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1. (Unicamp 2021) “Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em dias, em horas,


mas todas estas partes são tão duvidosas, e tão incertas, que não há idade tão florente, nem
saúde tão robusta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento seguro.”
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”, em A arte de morrer. São
Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.)

Nesta passagem de um sermão proferido em 1673, Antônio Vieira retomou os argumentos da


pregação que fizera no ano anterior e acrescentou novas características à morte. Para comover
os ouvintes, recorreu ao uso de anáforas.

Assinale a alternativa que corresponde ao efeito produzido pelas repetições no sermão.


a) A repetição busca sensibilizar os fiéis para o desengano da passagem do tempo.
b) A repetição busca demonstrar aos fiéis o temor de uma vida longeva.
c) A repetição busca sensibilizar os fiéis para o valor de cada etapa da vida.
d) A repetição busca demonstrar aos fiéis a insegurança de uma vida cristã.

2. (Unicamp 2021) “O vento da vida, por mais que cresça, nunca pode chegar a ser bonança; o
vento da fortuna pode chegar a ser tempestade, e tão grande tempestade, que se afogue nela
o mesmo vento da vida.”
(Antônio Vieira, “Sermão de quarta-feira de cinza do ano de 1672”, em A Arte de Morrer. São
Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 56.)

No sermão proferido na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, Vieira recorre a
uma metáfora para chamar a atenção dos fiéis sobre a morte.
Assinale a alternativa que expressa a mensagem veiculada pela imagem do vento.
a) A vida dos fiéis é comparável à tranquilidade da brisa em alto-mar.
b) A fortuna dos fiéis é comparável à força das intempéries marítimas.
c) A fortuna dos fiéis é comparável à felicidade eterna.
d) A vida dos fiéis é comparável à ventura dos navegadores.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Psicanálise do açúcar

O açúcar cristal, ou açúcar de usina,


mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito a quanto,
e apouco desse quanto, que ela dura.
Sabe a mínimo do pouca que a cristal
se estabiliza cristal sobre a açúcar,
por cima da fundo antiga, de mascavo,
da mascava barrenta que se incuba;
e sabe que tudo pode romper a mínima
em que o cristal é capaz de censura:
pois a tal fundo mascavo logo afiara
quer inverno ou verão mele o açúcar.

Só os banguês* que-ainda purgam ainda


o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não a purga: da infância,
não de depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora

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quer inverno ou verão mele o açúcar.

João Cabral de Meio Neto, A Educação pela Pedra.

*banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal.

3. (Fuvest 2021) Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos
entre a usina e o banguê, pois
a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo.
b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada.
c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural.
d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos.
e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar.

4. (Uem 2020) Sobre o poema de Drummond, inicialmente publicado em O sentimento do


mundo (1940), assinale o que for correto.

Não serei o poeta de um mundo caduco.


Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

ANDRADE, C. D. “Mãos dadas”. In: Antologia poética – Carlos Drummond de Andrade, 2015.
01) O eu poético propõe a união entre os homens. Apesar de a Segunda Guerra Mundial
continuar seus lastros de morte, o poeta não tece desesperanças, mostrando-se engajado
e pronto a se juntar a seus semelhantes: “Não nos afastemos muito, vamos de mãos
dadas”. Sua matéria é o hoje e, ao contrário do artista idealizador, procura vivenciar seu
tempo: “O presente é tão grande, não nos afastemos”.
02) Neste verso: “Entre eles, considero a enorme realidade”, o eu lírico mostra como os
homens perderam a motivação na vida, estão cabisbaixos e “taciturnos”, como ainda
comprova o verso: “Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças”. Assim, desiludidos,
os homens caminham para o tempo futuro e olham-no como um espaço de fuga onde
poderão andar de mãos dadas, como sugere o título do poema.
04) Na segunda estrofe, o eu lírico rechaça qualquer tipo de poesia que fale do tempo vindouro.
O advérbio de negação que antecede cada um dos verbos no futuro: “serei”, “direi”,
“distribuirei”, “fugirei” aponta para o compromisso com o tempo presente, evitando qualquer
tipo de alienação que possa ligar o eu lírico a outra realidade temporal que não seja o de
sua vivência atual. Nesse sentido, o eu lírico assume o compromisso de estar atento a tudo
que ocorre à sua volta e à vida presente.
08) O primeiro verso (“Não serei o poeta de um mundo caduco.”) representa, no contexto
estético de produção do poema, uma crítica aos poetas parnasianos, que cantavam musas
e temas clássicos, distantes da realidade econômica e social de seu tempo. O sintagma
“mundo caduco”, portanto, refere-se ao passado e, também, ao conteúdo e à forma
utilizados pelos poetas que se recusavam a vivenciar o olhar contemporâneo.
16) Há uma clara recusa de Drummond em cantar os temas cotidianos. Na época da
publicação de “Mãos dadas”, o poeta ainda se mostrava resistente à proposta poética do
Modernismo, adotando o rigor métrico.

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5. (Fuvest 2020) Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que
ela estava morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a
vovó, mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia
em que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra.

Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu perguntei
a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer uma caretinha
que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode saber essas coisas
com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo, outros morrem de repente
sem sofrer.

Helena Morley, Minha Vida de Menina.

Perguntas

Numa incerta hora fria


perguntei ao fantasma
que força nos prendia,
ele a mim, que presumo
estar livre de tudo
eu a ele, gasoso,
(...)

No voo que desfere


silente e melancólico,
rumo da eternidade,
ele apenas responde
(se acaso é responder
a mistérios, somar‐lhes
um mistério mais alto):

Amar, depois de perder.

Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.

As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar que


a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de origem mineira.
b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as dúvidas existenciais.
c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o poeta especula o sentido
filosófico da morte.
d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto o poeta critica o
ceticismo.
e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem crenças populares.

6. (Uem 2020) Sobre o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), de Carolina
Maria de Jesus, assinale o que for correto.
01) A narrativa, escrita em forma de diário, começa no dia do aniversário de Vera Eunice, filha
da autora, que recebe de presente um par de sapatos achado no lixo. Ao longo da obra, o
leitor percebe como a escritora, que sobrevive do lixo e de materiais recicláveis, encontra
sua resistência na escrita e nos livros.
02) A escritora descreve a dura realidade de uma mulher negra, moradora da favela, que
trabalhava como catadora de papel, faxineira e lavadeira para sustentar seus três filhos. O
livro apresenta os relatos dessa mulher que vivenciou as mazelas das camadas mais
marginalizadas da sociedade.
04) Apesar da linguagem simples, contudo original, Carolina Maria de Jesus se revela uma
escritora atenta à realidade social do Brasil. Questionadora, crítica da classe política, sua
escrita se impõe vigorosa por sua atualidade, ainda que passadas décadas de sua
publicação.

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08) Entre as situações abordadas na obra, há relatos de discriminação racial e social; há,
também, diálogos, descrições de encontros amorosos, de festas, de brigas e de outros
conflitos cotidianos. A fome, entretanto, é um dos assuntos mais abordados.
16) No diário, inúmeras são as passagens que informam que a escritora foi candidata ao cargo
de vereadora, em 1958, evidenciando sua grande participação no cenário político nacional
da época.

7. (Ufsc 2020) 25 de dezembro... O João entrou dizendo que estava com dor de barriga.
Percebi que foi por ele ter comido melancia 1deturpada. Hoje jogaram um caminhão de
melancia perto do rio.

Não sei porque é que estes comerciantes inconscientes vem jogar seus produtos 2deteriorados
aqui perto da favela, para as crianças ver e comer.

... Na minha opinião os atacadistas de São Paulo estão se divertindo com o povo igual os
Cesar quando torturava os cristãos. Só que o Cesar da atualidade supera o Cesar do passado.
Os outros era perseguido pela fé. E nós, pela fome!

Naquela epoca, os que não queriam morrer deixavam de amar a Cristo.

Mas nós não podemos deixar de comer.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2018,
p. 146.

Com base no texto e na leitura integral de Quarto de despejo: diário de uma favelada, de
Carolina Maria de Jesus, publicada pela primeira vez em livro em 1960, no contexto sócio-
histórico e literário da obra e, ainda, de acordo com a obra O cemitério dos vivos, de Lima
Barreto, e com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
01) o sucesso de Quarto de despejo promoveu também o sucesso da autora, que saiu da
marginalidade para conquistar a cidade e se afirmar como escritora integrada à elite
econômica paulistana.
02) podemos observar, em Quarto de despejo, traços da estética realista, entre os quais o
registro minucioso do cotidiano, a linguagem simples e direta e a animalização de
personagens.
04) as obras Quarto de despejo e O cemitério dos vivos apresentam em comum o valor
documental, uma vez que ambas são depoimentos pessoais elaborados esteticamente por
autores que passaram por internação em hospital psiquiátrico.
08) os termos “deturpada” (referência 1) e “deteriorados” (referência 2) são formas nominais
cuja função é qualificar os nomes “melancia” e “produtos”, respectivamente.
16) a política de César conhecida como “Pão e Circo” consistia em promover espetáculos e
distribuir alimentos para manter a população de Roma sob controle, prática retomada por
autoridades políticas em São Paulo e condenada, no excerto, pela narradora.
32) de acordo com o excerto, para sobreviver ao César da atualidade, a fome, é necessário
deixar de amar a Cristo.

8. (G1 - cftmg 2020) Poesia, minha tia, ilumine as certezas dos homens e os tons de minhas
palavras. É que arrisco a prosa mesmo com balas atravessando os fonemas. É o verbo, aquele
que é maior que o seu tamanho, que diz, faz e acontece. Aqui ele cambaleia baleado. Dito por
bocas sem dentes e olhares cariados, nos conchavos de becos, nas decisões de morte. A areia
move-se no fundo dos mares. A ausência de sol escurece mesmo as matas. O líquido-morango
do sorvete mela as mãos. A palavra nasce no pensamento, desprende-se dos lábios adquirindo
alma nos ouvidos, e às vezes essa magia sonora não salta à boca porque é engolida a seco.
Massacrada no estômago com arroz e feijão a quase palavra é defecada ao invés de falada.

Falha a fala. Fala a bala.

Paulo Lins. Fragmento de Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

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Esse fragmento de texto ressalta a importância da literatura como forma de


a) manifestação de grupos marginalizados.
b) documentação da desigualdade social.
c) descrição da violência cotidiana.
d) validação da cultura dominante.

9. (Fuvest 2020) Cantiga de enganar

(...)
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.

Talvez nem seja talvez.


O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
De sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê‐las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
– mas a conta não existe –
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
(...)

Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.

Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, já afastado
das ilusões, como se lê no verso‐síntese “Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.”
(“Legado”). O excerto de “Cantiga de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo
mediada
a) pela música, que ressoa em canções líricas.
b) pela cor, brilhante na claridade solar.
c) pela afirmação de valores sólidos.
d) pela memória, que corre fluida no tempo.
e) pelo despropósito de um faz‐de‐conta.

10. (Epcar (Afa) 2020) Poesia

Gastei a manhã inteira pensando um verso


que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro

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e não quer sair.


Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 45.)

Assinale a alternativa INCORRETA referente ao texto “Poesia”.


a) “No entanto”, no terceiro verso, e “Mas”, no penúltimo verso, têm sentido adversativo;
reforçam a luta do poeta com as palavras.
b) No segundo verso, “que a pena não quer escrever”, a forma verbal apropriada, para o
racionalismo que o poema defende, seria “quis escrever”.
c) O poema fala da própria busca da poesia. Trata-se de um texto metalinguístico.
d) Em “inunda minha vida inteira” há um exagero verbal, que recebe o nome de hipérbole; o
exagero nasce do contentamento do eu-lírico.

11. (Ufjf-pism 1 2020) Leia o poema abaixo para responder à questão:

Meu povo, meu poema

Meu povo e meu poema crescem juntos


como cresce no fruto
a árvore nova

No povo meu poema vai nascendo


como no canavial
nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro


como o sol
na garganta do futuro

Meu povo em meu poema


se reflete
como a espiga se funde em terra fértil

Ao povo seu poema aqui devolvo


menos como quem canta
do que planta

GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. José Olympio: Rio de Janeiro, 2000.

Marque a alternativa INCORRETA a respeito do poema:


a) Trata-se de um texto que pode ser rotulado como poema participante ou poesia engajada.
b) O texto apresenta forte adesão à temática de interesse da coletividade, o que afasta o eu-
poético do individualismo sentimental.
c) A ideia-núcleo do poema é a da transformação. A esse núcleo estão associadas as
metáforas do poema.
d) Plantar equivale no poema à tarefa de abrir mão do presente em benefício do futuro.
e) O eu-poético parece inclinado a unir os requintes do formalismo de vanguarda à linguagem
dos cantadores populares.

12. (Ufrgs 2020) Um tema em Quarto de despejo é encontrado também no poema “O bicho”,
de Manuel Bandeira, transcrito a seguir.

O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio

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Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,


Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas duas obras.
a) A revolta e a indignação daqueles que sofrem a miséria e a marginalização social.
b) O problema da fome, que avilta a dignidade humana.
c) A aceitação da pobreza, que se tornou uma condição inerente às sociedades modernas.
d) A esperança como forma de enfrentar o sofrimento da fome e de garantir a sobrevivência.
e) O ato de escrever funciona como modo de driblar a fome.

13. (Unifesp 2020) Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.

O sapo-tanoeiro
[...]
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo


Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom


Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos


Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”

(Estrela da vida inteira, 1993.)

No trecho, o “sapo-tanoeiro” representa uma sátira aos


a) modernistas.
b) românticos.
c) naturalistas.
d) parnasianos.
e) árcades.

14. (Ufrgs 2020) Considere o poema abaixo, de Oswald de Andrade, do livro Pau-Brasil, de
1925.

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RIQUEZAS NATURAIS

Muitos metaes pepinos romans e figos


De muitas castas
Cidras limões e laranjas
Uma infinidade
Muitas cannas daçucre
Infinito algodam
Também há muito paobrasil
Nestas capitanias

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o poema.

( ) Insere-se no contexto do primitivismo das vanguardas do Modernismo brasileiro,


remetendo particularmente às propostas do Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade.
( ) Constrói imagens incompatíveis com os ideais de progresso e civilização, trazidos pelas
vanguardas europeias, inspiradoras do Modernismo brasileiro.
( ) Reforça os elementos naturais da paisagem, remetendo à “cor local”, tal como o
nacionalismo presente em José de Alencar e Gonçalves Dias.
( ) Descreve a exuberância da natureza tropical, apropriando-se de maneira paródica dos
discursos dos primeiros cronistas, que alardeavam as belezas naturais das terras recém-
descobertas.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) F – V – F – F.
b) V – F – F – V.
c) V – F – V – V.
d) F – F – V – F.
e) V – V – F – V.

15. (G1 - cotuca 2020) Leia, a seguir, fragmentos do Manifesto da Antropofagia periférica,
escrito pelo poeta Sérgio Vaz, e responda.

Manifesto da Antropofagia periférica

A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor.


Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das
ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo,
para todos os brasileiros.
A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. (...)
Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada
para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica
que brota na porta do bar.
[...]
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não
revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um
povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. (...)
[...]
Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o
acesso à produção cultural. Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
[...]
Contra os covardes e eruditos de aquário.
Contra o artista serviçal escravo da vaidade.
[...]

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A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.


Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.

É TUDO NOSSO!

Disponível em http://colecionadordepedras/.blogspot.com/2010/08manifesto-da-antropofagia-
periferica.html?m=1. Acesso em 18/07/2019.

Ao se publicar um Manifesto, busca-se formal e publicamente a transmissão de opiniões,


decisões, intenções e ideias. Nos trechos transcritos do Manifesto da Antropofagia periférica, é
possível identificar o que se afirma em:
a) Defesa da arte clássica como padrão artístico brasileiro.
b) Defesa da liberdade de expressão dos autores brasileiros.
c) Defesa de uma arte que cultue e promova os símbolos nacionais do Brasil.
d) Defesa de uma arte que tenha compromisso apenas com temas de denúncia social.
e) Defesa de uma arte genuinamente popular.

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
[A]

Vieira comenta que, apesar de sabermos da inevitabilidade da morte, não podemos prever o
momento em que tal acontecerá, por mais que sejamos jovens, saudáveis e regrados:
”mas todas estas partes são tão duvidosas e tão incertas, que não há idade tão florente, nem
saúde tão robusta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento seguro”. A anáfora
constituída pela repetição do advérbio de intensidade “tão” enfatiza essa característica e busca
sensibilizar os fiéis para o desengano da passagem do tempo, como transcrito em [A].

Resposta da questão 2:
[B]

No excerto do enunciado, a imagem do vento metaforiza a vida, inexoravelmente sujeita a


contratempos e tragédias, o que torna o destino (“fortuna”) tão incerto como os fenômenos da
natureza: "o vento da fortuna pode chegar a ser tempestade". Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 3:
[C]

O poema “Psicanálise do açúcar” apresenta uma infinidade de referências ao seu meio de


produção e sua gente: o banguê, a agricultura, com mãos de barro, em oposição à usina, com
mãos de metal. Os últimos quatro versos destacam a figura do trabalhador rural, presente em
todo o processo de produção açucareira: “Mas como a cana se cria ainda hoje,/ em mãos de
barro de gente agricultura,/o barrento da pré-infância logo aflora/quer inverno ou verão mele o
açúcar”. Assim, é correta a opção [C].

Resposta da questão 4:
01 + 04 + 08 = 13.

Os itens [02] e [16] são incorretos, pois


[02] em “Sentimento do mundo”, Carlos Drummond de Andrade descreve o sofrimento vivido na
época em que o livro foi escrito, 1940, quando o mundo se deparava com a Segunda
Guerra Mundial, a ameaça da ascensão fascista, do nazismo e de conflitos, como a Guerra
Civil Espanhola. Assim, a obra transita entre a esperança de um futuro melhor e a
frustração da realidade que causa sofrimento ao homem. No verso “Entre eles, considero a
enorme realidade”, o eu lírico foca a sua atenção na realidade do tempo presente, onde,
apesar das adversidades, os homens “nutrem grandes esperanças” deixando transparecer
um sonho de uma sociedade melhor, uma esperança que se firmaria com a união de
todos.
[16] O excerto comprova as preocupações sociais do eu lírico, assim como a adesão do autor
às propostas do Modernismo que privilegiavam o uso do verso livre e branco.

Como [01], [04] e [08] são corretos, soma 13.

Resposta da questão 5:
[C]

Enquanto no texto I a personagem aborda a temática da morte como finitude da vida a partir da
perda de Bella, uma negra agregada, o texto II reflete filosófica e metafisicamente sobre o
mesmo tema, como transcrito em [C].

Resposta da questão 6:
01 + 02 + 04 + 08 = 15.

O item [16] é incorreto, pois, em nenhum momento da sua vida, a escritora teve participação no
cenário político nacional da época.

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Como os demais são corretos, soma 15.

Resposta da questão 7:
02 + 08 = 10.

Os itens [01], [16] e [32] são incorretos, pois


[01] apesar do sucesso de Quarto de despejo”, a autora, moradora na favela do Canindé e que
trabalhava na maior parte do tempo como catadora de papel, não foi prestigiada como
devia enquanto viva, vindo a falecer em um pequeno sítio, na periferia de São Paulo,
quase esquecida pelo público e pela imprensa.
[04] a obra “Quarto de despejo” relata o cotidiano da vida no Canindé. 
[16] a autora denuncia que a prática das autoridades políticas em São Paulo, ao condenar os
pobres à fome, era mais cruel e desumana que a de César, que promovia espetáculos e
distribuía pão ao povo para manter a população de Roma sob controle.
[32] as duas últimas frases do excerto expressam a visão de que a morte produzida pela fome
é mais cruel que a ocasionada pela política de César que, pelo menos, dava pão a quem
rejeitava a fé cristã.

Como os itens [02] e [08] são corretos, soma 10.

Resposta da questão 8:
[A]

Sobretudo o trecho “Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas sem dentes e olhares
cariados, nos conchavos de becos, nas decisões de morte” nos insere em uma realidade
marginalizada, ao mesmo tempo em que o texto trata da literatura, nas formas de poesia e
prosa. Assim, vemos a importância da literatura como forma de manifestação de grupos
marginalizados.

Resposta da questão 9:
[E]

O poema “Cantiga de enganar” faz parte da obra “Claro enigma”, publicada em 1951, momento
histórico em que o mundo vivia sob o temor da Guerra Fria, mergulhado na angústia de uma
possível guerra nuclear. Nesta sua 3ª fase, CDA volta-se para os temas metafísicos, refletindo
sobre o sentido do amor, da poesia e da própria existência produzindo uma poesia mais
complexa e erudita, voltada para o questionamento filosófico existencial. O excerto de “Cantiga
de enganar” revela um eu lírico desiludido, “O mundo não vale o mundo,/ meu bem”, que rejeita
certezas e crenças estabelecidas anteriormente para se relacionar com a realidade através da
concepção absurda de que tudo é uma fantasia, um “faz-de-conta”, mencionada duplamente no
final do excerto do enunciado: “Meu bem, façamos de conta”, “Façamos, meu bem, de conta”,
“que é tudo como se fosse,/ou que, se fora, não era”. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 10:


[B]

[A] Correta. Ambas construções estabelecem uma relação opositiva entre o poeta e as
palavras.
[B] Incorreta. A forma verbal está corretamente empregada, uma vez que a questão do não
querer escrever persiste; caso fosse empregada no passado, indicaria uma ação finda,
superada.
[C] Correta. Uma poesia cujo tema é a dificuldade da criação de uma poesia configura a função
metalinguística do texto, no qual o código versa sobre o código.
[D] Correta. O termo “inunda” é hiperbolicamente ressaltado pela expressão “vida inteira”,
indicando o estado do poeta que, apesar de não conseguir escrever, não desiste de seu
objetivo.

Resposta da questão 11:


[D]

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Em nenhum momento a tarefa de plantar é relacionada à ação de abrir mão do presente. No


poema, a metáfora do plantio é utilizada para associar a transformação do povo e do poema.

Resposta da questão 12:


[B]

No poema “O bicho”, o cotidiano da fome e da miséria está relacionado à anulação do homem,


colocado na condição de um animal qualquer, e de forma mais ampla, às condições precárias
de sobrevivência de uma sociedade desigual como a brasileira ou outras que se espalham pelo
mundo. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 13:


[D]

O poema metalinguístico “Os sapos” apresenta o que, para os modernistas, não deveria ser a
poesia. O sapo-boi, o sapo-tanoeiro, o sapo-pipa são personagens metafóricos representativos
de determinados poetas que defendem preceitos da poética parnasiana, em especial o sapo-
tanoeiro (parnasiano aguado), que passa a descrever o seu cancioneiro, a sua poética,
baseado na forma. Bandeira, através da paródia, critica a preocupação excessiva dos
parnasianos com a forma, em detrimento do conteúdo. Assim, é correta a opção [D].

Resposta da questão 14:


[B]

O segundo e terceiro itens são falsos, pois


[II] o poema adota recursos característicos das vanguardas europeias, que traziam enalteciam
ideais de progresso e civilização.
[III] O autor brinca com a própria língua portuguesa arcaica, abolindo a sintaxe clássica e as
vírgulas, para fazer uma paródia dos primeiros cronistas que descreviam a cultura e
paisagens locais sob a perspectiva do colonizador.

Como o primeiro e último são verdadeiros, é correta a opção [B].

Resposta da questão 15:


[E]

No Manifesto da Antropofagia periférica, vemos a defesa de uma arte genuinamente popular,


que vem do dia a dia do cidadão, distanciando-se, assim, da arte clássica. No trecho: “É
preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não
revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um
povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. (...)”, vemos
essa ideia de maneira mais clara: a arte deve ser popular e estar à serviço da comunidade.

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 08/03/2021 às 21:04


Nome do arquivo: Literatura - 1ª semana (22/03)

Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1.............196697.....Média.............Português......Unicamp/2021......................Múltipla escolha

2.............196768.....Baixa.............Português......Unicamp/2021......................Múltipla escolha

3.............196913.....Elevada.........Português......Fuvest/2021.........................Múltipla escolha

4.............192742.....Média.............Português......Uem/2020.............................Somatória

5.............190052.....Média.............Português......Fuvest/2020.........................Múltipla escolha

6.............192741.....Média.............Português......Uem/2020.............................Somatória

7.............191488.....Elevada.........Português......Ufsc/2020.............................Somatória

8.............190893.....Elevada.........Português......G1 - cftmg/2020...................Múltipla escolha

9.............190038.....Média.............Português......Fuvest/2020.........................Múltipla escolha

10...........186833.....Elevada.........Português......Epcar (Afa)/2020..................Múltipla escolha

11...........191933.....Elevada.........Português......Ufjf-pism 1/2020...................Múltipla escolha

12...........192284.....Média.............Português......Ufrgs/2020............................Múltipla escolha

13...........191287.....Baixa.............Português......Unifesp/2020........................Múltipla escolha

14...........192281.....Elevada.........Português......Ufrgs/2020............................Múltipla escolha

15...........191221.....Média.............Português......G1 - cotuca/2020..................Múltipla escolha

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