Você está na página 1de 85

Curso UNEB

Obras Literárias, Gramática e Redação Aulas On-line (ao vivo)


Serão 10 encontros!
Aulas com: Tacyana Bomfim, Zé Carlos Bastos e professores do Núcleo

Obras Literárias
04/07 (segunda) - às 19:00
11/07 (segunda) - às 19:00
18/07 (segunda) - às 19:00
22/07 (sexta) - às 16:30
25/07 (segunda) - às 19:00
29/07 (sexta) - às 16:30

Gramática, Interpretação e Redação


06/07 (quarta) - às 19:00
13/07 (quarta) - às 19:00
20/07 (quarta) - às 19:00
27/07 (quarta) - às 19:00
Obras Literárias:
1 - O Largo da Palma - Adonias Filho
2 - Tenda dos Milagres, de Jorge Amado ( participação
do Neto de Jorge Amado, o professor Jorge Amado
Neto )
3 - O desterro dos mortos - Aleilton Fonseca (
participação do autor da obra)
4 - Essa Terra - Antônio Torres (participação do autor da
obra)
5 - Além de Estar - Helena Parente Cunha
6 - A Morte de Quincas Berro d’Água - Jorge Amado
(participação do professor Gildeci Leite- Doutor em
Literatura e professor da UNEB)
Aleilton Fonseca
Antônio Torres Adonias Filho

Gildeci Leite Helena Parente Cunha


Jorge Amado Neto
LARGO DA PALMA
ADONIAS FILHO
O AUTOR
• Adonias Filho (A. Aguiar), jornalista,
crítico, ensaísta e romancista,
nasceu em Ilhéus, BA, em 1915, e
faleceu na mesma cidade, em 1990.

• Eleito em 14 de janeiro de 1965


para a Academia Brasileira de
Letras, foi recebido pelo acadêmico
Jorge Amado.
Adonias Filho faz parte do grupo de
escritores que, a partir de 1945, a Terceira
Fase do Modernismo, se inclinaram para
um retorno a certas disciplinas formais,
preocupados em ampliar sua significação
do regional para o universal.
• Além da descrição física da cidade, o
leitor tem a sua forma de ler, de sentir o
símbolo que serve como uma rede de
significados.

• A emoção do autor e a emoção do leitor


se unem com as imagens concretas da
cidade. Captar os pedaços de Salvador
nas obras da linguagem é construir a
nossa metáfora possível.
Novelas
1. A MOÇA DOS PÃEZINHOS DE QUEIJO
2. O LARGO DE BRANCO
3. UM AVÔ MUITO VELHO
4. UM CORPO SEM NOME
5. OS ENFORCADOS
6. A PEDRA
LARGO DA
PALMA
Um palco para as histórias do povo

As narrativas presentes em "O Largo da Palma"


têm como ponto referencial este famoso espaço
urbano de Salvador, o Largo da Palma. Os
primeiros quatro contos são permeados pelo
cheiro dos pãezinhos de queijo que são vendidos
em uma venda próxima à Igreja da Palma. A
igreja, o Mercado Modelo, o Jardim de Nazaré e
outras referências espaciais são usadas para
construir um mapa de uma cidade quase onírica.
A Salvador que aparece em "O Largo da Palma"
não é a cidade das lutas sociais, das diferenças
entre raças e outros embates socioculturais. O
que vemos nos contos desse livro é um cenário
onde a classe média-baixa, os velhos, mendigos,
imigrantes e a província empobrecida ganham
foco. Porém, apesar desse cenário onde o que se
tem destaque é a pobreza material do povo que
ali vive, constrói-se através de uma linguagem
lírica um ar esperançoso para as angústias de
quem ali vive.
Outra característica dos contos presentes na obra
é uma certa humanização do Largo da Palma,
como por exemplo a igreja que era “humilde e
enrugadinha” e que testemunhava tudo o que ali
acontecia com sua “curiosidade de velha muito
velha”; ou então as “ruas pequenas e estreitas
tentam se ocultar como envergonhadas”. Dessa
forma, cria-se um lugar quase mítico, que não
fica alheio aos problemas das pessoas que vivem
ali, mas, pelo contrário, torna-se parte ativa na
vida das pessoas dali, sofrendo, sentindo,
amando.
A moça dos pãezinhos de
queijo
É no Largo da Palma, tão velho quanto
Salvador, na esquina da ladeira que desce no
caminho da Baixa dos Sapateiros, é
precisamente aí que fica “A Casa dos Pãezinhos
de Queijo”.
Ali vive um bocado de povo,
cobertas coloridas enfeitam
as janelas, e a gritaria dos
rádios sufoca os pregões
dos vendedores de frutas
da Bahia.
Os Personagens e o
Enredo
• Joana, viúva de
Roberto Militão, faz os
pãezinhos no andar de
cima e Célia, sua filha,
os vende na loja,
embaixo, com a
freguesia aumentando
dia a dia.
• Todos comentam a
delicadeza de quem os
vende.
•Moça de dezoito anos, cabelos de carvão que
chegam aos ombros, olhos também negros que
combinam com a pele amorenada.
Foco Narrativo e Tempo
A narrativa é em terceira pessoa, com um narrador onisciente. Conhece
presente e passado dos personagens, os fatos e os sentimentos internos dos
personagens diante dos fatos.

Note como os aspectos psicológicos são tão intensos que torna extremamente
subjetiva a percepção do mundo exterior.

“mas nada permanece a não ser a voz que acabara de ouvir. Anda, quase a
correr, com a voz nos ouvidos”. (...) “A voz permanecera e de tal modo está ali
que receia venha a avó escutá-la”. (p. 5) (...) “ entregara o pacote à avó, era
como se tivesse as mãos livres para segurar a voz da moça dos pãezinhos de
queijo”. (p. 6)

“Célia, subindo, não sente o peso dos cestos vazios que carrega”. (p. 10)
Enredo e Personagens
Enredo e Personagens
• Protagonistas: Gustavo = Mudo
Célia = Bela Voz

Contraste: Gustavo x Célia

Intercomplementaridade: Carência,
desejo, complementação no outro.
Desenvolvimento da Trama

Encontros, crescimento do amor, as reações dos que os


cercam.

• Reações Mãe de Célia


Márcia (irmã de Gustavo)
Pai de Gustavo
Ambiente
• Largo da Palma, Igreja e Ladeira da Palma → VISÃO
ANIMISTA. A IGREJA
Humilde e
enrugadinha, com
três séculos de
idade, nada ali
acontece que não
testemunhe em sua
curiosidade de
velha muito velha.
Encontros Gustavo – Célia no Largo da Palma e no
Jardim de Nazaré.
Esta noite, no Jardim de Nazaré, quase todos os
postes estão cegos.
Um parto, é como num parto, a voz está nascendo.
• A casa dos pãezinhos de queijo e a de
Gustavo.
• Há quem afirme ser
mais bonita que o
canto do pássaro.
• Esta voz Gustavo
escuta pela primeira
vez quando vai
comprar pãezinhos de
queijo para a avó.
• Nada permanece a
não ser a voz que
acabara de ouvir.
•Doce e macia, ao lado do riso alegre, a voz da moça é
música melhor de ouvir-se, nas manhãs de domingo, que o
próprio órgão da igreja.
• Ele adora, com a
música, os ruídos das
ondas do mar, do vento
nos coqueiros e os
cantos dos pássaros.
• Falar, porém, não
fala.
• Expressa-se com as
mãos e o rosto.
• Responde escrevendo
ou gesticulando,
porque é mudo.
• A avó, mãe do pai, é a sua verdadeira mãe.
• Sua mãe desaparecera e a avó corta ,
enérgica, qualquer pergunta a esse respeito
dizendo: é uma doente da cabeça.

• No dia seguinte volta. O que deseja, no íntimo,


é retroceder. As pancadas do coração, porém,
ordenam que prossiga.
• Mas prosseguir para quê?
• É um homem sem voz que, ao tentar
falar, consegue apenas guinchar como
um bicho.
• Apoiando-se no balcão, escreve: “não
sou surdo e, porque ouvi, sei que você
se chama Célia.”
• Célia,sentindo mais que percebendo,
sabe que ele fora para declarar-se
como um namorado.
• Permanece, pois,
fascinada pelo rapaz que
não fala e que de rosto
faz lembrar um dos anjos
da igreja.
• Sabe que não esquecerá
jamais, com os cabelos
negros e os olhos cor de
avelã, o rosto do rapaz
que reflete enorme amor
de homem.
• Uma doida, apenas uma doida se
deixaria seduzir e fascinar por um
mudo!

• O pai não ocultava a decepção de ter


um filho, quando não inválido,
praticamente inútil.
• Os médicos não admitiam a cura.
• Que moça, afinal, o aceitaria como
namorado?
• Ou seria uma criatura extraordinária e
incomum ou apenas uma vigarista que,
sabendo-o rico, a ele se chegava por
causa do dinheiro.

• Ele tem medo. Medo de que ela escape


qualquer dia por ele ser mudo e – ela
escapando – sentir-se novamente
desesperado e só.
O Milagre
• - Não quero que você escreva mais!
• - Quero que você fale!

• Gustavo ouve e sente que o amor e o beijo de Célia


podem gerar o milagre. (...) As bocas se afastam, as
mãos mais se apertam, as lágrimas nos olhos que
parecem sangrar. Tudo, agora, é nele angústia e dor.
(...) é como num parto, a voz está nascendo. (...) E ele
a rir e a chorar ao mesmo tempo, exclama, em tom
ainda fraco, mas exclama:
• - Amor!
O pão aparece carregando a conotação de
algo divino, sagrado. Através do amor,
trabalho e devoção, Célia consegue
devolver a voz do namorado, que ficou
mudo quando perdeu a mãe, através dos
pãezinhos de queijo.
c) Foco Narrativo e Tempo

A narrativa é em terceira pessoa, com um


narrador onisciente. Conhece presente e
passado dos personagens, os fatos e os
sentimentos internos dos personagens
diante dos fatos.
Note como os aspectos psicológicos são tão
intensos que torna extremamente subjetiva a
percepção do mundo exterior.

• “ mas nada permanece a não ser a voz que acabara de ouvir.


Anda, quase a correr, com a voz nos ouvidos”. (...) “A voz
permanecera e de tal modo está ali que receia venha a avó
escutá-la”. ( p. 5 ) (...) “ entregara o pacote à avó, era como se
tivesse as mãos livres para segurar a voz da moça dos
pãezinhos de queijo”. (p. 6)
• “Célia, subindo, não sente o peso dos cestos vazios que
carrega”. (p. 10)
d) Linguagem
Linguagem concisa, períodos curtos, incisivos.
A linguagem narrativa é intensamente lírica. O narrador explora
os aspectos poéticos da linguagem. Presença constante de
metáforas, símbolos, comparações, etc...

Discurso Indireto livre


“Falará com a mãe, à noite seguinte, pouco antes de sair para
encontrar-se com o rapaz. E se a mãe perguntar quem é ele e
o que faz, como responderá? Dir-lhe-á que não sabe sequer o
nome porque não houve tempo para maior aproximação.
Confessará, porém, o detalhe: “Ele é mudo”. Inútil discutir,
procurar explicar, tentar justificar-se frente ao espanto da mãe.
Sabe que ela não compreenderá, ninguém entenderá, o
sobrado inteiro a dizer que tem um parafuso a menos. Uma
doida, apenas uma doida se deixará seduzir e fascinar por um
mudo.”
2. O LARGO DE BRANCO
•Eliane
Personagens

Odilon Geraldo
Técnicas Narrativas e Tempo
• A narrativa é em terceira pessoa, embora centrada
no personagem Eliane. Está muito presente o
estilo indireto livre.

• É como se Eliane estivesse fazendo uma revisão


de suas vivências:

• A VIDA COM GERALDO


• A VIDA COM ODILON
Ambiente
• A história entre Eliane e Odilon é carregada de
persistência e fidelidade, resistindo ao tempo assim
como a velha igreja da Palma. No final, o Largo se
veste de branco, simbolizando as transformações que
ocorrerão dali em diante na vida das personagens,
principalmente para Eliane.

• Coloca-se como tempo o presente narrativo
aquela “manhã de junho” (p.25), em que, “gasto
o vestido que usa, fora de moda, o melhor de
todos os que restaram” (p.26), Eliane espera
reencontrar-se com Odilon no Largo da Palma.

• Inclusive, neste início, as formas verbais


estão no indicativo presente; ressaltam a
ideia dos fatos que estão em curso.
• Não raras vezes se fundem presente – fatos
que estão sendo vividos, e passado – fatos
recordados, pois vividos no passado.
• Mudam, então, os tempos verbais ( imperfeito,
perfeito, mais que perfeito, ressaltando a ideia
de fatos já ocorridos.) Inclusive , em longos
trechos, utilizam-se as aspas, para indicar que
esses trechos são “narrados” pela memória da
própria Eliane, como em um longo discurso
indireto livre, dentro do qual aparecem formas
do discurso direto.
– O narrador, além de marcar o tempo, usando
verbos no presente e no passado, usa os advérbios
“agora” e “lá” que ressaltam o tempo presente e o
lugar. Eliane no Largo da Palma, à espera de
Odilon.
• Leia e perceba a passagem do passado, visto através da
lembrança de Eliane, para o presente.
• “Essa lembrança a perseguiu durante bastante tempo, era
como uma ideia fixa, hora a hora a rever as notas sobre a
cama. Parecia-lhe uma coisa tão venenosa e viva quanto uma
víbora ou um escorpião. O dinheiro na cama, sobre o lençol,
nele refletido o desprezo do homem. E como se aquele dinheiro
pudesse compensar a ingratidão e resgatar a mocidade e a vida
que a ele dera em troca de alguma coisa. Tudo, dera tudo
mesmo em troca de nada.
• O sol, agora, invade o Largo da Palma e parece que vem
mostrá-lo como uma das coisas mais preciosas da Bahia .
Habituara-se aos poucos com ele, o Largo da Palma...
• Eliane, detendo-se para aquecer-se, esmorece os passos. Lá,
no quartinho onde mora, o sol não entra.”( p. 30 )
– Pelo exposto, percebe-se que o tempo da narrativa é basicamente
psicológico.
O Desfecho
• “E, como se nada houvesse
acontecido naqueles trinta anos,
desde que se separaram, ele
apenas diz:
• – Vamos, Eliane, vamos para casa.
• (...) Ela se lembra das manhãs de chuva que
sempre escurecem o Largo da Palma. Agora,
como a vingar-se daquelas manhãs, o sol ajuda
o céu tão azul. E Eliane, ainda com o coração a
bater muito forte, não tem dúvida de que o seu
velho largo, como num dia de festa, está vestido
de branco. (p.41)
AMBIENTE INTERNO
• Quarto em que mora Alice e que Eliane subloca

• Casas em que Eliane morou na infância


(Itapagipe), quando casada com Odilon e
quando viveu com Geraldo (Campo Grande,
Barris e Rio Vermelho)
Linguagem
• Concisa, períodos curtos, incisivos. O
narrador explora os aspectos lírico-poéticos
da linguagem.
• Observar o uso de metonímias: “Você, Eliane,
casou com um hospital”.
• O autor usa os mesmos recursos poéticos
presentes nas outras novelas: metáforas,
comparações, inversões, frases nominais e
enumerações, assíndetos, etc.
INTERIOR / EXTERIOR
O mundo interior - mundo invisível

“Gasto é o vestido que usa, fora da moda, o melhor dos que


restaram. Os cabelos agora brancos, sempre sedosos, não
melhoram o rosto cansado. Olhos sem brilho, boca um
pouco murcha, as rugas. Este é o lado, o lado de fora, que
Odilon verá. Sabe que o Odilon – e se não mudou
inteiramente – examinar-lhe-á o rosto com atenção a
observar todos os detalhes. Não poderá ver, porém, o lado
de dentro, precisamente o lado da consciência e do
coração.”( p. 26 )
• O mundo interior traz uma percepção
subjetiva do mundo exterior:
• (...) a rua não era a mesma e certamente não
era a mesma por causa dela própria. (p. 26 )
• “Apesar de menos de sete meses, ah, quanto
tempo.” ( p. 29 )
• “A tensão nervosa expulsando-a do quarto,
empurrando-a para a rua. A tensão nervosa e
os olhos de Alice sempre cheios de
curiosidade.” ( p. 29 )
3- UM AVÔ MUITO VELHO
• Uma temática extremamente atual. A Eutanásia

Abordagem lírica de um tema polêmico.


Amor extremado x sofrimento da amada

Morte Provocada
• Técnica Narrativa e Enredo

– 3ª pessoa, centrada no personagem Negro Loio.


– O presente narrativo é o momento posterior a todos os
fatos narrados:
• “O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se em
si mesmo. (...) Sempre calado em seu canto... No
quarto e no quintal, a tocar sua sanfona, como a
esperar a morte e que todos o esquecessem”.
• O narrador desenvolve dois núcleos narrativos:
• 1- Núcleo Central: O Negro Loio e sua neta Pintinha;
• 2- Núcleo secundário: A vida do negro Loio.
Decurso Temporal – Enredo

Loio / Pintinha Pintinha (moça) Vida de Loio

Nascimento
de Pintinha Loio / Pintinha
(Desfecho).
Personagens
• Pai ? Aparecida - maior coração da Bahia
Previsão de Aparecida a Loio: “Você tem
uma morte nas mãos”

Verinha ? Maria Ecléa

Maria Eponina
Chico Timóteo

Loio Pintinha

Amor extremo ?
Ambiente
• “O Largo da Palma tem boa memória.” (P.46)
“Estava mesmo era no Largo da Palma que, de tão
tranquilo, talvez se preparasse para dormir”. (P.49)

Visão animista = Largo = Tratado como ser vivo.

Ambientes Internos
A casa do Gravatá
Mercado Modelo
Linguagem

• Linguagem bem trabalhada, concisa, períodos


curtos, incisivos. Tratamento lírico dado à
narrativa e aos conflitos humanos abordados.
• INVERSÃO como forma de enfatizar
sentido do termo invertido
“Companhias, se teve, foram duas: a
sanfona e a saudade de Aparecida”.
Observe a junção do concreto ( sanfona ) com
o abstrato ( saudade de Aparecida )
Questões 01 e 02

O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se em si mesmo.


Não era homem de conversas, sempre calado em seu canto,
morando no quarto dos fundos, que o pequeno quintal separava do
corpo da casa. Ali ficava o dia inteiro, no quarto e no quintal, a tocar
a sua sanfona, como a esperar a morte e que todos o esquecessem.
Saía à noitinha, depois da janta, arrastando os pés na alpercata de
couro, para o passeio no Largo da Palma. [...]
A memória no coração e o velho negro Loio a sentir que ele
pulsava mais forte todas as vezes em que se lembrava de Aparecida.
[...] E não foi pouco o que aconteceu depois, naqueles anos de vida,
tantas e tantas coisas que nem de todas recordava.
Os passos lentos no Largo da Palma, a cabeça baixa, era certo que nas
noites de mormaço o coração sempre se abria para que a memória
pudesse sair. Ali estava no Largo da Palma, a memória, livre e
animada como o vento.
01. O fato sugerido em “O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se
em si mesmo” é:
a) A morte do pai que o levou a assumir os negócios no Mercado
Modelo.
b) A morte de Aparecida, o primeiro amor de sua vida.
c) A morte de Verinha, sua esposa, deixando-o só com a filha.
d) A morte de Pintinha , devido à violência da cidade de Salvador.
e) A morte da mãe, que o deixou, na infância ainda, aos cuidados do
pai.
Os passos lentos no Largo da Palma, a cabeça baixa, era certo que nas
noites de mormaço o coração sempre se abria para que a memória
pudesse sair. Ali estava no Largo da Palma, a memória, livre e
animada como o vento.
01. O fato sugerido em “O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se
em si mesmo” é:
a) A morte do pai que o levou a assumir os negócios no Mercado
Modelo.
b) A morte de Aparecida, o primeiro amor de sua vida.
c) A morte de Verinha, sua esposa, deixando-o só com a filha.
d) A morte de Pintinha , devido à violência da cidade de Salvador.
e) A morte da mãe, que o deixou, na infância ainda, aos cuidados do
pai.
02. “Os passos lentos no Largo da Palma, a cabeça baixa, era certo
que nas noites de mormaço o coração sempre se abria para que a
memória pudesse sair. Ali estava, no Largo da Palma, a memória,
livre e animada como o vento.”
Poderíamos reescrever as frases sem mudar o seu sentido no texto
como em:
a) “o coração sempre se abria para que as lembranças pudessem sair.
No segundo grifo, poderíamos ter: Ali estava, no Largo da Palma, a
lembrança, livre e animada como o vento.”
b) “o coração sempre se abria para que o sentimento pudesse sair. No
segundo grifo, poderíamos ter: Ali estava, no Largo da Palma, o
segredo, livre e animado como o vento.”
02. “Os passos lentos no Largo da Palma, a cabeça baixa, era certo
que nas noites de mormaço o coração sempre se abria para que a
memória pudesse sair. Ali estava, no Largo da Palma, a memória,
livre e animada como o vento.”
c) “o coração sempre se abria para que as lembranças envoltas em
sentimentos pudessem sair. No segundo grifo, poderíamos ter: Ali
estava, no Largo da Palma, o passado, livre e animado como o
vento.”
d) “o coração sempre se abria para que as boas recordações
pudessem sair. No segundo grifo, poderíamos ter: Ali estava, no
Largo da Palma, o ontem, livre e animado como o vento.”
e) “o coração sempre se abria para que as dores pudessem sair. No
segundo grifo, poderíamos ter: Ali estava, no Largo da Palma, o
pensamento, livre e animado como o vento.”
02. “Os passos lentos no Largo da Palma, a cabeça baixa, era certo
que nas noites de mormaço o coração sempre se abria para que a
memória pudesse sair. Ali estava, no Largo da Palma, a memória,
livre e animada como o vento.”
c) “o coração sempre se abria para que as lembranças envoltas em
sentimentos pudessem sair. No segundo grifo, poderíamos ter: Ali
estava, no Largo da Palma, o passado, livre e animado como o
vento.”
d) “o coração sempre se abria para que as boas recordações
pudessem sair. No segundo grifo, poderíamos ter: Ali estava, no
Largo da Palma, o ontem, livre e animado como o vento.”
e) “o coração sempre se abria para que as dores pudessem sair. No
segundo grifo, poderíamos ter: Ali estava, no Largo da Palma, o
pensamento, livre e animado como o vento.”
4- UM CORPO SEM NOME
a) Narrativa em primeira pessoa. Narrador não se identifica: “quem sou, isto
não importa”.
b) Enredo: mulher que morre nos braços do narrador e o faz lembrar fatos que
viveu aos 18 anos.

Associação: presente – passado – identificação.


“Hoje, dois meses após a morte da mulher”... Ontem, quando
reencontrei o inspetor na Rua Chile, quase dois meses após o meu
depoimento na Delegacia da Polícia...”
(p.75-75)

“Dezoito anos, pois, a minha idade. (...) Loura e bonita, os cabelos


corridos, os lábios finos, os seios pequenos e cheios, muito azul nos
olhos. Não a vi, nem a ela e nem ao amigo, quando me levantei. E, ao
levantar-me, já gritava:
- Eu quero esta mulher!”
(p.71)
• “Hoje, dois meses após a morte da mulher, o
Largo da Palma já esqueceu porque, velho como
é, não tem memória para todos os
acontecimentos. Não deve sequer lembrar-se de
quando levantaram as casas mais baixas e
estreitas, estas de telhas tão pretas quanto o
tempo, com o verde e o azul das tintas fortes
ocultando as cicatrizes e rugas, e certamente, não
se lembra quando foram plantadas as árvores e
chegaram os primeiros pombos. Vendo-os agora,
nesta penumbra que sempre avisa a aproximação
das noites na Bahia, com a igreja vazia e os
sobradinhos em silêncio, penso na mulher que
morreu em meus braços. Ela, a pobre, pareceu-me
que vinha de longa viagem”.
(p.74)
Crítica social

• A caftina a expulsa do bordel porque ela “já


não dá no couro”, não arranja mais homem
(p.70-71).

• A narrativa do passado, termina quando essa


mulher exclama para o narrador que “morte
deve ser melhor. Deve ser melhor mesmo
porque não tem medo nem fome”.
(p.71)
Questões 03 e 04
Agora, desfeita a lembrança do inspetor, fechada a “Casa
dos Pãezinhos de Queijo”, já o incenso não escapando da
igreja, a noite avançou tanto que os gatos não tardarão a
aparecer. Eu os conheço, esses gatos. No verão, quando o
mormaço baiano me acorda muito antes da madrugada,
venho à janela para vê-los. E naquelas poucas horas se
tornam os donos do largo porque os homens e os pombos
estão dormindo. Sim, eles os gatos, estão chegando agora.
Saem das esquinas e de alguns telhados para o encontro de
todas as noites. E assim, vendo-lhes do meu canto, mais
uma vez penso na morta.
Pareceu-me que, ao entrar no largo, vinha de longa
viagem. Certeza tenho agora de que vinha de tão
longa viagem, mas de tão longa viagem que a morte
não a interrompeu. Em delírio, já criatura de um
mundo que não o nosso, entre cores e luzes, a morte
não a matou porque morreu fora do corpo. E, por
isso, não morreu no Largo da Palma.

FILHO, Adonias. O Largo da Palma. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1981. pp. 75-76.
03. A partir da leitura do fragmento e do texto completo, marque
a alternativa que melhor justifique o título da novela: Um corpo
sem nome.
a) a morta já era bastante idosa e a vida já não tinha para ela muito
sentido.
b) a personagem não tem nome para abranger as várias mulheres
prostituídas e infelizes.
c) a mulher vinha de longe e ninguém tinha conhecimento da sua
existência.
d) essa mulher, que morreu no Largo da Palma, há muito não tinha
significado para sua existência, os sofrimentos já a haviam destruído
há muito tempo. Só o corpo sobrevivia.
e) Como a morta não possuía nenhum documento e fosse enterrada
como indigente, ficou lembrada, no Largo da Palma, como um corpo
sem nome.
03. A partir da leitura do fragmento e do texto completo, marque
a alternativa que melhor justifique o título da novela: Um corpo
sem nome.
a) a morta já era bastante idosa e a vida já não tinha para ela muito
sentido.
b) a personagem não tem nome para abranger as várias mulheres
prostituídas e infelizes.
c) a mulher vinha de longe e ninguém tinha conhecimento da sua
existência.
d) essa mulher, que morreu no Largo da Palma, há muito não tinha
significado para sua existência, os sofrimentos já a haviam destruído
há muito tempo. Só o corpo sobrevivia.
e) Como a morta não possuía nenhum documento e fosse enterrada
como indigente, ficou lembrada, no Largo da Palma, como um corpo
sem nome.
04. Com base na leitura da novela, analise o ponto de vista
que se manifesta nesse fragmento.
a) Um narrador às vezes em terceira pessoa e em outras, em
primeira pessoa.
b) Um narrador em primeira pessoa, mas como se fosse um
espectador e dando as suas impressões sobre os acontecimentos.
c) Um narrador onisciente, sabendo inclusive sobre os
sentimentos da morta.
d) Um narrador em primeira pessoa, que dialoga com um
narrador em terceira pessoa, onisciente.
e) Um narrador em terceira pessoa, mero espectador dos
acontecimentos.
04. Com base na leitura da novela, analise o ponto de vista
que se manifesta nesse fragmento.
a) Um narrador às vezes em terceira pessoa e em outras, em
primeira pessoa.
b) Um narrador em primeira pessoa, mas como se fosse um
espectador e dando as suas impressões sobre os acontecimentos.
c) Um narrador onisciente, sabendo inclusive sobre os
sentimentos da morta.
d) Um narrador em primeira pessoa, que dialoga com um
narrador em terceira pessoa, onisciente.
e) Um narrador em terceira pessoa, mero espectador dos
acontecimentos.
Ambiente: Largo da Palma.

Bordel –
Sobradinho da
Ajuda.
Linguagem
Por que o título da novela: Um corpo sem
nome?

Mesmos recursos poéticos presentes nas


outras novelas
OS ENFORCADOS
5- OS ENFORCADOS
a) Embasamento histórico: Revolução dos Alfaiates (1798).
b) Narrativa em 3ª pessoa, mas enquadrada à ótica de um
personagem: o ceguinho da Palma.
c)Presente narrativo: “dia dos enforcados” – “quatro homens,
um quase menino, todos mulatos”: A “execução, um
espetáculo exemplar”.
d) Personagens: Ceguinho da Palma (ver sentido simbólico) e
Valentim.
e) Crítica sócio-histórica: “o governo e os graúdos”
“a opressão, o terror, o medo, a insegurança.
f) Ambiente: Largo da Palma, Piedade
Em “Os enforcados” temos a narração de
um fato histórico (Revolta dos Alfaiates)
através do ponto de vista de um cego.
Apesar da ironia desse recurso, através de
um cego, que está alheio aos fatos
exteriores, pode se mostrar as verdades
ocultas aos olhos de todos.
Principais motivos e influências:
- Havia na Bahia uma grande insatisfação popular com a pobreza e elevado custo de
vida para os mais pobres. Esse segundo fato era gerado, principalmente, pelo
monopólio comercial exercido pelos comerciantes portugueses, que vendiam os
gêneros alimentícios a preços elevados.

- Havia também insatisfação com relação ao fato de os portugueses ocuparem altos


cargos públicos do governo baiano, deixando de lado os brasileiros.

- Em 1763 a coroa portuguesa transferiu a capital do Brasil de Salvador para o Rio de


Janeiro. Esse fato deixou grande parte da população baiana descontente com
Portugal e também pode ser considerado um dos motivos da revolta. A cidade de
Salvador perdeu, com essa mudança, relevância política e econômica.
- Os revoltosos eram contrários à dominação política que Portugal exercia sobre o
Brasil.
- O movimente recebeu grande influência dos ideais iluministas (liberdade de
expressão, fim das injustiças sociais, emancipação das colônias, etc.).

- Teve como principal antecedente externo, que também influenciou o movimento, a


Revolução Francesa (1789 - 1799).
Principais objetivos:

- Independência da Bahia do domínio de Portugal.

- Implantação na Bahia de um sistema político de caráter republicano e


democrático.

- Estabelecer a abolição da escravatura.

- Realizar a abertura dos portos.

- Possibilitar a liberdade de comércio, tirando dos comerciantes


portugueses o monopólio sobre esta atividade econômica.

- Aumento dos salários para a população.


OS PERSONAGENS
• O Ceguinho da Palma

• João-o-manco – fazia as rondas todos os dias.


• O Padre Gomes

• D. Fernando José de Portugal e Castro – no governo da Bahia

• Valentim – filho de escrava liberta e pai desconhecido, tinha uma


birosca onde vendia pássaros, galinha, aguardente e uma boa
garapa de cana.

• Zé de Sacoto – partidário da República Bahinense


• Manuel, Lucas, Luís e João – os enforcados
OS PERSONAGENS

• O Ceguinho da Palma

• João-o-manco – fazia as rondas todos os dias.


• O Padre Gomes

• D. Fernando José de Portugal e Castro – no governo da Bahia

• Valentim – filho de escrava liberta e pai desconhecido, tinha uma


birosca onde vendia pássaros, galinha, aguardente e uma boa
garapa de cana.

• Zé de Sacoto – partidário da República Bahinense


• Manuel, Lucas, Luís e João – os enforcados
DESFECHO HISTÓRICO

Embora não tenha atingido seus objetivos práticos, a Revolta dos Alfaiates foi um
evento muito importante na História do Brasil. Sua importância se deve ao fato de ter
assumido forte caráter popular com participação de muitos negros baianos. Outro
aspecto importante foi a contestação do poder metropolitano, que esteve no centro dos
ideais do movimento.

DESFECHO FICTÍCIO
Linguagem:
Uso dos mesmos recursos expressivos que se fazem presentes
nas outras novelas: metáforas, comparações, frases
nominais, enumerações etc.

INVERSÃO (explorando o valor expressivo do adjetivo)


“Inúmeros os que passavam por ele, todos apressados,
alguns como que corriam.”
(p.83)
“E porque grande era o silêncio e ouviu o barulho dos
grilhões de ferro, soube que se arrastavam os que
caminhavam para a morte.”
(p.87)
LINGUAGEM COLOQUIAL
Adequadas ao personagem central (o ceguinho),
encontramos expressões e palavras de
linguagem coloquial.
Palavras como: “birosca”, “porrete”,
“estrebuchavam”.
Expressões como “quero um gole da melhor”
“engolir a aguardente” “boa pinga!” “é de
arrebentar o coração” “exemplo de merda”;
E o uso do pronome sujeito como complemento
verbal: “Que a Senhora da Palma ajude
eles”.
6- A PEDRA

Tempo da Narrativa: Ano da Proclamação da


República – 1889
“A casa não guardou o ano exato em que ele chegou, o primeiro
morador. Não esqueceu o ano, porém, porque precisamente o da
Proclamação da República.”

Personagens: Cícero Amaro, Zefa, Flor.


- a ingenuidade de Cícero, a exploração, as
mulheres, o empobrecimento.
A PEDRA
• Aspectos regionais: garimpo, Jacobina.
O enriquecimento gera a migração para a
capital.

• Clímax
“Fique de uma vez com suas putas... Vá e não
volte, Saia, saia logo seu bêbado sujo. Vá
logo antes que te meta o braço.”
(p.101)
Desfecho
• “E no largo, ao ver a igreja bem defronte,
(Cícero) pôs-se a andar, cabisbaixo, como
perdido em profunda meditação. A ingratidão
de Zefa, o desprezo de Flor, chô, o mundo
era mesmo uma boa merda”
(p.101)

• “Grandes, porém, eram os olhos de Deus.


Todos pagariam semelhante na própria terra.”
• E procura arranjar um pouco dinheiro para
voltar à sua vida de garimpeiro em
Jacobina.
Ambiente:
Jacobina
Largo e Igreja da Palma.
Bordel onde Flor Trabalha.

• Narrativa em 3ª pessoa, centralizada em


Cícero e Zefa.
Linguagem:
• INVERSÃO
“Maior que a peste, de verdade, só o medo”
(p.94)
“E tinha os seus dengues, Flor!” (p.100)
“Farta estava cheia de tantas mentiras e
malandragens” (p.101)

Você também pode gostar