A gruta da Velha CORRÊA, Paulo Maués. Sete histórias de mulher fantasma. Belém: Amo! Editora, 2021. p. 27-28.
A gruta da Velha
Uma das formas mais tradicionais de perpetuar as experiências de uma
comunidade é a prática de contação de histórias. E eu gostaria de ilustrar
esse fato apresentando um relato da dona Vânia Leila Monteiro Cruz, 54
anos, natural de Belém, professora da educação infantil.
Essa história lhe foi narrada por sua mãe, dona Carmelita Monteiro. Dona
Carmelita tinha um tio, do qual dona Leila não se recorda o nome, e ele era
muito incrédulo em relação às histórias que o povo conta.
Isso ocorreu há uns 40 anos, em Taciateua, localidade do município de
Santa Maria do Pará. O dito tio de dona Carmelita era muito festeiro e se
metia em todas as comemorações das comunidades daquela região, não se
importando com a distância, muito menos com o horário de suas saídas, se
era dia de semana, feriado ou dia santo. E, por conta desse temperamento,
ele sempre era advertido por familiares e amigos, mas ele não lhes dava a
menor atenção.
Em Taciateua, havia a famosa gruta da Velha, que ficava junto a um rio,
em cima do qual passava uma ponte, local muito respeitado e temido pelos
moradores, que evitavam passar por lá em horário impróprio,
especialmente à meia-noite.
Pois foi numa das saídas do tal tio que aconteceu o que ele não esperava. A
festa ia animada, e, justamente em torno de meia-noite, ele resolvei voltar
para casa, não lembrando das ponderações das pessoas conhecidas, para
evitar passar àquela hora por perto da gruta.
Quando ele estava passando pela ponte, sentiu todos os pelos do seu corpo
se arrepiarem. Ele olhou para trás e viu uma figura feminina
completamente cheia de fogo. Diante dessa cena, ele saiu correndo
desesperadamente em direção à sua casa, e aquilo vinha atrás dele. Quando
ele finalmente chegou à porta de sua casa, bateu, e a mulher dele abriu,
prontamente. Só deu tempo de ele entrar e cair desmaiado. E aquela voz
pavorosa ainda disse:
– Foi a tua valença!
Segundo dona Leila, o homem passou sete dias sem falar nada. Depois
disso é que ele se recuperou do susto e pôde contar o que lhe havia
ocorrido. E essa foi uma grande lição para ele aprender a respeitar e a ouvir
os conselhos das pessoas, especialmente as mais experientes, pois se o
povo conta é porque tem motivos para isso.
Uma das formas mais tradicionais de perpetuar as experiências de uma
comunidade é a prática de contaçãod e histórias. E eu gostaria de ilustrar
esse fato apresentando um relato da dona Vânia Leila Monteiro Cruz, 54
anos, natural de Belém, professora da educação infantil.
Essa história lhe foi narrada por sua mãe, dona Carmelita Monteiro. Dona
Carmelita tinha um tio, do qual dona Leila não se recorda o nome, e ele era
muito incrédulo em relação às histórias que o povo conta.
Isso ocorreu há uns 40 anos, em Taciateua, localidade do município de
Santa Maria do Pará. O dito tio de dona Carmelita era muito festeiro e se
metia em todas as comemorações das comunidades daquela região, não se
importando com a distância, muito menos com o horário de suas saídas, se
era dia de semana, feriado ou dia santo. E, por conta desse temperamento,
ele sempre era advertido por familiares e amigos, mas ele não lhes dava a
menor atenção.
Em Taciateua, havia a famosa gruta da Velha, que ficava junto a um rio,
em cima do qual passava uma ponte, local muito respeitado e temido pelos
moradores, que evitavam passar por lá em horário impróprio,
especialmente à meia-noite.
Pois foi numa das saídas do tal tio que aconteceu o que ele não esperava. A
festa ia animada, e, justamente em torno de meia-noite, ele resolvei voltar
para casa, não lembrando das ponderações das pessoas conhecidas, para
evitar passar àquela hora por perto da gruta.
Quando ele estava passando pela ponte, sentiu todos os pelos do seu corpo
se arrepiarem. Ele olhou para trás e viu uma figura feminina
completamente cheia de fogo. Diante dessa cena, ele saiu correndo
desesperadamente em direção à sua casa, e aquilo vinha atrás dele. Quando
ele finalmente chegou à porta de sua casa, bateu, e a mulher dele abriu,
prontamente. Só deu tempo de ele entrar e cair desmaiado. E aquela voz
pavorosa ainda disse:
– Foi a tua valença!
Segundo dona Leila, o homem passou sete dias sem falar nada. Depois
disso é que ele se recuperou do susto e pôde contar o que lhe havia
ocorrido. E essa foi uma grande lição para ele aprender a respeitar e a ouvir
os conselhos das pessoas, especialmente as mais experientes, pois se o
povo conta é porque tem motivos para isso.
CORRÊA, Paulo Maués. Sete histórias de mulher fantasma. Belém: Amo! Editora, 2021. p. 27-28.