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OBRA E AUTOR
“Movido pelo fascínio do
DANIEL DEFOE desconhecido e pelo desejo de
Sinopse
o móvel de tantas histórias desde
tempos imemoriais, é, em síntese,
ROBINSON CRUSOÉ
tradução e adaptação
Trecho do Convite à leitura por Sandra
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Marcia Kupstas
Robinson Crusoé, além de ser considerado o primeiro
Guardini Teixeira Vasconcelos
A partir do 6o ano
questionamento humano, social e ético. Humano, pois
livro Robinson Crusoé
percebemos, na solitária aventura de Robinson, a força e as
autor Daniel Defoe
limitações do ser humano diante de uma natureza muitas
tradutora e adaptadora Marcia
vezes adversa. Social, porque nos leva a refletir sobre uma
Kupstas
(natural) sociabilidade do homem, já que o protagonista,
ilustrador Pedro Cobiaco
por mais que tenha se adaptado à vida solitária na ilha
número de páginas 128
de Desespero, sempre se viu às voltas com a solidão e
formato 16 cm × 23 cm
o desejo de companhia. Ético, por fim, pois várias ações
temas abordados
do personagem o levam a reflexões de natureza moral:
Diferenças culturais, relações
escravizar ou não outro ser humano? É legítimo matar para
inter-raciais, solidão
sobreviver?
Além disso, parte da existência de Robinson se deu no
Brasil, em período crucial da formação de nosso país, o que
permite o desenvolvimento de temas ligados à história do
Brasil colonial.
Sobre a tradutora/adaptadora
Marcia Kupstas nasceu e sempre morou em São Paulo.
Formou-se professora pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo. Colabora em
suplementos literários e revistas destinadas ao público adulto
e jovem. Marcia sempre gostou de ler e escrever. Aos 15 anos
mandava seus contos para concursos. Ganhou vários prêmios.
Enfim, como em todo ofício, batalhou muito para se consolidar
como escritora.
Sobre o ilustrador
Pedro Cobiaco é um quadrinista brasileiro, filho do também
quadrinista Fabio Cobiaco. Em 2010, com apenas 14 anos,
começou a publicar tiras semanais para o suplemento
infantil do jornal Folha de S.Paulo. Em 2013, lançou de
forma independente sua primeira graphic novel, Harmatã,
republicada no ano seguinte pela editora Mino.
a acomodação de ilustrações
está por inteiro em Robinson Crusoé: no coração de um filme americano que, embora não
a independência varonil, a crueldade seja uma adaptação oficial de Robinson Crusoé,
inconsciente, a persistência, a imagina como poderia ocorrer hoje a experiência
e o manuseio do objeto são James Joyce, autor de Ulisses, um
inteligência lenta mas eficiente, a apatia
sexual, a religiosidade equilibrada e
vivida por esse personagem do século XVII: Náufrago
(2000), dirigido por Robert Zemeckis, com roteiro de
fundamentais para manter o clássico da literatura moderna. prática, a reserva calculada”. William Broyles Jr.
Tom Hanks recebeu uma indicação ao Oscar de
Cena do filme Náufrago (2000),
protagonizado por Tom Hanks.
NO CINEMA, CRUSOÉ FOI TV. Entre as que se
interesse do leitor em formação.
melhor ator pelo papel de Chuck Noland, que trabalha
A MARTE mantêm próximas em uma empresa de entregas. Ele sobrevive a um acidente de avião e vai
da trama e dos parar em uma ilha deserta, onde vive durante anos até ser resgatado e
são as que o designer atribui foi lançada, em 1903, a primeira Aventuras de Robinson nada.” Na ausência de nativos, Noland transforma uma bola, batizada por ele
adaptação de Robinson Crusoé, em Crusoé (1954), de Wilson, em seu companheiro, um mudo “substituto” de Sexta-Feira.
coprodução entre o
graficamente ao texto para
forma de curta-metragem. Seu diretor
transformou-se em lenda: o francês México e os Estados
Georges Méliès (1861-1938), mágico Unidos dirigida por outro SOZINHO POR ESCOLHA
cores, margens, a relação entre outra adaptação literária realizada no espanhol Luis Buñuel (1676-1721), que teria sido a principal
ano anterior, a de Viagem à Lua, de (1900-1983). O ator inspiração para Defoe na criação de
Júlio Verne. André Deed (1879-1940), irlandês Dan O’Herlihy (1919-2005) Robinson Crusoé, passou a viver em
texto e imagem, e como tudo que interpreta Crusoé, viria a se
tornar o primeiro grande ator francês
foi indicado ao Oscar por sua atuação
como Crusoé; o papel de Sexta-Feira Representação do marinheiro escocês
uma ilha desabitada, em 1704, por
escolha própria, depois de brigar com o
material do livro.
do romance de Defoe foram O inglês Peter O’Toole (1932-2013), expande essa aventura solitária e empresta a ela características espirituais,
realizadas para o cinema e para a consagrado pelo papel-título oferecendo reflexões sobre a natureza social do ser humano.
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DO COMÉRCIO À LITERATURA
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longo do tempo.
recebeu do pai até 1695, quando com a publicação de Robinson
adotou o pseudônimo que viria a Crusoé (1719), livro inspirado na
consagrá-lo como escritor. Formado trajetória do marinheiro escocês
pela academia para dissidentes Alexander Selkirk (1676-1721) e
(em relação ao pensamento da que transformou Defoe em um dos
Igreja da Inglaterra), dirigida fundadores da narrativa em forma “Nenhum homem provou
pelo reverendo Charles Morton de romance. Três anos depois,
mais fortunas diferentes, e
(1627-1698), em Newington Green,
treze vezes fui rico e pobre.”
publicou A vida amorosa de Moll DEFOE, SOBRE A SUA EXPERIÊNCIA COMO MERCADOR
trabalhou no comércio durante duas Flanders, Um diário do ano da peste
décadas, percorrendo os territórios e Coronel Jack. O último romance,
da Grã-Bretanha e da Europa Roxana, saiu em 1724. Defoe
continental. Simultaneamente, morreu em 24 de abril de 1731,
tornou-se um dos mais célebres em Londres, aos 70 anos de idade,
escritores de seu tempo, publicando como uma figura enigmática que,
centenas de panfletos sobre os no fim da vida, precisava se
mais diversos temas, muitos dos esconder dos credores.
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Ian Watt estuda, em Mitos do Na opinião da maioria, o mito de Robinson Crusoé se alicerça
individualismo moderno, como quatro
quase inteiramente naquilo que lhe acontece na ilha, cujo
grandes mitos da literatura ocidental
— entre eles, Robinson Crusoé — se relato ocupa dois terços do primeiro volume da trilogia. A
construíram e permaneceram em
nossa cultura. história de Crusoé mostra como um homem comum, ao ver-se
completamente só, revela-se capaz de submeter a natureza
aos seus próprios objetivos materiais, triunfando assim sobre
o meio físico. No contexto da vida de Crusoé em sua ilha,
racionalidade ecológica e trabalho econômico podem ser
vistos como as bases morais que sublinham o seu caráter.
Referências bibliográficas
BONNICI, Thomas. O pós-colonialismo e a literatura:
estratégias de leitura. 2. ed. Maringá: Eduem, 2012.
Atividades
As atividades a seguir auxiliarão o professor a preparar
diversas situações de leitura da obra, objetivando a fruição
literária, bem como o desenvolvimento de competências
específicas de Língua Portuguesa, além de práticas de
linguagem nos campos da vida cotidiana, da vida pública, de
estudo e pesquisa e do artístico-literário.
PROJETO DE LEITURA 536 6
Competências da BNCC trabalhadas nesta seção:
• Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos
e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo
o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e
de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
(Geral)
• Envolver-se em práticas de leitura literária que
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para
fruição, valorizando a literatura e outras manifestações
artístico-culturais como formas de acesso às dimensões
lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o
potencial transformador e humanizador da experiência
com a literatura. (Específica de Língua Portuguesa)
Atividades
As atividades a seguir podem auxiliar o professor na reflexão
após a leitura, com o objetivo de potencializar os efeitos
da fruição literária, as competências específicas de Língua
Portuguesa e diversas práticas de linguagem previstas na
BNCC.
Atividades
Língua Portuguesa Robinson Crusoé passa 28 anos isolado em uma ilha, a maior
Arte parte do tempo solitário. Sua narrativa é construída em
primeira pessoa, o que confere um tom confessional aos fatos.
Além disso, em determinado momento, Robinson mantém
um diário, com o objetivo de registrar suas memórias. Mais do
que a aventura de um náufrago solitário em um meio hostil,
sua narrativa permite a reflexão sobre o papel do homem no
Passo a passo
1 Apresente aos alunos os diversos gêneros de escrita
íntima — diário, memórias, cartas —, marcando as
diferenças e as semelhanças entre cada um deles.
2 Com a turma, procure identificar na narrativa de Robinson
marcas do discurso pessoal (a narrativa em primeira
pessoa; o registro de pensamentos, reflexões, temores).
3 Discuta com os alunos os eventuais motivos que
levariam uma pessoa a escrever um diário: o registro do
cotidiano? Um remédio para a solidão?
4 Divida os alunos em grupos e oriente uma pesquisa sobre
diários e memórias publicados ao longo do tempo. Cada
grupo pode ficar encarregado de um período histórico ou
de um país.
5 Após a pesquisa, cada grupo deve apresentar os resultados
para toda a turma, trocando informações sobre as memórias
e os diários encontrados.
6 A partir desse ponto, divida a turma em dois grandes
grupos e sugira que metade dos alunos reescreva parte da
história de Robinson como um diário e que a outra metade
a reescreva em forma de memórias.
7 Peça aos alunos que apresentem os textos reescritos
e discuta com a turma se cada um dos textos representa
um bom exemplo de diário ou memória.
8 Ao final, mostre aos alunos que eles também podem
manter um diário, o que pode ser um exercício
interessante de escrita e de autoconhecimento, e debata
com eles o que aprenderam sobre os gêneros textuais
trabalhados no projeto Relatos pessoais de Robinson
Crusoé.