Você está na página 1de 14

PROJETO DE LEITURA

autoria emerson tin


PROJETO DE LEITURA 536
Cultivando Leitores

OBRA E AUTOR
“Movido pelo fascínio do
DANIEL DEFOE desconhecido e pelo desejo de

ROBINSON CRUSOÉ fortuna, um jovem rapaz decide


um dia deixar a casa paterna e se
aventurar pelo mundo. Esse, que foi

Sinopse
o móvel de tantas histórias desde
tempos imemoriais, é, em síntese,
ROBINSON CRUSOÉ

o o ponto de partida de Robinson


uto de Crusoé, o romance que Daniel Defoe
sucesso Após abandonar a casa dos pais, Robinson lança-se em várias
publicou na Inglaterra em 1719.
Desde os gregos, seja nos mitos ou
ras mais
nas epopeias, o espírito de aventura
stória
ambém
viagens marítimas, até que, numa delas, seu navio enfrenta
sempre constituiu um componente
importante da ficção, pois levava
mo a deslocamentos geográficos,

numa ilha uma tempestade e naufraga, próximo de uma ilha deserta do


proporcionando a experiência
de novos lugares, e significava a
relação possibilidade de viver peripécias e

Caribe. Único sobrevivente, ele passará 28 anos de solidão


DANIEL DEFOE

a-Feira. expor-se aos imprevistos.


de maneiras Ao longo do tempo, os romances
que fizeram das aventuras de seus
e sua
alegórica e dificuldades de sobrevivência em meio à natureza, até
protagonistas o fio condutor do
enredo formaram uma verdadeira
al, tradição, que inclui autores famosos

conseguir voltar a sua terra natal.


como Alexandre Dumas (Os três
histórico
mosqueteiros), Júlio Verne (A volta
ntais, ao mundo em oitenta dias), Rudyard
idão, tão Kipling (Mogli, o menino lobo),
J. M. Barrie (Peter e Wendy), H. Rider
Haggard (As minas do rei Salomão),
ou Robert Louis Stevenson (A ilha do

96-02194-4 Por que ler?


tesouro), entre outros.”
9010303000021

tradução e adaptação
Trecho do Convite à leitura por Sandra
0 2 1 9 4 4
Marcia Kupstas
Robinson Crusoé, além de ser considerado o primeiro
Guardini Teixeira Vasconcelos

romance inglês, foi (e ainda é) um livro que causa grande


3/11/19 9:57 AM

A partir do 6o ano
questionamento humano, social e ético. Humano, pois
livro Robinson Crusoé
percebemos, na solitária aventura de Robinson, a força e as
autor Daniel Defoe
limitações do ser humano diante de uma natureza muitas
tradutora e adaptadora Marcia
vezes adversa. Social, porque nos leva a refletir sobre uma
Kupstas
(natural) sociabilidade do homem, já que o protagonista,
ilustrador Pedro Cobiaco
por mais que tenha se adaptado à vida solitária na ilha
número de páginas 128
de Desespero, sempre se viu às voltas com a solidão e
formato 16 cm × 23 cm
o desejo de companhia. Ético, por fim, pois várias ações
temas abordados
do personagem o levam a reflexões de natureza moral:
Diferenças culturais, relações
escravizar ou não outro ser humano? É legítimo matar para
inter-raciais, solidão
sobreviver?
Além disso, parte da existência de Robinson se deu no
Brasil, em período crucial da formação de nosso país, o que
permite o desenvolvimento de temas ligados à história do
Brasil colonial.

PROJETO DE LEITURA 536 2


Sobre o autor
Daniel Defoe (1660-1731) foi jornalista, historiador e
poeta, e é considerado o primeiro dos grandes romancistas
ingleses. O romance Robinson Crusoé, de 1719, baseia-se
na experiência do marinheiro escocês Alexander Selkirk,
náufrago que viveu durante quatro anos numa ilha da costa
do Chile.

Sobre a tradutora/adaptadora
Marcia Kupstas nasceu e sempre morou em São Paulo.
Formou-se professora pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo. Colabora em
suplementos literários e revistas destinadas ao público adulto
e jovem. Marcia sempre gostou de ler e escrever. Aos 15 anos
mandava seus contos para concursos. Ganhou vários prêmios.
Enfim, como em todo ofício, batalhou muito para se consolidar
como escritora.

Sobre o ilustrador
Pedro Cobiaco é um quadrinista brasileiro, filho do também
quadrinista Fabio Cobiaco. Em 2010, com apenas 14 anos,
começou a publicar tiras semanais para o suplemento
infantil do jornal Folha de S.Paulo. Em 2013, lançou de
forma independente sua primeira graphic novel, Harmatã,
republicada no ano seguinte pela editora Mino.

PROJETO DE LEITURA 536 3


Note!
Projeto gráfico é o resultado • Note o projeto gráfico do livro, com a apresentação de
de um conjunto de decisões
de ordem material e conceitual um minucioso Almanaque ilustrado, cujas informações
que o designer toma para dar preparam e enriquecem a leitura da narrativa.
forma de livro a um texto. Essas
decisões são baseadas no
conteúdo e variam de acordo com • Note as informações a respeito das adaptações
o repertório de cada designer, da cinematográficas de Robinson Crusoé, inclusive uma das
linha editorial de cada editora,
do contexto histórico e das mais recentes, o filme Náufrago (2000), que, embora não
limitações tanto gráficas como
orçamentárias. Considerando se apresente oficialmente como tal, indiscutivelmente se
as variáveis mencionadas, as inspirou na narrativa de Defoe.
decisões de ordem material
estão na escolha do formato, do
papel, do tipo de encadernação
e dos acabamentos. No
livro infantojuvenil, essas ➼
➔ ESPÍRITO ANGLO-SAXÃO
O escritor irlandês James Joyce (1882-
CRUSOÉ, VERSÃO 2000

decisões são especialmente


19 22
1941), autor do romance Ulisses Muitos de nós já ouvimos a pergunta “o que você
(1922), clássico da literatura moderna, levaria para uma ilha deserta?” e suas diversas

importantes, pois o aspecto tátil, afirmou em uma conferência, em


1912, que “o espírito anglo-saxão
variações. A ideia — para muitos, assustadora — de
confinamento solitário vem do livro de Defoe, e está

a acomodação de ilustrações
está por inteiro em Robinson Crusoé: no coração de um filme americano que, embora não
a independência varonil, a crueldade seja uma adaptação oficial de Robinson Crusoé,
inconsciente, a persistência, a imagina como poderia ocorrer hoje a experiência
e o manuseio do objeto são James Joyce, autor de Ulisses, um
inteligência lenta mas eficiente, a apatia
sexual, a religiosidade equilibrada e
vivida por esse personagem do século XVII: Náufrago
(2000), dirigido por Robert Zemeckis, com roteiro de

fundamentais para manter o clássico da literatura moderna. prática, a reserva calculada”. William Broyles Jr.
Tom Hanks recebeu uma indicação ao Oscar de
Cena do filme Náufrago (2000),
protagonizado por Tom Hanks.
NO CINEMA, CRUSOÉ FOI TV. Entre as que se
interesse do leitor em formação.
melhor ator pelo papel de Chuck Noland, que trabalha
A MARTE mantêm próximas em uma empresa de entregas. Ele sobrevive a um acidente de avião e vai
da trama e dos parar em uma ilha deserta, onde vive durante anos até ser resgatado e

As decisões de ordem conceitual O cinema ainda engatinhava, com


menos de dez anos de vida, quando
personagens, uma
das mais célebres é
reencontrar a família, que o julgava morto. “Eu não poderia nem mesmo me
matar do jeito que eu queria”, diz o personagem. “Eu não tinha poder sobre

são as que o designer atribui foi lançada, em 1903, a primeira Aventuras de Robinson nada.” Na ausência de nativos, Noland transforma uma bola, batizada por ele
adaptação de Robinson Crusoé, em Crusoé (1954), de Wilson, em seu companheiro, um mudo “substituto” de Sexta-Feira.
coprodução entre o
graficamente ao texto para
forma de curta-metragem. Seu diretor
transformou-se em lenda: o francês México e os Estados
Georges Méliès (1861-1938), mágico Unidos dirigida por outro SOZINHO POR ESCOLHA

apresentar o conteúdo: fontes,


Cartaz do filme Aventuras
que se converteu em pai da fantasia cineasta importante na de Robinson Crusoé,
no cinema, conhecido sobretudo por história do cinema, o dirigido por Luis Buñuel O marinheiro escocês Alexander Selkirk
em 1954.

cores, margens, a relação entre outra adaptação literária realizada no espanhol Luis Buñuel (1676-1721), que teria sido a principal
ano anterior, a de Viagem à Lua, de (1900-1983). O ator inspiração para Defoe na criação de
Júlio Verne. André Deed (1879-1940), irlandês Dan O’Herlihy (1919-2005) Robinson Crusoé, passou a viver em
texto e imagem, e como tudo que interpreta Crusoé, viria a se
tornar o primeiro grande ator francês
foi indicado ao Oscar por sua atuação
como Crusoé; o papel de Sexta-Feira Representação do marinheiro escocês
uma ilha desabitada, em 1704, por
escolha própria, depois de brigar com o

isso se relaciona com o aspecto


Alexander Selkirk, principal inspiração para
de comédias. coube ao mexicano Jaime Fernández Defoe na criação de Robinson Crusoé. capitão de seu navio. Ele permaneceu ali,
Desde então, dezenas de adaptações (1927-2005). sozinho, até 1709. O romance, no entanto,

material do livro.
do romance de Defoe foram O inglês Peter O’Toole (1932-2013), expande essa aventura solitária e empresta a ela características espirituais,
realizadas para o cinema e para a consagrado pelo papel-título oferecendo reflexões sobre a natureza social do ser humano.

PDF_LIT_F2_7208_VU_LA_M19.indd 19 3/14/19 2:25 PM PDF_LIT_F2_7208_VU_LA_M19.indd 22 3/14/19 2:25 PM


DO COMÉRCIO À LITERATURA
14 15

quais assinados com pseudônimos,


e que lhe valeram períodos na
prisão. Defoe envolveu-se nas

Seção que compreende informações


grandes causas políticas de seu
tempo, alinhando-se primeiro
com os conservadores e depois

biográficas sobre o autor do livro, com os liberais; para ambos os


grupos, trabalhou como panfleteiro

com cronologia detalhada, bem Daniel Defoe (1660-1731).

Daniel Defoe nasceu em 13 de


e como informante (similar a
um agente secreto). Foi também

como sobre o contexto histórico em


pioneiro da imprensa britânica
setembro de 1660, em Londres graças ao periódico Review, que
(Inglaterra), filho do protestante manteve, praticamente sozinho, de

que surgiu e sua repercussão ao presbiteriano e comerciante James


Foe. Ele manteve o sobrenome que
1704 a 1713. Sua carreira literária
começou tardiamente, aos 59 anos, Academia para dissidentes de Newington Green, onde Defoe se formou.

longo do tempo.
recebeu do pai até 1695, quando com a publicação de Robinson
adotou o pseudônimo que viria a Crusoé (1719), livro inspirado na
consagrá-lo como escritor. Formado trajetória do marinheiro escocês
pela academia para dissidentes Alexander Selkirk (1676-1721) e
(em relação ao pensamento da que transformou Defoe em um dos
Igreja da Inglaterra), dirigida fundadores da narrativa em forma “Nenhum homem provou
pelo reverendo Charles Morton de romance. Três anos depois,
mais fortunas diferentes, e
(1627-1698), em Newington Green,
treze vezes fui rico e pobre.”
publicou A vida amorosa de Moll DEFOE, SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA COMO MERCADOR
trabalhou no comércio durante duas Flanders, Um diário do ano da peste
décadas, percorrendo os territórios e Coronel Jack. O último romance,
da Grã-Bretanha e da Europa Roxana, saiu em 1724. Defoe
continental. Simultaneamente, morreu em 24 de abril de 1731,
tornou-se um dos mais célebres em Londres, aos 70 anos de idade,
escritores de seu tempo, publicando como uma figura enigmática que,
centenas de panfletos sobre os no fim da vida, precisava se
mais diversos temas, muitos dos esconder dos credores.

PDF_LIT_F2_7208_VU_LA_M19.indd 14 3/14/19 2:25 PM PDF_LIT_F2_7208_VU_LA_M19.indd 15 3/14/19 2:25 PM

PROJETO DE LEITURA 536 4


MATERIAL DE APOIO — LÍNGUA PORTUGUESA
Orientações para as aulas de Língua Portuguesa que
preparem os estudantes para a leitura da obra (material
de apoio pré-leitura), assim como para sua retomada e
problematização (material de apoio pós-leitura).

1. Material de apoio pré-leitura

Robinson Crusoé e a colonização americana


Robinson Crusoé, o célebre náufrago que viveu solitário por
mais de 20 anos, institui, a partir do pouco que pode resgatar
do navio naufragado e do que consegue criar com os elementos
retirados da natureza, um modo de vida e de existência que,
de certo modo, acaba indo além da mera sobrevivência. Como
sublinha Ian Watt, em Mitos do individualismo moderno:

Ian Watt estuda, em Mitos do Na opinião da maioria, o mito de Robinson Crusoé se alicerça
individualismo moderno, como quatro
quase inteiramente naquilo que lhe acontece na ilha, cujo
grandes mitos da literatura ocidental
— entre eles, Robinson Crusoé — se relato ocupa dois terços do primeiro volume da trilogia. A
construíram e permaneceram em
nossa cultura. história de Crusoé mostra como um homem comum, ao ver-se
completamente só, revela-se capaz de submeter a natureza
aos seus próprios objetivos materiais, triunfando assim sobre
o meio físico. No contexto da vida de Crusoé em sua ilha,
racionalidade ecológica e trabalho econômico podem ser
vistos como as bases morais que sublinham o seu caráter.

WATT, 1997, p. 157.

Porém, a aventura solitária de Robinson Crusoé carrega muito


mais que a experiência de um homem diante das dificuldades
impostas pela natureza em sua luta pela sobrevivência. Na
verdade, ao deixar a ilha de Desespero, Robinson já preparara
o terreno para que uma reprodução do mundo europeu se
desse naquelas terras. Como “governador” da ilha, Robinson
reclama a posse da terra em nome do monarca inglês e nela
Thomas Bonnici propõe, em O pós- institui uma colônia que, anos depois, visitará, encontrando-a
-colonialismo e a literatura, como o
próprio subtítulo indica, “estratégias de em pleno funcionamento. Nesse sentido, aponta Thomas
leitura” para uma releitura, com base em
debates sobre o colonialismo, de textos Bonnici, em seu livro O pós-colonialismo e a literatura:
clássicos da literatura.
estratégias de leitura:

PROJETO DE LEITURA 536 5


O atual interesse por Robinson Crusoé (1719), de Daniel
Defoe, considerado por muitos o primeiro romance inglês,
deve-se não apenas à falta de “divisor definido e claro
entre os fatos e a narrativa ficcional” (HODGE, 1948),
mas à problemática colonialista no texto. Embora o estilo
jornalístico leve à credibilidade factual, algo que está apenas
na imaginação do autor, essa dissimulação (obrigando o
leitor a uma quase total suspensão de descrença) não chega
a esconder a problemática do outro. O fator ideológico
referente ao outro começa a espreitar à superfície do texto
e revela o posicionamento do personagem europeu diante
do não europeu. Após 200 anos da descoberta da América,
Robinson Crusoé põe o problema do outro em perspectivas
quase idênticas às enfocadas pelos primeiros aventureiros
ingleses do século 16 no continente americano.

BONNICI, 2012, p. 107.

Nesse sentido, Robinson Crusoé pode nos levar não


apenas a uma reflexão sobre a capacidade de adaptação
e de resistência do ser humano diante das adversidades,
mas também e principalmente a uma consideração acerca
do processo colonial a que foram submetidos os povos
americanos, caracterizado por luta, violência e opressão.

Referências bibliográficas
BONNICI, Thomas. O pós-colonialismo e a literatura:
estratégias de leitura. 2. ed. Maringá: Eduem, 2012.

WATT, Ian. Mitos do individualismo moderno: Fausto, Dom


Quixote, Dom Juan, Robinson Crusoé. Tradução de Mario
Pontes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

Atividades
As atividades a seguir auxiliarão o professor a preparar
diversas situações de leitura da obra, objetivando a fruição
literária, bem como o desenvolvimento de competências
específicas de Língua Portuguesa, além de práticas de
linguagem nos campos da vida cotidiana, da vida pública, de
estudo e pesquisa e do artístico-literário.
PROJETO DE LEITURA 536 6
Competências da BNCC trabalhadas nesta seção:
• Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos
e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
(Geral)
• Envolver-se em práticas de leitura literária que
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para
fruição, valorizando a literatura e outras manifestações
artístico-culturais como formas de acesso às dimensões
lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o
potencial transformador e humanizador da experiência
com a literatura. (Específica de Língua Portuguesa)

• Organize uma roda de conversa com a turma para discutir


a solidão: como seria viver isolado do mundo, sozinho,
longe da família, durante anos? Quais sentimentos
eles imaginam que mais surgiriam? Medo? Desespero?
Tristeza? (Habilidade de referência da BNCC: EF67LP23.)
• Apresente aos alunos o título do livro e pergunte se
conhecem a história. Em seguida, questione-os sobre
o que levariam para uma ilha deserta, caso pudessem
se preparar para eventuais adversidades como as que
Robinson enfrentou. Anote as respostas dos alunos na
lousa. (Habilidades de referência da BNCC: EF67LP23 e
EF67LP28.)
• Selecione algumas ilustrações do livro e peça aos alunos
O texto de quarta capa é apenas
uma das fontes que podem que formulem hipóteses a respeito do desenvolvimento
ser consultadas para conhecer
um livro, antes de comprá-lo da história com base nas ilustrações visualizadas.
ou pegá-lo emprestado na (Habilidade de referência da BNCC: EF69LP42.)
biblioteca. Eles também podem
encontrar informações no site • Leia com alunos o texto da quarta capa. Em seguida,
da editora que o publica, em
resenhas críticas de jornais, pergunte a eles se o texto confirma as hipóteses
revistas ou em plataformas de levantadas anteriormente e anotadas na lousa.
compartilhamento de leituras e
canais de booktubers. (Habilidade de referência da BNCC: EF69LP45.)

PROJETO DE LEITURA 536 7


2. Material de apoio pós-leitura

Choques culturais, mundos desiguais


“Precisei de novo ser insistente para mostrar a ele quanto
o canibalismo me era repugnante”, afirma Robinson sobre
a vontade de Sexta-Feira de devorar os cadáveres de seus
inimigos. Talvez um dos hábitos dos nativos americanos
que mais tenha chocado os europeus seja justamente
a antropofagia. Por outro lado, a chegada dos europeus à
América também significou, para as populações nativas,
a destruição, por meio da força física, com a escravização e a
dizimação de milhares que aqui viviam, além da submissão,
por meio da aculturação, com o apagamento de traços
culturais que distinguiam esses povos.

Atividades
As atividades a seguir podem auxiliar o professor na reflexão
após a leitura, com o objetivo de potencializar os efeitos
da fruição literária, as competências específicas de Língua
Portuguesa e diversas práticas de linguagem previstas na
BNCC.

Competências da BNCC trabalhadas nesta seção:


• Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos
e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
(Geral)
• Envolver-se em práticas de leitura literária que
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para
fruição, valorizando a literatura e outras manifestações
artístico-culturais como formas de acesso às dimensões
lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o
potencial transformador e humanizador da experiência
com a literatura. (Específica de Língua Portuguesa)

PROJETO DE LEITURA 536 8


O foco narrativo é o ponto • Peça aos alunos que reescrevam trechos da história,
de vista do qual a história é
contada (em 1a pessoa, quando mudando o foco narrativo para o de um narrador
o narrador participa dos fatos onisciente, na 3a pessoa do singular. (Habilidade de
narrados, ou em 3a pessoa,
quando o narrador é onisciente referência da BNCC: EF69LP47.)
e não faz parte do que narra).
• Parte do enredo de Robinson Crusoé se dá na Bahia, onde
O enredo é a história da narrativa, o personagem travou relações com proprietários de terra
caracteriza-se pela sequência de
situações vividas no texto. e de engenhos de açúcar. Apresente aos alunos alguns
poemas de Gregório de Matos que delineiem a Bahia da
época e discuta-os com a turma, em paralelo com o livro.
(Habilidades de referência da BNCC: EF67LP27, EF69LP48
e EF69LP49.)
• Proponha aos alunos que elaborem uma lista de “males”
e “bens”, à semelhança daquela elaborada por Robinson.
Sugira que cada um apresente oralmente a sua lista e
encontre os pontos comuns entre as listas da turma.
(Habilidades de referência da BNCC: EF67LP23 e
EF69LP44.)
• Apresente aos alunos o poema “Infância”, de Carlos
Drummond de Andrade. Sugira que reflitam sobre as
palavras do poeta e que escrevam sobre essa reflexão.
(Habilidades de referência da BNCC: EF67LP27, EF69LP48
e EF69LP49.)

PROJETO DE LEITURA 536 9


INTERDISCIPLINARIDADE

Orientações e atividades para as aulas de outros


componentes ou áreas utilizando temas e conteúdos
presentes na obra, com vistas a uma abordagem
interdisciplinar.

As políticas de colonização dos territórios americanos


A leitura de Robinson Crusoé permite a análise e a
reflexão, do ponto de vista histórico, da política colonial
imposta pelos países europeus aos territórios americanos
ao longo de aproximadamente três séculos, bem como
da utilização de mão de obra escrava em um formato
completamente diverso dos que já haviam sido conhecidos
pela humanidade anteriormente.

Atividades

História Esta atividade retoma alguns conteúdos de História


estabelecidos na BNCC para o 6o ano. É uma boa oportunidade
para debater questões relacionadas à história e à situação de
alguns países colonizados pelos europeus.

Competências da BNCC trabalhadas nesta seção:


• Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos
e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
(Geral)
• Identificar interpretações que expressem visões de
diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um
mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente
com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários. (Específica de História)

PROJETO DE LEITURA 536 10


• “ — Seu nome é Sexta-Feira — eu disse. — E você
pode me chamar de Amo” (capítulo 18, “Surge Sexta-
-Feira”). Essa frase pode ser o ponto de partida para a
discussão sobre o processo de colonização capitaneado
pelos povos europeus. Sugira à turma que se divida
em grupos para estudar os países colonizadores
e os territórios colonizados a partir do século XVI.
Após a pesquisa, debata com os alunos as formas de
colonização, os prós e os contras desse processo e suas
implicações (políticas, econômicas, culturais) para os
povos colonizados. (Habilidade de referência da BNCC:
EF06HI14.)
• “Entre a morte e o trabalho, os nativos optaram pela
servidão” (capítulo 34, “Tempos de dominação”). Com
base nesse trecho da narrativa, apresente aos alunos
alguns dados sobre os anos iniciais de colonização no
Brasil e a utilização, de modo forçado, de mão de obra
indígena. Distinga com os alunos o conceito de escravidão
moderna (de indígenas e de negros) da escravidão
antiga e da servidão medieval. Em seguida, mostre como
ocorreu a escravidão negra no mundo e, especificamente,
no Brasil: quando e por que teve início, quais são as
principais etnias que vieram para o país, os principais
aspectos e personagens da campanha abolicionista etc.
Promova a discussão com os alunos a respeito de políticas
afirmativas (por exemplo, o sistema de cotas para o
ingresso em universidades). (Habilidades de referência da
BNCC: EF06HI14 e EF06HI16.)

PROJETO DE INVESTIGAÇÃO E CRIAÇÃO

Língua Portuguesa Robinson Crusoé passa 28 anos isolado em uma ilha, a maior
Arte parte do tempo solitário. Sua narrativa é construída em
primeira pessoa, o que confere um tom confessional aos fatos.
Além disso, em determinado momento, Robinson mantém
um diário, com o objetivo de registrar suas memórias. Mais do
que a aventura de um náufrago solitário em um meio hostil,
sua narrativa permite a reflexão sobre o papel do homem no

PROJETO DE LEITURA 536 11


mundo e como membro de uma sociedade, por meio de seu
Relato pessoal é uma modalidade relato pessoal. Neste projeto, intitulado Relatos pessoais de
de texto que apresenta fatos
relevantes da vida do narrador. Robinson Crusoé, que tal rever a narrativa do personagem
com base na noção de escritas íntimas?

Passo a passo
1 Apresente aos alunos os diversos gêneros de escrita
íntima — diário, memórias, cartas —, marcando as
diferenças e as semelhanças entre cada um deles.
2 Com a turma, procure identificar na narrativa de Robinson
marcas do discurso pessoal (a narrativa em primeira
pessoa; o registro de pensamentos, reflexões, temores).
3 Discuta com os alunos os eventuais motivos que
levariam uma pessoa a escrever um diário: o registro do
cotidiano? Um remédio para a solidão?
4 Divida os alunos em grupos e oriente uma pesquisa sobre
diários e memórias publicados ao longo do tempo. Cada
grupo pode ficar encarregado de um período histórico ou
de um país.
5 Após a pesquisa, cada grupo deve apresentar os resultados
para toda a turma, trocando informações sobre as memórias
e os diários encontrados.
6 A partir desse ponto, divida a turma em dois grandes
grupos e sugira que metade dos alunos reescreva parte da
história de Robinson como um diário e que a outra metade
a reescreva em forma de memórias.
7 Peça aos alunos que apresentem os textos reescritos
e discuta com a turma se cada um dos textos representa
um bom exemplo de diário ou memória.
8 Ao final, mostre aos alunos que eles também podem
manter um diário, o que pode ser um exercício
interessante de escrita e de autoconhecimento, e debata
com eles o que aprenderam sobre os gêneros textuais
trabalhados no projeto Relatos pessoais de Robinson
Crusoé.

PROJETO DE LEITURA 536 12


Competências da BNCC trabalhadas neste projeto:
• Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana
e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas. (Geral)
• Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a
como forma de interação nos diferentes campos de
atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas
possibilidades de participar da cultura letrada, de construir
conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver
com maior autonomia e protagonismo na vida social.
(Específica de Língua Portuguesa)
• Envolver-se em práticas de leitura literária que
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para
fruição, valorizando a literatura e outras manifestações
artístico-culturais como formas de acesso às dimensões
lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o
potencial transformador e humanizador da experiência
com a literatura. (Específica de Língua Portuguesa)

PROJETO DE LEITURA 536 13


Conheça outras obras no site da
FTD Educação, disponível em:
www.ftd.com.br

DE ACORDO COM A BNCC


Este projeto foi elaborado de acordo com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), documento que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.
Contém, assim, conhecimentos e competências que se espera que todos
os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade, com especial
destaque ao eixo Leitura, componente curricular Língua Portuguesa,
subordinado à área de conhecimento Linguagens.

PROJETO DE LEITURA 536 14

Você também pode gostar