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Nome:_____________________________________Nº___ Série: 3º EM.

Turma:_____
Profª. Eliane Góes. Matéria: Literatura.

REALISMO-NATURALISMO II

Leia o fragmento:
Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando
viu parar defronte dela aquele grupo sinistro.Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calefrio percorreu-lhe o
corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação: adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre.
Adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la,
restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor
adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro.
- É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. -- Prendam-na! É escrava minha !
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha,
olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo
rasgara o ventre de lado a lado. E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão
fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma
comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os
conduzissem para a sala de visitas.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço)

O fragmento acima corresponde à cena em que a escrava fugida Bertoleza comete suicídio, quando se depara com os policiais que vêm
capturá-la, após denúncia de seu paradeiro feita por João Romão, o amante. Leia-o atentamente e responda às questões propostas em "a" e
"b".

a) Explique uma característica do realismo-naturalismo expressa no trecho compreendido entre as linhas 13 e 16 . ("Os
policiais...de sangue")

b) Transcreva a passagem em que o leitor deduz a ironia dos acontecimentos, provocada pelo contraditório comportamento de
João Romão.

2. “A Praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. De um casebre miserável, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores
enferrujados de uma rede e uma voz tísica e aflautada de mulher cantar, em falsete, a ‘gentil Carolina era bela’; doutro lado da
praça, uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por uma nuvem de
moscas, apregoava em tom muito arrastado e melancólico: ‘Fígado, rins, coração’. Era uma vendedeira de fatos de boi.”
O texto acima revela aspectos marcantes do estilo:
a) realista – naturalista d) realista –psicológico
b) realista – impressionista e) realista – documental
c) realista – social

3. Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo que:


a) Se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de renovação.
b) Pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens rústicos nas comunidades primitivas.
c) Defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a realidade social.
d) Analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa.
e) Estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a conduta dos personagens.

4. Com relação ao Naturalismo, pode-se afirmar que :


a) o ser é retratado como produto do meio;
b) o romancista experimenta leis deduzidas pela imaginação;
c) se vale das classes privilegiadas para combater os menos favorecidos;
d) é um tipo de Realismo que tenta explicar romanticamente a conduta e o modo de ser dos personagens;
e) as alternativas A e C estão corretas.
Para responder às questões 5 e 6, leia o texto que segue.

Anoitecia já. O velho Libório, que jamais ninguém sabia ao certo onde almoçava ou jantava, surgiu do seu buraco, que nem jabuti quando
vê chuva. Um tipão, o velho Libório! Ocupava o pior canto do cortiço e andava sempre a fariscar os sobejos alheios, filando aqui, filando
ali, pedindo a um e a outro, como um mendigo, chorando misérias eternamente, apanhando pontas de cigarro para fumar no cachimbo,
cachimbo que o somítico roubara de um pobre cego decrépito. (...)
__ Porco ! gritou Rita, arredando-se.
__ Pois se o bruto quer socar tudo ao mesmo tempo ! disse Pórfiro. Parece que nunca viu comida, este animal !!

5. O tipo de descrição, o ambiente retratado e as personagens permitem afirmar que se trata de um fragmento de um dos romances
mais importantes da estética (.....) escrito por (....).
a) naturalista; Aluísio Azevedo; d) pré-modernista, Lima Barreto
b) realista, Machado de Assis; e) naturalista; Machado de Assis.
c) realista, Aluísio Azevedo;

6. Os vocábulos sublinhados no texto denotam a presença de uma característica importante da


expressão literária do autor que é a :
a) observação detalhada da personagem como força capaz de superar as determinações do meio;
b) visão do homem como um ser dominado por instintos;
c) necessidade de o narrador colocar-se em posição superior à ação narrada;
d) preocupação crítica em investigar a formação social do povo brasileiro;
e) preocupação com a verossimilhança na descrição dos fatos.

7. Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:


Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar
alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído
compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas
e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os
pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
(AZEVEDO, Aluísio. O cortiço)

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:
a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma
colméia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas
também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar
correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar
elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.

8. Identifique quais dos comentários abaixo dizem respeito à época naturalista e assinale a alternativa correta.
I – A fuga das impressões vulgares, a concentração nas visões interiores constituem, entre outros, traços típicos do Naturalismo,
responsável pelo isolamento da sociedade, pelo ideal da torre de marfim;
II - O naturalista observa o homem por meio do método cientifico, impessoal e objetivamente, como um caso a ser analisado.
III. A visão da vida no Naturalismo e mais determinista, mais mecanicista: o homem aparece como maquina guiada pela ação das leis
físicas, químicas, pela hereditariedade e meio físico e social.
IV. Para os naturalistas, a natureza era a fonte de inspiração, lugar de refugio puro, não contaminado pela sociedade. Relacionada com esse
culto, a idéia do "bom selvagem", do homem simples e bom em estado de natureza (recuperado de Rousseau) dominou toda a época.
a. Apenas o item IV esta correto.
b. II e III estão corretos.
c. Apenas o item I esta correto.
d. I e IV estão corretos.
e. III e IV estão corretos.

9. (ITA-SP) Assinale o texto que, pela linguagem e pelas idéias, pode ser considerado como representante da corrente naturalista.
a. "... essa noite estava de veia para a coisa; estava inspirada; divina! Nunca dançara com tanta graça e tamanha lubricidade! Também
cantou. E cada verso que vinha de sua boca [...] era um arrulhar choroso de pomba no cio. E [...], bêbado de volúpia, enroscava-se todo ao
violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais (...)."
b. "Na planície avermelhada dos juazeiros, alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados
e famintos, [...] Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga
rala."
c. "Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra.
Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro
entendia."
d. "Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora ingenuidade, realçava pela meiguice do olhar sereno [...] Ao erguer a cabeça
para tirar o braço de sob o lençol, descera um nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de fascinadora alvura, em que
ressaltava um ou outro sinal de nascença."
e. "Hércules-Quasímodo, reflete o aspecto a fealdade típica dos fracos. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro
umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com o um conhecido, cai logo sobre um dos
estribos. descansando sobre a espenda da sela”

10. O Realismo em Portugal tem início a partir de dois grandes eventos, a Questão Coimbrã e as Conferências Democráticas no
Cassino Lisboense. Explique como estes eventos influenciaram o Realismo português.

11. Eça de Queirós tem, em Portugal, o mesmo status que Machado de Assis, no Brasil. Como escritores que viveram numa mesma
época, final do século XIX, é certo dizer que possuem algumas características em comum. Explique quais são estas características.

12. Relacione:

a. Eça de Queirós
b. Machado de Assis
c. Aluísio de Azevedo

(.....) Dom Casmurro


(.....) O primo Basílio
(.....) O mulato
(.....) O cortiço
(.....) Quincas Borba
(.....) Memórias póstumas de Brás Cubas
(.....) O crime do padre Amaro
(.....) Os maias

13. Relacione:

a. Dom Casmurro
b. O primo Basílio
c. O mulato
d. O cortiço
e. Quincas Borba
f. Memórias póstumas de Brás Cubas
g. O crime do padre Amaro
h. Os maias

(.....) Crítica contundente ao clero através da história das personagens Amaro e Amélia.
(.....) Sofia e Palha, através de um golpe, tomam a fortuna de Rubião que enlouquece.
(.....) Texto que trata das classes menos privilegiadas. Apresenta muitos tipos, entre eles Rita e Jerônimo, João Romão e Bertoleza.
(.....) Obra que critica a futilidade e ociosidade da burguesia lisboeta através da história de amor incestuosa entre Carlos da Maia e Maria
Eduarda.
(.....) Personagem, depois de sua morte, do além, faz um retrospecto pessimista de sua vida.
(.....) Luísa, jovem e fútil, busca experimentar as sentimentalidades descritas nos romances românticos através do adultério.
(.....) Raimundo morre numa tocaia por que pretendia fugir com sua prima.
(.....) Bentinho e Capitu são as personagens centrais desta obra, cuja tônica é a eterna dúvida em torno da existência do adultério.

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