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Ensaio- Perceção

A nossa perceção do outro é alterada quando estamos apaixonados?

Após termos trabalhado o tema da perceção, adquirimos uma curiosidade em relação à


influência da paixão amorosa na nossa perceção individual. Dado isto, pretendemos obter
informações sobre esta temática, para descobrir de que modo a nossa perceção se altera quando
estamos apaixonados. Este estudo é viável e importante, pois irá permitir-nos saber como gerir
melhor as paixões, de forma a que estas não prejudiquem a nossa visão do mundo.
Na psicologia, o estudo da perceção é de extrema importância porque o comportamento das
pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade, e não na realidade em si. Por este motivo,
a perceção do mundo é diferente para cada um de nós, cada pessoa percebe um objeto ou uma
situação de acordo com as suas experiências e vivências passadas. Cada indivíduo tem um foco
diferente, logo quando percecionamos algo, o que é relevante para uma pessoa, não o é para a outra.
Com isto, iremos passar a introduzir a nossa tese, em que justificaremos de que modo a nossa
perceção se altera quando nos encontramos afeiçoados a alguém.
Para entender como a nossa perceção se altera, temos de saber que o amor:
 Vicia: Entre as áreas cerebrais estimuladas pelo amor, algumas destacam-se, como por
exemplo o chamado núcleo accumbens, uma pequena região situada alguns centímetros atrás
dos nossos olhos, muito sensível à dopamina —neurotransmissor que aumenta com a paixão
— e ao qual se conhece, popularmente, como o centro do prazer. É este que é ativado
especialmente quando recebemos um prêmio, quando temos sede e bebemos água ou quando
consumimos praticamente todo tipo de droga. Realmente, o circuito de recompensa é também
o circuito do vício, daí o caráter viciante das primeiras fases do amor. É também por isto que
no início de uma relação, as pessoas criam maior obsessão pelo outro, o que diminui ao longo
do tempo.
 Obscurece o julgamento e a razão: Para identificar as regiões do cérebro ativadas com a
paixão, os cientistas costumam usar o que se conhece como ‘ressonância magnética
funcional’. Esta técnica capta a maior ou menor chegada de oxigênio a cada área, um
sinônimo da demanda que a atividade cria. Foi assim que se viu que, durante a paixão, o
circuito de recompensa trabalha com especial fervor, e que o córtex pré-frontal parece
“desligar”. Esta última é a área do cérebro mais propriamente humana, a responsável
fundamental pela nossa capacidade de raciocinar e emitir julgamentos elaborados. As
consequências são evidentes: o amor obscurece, pelo menos sobre a pessoa amada, a
capacidade crítica sofre mudanças. Isto explica a crença de que “o amor é cego”. É possível
identificar casos em que criminosos cometeram crimes por amor. Por vezes, não gerimos bem
os sentimentos e por isso, ao estarmos apaixonados, fazemos juízos precipitados.
 Produz stress: O amor produz uma onda de stress ao longo do tempo. Trata-se, em princípio,
de uma ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal, o que significa, entre outras coisas,
que o cérebro manda sinais para produzir mais adrenalina. Uma interpretação que se faz é que
este grau de stress permite superar o medo inicial, o que se conhece como neofobia. Com os
meses, no entanto, o mecanismo diminui, dando lugar a uma sensação de tranquilidade (os
hormônios e circuitos envolvidos também se ajustam com o tempo).
 Torna-o monógamo (ou não): A ciência ainda não foi capaz de determinar se, por natureza,
somos monógamos, polígamos ou monógamos sequenciais, mas sabem- algumas das coisas
que influenciam esta realidade. Pelo menos em ratos. Os roedores do campo são
profundamente fiéis ao seu parceiro. Os da montanha, pelo contrário, são promíscuos. A
explicação? Os primeiros têm muitos mais recetores de oxitocina e vasopressina nas áreas de
recompensa. De fato, quando estes hormônios são bloqueados no laboratório, os ratos do
campo comportam-se como se fossem ratos da montanha, sem nenhuma preferência especial
por qualquer um dos seus parceiros. Os humanos não são ratos. É evidente que a nossa
fidelidade depende de muito mais fatores do que nesses animais. Mas não somos imunes.
Algumas variações nos recetores de vasopressina, por exemplo, foram associadas a uma
maior ou menor promiscuidade. Não são determinantes, mas constituem um fator que pode
chegar a intervir.

Por estes motivos, uma simples paixão poderá condicionar a nossa perceção, fazendo com
que esta, sendo apenas uma representação da realidade, se afaste da verdade. Porém, para além das
alterações a nível psicológico, estar apaixonado também gera alterações no físico:
 Apaixonar-se pode atrapalhar o sono: De acordo com um estudo (“Romantic Love,
Hypomania, and Sleep Pattern in Adolescents), ao apaixonarmo-nos, podemos passar noites
em claro a pensar em quem amamos. Isto normalmente ocorre no início de uma relação, e
este estado de euforia, faz com que nós nos tornemos mais ativos e despertos durante a noite
e a madrugada, o que pode desregular nosso horário biológico.
 O olfato torna-se ainda mais importante : Os Feromônios desempenham o papel de fazer com
que espécies se reconheçam pelo cheiro, provocando reações sexuais em cada indivíduo. E ao
apaixonarmo-nos por alguém, o cheiro dessa pessoa fica gravado na mente, tendo grande
poder sobre nós.
 As nossas pupilas dilatam-se no momento em que vemos alguém que por quem sentimos
atração.
 Podemos sentirmo-nos um pouco tensos, e até mesmo perder apetite, já que todos os nossos
pensamentos estão voltados para uma pessoa.
 Tendemos a aumentar a nossa voz perto de quem amamos.
 Ganhamos uma força até então desconhecida, já que a ocitocina liberada no nosso organismo
ao nos apaixonarmos pode aumentar a nossa tolerância à dor.
 Amar é como usar drogas ou ingerir álcool : De acordo com pesquisas, ao apaixonarmo-nos
por alguém, o nosso cérebro produz ocitocina, adrenalina e a dopamina, o mesmo hormônio
liberado pelo uso de drogas, sendo responsável pela sensação de grande energia e euforia, o
que faz com que nos tornemos viciados em quem amamos. E ao estarmos perto de quem
amamos, temos uma sensação parecida com a de estar bêbado, onde falamos e fazemos coisas
que normalmente não teríamos coragem para fazer.
 O amor gera impactos positivos no sexo: Segundo estudos publicados pelo Sciencedaily, no
início de um relacionamento, o desejo sexual está nos seus níveis máximos por conta de
hormônios como a testosterona. Além disso, estar apaixonado faz com que nós nos tornemos
mais ousados e aventureiros com as nossas escolhas sexuais. A segurança de um
relacionamento sério, faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para experienciar
coisas novas.
Como podemos conferir, por vezes, o amor é uma distorção no que toca à realidade; podendo
induzir-nos ao erro. Para além disto, através dos fatores físicos, as paixões provocam em nós uma
alteração da nossa perceção individual. Por exemplo, se alguém estiver apaixonado e em estado de
euforia, é provável que veja as circunstâncias do dia a dia de forma mais positiva.
No entanto, há quem discorde desta perspetiva, e pense que o amor não afeta como
percecionamos o outro. Como podemos então refutar esta opinião?
É verdade que certos indivíduos mantém um carácter racional, mesmo quando se encontram
apaixonados. Contudo, mesmo as pessoas que adotam uma visão mais fria, são afetadas pela sua
paixão. O ser humano sofre mudanças inevitavelmente, quando em estado de atração pelo outro.
Logo, mesmo que tentemos negar, todos somos persuadidos a agir e percecionar de certa maneira,
quando nos encontramos apegados por alguém.
Concluindo, a paixão poderá ter impactos positivos ou negativos na nossa perceção.

Referências:
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/13/ciencia/1423819574_847131.html
https://www.minhavida.com.br/materias/materia-16797
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/14/ciencia/1468517563_508117.html
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/13/ciencia/1423819574_847131.html
https://visao.sapo.pt/visaosaude/2019-09-28-que-importancia-tem-realmente-o-primeiro-amor-nas-nossas-
vidas/

Trabalho realizado por:


Ana Paula dos Santos
Mariana Campochão Carvalheiras
12ºG
Docente: Graça Lopes

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