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MODERNISMO-ANOS 30

MONTEIRO
CONTEXTO HISTÓRICO
 Crise de 29: quebra da Bolsa de NY;
 Fim da Política Café com Leite;
 Golpe de Vargas;
 Surgimento de movimentos totalitários.
Prosa de 30

 Prosa regionalista:
 Engajamento político;
 Denúncia dos problemas sociais;
 Dá voz aos excluídos urbanos e regionais;
 Neorrealismo;
 Prosa intimista e psicológica.
Autores
 Graciliano Ramos;
 Rachel de Queiroz;
 Jorge Amado;
 José Lins do Rego;
 Érico Veríssimo.
Graciliano Ramos
 Neorrealismo;
 Pessimismo em relação à condição humana;
 Narrativa seca, linguagem sem floreios;
 Prosa psicológica;
 Evita o dilema bem x mal;
 Vidas secas e São Bernardo são obras icônicas do escritor.
TEXTO
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio,
debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos –
e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o fez um cigarro
com palha de milho, acendeu-o ao bingo, pôs-se a fumar regalado.
 - Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
        Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era
apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia
em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
        Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
        --- Você é um bicho, Fabiano.
        Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
        Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
        --- Um bicho, Fabiano.
        Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a
trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os
cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
        Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava
plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xíquexiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, Sinha
Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra.
        Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se
desengonçados. Parecia um macaco.
        Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. (...) Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que se
demorava demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.
        Deu estalos com os dedos. A cachorra Baleia, aos saltos, veio lamber-lhe as mãos grossas e cabeludas. Fabiano recebeu a carícia,
enterneceu-se:
        --- Você é um bicho, Baleia.
        Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado,
confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não
se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio, Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua
com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da
cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.

  RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 27. ed. São Paulo, Martins, 1970. p. 53-5.
Rachel de Queiroz

 Tendência regional modernista;


 Traços autobiográficos;
 Produziu romances de abordagem intimista e
psicológica.
 Obras:
Texto 1

"Depois de se benzer e de beijar duas vezes a medalhinha de São José, Dona


Inácia concluiu: ”Dignai-vos ouvir nossas súplicas, ó castíssimo esposo da
Virgem Maria, e alcançai o que rogamos. Amém.” Vendo a avó sair do quarto
do santuário, Conceição, que fazia as tranças sentada numa rede ao canto da
sala, interpelou-a: - E isto chove, hein, Mãe Nácia? Já chegou o fim do mês...
Nem por você fazer tanta novena...“( O quinze)

Texto 2
"Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar. Sem legume,
sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de
fome, enquanto a seca durasse. Depois, o mundo é grande e no Amazonas
sempre há borracha... Alta noite, na camarinha fechada que uma lamparina
moribunda alumiava mal, combinou com a mulher o plano de partida. Ela ouvia
chorando, enxugando na varanda encarnada da rede, os olhos cegos de
lágrimas. Chico Bento, na confiança do seu sonho, procurou animá-la, contando-
lhe os mil casos de retirantes enriquecidos no Norte."
José Lins do Rego

 Romances memorialistas;
 Ciclo da cana ;
 Coronelismo;
 Cangaceiros ;
 Obras:
Texto 1
Meu avô me levava sempre em suas visitas de corregedor às terras de seu
engenho. Ia ver de perto os seus moradores, dar uma visita de senhor nos seus
campos. O velho José Paulino gostava de percorrer a sua propriedade, de
andá-la canto por canto, entrar pelas suas matas, olhar as suas nascentes,
saber das precisões de seu povo, dar os seus gritos de chefe, ouvir queixas e
implantar a ordem. Andávamos muito nessas suas visitas de patriarca.( Menino de
engenho)

Texto 2
A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um
acontecimento para a meninada. (..) andava léguas e léguas a pé, de engenho
a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites (..) era
uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio.
Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como
notas explicativas. (..) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e
adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que
ela punha nos seus descritivos. (..) Os rios e as florestas por onde andavam
os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O
seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco. (José Lins do Rego. “Menino
de engenho”)
Jorge Amado
 Retrata a luta pelo cacau;
 Relata o universo popular em detrimento da elite;
 Valoriza a cultura negra;
 Inventa a mulher baiana;
 Protagonismo dos marginais;
 Um olhar comunista sobre o social.
 Obras:
Texto 1
"Porque naquelas casas, se o acolhiam, se lhe davam comida e dormida, era como
cumprindo uma obrigação fastidiosa. Os donos da casa evitavam se aproximar dele, e o
deixavam na sua sujeira, nunca tinham uma palavra boa para ele. (...) Mas desta vez estava
sendo diferente. Desta vez não o deixaram na cozinha com seus molambos, não o puseram a
dormir no quintal. Deram-lhe roupa, um quarto, comida na sala de jantar. (...) Então os
lábios de Sem-Pernas se descerraram e ele soluçou, chorou muito encostado ao peito de sua
mãe. E enquanto a abraçava e se deixava beijar, soluçava porque a ia abandonar e, mais que
isso, a ia roubar. E ela talvez nunca soubesse que o Sem-Pernas sentia que ia furtar a si
próprio também.“ ( Capitães de areia)

Terras do Sem Fim


A exploração do cacau trouxe para a região de Ilhéus, no sul da Bahia, o desenvolvimento e com este os
mais diversos tipos humanos que ali aportavam, atraídos pelas histórias de terras férteis e dinheiro em
abundância. Para todos, que chegavam, Ilhéus era a primeira ou a última esperança.
Dentre as pessoas vindas de longe, iludidas por essa febre, encontravam-se, no mesmo navio, o
lavrador Antônio Vítor que sonhava com uma roça de cacau só sua, o aventureiro João Magalhães,
jogador de cartas trapaceiro e falso engenheiro militar, que se via ganhando muito dinheiro no
carteado, graças ao "azar" dos velhos coronéis milionários, e a prostituta Margot que deixara Salvador
para encontrar o amante, o advogado Dr.Virgílio que, na esperança de riqueza fácil, já se encontrava
em Ilhéus, esperando colocar seu conhecimento de leis a serviço da ambição dos coronéis.
Após o desembarque, encontraram em Ilhéus e vilarejos adjacentes: Ferradas e Taboca, sociedades em
formação, conturbadas pela ganância dos poderosos, onde a lei era a dos mais fortes e corajosos,
tornando-se por isso selvagens e violentas. Depararam-se com o conflito entre dois grandes
latifundiários: o Coronel Horácio e a família Badaró que, em busca de expansão do patrimônio e força
política, lutavam pela posse das matas do Sequeiro Grande, que ficavam entre as duas propriedades.
Érico Veríssimo
 Primeira fase: Urbana e psicológica do RS;
 Segunda fase: Investigação histórica;
 Terceira fase: Denuncia os problemas sociais e
políticos da ditadura.
 Obras:
Texto
“Eugênio ouviu os mexericos sem se perturbar. Limitou-se a sorrir e depois que
ficou a sós não pôde deixar de se perguntar a si mesmo como lhe fora possível
encarar os fatos duma maneira tão desligada, tão superior e serena? Se lhe tivessem
contado aquelas infâmias em outro tempo, ele teria sentido dor física, teria ficado
num estado de absoluta prostração, numa angústia que se prolongaria durante dias
e dias. Os homens eram perversos – concluiu ele. Mas depois se corrigiu: – Havia
homens muito perversos. Não bastariam as misérias reais da vida, aquelas de que
ele tinha todos os dias dolorosas amostras na sua clínica? Algumas pessoas acham
um prazer depravado em inventar misérias. Como podia uma criatura de alma
limpa andar pelos caminhos da vida? Lembrou-se das palavras de Olívia numa de
suas cartas. Tu uma vez comparaste a vida a um transatlântico, e te perguntaste a ti
mesmo: ‘Estarei fazendo uma viagem agradável?’. Mas eu te asseguro que o mais
decente seria perguntar: ‘Estarei sendo um bom companheiro de
viagem?’ Realmente, os homens em geral eram maus companheiro de viagem.
Apesar da imensidão e das incertezas do mar, apesar do perigo das tempestades, do
raio e da fragilidade do navio, eles ainda se obstinavam em serem inimigos uns dos
outros. O sensato seria que se unissem em uma atitude de defesa e que se
trocassem gentilezas a fim de que a viagem fosse mais agradável para todos.”
( Olhai os lírios do campo)
Poesia de 30

 Características:
 Liberdade formal;
 Experimentação estética;
 Uso de versos brancos e livres;
 Universalismo;
 Ironia e humor;
 Regionalismo e coloquialismo;
 Rejeição ao academicismo.
Principais poetas:

 Cecília Meireles;
 Murilo Mendes;
 Jorge de Lima;
 Vinícius de Moraes;
 Carlos Drummond de Andrade.
Cecília Meireles

 Passagem do tempo;
 Influência simbolista;
 Fugacidade das coisas;
 Passagem do tempo;
 Linguagem sensível e musical;
 Temática universal;
 Sentimento de saudade e melancolia.
Poesias de Cecília Meireles

Pus o meu sonho num navio


Retrato e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Eu não tinha este rosto de hoje, Minhas mãos ainda estão molhadas
Assim calmo, assim triste, assim magro, do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
Nem estes olhos tão vazios, colore as areias desertas.
Nem o lábio amargo.
O vento vem vindo de longe,
Eu não tinha estas mãos sem força, a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
Tão paradas e frias e mortas; meu sonho, dentro de um navio...
Eu não tinha este coração Chorarei quanto for preciso,
Que nem se mostra. para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
Eu não dei por esta mudança, e o meu sonho desapareça.
Tão simples, tão certa, tão fácil: Depois, tudo estará perfeito;
— Em que espelho ficou perdida praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
a minha face? e as minhas duas mãos quebradas.
Murilo Mendes
 Características:
 Elementos da tradição católica.
 Perspectiva irônica típica da primeira geração
modernista.
 Consciência social associada ao aspecto espiritual.
 Poesia surrealistas.
Poesias de Murilo Mendes

CANÇÃO DO EXÍLIO
O UTOPISTA
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista, Ele acredita que o chão é duro
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações. Que todos os homens estão presos
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos. Que há limites para a poesia
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado Que não há sorrisos nas crianças
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas Nem amor nas mulheres
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia. Que só de pão vive o homem
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade! Que não há um outro mundo.
Jorge de Lima
 No início influências parnasianas e simbolistas;
 Elementos regionais nordestinos;.
  Temática mística e religiosa;
 Uso de elementos religiosos barrocos;
 Questões sociais ligadas ao negro;
 Imagens da infância;
 Obras:
Poemas

 Essa negra fulô


Mulher proletária
(Jorge de Lima) Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo)
no bangüê dum meu avô
uma negra bonitinha,
Mulher proletária — única fábrica chamada negra Fulô.
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu Essa negra Fulô!
na tua superprodução de máquina humana Essa negra Fulô!
forneces anjos para o Senhor Jesus,
Ó Fulô! Ó Fulô!
forneces braços para o senhor burguês. (Era a fala da Sinhá)
Mulher proletária, — Vai forrar a minha cama
o operário, teu proprietário pentear os meus cabelos,
há de ver, há de ver: vem ajudar a tirar
a tua produção, a minha roupa, Fulô!
a tua superprodução,
Essa negra Fulô!
ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário. Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!
Vinícius de Moraes
 Poesia marcada por duas fases:
 A 1ª fase: ótica cristã, dicotomia entre o sagrado e o profano; amor
puro ou carnal;

 A 2ª fase: o cotidiano social e suas injustiças; comoção social


causada pela guerra;
 Retoma o soneto;
 Início passadista e posteriormente adota formas modernas;
Poesias

Soneto da fidelidade  A rosa de Hiroshima

De tudo ao meu amor serei atento  Pensem nas crianças


Mudas telepáticas
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Pensem nas meninas
Que mesmo em face do maior encanto Cegas inexatas
Dele se encante mais meu pensamento. Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Quero vivê-lo em cada vão momento
Pensem nas feridas
E em seu louvor hei de espalhar meu canto Como rosas cálidas
E rir meu riso e derramar meu pranto Mas oh não se esqueçam
Ao seu pesar ou seu contentamento Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
E assim, quando mais tarde me procure A rosa hereditária
Quem sabe a morte, angústia de quem vive A rosa radioativa
Quem sabe a solidão, fim de quem ama Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose
Eu possa me dizer do amor (que tive): A antirrosa atômica
Que não seja imortal, posto que é chama Sem cor sem perfume
Mas que seja infinito enquanto dure. Sem rosa sem nada.
Carlos Drummond de Andrade

 A primeira fase: Gauche = isolamento e consciência;


 A segunda fase: social = o sentimento do mundo:
interesse por problemas sociais;
 A terceira fase: O signo do não = poesia filosófica e
nominal;
 A quarta fase: tempo de memória: infância, Itabira,
família...
Fases:

2ª fase
José

E agora, José?
A festa acabou,
1ª fase a luz apagou,
o povo sumiu,
Poema de sete faces a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Quando nasci, um anjo torto você que é sem nome,
desses que vivem na sombra que zomba dos outros,
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. você que faz versos,
que ama, protesta?
As casas espiam os homens e agora, José?
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul, Está sem mulher,
não houvesse tantos desejos. está sem discurso,
está sem carinho,
O bonde passa cheio de pernas: já não pode beber,
pernas brancas pretas amarelas. já não pode fumar,
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. cuspir já não pode,
a noite esfriou,
Porém meus olhos
o dia não veio,
não perguntam nada. o bonde não veio,
O homem atrás do bigode o riso não veio,
é sério, simples e forte. não veio a utopia
e tudo acabou
Quase não conversa. e tudo fugiu
Tem poucos, raros amigos e tudo mofou,
o homem atrás dos óculos e do bigode, e agora, José?
.....................................................................
Poesias:

3ª fase 4ª fase

legado Unidade
Que lembrança darei ao país que me deu As plantas sofrem como nós sofremos. 
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti? Por que não sofreriam 
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu se esta é a chave da unidade do mundo? 
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
A flor sofre, tocada 
por mão inconsciente. 
E mereço esperar mais do que os outros, eu? Há uma queixa abafada 
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti. em sua docilidade. 
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se. A pedra é sofrimento 
paralítico, eterno.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
Não temos nós, animais, 
uma voz matinal palpitando na bruma
sequer o privilégio de sofrer. 
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso Carlos Drummond de Andrade
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.

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