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Texto 1
Capítulo IV
UMA TEORIA NOVA
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ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível
em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=1939>. Acesso em: 12/08/2019.
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais
famoso da antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado,
suas rimas e a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento
parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do
movimento, tal como concebido no continente europeu.
Texto 2
XIII
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BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019.
E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai, amiga minha, a
resposta é naturalmente a mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, – coisas que,
aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta última reflexão é o
motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que eu não
me quero senão com dissimulados.
Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da comissão das Alagoas, com
elogios da imprensa; a Atalaia chamou‐lhe “o anjo da consolação”. 1E não se pense que este
nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da
caridade, podia mortificar as novas amigas, e fazer‐lhe perder em um dia o trabalho de longos
meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha trouxe no número seguinte, nomeando,
particularizando e glorificando as outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Trocar o dia pela noite, dizia Luís Soares, é restaurar o império da natureza corrigindo a obra
da sociedade. O calor do sol está dizendo aos homens que vão descansar e dormir, ao passo
que a frescura relativa da noite é a verdadeira estação em que se deve viver. Livre em todas as
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minhas ações, não quero sujeitar-me à lei absurda que a sociedade me impõe: velarei de noite,
dormirei de dia.
Contrariamente a vários ministérios, Soares cumpria este programa com um escrúpulo digno
de uma grande consciência. A aurora para ele era o crepúsculo, o crepúsculo era a aurora.
Dormia 12 horas consecutivas durante o dia, quer dizer das seis da manhã às seis da tarde.
Almoçava às sete e jantava às duas da madrugada. Não ceava. A sua ceia limitava-se a uma
xícara de chocolate que o criado lhe dava às cinco horas da manhã quando ele entrava para
casa. Soares engolia o chocolate, fumava dois charutos, fazia alguns trocadilhos com o criado,
lia uma página de algum romance, e deitava-se.
Não lia jornais. Achava que um jornal era a cousa mais inútil deste mundo, depois da Câmara
dos Deputados, das obras dos poetas e das missas. Não quer isto dizer que Soares fosse ateu
em religião, política e poesia. Não. Soares era apenas indiferente. Olhava para todas as
grandes cousas com a mesma cara com que via uma mulher feia. Podia vir a ser um grande
perverso; até então era apenas uma grande inutilidade.
5. (Famerp 2020) Com a referência a “jornais”, “Câmara dos Deputados”, “obras dos poetas” e
“missas” (3º parágrafo), o narrador
a) relativiza o retrato do personagem como um alienado, na medida em que enumera
elementos da sociedade com os quais ele se identifica.
b) critica a homogeneidade da população, defendendo uma sociedade plural, em que cada
pessoa escolha com liberdade a maneira como vive.
c) informa que o personagem recusava-se a se envolver com certos elementos da vida em
sociedade, tanto quanto se recusava a seguir os ciclos convencionais de sono e de vigília.
d) reconhece como os hábitos da sociedade em questão são fúteis, ressaltando os benefícios
para a sociedade das escolhas extravagantes de Luís Soares.
e) revela sua parcialidade, concordando com a maneira como o personagem se comporta em
relação a seus horários e às atividades sociais usuais da sociedade da época.
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BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019.
7. (Ime 2020) A palavra “pois”, usada em “Pois só quem ama pode ter ouvido” (verso 13),
a) exprime a consequência dos hábitos cotidianos do poeta de ouvir e entender estrelas.
b) tem uma função de justificação das razões pelas quais o poeta é capaz de ouvir e entender
estrelas.
c) traz em si uma ideia de contraponto ao enlevo poético descrito no poema.
d) expressa a ideia da finalidade primeira do poeta enamorado, que é ouvir e entender estrelas.
e) estabelece a ideia de alternância, mas sem relação de equivalência nos versos do texto.
8. (G1 - ifce 2019) Leia o excerto do livro “Quincas Borba” de Machado de Assis.
“Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo
chorando seria monótono; tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e
polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e
faz-se o equilíbrio da vida...”
A supressão do verbo e o uso da vírgula em seu lugar justificam-se por meio do(a)
a) aliteração.
b) elipse.
c) assonância.
d) polissíndeto.
e) silepse.
9. (Espcex (Aman) 2019) “Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética
para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem
quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de
ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e
enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de
ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços,
aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía
delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.”
ASSIS. Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ática,1999. p.55 (fragmento)
Com Dom Casmurro, obra publicada em 1899, depois de Memórias Póstumas de Brás Cubas
(1881) e de Quincas Borba (1891), Machado de Assis deixa marcas indeléveis de que a
Literatura Brasileira vivia um novo período literário, bem diferente do Romantismo. Nessas
obras, nota-se uma forma diferente de sentir e de ver a realidade, menos idealizada, mais
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verdadeira e crítica: uma perspectiva realista. O trecho apresentado acima representa essa
perspectiva porque o narrador
a) exagera nas imagens poéticas traduzidas por “fluido misterioso”, “praia”, “cabelos
espalhados pelos ombros” em uma realização imagética da mulher que o tragava como
fazem as ondas de um mar em ressaca.
b) deixa-se levar pelas ondas que saíam das pupilas de Capitu em um fluido, misterioso e
enérgico, que o arrasta depressa como uma vaga que se retira da praia em dias de ressaca,
não adiantando agarrar-se nem aos braços nem aos cabelos da moça.
c) retira-se da praia como as vagas em dias de ressaca por não ser capaz de dizer a Capitu o
que está sentindo ao olhá-la nos olhos sem quebrar a dignidade mínima daquele momento
em que duas pessoas apaixonam-se.
d) solicita à “retórica dos namorados” uma comparação que seja, ao mesmo tempo, exata e
poética capaz de descrever os olhos de Capitu, revelando a dificuldade de apresentar uma
verdade que não estrague a idealização romântica.
e) ridiculariza a retórica dos românticos ao afirmar que os olhos de Capitu pareciam com uma
ressaca do mar e, por isso, não seria capaz de descrevê-los de maneira poética, traduzindo,
assim, o realismo literário de sua época.
10. (Ita 2019) No Realismo, o adultério subverte o ideal romântico de casamento. Machado de
Assis, porém, costuma tratá-lo de modo ambíguo, valendo-se, por exemplo, do ciúme
masculino ou da dubiedade feminina. Com isso, em seus romances, a traição nem sempre é
comprovada, ou, mesmo que desejada pela mulher, não se consuma. Constatamos tal
ambiguidade em Quincas Borba, quando
a) Palha se enraivece com os olhares de desejo que os homens dirigem a Sofia nos eventos
sociais.
b) Sofia decide não contar ao marido que Rubião a assediou certa noite, no jardim da casa
deles.
c) Palha, mesmo interessado na riqueza de Rubião, decide confrontá-lo ao perceber o assédio
dele a Sofia.
d) Sofia tenta esconder do marido o interesse que tem por Carlos Maria, que a seduziu em um
baile.
e) Sofia, mesmo interessada em Carlos Maria, faz de tudo para que Maria Benedita se case
com ele.
11. (Enem 2019) 1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da
temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar
o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o
soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza
da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos,
semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr
sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a
Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o
entusiástico fervor dos elementos primordiais.
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Quando eu tinha meus 15 anos e traduzia na classe de grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei
encantado com o nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o Antigo, nas montanhas do sul
da Pérsia, para lá passar os verões. A minha imaginação de adolescente começou a trabalhar,
e vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.
Mais de vinte anos depois, num momento de profundo desânimo, saltou-me do subconsciente
este grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!” Imediatamente senti que era a célula
de um poema. Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não pensei mais nisso. Uns
cinco anos mais tarde, o mesmo grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o
poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em “Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas
não passam de acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em mim, nos recessos do
subconsciente, utilizando as reminiscências da infância – as histórias que Rosa, minha ama-
seca mulata, me contava, o sonho jamais realizado de uma bicicleta etc.
MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2001.
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14. (Ufrgs 2019) Leia trechos dos poemas “Fanatismo”, de Florbela Espanca, e “Imagem”, de
Cecília Meireles.
Fanatismo
(...)
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
Imagem
“Epigrama n. 04”
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O texto
Estão corretas:
a) I e II apenas;
b) I, II e IV apenas;
c) I, III e IV apenas;
d) II e III apenas;
e) todas.
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Gabarito:
Resposta da questão 1:
[E]
Resposta da questão 2:
[A]
Ao afirmar que o homem se comportaria como um animal se estivesse em causa a sua própria
sobrevivência (“Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos”), Machado de Assis,
através do personagem Quincas Borba, faz uma alusão irônica à teoria darwiniana, segundo a
qual as espécies mudam gradualmente por meio de um mecanismo chamado de seleção
natural. Assim, é correta a opção [A].
Resposta da questão 3:
[A]
[I] Verdadeira. Os dois textos mencionam tal situação: no primeiro, Dr. Bacamarte diagnostica a
insânia em todos os moradores de Itajaí; no segundo, o eu lírico conversa com astros.
[II] Falsa. No poema, uma possível condição de insanidade não revela tais mazelas, apenas
menciona o estado alterado de um eu lírico apaixonado.
[III] Falsa. No poema, não há defesa da razão: um interlocutor apenas questiona o
comportamento do eu lírico.
[IV] Falsa. A crítica ao cientificismo é uma característica das obras machadianas.
Resposta da questão 4:
[E]
Resposta da questão 5:
[C]
Segundo o narrador, Soares invertia os ciclos convencionais de sono e vigília: “velarei de noite,
dormirei de dia”. Além disso, não via utilidade em leituras de jornais, em atividades políticas,
poesia ou religião, o que demonstra que o personagem recusava-se a se envolver com certos
elementos da vida em sociedade, como se afirma em [C].
Resposta da questão 6:
[C]
Resposta da questão 7:
[B]
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Resposta da questão 8:
[B]
No trecho “Tudo chorando seria monótono; tudo rindo, cansativo”, é possível subentender que
a vírgula entre “rindo” e “cansativo” está no lugar do verbo “seria”, assim, vemos o uso da
elipse.
Resposta da questão 9:
[D]
[A] Incorreto. Palha sente ciúmes em relação ao comportamento de Carlos Maria e sua esposa,
e se desespera com tal suspeita.
[B] Incorreto. Sofia conta ao marido que Rubião tem interesse nela.
[C] Incorreto. Palha, por interesses financeiros, não confronta Rubião.
[D] Correto. Sofia tem interesse em Carlos Maria e procura contornar a situação, uma vez que
seu marido sente ciúmes do contato entre os dois.
[E] Incorreto. Quem apoia o casamento entre Maria Benedita e Carlos Maria é D. Fernanda.
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para o fazer poético, o que só irá acontecer cinco anos depois de forma espontânea e natural.
Assim, é correta a opção [A].
Apenas em “Fanatismo”, o verso assinalado entre aspas, “Tudo no mundo é frágil, tudo
passa...”, transmite o discurso alheio da opinião pública, estabelecendo o contraditório com o
que pensa e sente o eu-lírico, desmentindo a última afirmação. Como as demais são
verdadeiras, é correta a opção [A].
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Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®
1.............192277.....Baixa.............Português......Ufrgs/2020............................Múltipla escolha
2.............189930.....Média.............Português......Unesp/2020..........................Múltipla escolha
3.............190251.....Elevada.........Português......Ime/2020..............................Múltipla escolha
4.............190050.....Média.............Português......Fuvest/2020.........................Múltipla escolha
5.............191025.....Média.............Português......Famerp/2020........................Múltipla escolha
6.............189932.....Média.............Português......Unesp/2020..........................Múltipla escolha
7.............190265.....Média.............Português......Ime/2020..............................Múltipla escolha
10...........182436.....Média.............Português......Ita/2019................................Múltipla escolha
11...........189429.....Baixa.............Português......Enem/2019...........................Múltipla escolha
14...........184591.....Elevada.........Português......Ufrgs/2019............................Múltipla escolha
15...........182438.....Elevada.........Português......Ita/2019................................Múltipla escolha
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11............................189429..........azul.................................2019...................44%
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