-mesmo, mas ela é a fome ou o desejo ardente do poder. Ela não é Onipotência de Deus, mas o

elemento diretor da Potência e do Poder de Deus. O coração de Deus é o poder, e o Espírito-Santo é

a revelação do poder.
9. Sem embargo, ela não é somente o desejo do poder, mas também do espírito condutor, pois ela
contém o Fiat em si-mesma. O que o Espírito-Vontade revela nela, a manifesta como um ser para a
acidez que é o Fiat. Tudo isso se cumpre segundo o modelo da vontade. Como a vontade forma um
modelo na Sabedoria, é assim que o desejo da Magia o recebe, pois ela tem a imaginação em sua
propriedade como um ardente desejo.
10. A imaginação é doce e terna, assemelha-se à água. Mas o desejo é duro e seco como a fome, ele
endurece o que é brando e se encontra em todas as coisas, pois é o maior ser (Wesen) na Deidade.
Ele guia o que não tem fundamento para sua fundação e o que não é nada para alguma coisa.
11. É na magia que se encontram todas as formas do Ser de todos os seres. Ela é uma mãe em cada
um dos três mundos e cria cada coisa, segundo o modelo e a vontade desta coisa. Ela não é o
entendimento, mas um elemento de criação segundo o entendimento e ela se presta tanto ao bem
quanto ao mal.
12. É tudo o que a vontade modela na sabedoria, de modo que a vontade do entendimento a penetre
também, é o que recebe seu ser da Magia. Ela serve àquilo que ama Deus em Seu Ser, pois ela cria a

substância divina no entendimento e a toma da imaginação e também da doçura da luz.


13. É a Magia que cria a carne divina e o entendimento nasceu da sabedoria, pois este distingue as
cores, os poderes e as virtudes. O entendimento conduz ao espírito verdadeiro e justo pelo domínio,
pois o espírito foge e o entendimento é seu fogo.
14. O espírito não é rebelde, não deveria opor-se ao entendimento mas deveria ser a vontade do
entendimento. Mas os sentidos do entendimento fogem e são rebeldes.
15. Pois os sentidos são as centelhas do espírito-fogo, eles trazem consigo, na luz, as chamas da
Majestade; e nas trevas trazem consigo o raio do terror, semelhante a um feroz relâmpago de fogo.
16. Os sentidos são de um espírito tão sutil, que eles entram em cada ser e absorvem cada ser em
simesmos. Mas o entendimento prova tudo em seu próprio fogo, rejeita o mal e não retém mais do
que
o bem. Então a Magia, sua mãe, toma o bem e lhe dá o ser.
17. A Magia é a mãe da qual provém a Natureza, e o entendimento é a mãe proveniente da
Natureza.
A Magia guia o fogo feroz, e o entendimento abandona sua própria mãe: a Magia, do fogo feroz
para
seu próprio fogo.
18. Pois o entendimento é o fogo do poder, e a Magia é o fogo ardente e, no entanto, não é
necessário compreender como um fogo, mas como o poder ou a mãe do fogo. O fogo é chamado
princípio e a Magia é chamada desejo.
19. Tudo é cumprido pela Magia, o bom assim como o mau. Sua própria obra é necromancia, mas
ela está distribuída através de todas as propriedades. No que é bom, ela é boa, e no que é mau, ela é
má. Ela é útil às crianças do Reino de Deus, e aos bruxos do reino do diabo, pois o entendimento
pode fazer o que lhe apraz. Ela não possui o entendimento e, no entanto, ela compreende tudo, pois
ela é a compreensão de todas as coisas.
20. É impossível medir a profundidade, pois ela é desde a eternidade a base e o fundamento de
todas
as coisas. Ela é um mestre de filosofia, assim como é a mãe da filosofia.
21. Mas a Filosofia conduz à Magia, sua mãe, como lhe apraz. Como o divino poder, quer dizer, o
Verbo (ou o coração de Deus), conduz o Pai severo para a doçura, assim a Filosofia (ou o
entendimento) conduz a sua mãe para uma qualidade doce e divina.
22. A Magia é o livro de todos os sábios. Os que querem aprender devem primeiro aprender a
Magia,
mesmo que sua própria arte seja mais elevada ou mais baixa. Assim como o agricultor deve ir à
escola mágica se quiser cultivar seu campo.
23. A Magia é a melhor teologia, pois nela a verdadeira fé tem seu fundamento e sua morada. E
aquele que a ridiculariza é um louco, pois ele não a conhece e blasfema contra Deus e contra
simesmo, e ele é mais um malabarista que um teólogo possuidor de entendimento.
24. Ele é como alguém que se golpeia diante de um espelho e não conhece a causa da disputa, pois
leva um combate superficial. O teólogo injusto olha a Magia em seu reflexo e não compreende nada

de seu poder, pois ela é semelhante a Deus e ele não é divino, mas é diabólico, segundo a
propriedade de cada princípio. Em resumo: a Magia é a Atividade do Espírito-Vontade.
Sexto Ponto
Do Mistério
O que é o Mistério
1. O mistério não é outra coisa além da vontade mágica que ainda está aprisionada no desejo. Ele
pode modelar-se à vontade no espelho da sabedoria. E da maneira que se modela na tintura, será
fixado e formado na Magia e por fim trazido num ser.
2. Pois o Mysterium Magnum não é nada além da faculdade que tem a Deidade de ocultar-se, em
companhia do Ser de todos os seres. Desse mistério procedem outros, e cada mistério é o reflexo e o

modelo do seguinte. E eis aqui a grande maravilha da eternidade, na qual tudo está incluído, e que
desde toda eternidade foi vista no espelho ou na sabedoria. E nada passa que não tenha sido, por
toda
a eternidade, conhecido no espelho da Sabedoria.
3. Mas deves compreendê-lo segundo as propriedades do espelho, segundo todas as formas da
Natureza, quer dizer, segundo a luz e a sombra, segundo a compreensão e a incompreensão,
segundo
o amor e a ira, ou segundo o fogo e a luz, como foi demonstrado.
4. O Mago tem o poder, neste Mistério, de agir segundo sua vontade, e ele pode fazer o que lhe
apraz.
5. Mas ele deve estar armado com esse mesmo elemento, com o qual ele poderia criar; se não ele
for
rejeitado como um estranho e liberado ao poder dos espíritos deste elemento, que poderiam tratá-lo
como bem lhes parecesse. Nada mais pode ser dito deste tema, por causa da turba.

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