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• Experiência e fantasia
O autor começa enveredando pelo “gosto do mistério” presente na literatura de viagem dos
“grandes descobrimentos”. O autor destaca o conhecimento sobre o “realismo” e as
particularidades da arte medieval para entendermos a reação dos “viajantes” diante do Novo
Mundo.
O autor afirma que não havia uma diferenciação muito clara entre a “magia” durante a baixa e
a alta Idade Média. A literatura, filosófico-teológica medieval eram permeadas por essa
“magia.
Ele destaca que aqueles que pareciam pretender se afastar ou negar o sobrenatural foram
aqueles que se mostraram propensos, por mais contraditório que pareça, a retardar a
caminhada à secularização a partir de uma perspectiva idealista.
Os primeiros viajantes têm seus relatos permeados por uma curiosidade que beira o utilitário.
A experiência é quem parece guiar os seus relatos, contrapondo uma busca por irrealidades
que parece não se mostrar verdadeira.
Sergio Buarque afirma que os portugueses foram muito pouco responsáveis pelos mitos que
se formaram acerca do Brasil, durante a “conquista”. Muitos dos mitos relacionados ao Éden
surgiram de viajantes que escreveram sobre o continente africano. Eutimenes teve grande
influência nesses mitos.
Uma concepção, ligada ao Gênesis, de que o Ganges, o Nilo e o Tigre eram os rios que
banhava a Terra foi ganhando atenção. Eles passariam pelo “Éden”. Os mitos sobre o
continente africano começam a rua diante da realidade encarada pelos “pilotos”.
O desconhecido vai se tornando um imenso mercado. O autor nos fala sobre uma crença na
existência de um Paraíso Terreal que acompanha ou precede os conquistadores de Castela.
Cartas que relatam a chegada ao berço dos primeiros humanos fazem-se presentes. Ao que
parece, a chegada desses foi permeada por um quê dos escritos de Marco Polo no que diz
respeito aos relatos e constatações.
• Terras incógnita
Colombo também teria sido influenciado por essa ideia do Paraíso Terreal. Em meio a esse
paraíso, monstros míticos e homens com características animalescas parecem permear os
escritos do viajante.
Aqueles que acreditavam ter chegado ao Extremo Oriente, buscavam o mito do Paraíso
Terreal que se relacionava com o Oriente e utilizavam referências a Marco Polo. No século XIV
já temos registros de relatos do “Éden” na parte oriental do mapa.
O autor reserva uma enorme quantidade de linhas para nos falar sobre a crença na fonte da
juventude, que parecia estar bastante viva entre os viajantes.
Os autores que escreveram após Colombo não se contiveram a escrever sobre os boatos de
uma terra dominada por “mulheres sem homens”: as Amazonas. O próprio Cristóvão Colombo
nos fala sobre uma ilha habitada por Amazonas. Já durante o segundo decênio dos
Quinhentos, em sua expedição a Iucatã, Juan de Grijalva fala sobre uma casta de Amazonas.
Outros relatos nos falam de mulheres que lutavam ao lado dos homens, não as considerando
autênticas Amazonas.
O dominicano Frei Gaspar rata ter encontrado com as guerreiras, após atravessar a foz do
Madeira. Os relatos do frei descreviam-nas como fortes como inúmeros homens e brancas. Os
nativos que habitavam as adjacências pareciam, de acordo com os relatos, se subordinarem às
amazonas. Aparentemente, europeus e indígenas conseguiam se comunicar.
Outro mito inseparável da “conquista” da América colombiana foi a crença de Colombo de ter
encontrado o Éden. A cada território conquistado, essas regiões míticas se deslocam como se
movidas à base dos desenganos das tropas: a realidade acabava por se impor. Dentre estes
territórios que sempre se moviam estava Eldorado.