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AMOR COMO
REVOLUÇÃO:
NEUROCIÊNCIA DOS AFETOS
E RELAÇÕES SOCIAIS
COM ANA CAROLINA SOUZA
Este material de apoio foi preparado pela curadoria da Casa do Saber e tem
como objetivo acompanhar você ao longo da sua jornada de aprendizagem
nos cursos, masterclasses e palestras disponíveis na plataforma de streaming
Casa do Saber +.
Com o intuito de expandir o conteúdo que foi abordado nos cursos, incluímos
aqui algumas referências bibliográficas, audiovisuais e também indicações
dos professores e professoras.
Esperamos que este material de apoio sirva como importante ferramenta que
possa potencializar o seu processo de aprendizagem e
de educação continuada.
Para além das cenas românticas dos filmes e das vidas perfeitas das redes
sociais, o amor se apresenta como algo primordial e até mesmo essencial
para a nossa sobrevivência.
O QUE VOCÊ VAI APRENDER:
● Como o amor é uma emoção fundamental e um impulso vital, com
diferentes formas e expressões. Este afeto é catalisador de bem-estar,
associado a respostas emocionais, processos cerebrais complexos e
influência direta na saúde física e mental;
● A empatia como uma habilidade essencial para o desenvolvimento de
relacionamentos saudáveis e conexões autênticas;
● A compreensão das emoções e pontos de vista dos outros desempenha
um papel crucial na construção de vínculos e na capacidade de se
conectar emocionalmente;
● O vínculo entre relações sociais e bem-estar individual, e a importância
de investir em relacionamentos, dedicar tempo e atenção, bem como
cultivar o autoconhecimento para desenvolver a empatia.
AULA A AULA
Aula 1 | A neurobiologia do amor
Vamos começar?
Por Ana Carolina Souza
PARTE 1: A NEUROBIOLOGIA DO AMOR
Para trazer uma imagem mais didática, quero que imaginem uma grande
rede de pesca. Essa rede de pesca é formada por vários nós que vão juntando
as cordas e formando essa rede.
Agora imagina que você pega um dos nós dessa rede e puxa para o alto, em
direção ao céu. Você pode notar que alguns nós ficam mais próximos daquele
que está em sua mão e que existem outros nós que ficam mais distantes da
sua mão... alguns podem ficar bem distantes inclusive, lá embaixo, rente ao
chão. Esses nós representam diferentes conceitos armazenados no cérebro e
a proximidade entre eles representa a força de associação. Quanto mais
próximo um nó está do nó que você está segurando, maior será sua força de
associação.
Vamos imaginar agora, que o nó que você está segurando representa este
conceito que chamamos de amor. O que será que no seu cérebro está
fortemente associado a isso? Provavelmente, você terá referências de relações
afetivas, corações, flores, gestos e expressões de carinho, espaços
acolhedores... o que mais aparece nesta rede? Aposto que muita coisa! Sons,
cheiros, lugares, conceitos, as respostas emocionais, tudo isso faz parte desta
rede associativa que junta o que chamamos de memórias quentes e frias.
Mas ainda que essas experiências sejam muito variadas, hoje conhecemos
um pouco mais os processos neurais que estão por trás desta emoção que
segue encantando tantas pessoas ano após ano.
Hoje sabemos que quando estamos muito apaixonados há, por exemplo, a
ativação de uma região no cérebro que pertence ao Sistema de Recompensa,
chamada Área Tegmental Ventral. Esta ativação é associada com a
necessidade que sentimos de estar sempre junto da pessoa amada e ao fato
de pensarmos constantemente nela.
Vejam que existem várias alterações fisiológicas que são associadas a esta
reposta de paixão, que ajudam a gente a entender certos comportamentos
observados nas pessoas apaixonadas! Mas vocês também já devem ter
ouvido falar que quando estamos apaixonados, perdemos a razão, ou viveram
situações que olhando depois nem fazem mais sentido, não é?
Isso também explica por que agimos de forma mais impulsiva e muitas vezes
tendenciosa (comprometendo nosso julgamento) quando estamos
apaixonados.
Todas essas respostas e alterações cerebrais são mesmo muito intensas, mas
sabemos que a paixão é uma fase passageira. Após 1 ou 2 anos, aquele
balanço entre dopamina e serotonina se restabelece, novas moléculas entram
em cena, como a beta-endorfina que é identificada em amores duradouros, a
ocitocina e vasopressina, hormônios que vêm sendo estudados para nos
ajudar a compreender a formação de diferentes tipos de vínculos amorosos.
Seja como for, podemos considerar que o amor é uma experiência de prazer
e recompensa, associada a formação de vínculos.
Parte desta resposta, pode ser facilmente percebida por nós. Imagina que
você está num restaurante e encontra com a pessoa por quem está
apaixonado(a). Você provavelmente sente o coração acelerado, as mãos frias
(uma resposta típica de arousal, intensidade emocional), talvez até perceba a
boca seca. E como você se comporta? Provavelmente, caminha (ou corre) em
direção a essa pessoa, a abraça e beija. Vejam que esta resposta envolve
diferentes sistemas do nosso corpo e que ao final há um comportamento.
Neste caso é uma resposta de aproximação.
E se fosse uma pessoa que você detesta, provavelmente seu coração também
estaria mais acelerado, mas dessa vez, você correria no sentido contrário! Ou
fingiria que não viu esta pessoa.
Perceberam que nos dois exemplos que dei agora, vocês estavam correndo
em sentidos opostos quando falamos de encontrar alguém que gostamos ou
não gostamos? Isso é explicado pelo padrão de motivação que foi ativado em
seu cérebro em resposta a esses diferentes estímulos.
Vamos falar então um pouco mais sobre os Sistemas Motivacionais, pois isso
ajuda a gente a entender a importância das emoções e seu funcionamento.
Claro que esta visão serve para o amor que é vivido e experienciado de forma
positiva. O fim de um relacionamento ou um amor não correspondido não
entrariam nesta lógica, pois estaríamos experienciando emoções negativas e
respostas coerentes com expressões de raiva, frustração, tristeza... mais
associadas ao Sistema Defensivo.
Esta resposta não se limita aos outros animais, um estudo feito por Sheldon
Cohen em 2003 mostrou que pessoas que levavam uma rotina mais isolada,
com menos relações sociais, tinham maior probabilidade de desenvolver o
vírus da gripe após passarem por um estudo com exposição controlada a este
vírus e ficarem em observação (quarentena para acompanhar os resultados
desta exposição ao vírus).
Se por um lado, sentir-se excluído socialmente é capaz de causar dor
emocional e nos tornar mais vulneráveis, por outro lado, o suporte social pode
trazer resultados muito positivos!
O que eles viram, foi que aquelas pessoas que receberam apoio emocional
durante o período de preparação tiveram a resposta de cortisol diminuída
significativamente após passar pelo teste de estresse! E querem saber o que
mais eles fizeram? Eles testaram até que ponto o hormônio ocitocina –
aquele hormônio conhecido como o hormônio do amor - seria capaz de
replicar este resultado. O efeito não foi tão grande quanto ter um amigo ao
seu lado, mas foi no sentido correto, sugerindo que este efeito protetor do
suporte social seria sim intermediado pela ocitocina. Esta ideia é corroborada
por outros estudos, inclusive em modelos animais, mostrando que os vínculos
sociais geram respostas protetoras e que isso ocorreria por uma mediação da
OX.
Este projeto, que hoje é liderado pelo pesquisador Robert Waldinger, foi
iniciado em 1938 e há mais de 80 anos vem acompanhando um grupo desde
o início de sua adolescência, com o objetivo de descobrir o que torna uma
vida mais feliz e saudável.
O que o estudo mostrou é que pessoas que são mais conectadas à família,
amigos e a comunidade, são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem
mais do que as pessoas que não são.
· O estudo viu que as pessoas que têm boas relações sociais sentem
menos dor e teriam melhor memória aos 80 anos.
O mesmo estudo também provou que a solidão é algo tóxico para nós.
Pessoas que se sentem mais isoladas do que gostariam, se sentem menos
felizes, sua saúde decai de forma mais precoce quando atingem a meia
idade, o funcionamento do seu cérebro decai mais rapidamente e vivem
vidas mais curtas do que as pessoas que não se sentem solitárias.
Esses resultados não dizem respeito, necessariamente, à quantidade de
relacionamentos que se tem e tampouco tem a ver com estar ou não em um
relacionamento amoroso sério, mas diz respeito à qualidade dos seus
relacionamentos mais próximos.
O que é empatia?
o Cognitiva
o Emocional
o Preocupação Empática
o Neurônios espelho
Por isso, podemos considerar que a empatia é determinante para que haja a
conexão social. Mas apesar de ser algo natural, e muito relevante para nossa
espécie, a empatia não é algo que ocorre de forma linear – ou seja, você tem
ou não tem – e muitos fatores hoje comprometem este processo.
Autoconhecimento:
Um estudo bem interessante, que representa bem o que quero trazer aqui
com a empatia, mostrou que pessoas que cantam em grupo (coral), se
sentem mais felizes e pertencentes a um grupo de forma significativa.
Ao que tudo indica, a sincronicidade da respiração - associada a atividade de
canto, parece gerar um grande senso de conexão entre essas pessoas, legal
né? É bem possível que se olhássemos em seus cérebros, veríamos a ativação
dos neurônios espelho a mil!
PARTE 5: CONCLUSÃO
Ter uma vida saudável, feliz e significativa, vai depender diretamente da nossa
capacidade de formar vínculos e nutrir relações sociais positivas. Para isso,
precisamos nos dedicar a esses relacionamentos.
Priorizar as pessoas que amamos, dar atenção a elas e permitir uma troca
genuína de experiências e emoções, para que esta conexão se torne cada vez
mais forte e autêntica. Aqui cabem algumas reflexões:
• Choir singing boosts your mental health. Nick Stewart (Hayley Dixon).
Telegraph, 4 dez. 2013.
INDICAÇÕES DE LIVROS
INDICAÇÕES DE FILMES & SÉRIES
PODCASTS
ANOTAÇÕES
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