Você está na página 1de 7

Resumos Português (1º teste 04/10/2022)

Fernando Pessoa Þ Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a


ter de pensar.
Þ  Em Fernando Pessoa, há uma personalidade poética
ativa, designada de ortónimo, que conserva o nome Þ Gostava, muitas vezes, de ter a inconsciência das
do seu criador e uma pequena humanidade, formada coisas ou dos seres comuns (como uma pobre
por heterónimos, que correspondem a personalidades ceifeira ou como o gato que brinca na rua,
distintas. cumprindo apenas as leis do instinto).

Þ Com uma inteligência analítica e imaginativa a


Ortónimo interferir em toda a sua relação com o mundo e com
Þ No ortónimo, coexistem duas vertentes: a a vida, o “eu” poético tanto aceita a consciência
tradicional, na continuidade da lírica portuguesa, e a como sente uma verdadeira dor de pensar, que traduz
modernista, que se manifesta como processo de insatisfação e dúvida sobre a utilidade do
rutura. Na primeira, observa-se a influência lírica de pensamento.
Garrett ou do sebastianismo e do saudosismo,
apresentando suavidade rítmica e musical, em versos Þ Impedido de ser feliz, devido à lucidez, procura a
geralmente curtos; na segunda, encontramos realização do paradoxo de ter uma consciência
experimentações modernistas com a procura da inconsciente. Mas ao pensar sobre o pensamento,
intelectualização das sensações e dos sentimentos. percebe o vazio que não permite conciliar a
consciência e a inconsciência.

Þ Esta dor de pensar persegue-se desde sempre,


O fingimento artístico manifestando-se em vários poemas. Como tal, são
Þ  Pessoa considera que a arte “é o resultado da frequentes as tensões ou dicotomias (oposições) que
colaboração entre o sentir e o pensar”. Daí a espelham a sua complexidade interior:
sensibilidade a fornecer à inteligência as emoções
para a produção do poema.

Þ Para exprimir a arte, o autor criativo precisa de Sonho e realidade


intelectualizar o sentimento, o que pode levar a Þ Pessoa faz contrastar o sonho e a realidade.
confundir a elaboração estética com um ato de O eu lírico não encontra a felicidade na realidade do
“fingimento”. O poeta parte da realidade mas só quotidiano, porque é dominado pela frustração,
consegue, com autêntica sinceridade, representar pelo vazio ou pelo tédio existencial. Então, idealiza o
com palavras ou outros signos o “fingimento”, que sonho, onde acredita conseguir realizar-se e atingir a
não é mais do que uma realidade nova. plenitude, a felicidade ou o equilíbrio.
Þ Na sua poesia, o mundo do sonho (o espaço onírico)
Þ O fingimento artístico não impede a sinceridade, não funciona como forma de evasão ou escape, mas
apenas implica o trabalho de representar, de exprimir como um lugar onde o eu acredita que pode
intelectualmente as emoções ou o que quer recuperar uma experiência perdida (a da infância) ou
representar. ser o que não se é no mundo “real”.
Þ O conceito de fingimento é o de transfigurar, pela Þ No sonho, o eu lírico começa por se imaginar outro,
imaginação e pela inteligência, aquilo que sente um eu idealizado. Esse eu sonhado pode viver num
naquilo que escreve. Fingir é inventar, elaborar outro espaço (uma ilha, um país, um palácio) onde,
mentalmente conceitos que exprimem as emoções ou num primeiro momento, tudo parece perfeito e ele
o que quer comunicar. acredita ter encontrado a felicidade e a harmonia:
Þ Entrar no jogo artístico, fingir ao exprimir as “Ali, ali [na ilha do sonho] / A vida é jovem e o amor
emoções, mas com toda a dimensão de sinceridade, sorri.”.
implica e explica a construção da poesia de Þ No entanto, num segundo momento, após uma
ortónimo. reflexão mais atenta, o sujeito lírico constata que
esse estado de perfeição é ilusório e que o sonho não
Esquema: é solução para os problemas existenciais que o
Sentimento (“dor”) sentido pelo poeta Imaginação, minam: “Ah, nessa terra também, também / O mal
trabalho poético, transformação artística, não cessa, não dura o bem”.
intelectualização Sentimento registado no poema Þ Assim sendo, o sonho não resolve as insatisfações e
Processo de leitura Sentimento interpretado as ansiedades do eu lírico. Isso sucede porque o
pelo leitor Dor que os leitores sentem sonho é uma ilusão ou porque não é resposta para os
problemas que se geraram: o tédio, o vazio
existencial, as saudades da infância perdida.
A dor de pensar
Resumos Português (1º teste 04/10/2022)
A nostalgia da infância Recursos expressivos
Þ  A nostalgia constitui um conceito diferente da predominantes
saudade (por exemplo, a saudade de alguém
Þ Hipérbato  – consiste na separação de palavras que
ausente). O sentimento da nostalgia é a lembrança de
pertencem ao mesmo segmento por outras palavras
uma felicidade longínqua e aparentemente perdida,
não pertencentes a este lugar:
como se o passado fosse, por natureza, melhor do
      Autopsicografia – última estrofe
que o presente.
Þ Perífrase  – consiste em utilizar uma expressão
Þ Por outro lado, a infância é um motivo literário
composta por vários elementos em vez do emprego
muito antigo e diretamente associado a valores como
de um só termo:
a pureza do ser humano e a inocência que o estado
      Autopsicografia – “Os que lêem o que escreve”
adulto já não permite. Encarada como uma espécie
Þ Metáfora – consiste em igualar ou aproximar dois
de paraíso perdido, a infância provoca muitas vezes
termos que pertencem à mesma categoria sintáctica
atitudes nostálgicas.
mas cujos traços se excluem     mutuamente.
Þ O tempo da infância, porém, é idealizado, sendo
      Autopsicografia – “Gira, a entreter a razão/Esse
apresentado como um símbolo da inconsciência,
comboio de corda”
ingenuidade, inocência e felicidade (ou seja, uma
      Ela canta, pobre ceifeira – “E há curvas no enredo
época dourada que se associa à ausência da dor de
suave”
pensar) e do sonho (isto é, do refúgio num mundo de
Þ Aliteração –  repetição do (s) fonema (s) inicial (ais)
fantasia que permite ao eu libertar-se das amarras da
consonântico (s) de várias palavras dispostas de
realidade).
modo consecutivo:
Þ Insatisfeito com o presente e incapaz de o viver em
      Isto – “Eu simplesmente sinto/Com a
plenitude, o eu poético refugia-se numa infância
imaginação/Não uso o coração”
idealizada, regra geral, desprovida de experiência
      Ela canta pobre ceifeira – “limpo” e “limiar”
biográfica e submetida a um processo de
Þ Antítese  – ou contraste, consiste na oposição de
intelectualização. De facto, trata-se de uma nostalgia
duas palavras, expressões ou ideias antagónicas, no
imaginada, intelectualmente trabalhada e
intuito de reforçar a mensagem:
literariamente sentida.
      Isto – antítese: sentimento (coração) – pensamento
Þ O próprio eu tem consciência de que a infância é
(razão)
uma época idealizada, visto que, na realidade, nem
      Ela canta pobre ceifeira – “pobre ceifeira/julgando-
enquanto era criança ele parece ter sido feliz: “E toda
se feliz”
aquela infância / Que não tive me vem, / Numa onda
Þ Adjectivação –  utilização de quantificadores para
de alegria / Que não foi de ninguém” (poema
atribuir qualidades a substantivos:
“Quando as crianças brincam”).
      Ela canta pobre ceifeira – “pobre”; “feliz”;
Þ Para Pessoa, a infância é o passado
“anónima”; “alegre”
irremediavelmente perdido, o tempo longínquo em
Þ Comparação –  consiste na aproximação entre dois
que era feliz sem saber que o era, o tempo em que
termos ou expressões, através do elemento
apenas sentia, inconsciente daquilo que sentia, sem
linguístico comparativo, proporcionando o destaque
pensar. Era o tempo em que ainda não procurava
do primeiro elemento ou termo.
conhecer-se e, por isso, era um ser uno, não
      Ela canta pobre ceifeira – entre o canto da ceifeira e
fragmentado em diversos «eus».
o canto de ave
Þ Assim, o passado e o presente opõem-se, não se
Þ Apóstrofe – ou invocação consiste na nomeação
complementam. O passado – da infância – é alegria,
apelativa de chamar ou invocar pessoas ausentes,
felicidade inconsciente, enquanto o presente é
coisas ou ideias:
nostalgia, ânsia, desconhecimento de si mesmo e do
      Ela canta pobre ceifeira – “Ó Céu! Ó campo! Ó
futuro.
canção!...”
Þ Personificação –  consiste em atribuir propriedades
humanas a seres inanimados ou irracionais:
      Ela canta pobre ceifeira – “…tornai/Minha alma
vossa sombra leve!”
Þ Pleonasmo  – consiste na manifestação da
redundância. Esta existe quando as manifestações
tomam a forma, a nível semântico, da repetição do
mesmo significado por dois significantes diferentes
na mesma expressão:
      Ela canta pobre ceifeira – “Entrai por mim dentro!”
Þ Hipálage  –  consiste na transferência de uma
impressão causada por um ser para outro ser, ao qual
Resumos Português (1º teste 04/10/2022)
logicamente não pertence, mas que se encontra
relacionado com o primeiro:
Estrutura interna e externa
      O menino de sua mãe – “No plaino abandonado” A estrutura interna refere-se à mensagem, a temática e ao
Þ Gradação – consiste na apresentação de vários tema da composição poética. A estrutura externa refere-se à
elementos segundo uma ordenação, que pode ser composição (número de estrofes e de versos), métrica
ascendente ou descendente: (número de sílabas métricas) e rima (esquema rimático).
      O menino de sua mãe – “Jaz morto, e arrefece/Jaz
morto, e apodrece” Nestes poemas (maior parte dos poemas de Fernando
Þ Sinestesia – consiste na mistura de dados sensoriais Pessoa), a estrutura externa pode ser explicada da seguinte
que pertencem a sentidos diferentes. Deste facto forma: estamos perante um poema de versificação
pode resultar uma expressividade muito original e tradicional (feita através de quadras) regular. É composto
inesperada: por três quadras, rimadas com rima cruzada cujo esquema
      Ela canta pobre ceifeira – “A tua incerta voz rimático é abab (rima cruzada) e em versos de redondilha
ondeando” maior (7 sílabas métricas).
Þ Oxímoro – consiste em relacionar dois termos
metafóricos perfeitamente antonímicos:
      Tudo que faço ou medito – “Não o sei e sei-o bem”
Antero de Quental
Þ Quiasmo –  repetição simétrica do mesmo tipo de
Função da poesia
construção simples.
A poesia de Antero surge como forma de intervenção
potenciadora de mudança na sociedade, sendo a poeta o
Características estilísticas mensageiro dos ideais de transformação social. "Povo
Þ Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, deve substituir Deus no altar."
tom nasal (que conotam o prolongamento da dor e do
sofrimento) Poesia de Antero de Quental
Þ Inquietação espiritual e desassossego;
Þ Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas) Þ Insatisfação perante o real;
Þ Predomínio da quadra e da quintilha (utilização de Þ Desencanto, angústia, dor, morbidez, frustração e
elementos formais tradicionais) cansaço;
Þ Angústia existencial
Þ Adjectivação expressiva Þ Interiorização reflexiva;
Þ Incessante procura de um sentido para a
Þ Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de existência;
significados escondidos) Þ Desilusão e incredibilidade face à luta.

Þ Pontuação emotiva Refúgio no sonho e na transcendência religiosa.
Þ Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários ↓
paradoxos – pôr lado a lado duas realidades Configuração do ideal
completamente opostas) Perfeição e plenitude das realizações
(imaginárias ou reais) do "eu".
Þ Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, A tendência luminosa, apolínea ou diurna
a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou Þ Sonetos otimistas;
modernos, como o andaime ou o cais) Þ Presença da razão;
Þ Racionalidade confiante;
Þ É fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, Þ Romantismo humanitarista;
muitas vezes, da quadra popular. Þ Crença na luta por uma sociedade melhor, enquanto
"Soldado do Futuro"
Þ Utilização de vários tempos verbais, cada um com o
A tendência dionisíaca ou nocturna
seu significado expressivo consoante a situação.
Þ Sonetos pessimistas;
Þ Presença do desencanto, da angústia, da dor, da
desilusão, da morbidez, da frustração e do cansaço;
Þ Interiorização reflexiva;
Þ Inquietação filosófica e desassossego;
Þ Refúgio na desistência, no sonho e na transcendência
religiosa.
Obra de Antero
Þ Angústia existencial:
Resumos Português (1º teste 04/10/2022)
Þ Ânsia metafísica (infinito) e perfeição; Þ Reflexão sobre os conflitos políticos;
Þ Questionação da cultura portuguesa desde a sua
Þ Equilíbrio e ideias socialistas; origem;
Þ Ansiedade, angústia e desânimo; Þ Preparação da revolução ideológica e política da
sociedade portuguesa;
Þ Interrogação sobre a vida, a morte, Deus e o Þ Revalorização das tradições culturais;
Universo. Þ Recriação da língua e linguagem para permitir a
tradução de um mundo novo.
Configuração do ideal:
Þ Amor, justiça e liberdade; O Realismo é, então, considerado, como a negação da
Þ Razão e pensamento; arte pela arte; a análise com vista à verdade absoluta; a
Þ Construção de um mundo melhor; anatomia do carácter, fazendo o retrato do homem e da
sociedade; e tocava os limites da moral, visando a justiça
Þ Capacidade e responsabilidade do indivíduo.
e a verdade.
Organização dos sonetos
-Duas quadras e dois tercetos; CONFIGURAÇÕES DO IDEAL
-Versos decassilábicos; A obra poética de Antero é marcada pela busca de um
-Conclusão na última estrofe; ideal, que pode assumir diferentes configurações.
-Chave de ouro. Em primeiro lugar, o eu faz a apologia da necessidade de
transformação da sociedade, processo em que o poeta
teria um papel fundamental. Esta vertente da poesia
Linguagem
anteriana é influenciada pelos ideais socialistas, que
Metáfora - representar de forma eloquente e reveladora
inspiram as iniciativas políticas do poeta ao longo da
conceitos, fenómenos e situações fundamentais no vida;
desenvolvimento do raciocínio do "eu" poético. Em segundo lugar, o eu manifesta também a sua
Exemplo: "Cálice amargoso da desgraça" aspiração a um amor que surge, muitas vezes, com
Alegoria - materializar um conceito, atribuindo-lhe com contornos idealizados (e que é, por vezes, associado a
um forte aspeto visual. uma figura feminina também ela ideal).
Finalmente, é de destacar a busca da perfeição a nível
Exemplo: "Palácio da Ventura" ético, que está, obviamente, também associada à
Personificação - dar vida a conceitos abstractos. aspiração à justiça social. Este processo pauta-se por
Exemplo - "Morte" uma preocupação constante com a busca do Bem e da
Apóstrofe - interpelar certas entidades e o público, passar própria sanidade.
uma mensagem.
Exemplo - "Razão, mais uma vez ouve as minhas preces" Cesário Verde
Interrogações,frases exclamativas e reticências - conferir Correntes Literárias
um tom inquiridor e coloquial à discussão dos ideais que
o eu lírico está a desenvolver. Romantismo:
-apoteose do sentimento
A QUESTÃO COIMBRÃ (1865) -poeta como génio
Em 1865, um grupo de ultrarromânticos é contestado -influência da paisagem no estado de espírito
pelos jovens intelectuais de Coimbra (a “Geração de Alguns poemas: Deslumbramentos
70”), dos quais se destacam Antero de Quental eTeófilo
Braga, que debatiam sobre uma abertura a influências Realismo:
culturais europeias (nomeadamente, francesas e alemãs). -Negação da emoção romântica e da arte pela arte
A polémica gerada por esta confrontação ficou conhecida -Análise do real com o fito da verdade absoluta
como Questão Coimbrã (ou “Questão do Bom Senso e -Crítica do homem
do Bom Gosto'') e foi o marco inicial do movimento
-Condenação do que houver de mau na sociedade
Realista em Portugal.
Mais do que um confronto entre movimentos literários, a -Noção de justo em substituição do conceito de belo
Questão foi sobretudo uma confrontação entre duas Alguns poemas: Cristalizações, Contrariedades, Nós,
concepções de literatura: uma alienada e perfeitamente Num bairro moderno, O sentimento dum ocidental.
decorativa (ultra-romantismo) e outra, perfilhada por
Antero, que defendia uma literatura ao serviço das
transformações sociais, considerando a poesia, em Parnasianismo:
particular, como “a voz da revolução”. -“Arte pela arte” antirromântica
-Culto da beleza
Ideário da geração de 70: -Elitismo formal
Þ Inconformismo com a estagnação cultural ;
Þ Rejeição do estilo melodramático e rebuscado do -Poeta como espectador da harmonia do que pode
ultra-romantismo; observar no quotidiano
Þ Adesão aos “ventos” da industrialização e Alguns poemas: Cristalizações, Contrariedades, O
modernização europeia;“paixão” pela luta contra os
grandes problemas sociais; sentimento dum ocidental, De tarde.
Resumos Português (1º teste 04/10/2022)
-Movimento deambulatório do poeta pelas ruas da
Naturalismo: cidade;
-Acentua as características cientificas do realismo
-Obra como meio de demonstração de testes cientificas Poetização do Real (Objetividade/subjetividade) e
-Implica uma posição combativa, de análise dos Quotidiano na Poesia
problemas da decadência social, depravação de usos e
costumes, preocupação por aspetos patológicos, desvios No tempo de Cesário Verde, Lisboa era uma cidade de
de comportamentos. contrastes. Ele retratou-a realçando a arquitetura antiga e
Alguns poemas: Contrariedades os bairros modernos da nova burguesia. É na captação
objetiva do real que surge a outra face da realidade
Simbolismo: lisboeta: a dos trabalhadores que denunciam a sua
-Gosto pelo mistério origem campesina. Ao deambular, o sujeito poético
-Culto do eu denuncia o lado oposto ao da grandeza, focando lugares
-Poeta vidente = Visão especial pobres e nauseabundos, dos humildes que sustentam a
-Poesia capaz de abrir as portas do inconsciente cidade: os “criados” de “Um Bairro Moderno”, ou os
-Rutura das fronteiras entre o sonho e a realidade “caixeiros” de “O Sentimento Ocidental”.
-Preocupações formais Transfigurando o que vê (subjetividade), capta ainda
-Arte da sugestão aquelas personagens duvidosas (“actrizita” de
-Palavras maiusculadas “Cristalizações”) que, tal como a cidade, tentam
-Contra o realismo esconder a sua condição.
Alguns poemas: Num bairro moderno, Nós Para Cesário ver é perceber o que se esconde, por isso,
perceciona a cidade minuciosamente através dos
Surrealismo:
sentidos. O poeta projeta no exterior o seu interior,
-Mecanismo de associação de ideias e funcionamento do
nascendo, assim, a poesia do real, que lhe permite rever-
inconsciente
se nas coisas, de modo a atingir o equilíbrio, pela fixação
-Escrita automática
fugaz da realidade, à maneira dos impressionistas.
-Gosto pelo insólito
-Emancipação das barreiras formais (desobediência às
A Imagética Feminina
regras sintáticas e semânticas) Deambulando pela cidade e pelo campo, o poeta depara
Alguns poemas: Num bairro moderno, O Sentimento
com dois tipos de mulher, articulados com os locais em
dum Ocidental
que se movimenta.
Modernismo: Assim, tal como a cidade se associa à morte, à
-Literatura enquanto linguagem destruição, à falsidade, também a mulher citadina é
-Aliança entre literatura e artes plásticas apresentada como frígida, frívola, aristocrática,
-Relacionamento entre autor e obra: Transposição e inacessível, luxuosa,
fingimento expressão da vivência calculista, madura, destrutiva, dominadora e sem
-Tendência para a dispersão sentimentos. O erotismo desta mulher é expresso em
-Fragmento do eu imagens antitéticas que permitem opô-la à mulher
Alguns poemas: Noite fechada, num bairro moderno, O campesina, capaz de fazer despoletar um amor puro. O
sentimento dum Ocidental, Nós erotismo da mulher fatal é humilhante, conseguindo
Neorrealismo: reduzir o amante à condição de presa fácil (“Vaidosa” e
-Função educativa da literatura
“Deslumbramentos”).
-Denúncia das injustiças que vitimam mais
Em contraste, surge uma mulher frágil, terna, ingénua,
desfavorecidos
pura, despretensiosa, que desperta no poeta o desejo de
-Obra politicamente exemplar
protege-la e estima-la, ao contrário da admiração
-Recurso à alegoria
longínqua que tem pela mulher citadina. Os seus atos são
-Povo como personagem
ingénuos e é uma mulher capaz de ofertar o amor e a
Alguns poemas: Cristalizações, Nós
vida inerentes aos espaços rurais.
Temáticas
-Imaginética feminina; Sentimento da humilhação ligado Binómio Cidade/Campo
ao erotismo da “mulher fatal”; Em termos dicotómicos, Cesário Verde trata de dois
-Binómio cidade/campo; espaços ao longo da sua obra: a cidade e o campo.
-Poetização do real; O campo apresentado não tem um aspeto idílico bem
-Questão social associada ao realismo e naturalismo; como não aparece associado ao bucolismo e ao devaneio
Resumos Português (1º teste 04/10/2022)
poético, mas é um espaço real, onde pode observar-se os -Combinação de sensações
camponeses na sua lide diária, onde as alegrias se -Recursos estilísticos que procuram a captação do real:
manifestam face ao prazer da vida e onde as tristezas sinestesias (“Amareladamente, os cães parecem lobos”),
ocorrem quando os acontecimentos não seguem o curso dupla adjetivação, hepálages (“Um cheiro salutar a pão
normal. É o dia a dia concreto, autêntico e real, de no
eleição do poeta. Ele associa o campo à vida, à forno”), comparações, metáforas, transporte nas quadras
fertilidade, à vitalidade, ao rejuvenescimento porque nele -Uso de prosaísmos (“Em imposturas tolas”)
não há a miséria constrangedora, o sofrimento, a -Estrofe breve e regular, com teor descritivo – Quadra
poluição, os exploradores e os ricos pretensiosos que -Versos decassilábicos ou alexandrinos (12 sílabas),
desprezam os humildes, típicos da cidade. longos
O campo confere-lhe liberdade, a cidade empareda-o, -Construções impessoais (“Uma alvura de sai branca
incomoda-o tal como incomoda os trabalhadores que aí moveu-se no escuro”).
procuram encontrar melhores condições de vida. Por se
depararem com enormes dificuldades e injustiças, os Recursos de Estilo
pobres são os ricos aos olhos de Cesário Verde. Há um -Sinestesia: Fusão de perceções provenientes de
diferentes sentidos
tom irónico quando fala dos citadinos (“De Tarde”, “O -Adjetivação:
Sentimento dum Ocidental” e “Nós”) e um tom eufórico -Metáfora:
quando, por exemplo, fala dos passeios campestres com -Assindeto: Supressão dos elementos de ligação entre
a sua amada, sendo a terra-mãe a fonte inspiradora do palavras ou frases sucessivas
poeta. A cidade á o lugar de atracão, moda, luxo, -Personificação
-Antítese
cosmopolitismo, que repulsa pela doença, corrupção e -Ironia
aprisionamento da dor humana. -Hipálage: Consiste em tranferir uma qualidade ou ação
de um elemento da frase para
Questão Social outro, por exemplo, do sujeito para o objeto
O poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, dos -Apóstrofe: Consiste nnterpelação a alguém, ou a alguma
injustiçados, dos marginalizados (povo) e admira a força coisa personificada.
física, a pujança dos trabalhadores. Interessa-se pelo -Comparação
-Hipérbole
conflito social do campo e da cidade, procurando -Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que
documentá-lo e analisá-lo, embora sem interferir. Cesário poderia ser dito por algumas ou apenas uma
Verde focaliza, ainda, a anatomia do homem oprimido -Anáfora: Repetição da mesma palavra
pela cidade e a integração da realidade banal no mundo -Enumeração
poético (“Contrariedades”, “Num bairro moderno” e “O Estrangeirismos:
-Inglês (Anglicismo)
Sentimento dum Ocidental”). -Francês (Galicismo)
Assim, a sua poesia tem uma intenção critica, de análise
social, comovendo-se com os trabalhadores, com quem é
solidário, e experimentando um grande sentimento de
decadência.

Deambulação
Cesário Verde é um poeta-pintor que capta as impressões
da realidade que o cerca com uma grande objetividade. É
realista, atento a pormenores mínimos que servem para
transmitir as perceções sensoriais. Da cidade de Lisboa,
por onde deambula, licas, comdescreve as ruas soturnas e
melancó sombras e bulício, e absorve-lhes a melancolia,
a
monotonia, o “desejo absurdo de sofrer”. Do campo,
canta a vida rústica, de canseiras, a sua vitalidade e
saúde.

Linguagem e Estilo
-Exatidão vocabular
-Imagens visuais
-Mistura do físico com o moral
Resumos Português (1º teste 04/10/2022)

Você também pode gostar