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• Teve um fim de vida precoce, aos 51 anos de idade, quando já sofria com a úlcera
e a pobreza, sobrevivendo há alguns anos de trabalhos informais como jornalista
em Pelotas
• Cancioneiro Guasca, 1910
• Contos Gauchescos, 1912
• Lendas do sul, 1913
• Casos de Romualdo, 1914
• Terra Gaúcha, embora incompleta, foi
publicada 1955
• Regionalismo: a obra marca fortemente o tradicionalismo de um rio
Grande do passado, que aspirava e vivia costumes e valores já
ultrapassados no final do séc. XIX e início do séc. XX.
• Regiões da campanha, da fronteira.
• A mudança da economia no Estado, agora urbana e industrial,
transformou as relações sociais e coletivas, os valores são outros, e o
gaúcho idealizado pelos românticos do Partenon Literário e pelo
Movimento Tradicionalista de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa é revivido
saudosamente por Simões Lopes Neto. Todavia, aquele não existe mais.
• Simões Lopes Neto registra esse gaúcho nostálgico, cuja política, fronteiras
e valores são modernas, respiram o positivismo e o vago capitalismo
emergente.
• A estância e o pago são substituídos pelos poucos aristocratas que ainda
restam e pelos burgueses que se instauram; o comércio é o grande objetivo,
logo as fazendas familiares de criação dão lugar a fazendas de abate e
manipulação de carne.
• Cada vez mais, grandes proporções de terras pertencem a poucos, e o
êxodo rural é uma consequência. O gaúcho perde a sua terra.
• É o típico gaúcho: 88 anos, experiente, saudosista, ícone
de um tempo/espaço ultrapassados.
• É parte dos contos, pois ou os vivera, ou os presenciara,
ou os ouviu nos causos que alguém contou; logo, em
alguns contos, Blau fora testemunha ocular ou participara
das histórias.
• Oralidade: Blau é um sujeito que se vale das suas
experiências de vida, de sua sabedoria para narrar; assim,
é ele um narrador diferenciado, à moda antiga, que
compartilha, sugere, ensina, aprende, DÁ CONSELHOS e
forma uma memória coletiva, pois os fatos, muitas vezes,
passam de geração para geração, fincando muito da
alteridade (costumes e valores que identificam um povo
ou etnia) de um povo.
• Situações cotidianas pessoais se misturam a fatos
históricos, o que, muitas vezes, marca uma posição
ideológica.
• Não há como questionarmos Blau porque, em todos os
casos, “ele esteva lá”.
• Regionalista: campanha e fronteira.
• Expressa um jeito de ser próprio, fixa
uma peculiaridade, uma característica, - Ah!… esqueci de dizer-lhe
um modo de agir e se relacionar. que andava comigo um
cachorrinho brasino, um
• Prosaica: reflete a comunicação cusco mui esperto e boa vigia.
cotidiana de uma região. Era das crianças, mas às
• As gentes se reconhecem na língua, que é a vezes dava-me para
maior marca de quem somos e de como acompanhar-me, e depois de
somos. sair a porteira, nem por nada
• Interjeições, ditos populares, expressões fazia caravolta, a não ser
que representam todo um modo de se comigo. E nas viagens dormia
comunicar muito próprio: sempre ao meu lado, sobre a
uso do castelhano misturado ao ponta da carona, na cabeceira
português; dos arreios.
(Trecho de Trezentas Onças)
formação de um vocabulário
específico, da fronteira
(campanha)
• Educação campeira
• Capítulo de apresentação do narrador: Patrício,
apresento-te Blau, o vaqueano.
• 19 contos
• Todos narrados por Blau Nunes
• Temáticas:
Os valores do gaúcho
O cavalo, o cachorro e o campo
A doma, a agricultura e a peleia
O comportamento, a honra e a glória
A mulher, o jogo e a vingança
A violência: esta como símbolo de
honra, vingança e masculinidade
A formação sociocultural do homem
gaúcho
Os fatos históricos do RS
1. TREZENTAS ONÇAS
2. O NEGRO BONIFÁCIO
3. NO MANANTIAL
• 18 contos (13 haviam
4. O MATE DO JOÃO CARDOSO sido publicados em
5. DEVE UM QUEIJOO! jornais e revistas
6. BOI VELHO antes de saírem no
7. CORRER EGUADA livro)
8. CHASQUE DO IMPERADOR
9. OS CABELOS DA CHINA • Somente a partir da
10. MELANCIA — COCO VERDE 3ª edição (Editora
11. O ANJO DA VITÓRIA
Globo), em 1949,
12. CONTRABANDISTA
13. JOGO DE OSSO
aparece o 19º conto:
14. O DUELO DOS FARRAPOS
15. PENAR DE VELHO O ‘menininho’ do presépio
16. JUCA GUERRA
17. ARTIGOS DE FÉ DO GAÚCHO
18. BATENDO ORELHA!
19. O “MENININHO” DO PRESÉPIO
Os Contos
• Blau Nunes é narrador-protagonista
• Viaja com trezentas onças (moedas de ouro) na guaiaca
• Cruza com um grupo de viajantes
• Repousa na beira de um arroio, onde toma banho e dorme
• Quando retorna à viagem e chega na estância, léguas
depois, percebe que perdera o ouro
• O cusco chamava-lhe a atenção
• Resolve voltar ao local do arroio e nada encontra
• Põe-se a chorar (algo raro), tinha medo de ser chamado de
ladrão
• Pensa em suicídio, o que não comete, e fugir não é digno
• Resolve encarar o patrão e pagar com trabalho
• Chegando na estância, já sem saber como falar ao patrão,
percebe uma chaleira e a guaiaca com as trezentas onças
em cima da mesa
• O patrão brinca com a situação e todos riem
• O cão lembra amizade; o cavalo, liberdade; símbolos do
gaúcho de trabalho e esperança
• Blau é narrador onisciente
• Bonifácio: negro maleva e taura
• Tudinha: chinoca candongueira, linda, alta, delgada; olhos grandes,
ariscos
Filha de Sia Firmina, um velha inteirona
• Disputa de uma carreira campeira
• O negro e Tudinha firmam uma aposta: Tudinha ganhará uma libra de
doces se o tordilho do Nadico vencesse, e ele vence
• Nadico e o Negro se estranham, e Bonifácio descasca o facão e peleia com
o chiru; a briga generaliza, e todos estão contra o Negro
• Nadico atravessa o pescoço do negro com uma adaga, e o major Terêncio
dispara fogo lanhando a perna do taura
• Bonifácio abre a barriga de Nadico, mas está gravemente ferido, prestes a
receber um golpe de boleadeiras, que acerta-lhe a cabeça
• Sia Firmina aparece e joga uma chocolateira de água fervente no Negro,
que atravessa a velha com seu facão até o esse
• Tudinha sobe por cima do Negro, vaza-lhe os olhos, retalha-lhe a cara de
ponta e de corte; ri desatinada e linda e distribuncha os culhões do
homem
• Mulheres são bichos caborteiros, não se pode confiar nelas, ainda mais se
desprezadas
No Manantial
• Blau Nunes é narrador-testemunha
• No meio do manantial há uma roseira sempre florida, plantada por um
defunto
• Maria Altina: filha de Mariano e Tanásia
16 anos, apaixonada por André, um furriel
O rapaz deu-lhe uma rosa colorada, que ela atravessou no seu
chapéu
André tratava de firmar seu casamento com Altina
• Chico Triste: conhecido como Chicão
Enrabichado pela prenda, carnalmente
Bruto, despertava medo e raiva na rapariga
Desprezado por Maria Altina quando pede-lhe uma de suas
rosas
A moça soltava os bichos que ele dava de presente a ela, por isso
Chicão envia filhotes de avestruz sem pernas e asas
Sente raiva pela notícia do casório de André com Altina
Convida a gente de Mariano para uma festa de batizado em sua
casa
No outro dia, quando se daria seguimento à festa, ficam na casa
Mª Altina, sua avó e Chicão; e a Negra Nina, quem viu tudo e
contou depois para as pessoas
O acontecido... continuação
E enquanto todos se riram e batiam palmas, enquanto o ilhéu se arreganhava numa gargalhada gostosa, e o velho Severo, mui
jocoso, gritava — gostei, chiru! outra vez! — e enquanto se fazia uma paradita no barulho, a noiva se punha em pé como uma
mola, e com uma mão grudada no braço da ama, já não chorava, tinha um cobreado no rosto e os olhos luziam como duas
estrelas pretas!…
Lindaça ficou, como uma Nossa Senhora!
O Reduzo aproveitou o soflagrante e soltou outro verso:
Na polvadeira da estrada
O teu amor vem da guerra:...
Melancia desbotada!...
Coco verde está na terra!…
1 – O Negro Bonifácio
2 - Deve um queijo!…
3 - Trezentas onças.
4 - No Manantial
( ) Numa venda, um castelhano "gadelhudo" provoca o velho Lessa, que, mesmo "nanico",
acaba por lhe dar uma lição, fazendo-o comer, até vomitar, o produto que Leça comprara por
insistência dele, isso depois de dar uma surra no provocador, abrindo a mão e mostrando-lhe
os cinco mandamentos.
( ) Conto macabro em que a obsessão de Chicão por Maria Altina - que não gostava dele e
estava apaixonada por outro - acaba causando uma desgraça, com a morte dos dois, além da
avó e do pai dela. Esta é a única situação em que, ao contar a história, Blau Nunes lacrimeja.
( ) Durante um briga generalizada, após uma aposta de carreira, Tudinha e sua mãe, Sia
Firmina, aproveitam-se para cumprir sua vingança: a velha joga uma chocolateira de água
fervente sobre o taura, que lhe atravessa com um facão até o esse, e a chinoca candongueira
sobe por cima do homem, vaza seus olhos, retalha sua cara de ponta e corte e, por fim,
distribuncha seus culhões.
( ) Depois de ter perdido a guaiaca na qual levava moedas de ouro do seu patrão, Blau Nunes
resolve se matar, mas comove-se com a visão das Três-Marias refletidas na água, com as
lambidas que o cachorrinho lhe dá nas mãos, com o relincho do seu cavalo e com o cantar de
um grilo, e resolve vender tudo o que tem para pagar a dívida e encarar o patrão pela falha no
serviço.
(A) 3 – 1 – 2 – 4
(B) 2 – 4 – 1 – 3
(C) 1 – 4 – 2 – 3
(D) 4 – 1 – 2 – 3
(E) 3 – 4 – 1 – 2
1. Ainda sobre os Contos Gauchescos, seguem as seguintes afirmações (1 ponto):
I- Em Boi velho, temos a representação de um outro tipo de violência, que surge pela
mudança econômica que a região sofrera em meados do séc. XIX. O velho boi, puxador de
carro, já sem utilidade, Cabiúna, é sacrificado para que se aproveite pelo menos seu couro,
o que identifica a mudança de postura entre homem e animal e a inexistência da
compaixão ao que não tem mais serventia.
III - Em O Contrabandista, Blau Nunes é testemunha de uma tragédia. O velho Jango Jorge,
depois de um forte tiroteio com as forças imperiais da fronteira, chega ao casamento de
sua filha, Sia Talapa, com Costinha, já morto e carregando o vestido que havia ido buscar.
Quais afirmações estão corretas? Se houver alguma afirmação que considere incorreta,
justifique-a.
(A) Apenas a I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) Todas estão corretas.