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QUESTÕES DO SIMULADO SSA - 3ª SÉRIE

Questão 1)
Tortura eterna
Que tu não possas, sentimento ardente,
Viver, vibrar nos brilhos do ar fremente,
Por entre as chamas, os clarões supernos
Ó Sons intraduzíveis, Formas, Cores!...
Ah! Que eu não possa eternizar as cores
Nos bronzes e nos mármores eternos!
SOUZA, Cruz e. Missal e broquéis. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2001.

No fragmento de poema, os termos \"Sons\", \"Formas\" e \"Cores\", no quarto verso, representam a


estética simbolista, evidenciando o(a)
a) objetividade, pois há um distanciamento dos objetos retratados.
b) predominância da razão, pois os elementos destacados são inalcançáveis.
c) intuito de despertar os sentimentos, pois introduzem elementos relacionados aos sentidos.
d) crítica ao transcendentalismo, pois os elementos destacados não podem ser apreendidos.
Resposta Correta: C

Questão 2)
Longe de ti, se escuto, porventura,
Teu nome, que uma boca indiferente
Entre outros nomes de mulher murmura,
Sobe-me o pranto aos olhos, de repente...
Tal aquele, que, mísero, a tortura
Sofre de amargo exílio, e tristemente
A linguagem natal, maviosa e pura,
Ouve falada por estranha gente...
Porque teu nome é para mim o nome
De uma pátria distante e idolatrada,
Cuja saudade ardente me consome:
E ouvi-lo é ver a eterna primavera
E a eterna luz da terra abençoada,
Onde, entre flores, teu amor me espera.
BILAC, Olavo. XXXI. In: ______. Poesias. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1978. p. 73.

Considerado pela crítica o mais popular e mais eloquente poeta parnasiano, Olavo Bilac, no soneto em
análise, reflete o equilíbrio estético entre a
a) subjetividade romântica e a perfeição formal parnasiana.
b) valorização da forma e a predileção por versos livres e brancos.
c) impassibilidade do poeta e a arte tida como um fim em si mesma.
d) descrição detalhada de objetos de arte e a metrificação rigorosa.
e) alusão à Antiguidade e a idealização da pátria.
Resposta Correta: A

Questão 3)
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. […]
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam
vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras
na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava,
gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que
mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante
satisfação de respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984.

Assinale a alternativa que não permite uma possível leitura do fragmento citado.
a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como uma
personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana.
b) O texto apresenta uma dinâmica descritiva ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo reforça, nas personagens de O cortiço, o aspecto
animalesco, "rasteiro" do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, originadas do
prazer de existir.
d) Por meio da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos
das personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias,
uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.
Resposta Correta: D

Questão 4)
Ao clarear do dia, Manuel de Freitas e a mulher, carregando os mortos, foram dar-lhes sepultura. Difícil
foi abrir-lhes a cova, embora na areia, e, segundo a pragmática do sertão, com sete palmos de
profundidade e à beira de um caminho. Os cadáveres postos na escavação, atiraram sobre eles alguns
punhados de terra e rezaram um padre-nosso. A areia caiu em massa com um ruído cavo. Aterrado o
buraco, viria o malho obrigá-lo a receber o excesso de terra, que o fazia convexo. Estúpida cerimônia
ainda em uso! Um tronco de carnaubeira serviu de instrumento. As pancadas do malho a socar
ecoavam no silêncio daquela solidão pavorosamente. Recebida toda a terra, Freitas, concluída a tarefa,
voltou com Josefa ao rancho.
TEÓFILO, Rodolfo. A fome; Violação. Rio de Janeiro: José Olympio; Fortaleza: Academia Cearense de Letras, 1979. p. 15-16.
No fragmento, retirado do romance A fome, de Rodolfo Teófilo, o casal Manuel e Josefa cumpre a
tarefa de sepultar uma mãe e um filho recém-nascido que encontrou mortos durante sua retirada do
sertão. O aspecto naturalista do trecho consiste na(o)
a) crueza da cena, ressaltada pela descrição objetiva.
b) destaque da natureza, com referência a espécies nativas.
c) idealização das personagens, marcada pela subjetividade da narração.
d) descrição psicológica das personagens, marcada por uma perspectiva objetiva.
e) caracterização de personagens-tipo, destacada pelos traços da personalidade sertaneja.
Resposta Correta: A

Questão 5)
Desde que o samba é samba
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora

Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim

Cantando eu mando a tristeza embora


O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer

Veja o dia ainda não raiou


O samba é o pai do prazer
O samba é o filho da dor
O grande poder transformador
VELOSO, Caetano. Desde que o samba é samba. Intérprete: Caetano Veloso e Gilberto
Gil. In: ______. Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram/Philips, 1993. 1 disco sonoro. Faixa 12.

O cavaquinho do Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um


chorado baiano. Nada mais do que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda
aquela gente se despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. [...] e viu
Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar, e se
encanta com aquela mulata que saltou no meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as
ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de
gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante.
O cortiço, de Aluísio Azevedo.
Estabelecendo uma comparação entre os dois textos, entende-se que
a) a tristeza a que se refere Caetano Veloso está presente na cena descrita por Aluísio Azevedo por
meio das urtigas bravas que fustigam o corpo das pessoas do cortiço.
b) Rita Baiana ilustra o poder transformador do samba a que a letra de música faz alusão, superando a
miséria que tanto a martiriza para entregar-se ao prazer da dança.
c) a sensualidade que envolve o samba é representada por Rita Baiana e a descrição de sua dança,
porém a letra de música não faz menção a esta característica.
d) os dois textos apresentam informações sobre a relação da comunidade negra com a música, mas
encaram esse elemento cultural de perspectivas diferentes.
e) e) os negros, tal como representados nos dois textos, são desprovidos de dramas pessoais,
entregando-se ao prazer do samba.
Resposta Correta: D

Questão 6)
Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto
de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade.
Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
Resposta Correta: A

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