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MATERIAL DE APOIO

AMOR COMO
REVOLUÇÃO:
NEUROCIÊNCIA DOS AFETOS
E RELAÇÕES SOCIAIS
COM ANA CAROLINA SOUZA
Este material de apoio foi preparado pela curadoria da Casa do Saber e tem
como objetivo acompanhar você ao longo da sua jornada de aprendizagem
nos cursos, masterclasses e palestras disponíveis na plataforma de streaming
Casa do Saber +.

Procuramos trazer aqui pontos importantes abordados ao longo das aulas e


também outras informações que possam te auxiliar na compreensão dos
conhecimentos tratados no curso.

Com o intuito de expandir o conteúdo que foi abordado nos cursos, incluímos
aqui algumas referências bibliográficas, audiovisuais e também indicações
dos professores e professoras.

Conectamos neste material o universo de conteúdo produzido pela Casa do


Saber. Preparamos uma curadoria exclusiva de cursos e indicamos vídeos do
canal no YouTube relacionados ao tema do curso que você está assistindo.

Além disso, você pode acessar o Quero Saber, o blog de conhecimento da


Casa do Saber.

Esperamos que este material de apoio sirva como importante ferramenta que
possa potencializar o seu processo de aprendizagem e
de educação continuada.

Curadoria Casa do Saber.


curadoria@casadosaber.com.br
O CURSO

O curso apresenta o amor e seus efeitos sob a lente da neurociência, com


destaque para sua importância na nossa história ao mobilizar a criação de
vínculos e promoção de saúde e bem-estar. As aulas abordam os processos
bioquímicos do amor, como ele nos afeta fisicamente, e as delicadas relações
entre as emoções e as conexões com os outros.

Para além das cenas românticas dos filmes e das vidas perfeitas das redes
sociais, o amor se apresenta como algo primordial e até mesmo essencial
para a nossa sobrevivência.
O QUE VOCÊ VAI APRENDER:
● Como o amor é uma emoção fundamental e um impulso vital, com
diferentes formas e expressões. Este afeto é catalisador de bem-estar,
associado a respostas emocionais, processos cerebrais complexos e
influência direta na saúde física e mental;
● A empatia como uma habilidade essencial para o desenvolvimento de
relacionamentos saudáveis e conexões autênticas;
● A compreensão das emoções e pontos de vista dos outros desempenha
um papel crucial na construção de vínculos e na capacidade de se
conectar emocionalmente;
● O vínculo entre relações sociais e bem-estar individual, e a importância
de investir em relacionamentos, dedicar tempo e atenção, bem como
cultivar o autoconhecimento para desenvolver a empatia.

PARA QUEM É ESTE CURSO:

● Pessoas com qualquer nível de conhecimento em ciência: a


abordagem é introdutória e em linguagem acessível;
● Pessoas interessadas em conhecer os efeitos do amor e da paixão sobre
nós e a importância da elaboração de vínculos significativos em um
contexto social e coletivo.

AULA A AULA
Aula 1 | A neurobiologia do amor

As estruturas neurais e bioquímicas do amor. Dopamina, serotonina e


circuitos de recompensa e comportamentos impulsivos. Ocitocina, o
“hormônio do amor” e a formação de vínculos. Para além da ciência:
subjetividade e contextos particulares.

Aula 2 | O amor é uma emoção

Emoção, motivação e comportamentos automáticos. Respostas fisiológicas,


sobrevivência e tomada de decisões. Sistemas motivacionais de aproximação
e afastamento. Sistema apetitivo e a criação de conexões e vínculos.

Aula 3 | Inclusão, exclusão e a nossa sobrevivência

Seres sociais e os efeitos nocivos do isolamento. Suporte social e estresse


psicológico. O papel das relações de qualidade no bem-estar e saúde física e
mental.

Aula 4 | Amor, conexão e pertencimento

Os três tipos de empatia e seus efeitos individuais e coletivos. Pressão,


ansiedade, medo de se vulnerabilizar: os desafios da empatia. Pertencimento
e propósito: experiências compartilhadas e as conexões com o coletivo.

Aula 5 | Conclusão e encerramento


Amor como catalisador de bem-estar. A diversidade do amor e como
fortalecer os laços.
SOBRE A PROFESSORA

Ana Carolina Souza é sócia-fundadora da


Nêmesis, empresa brasileira voltada à
aplicação de conhecimentos em
neurociência comportamental para o
mercado. Doutora em ciências, mestre em
química e graduada em ciências biológicas
pela UFRJ, com pesquisa de
pós-doutorado em colaboração com o
Instituto Nacional do Câncer (Inca).

É também professora nas áreas de marketing, liderança e desenvolvimento


estratégico de negócios na ESPM, FGV e Fundação Dom Cabral.
O QUE VOCÊ VERÁ NO CURSO
O que sabemos sobre o amor, para além das cenas românticas de filme e da
vida perfeita das redes sociais? Poderia o amor ser algo mais primordial, quiçá
essencial, para a nossa sobrevivência? Quanto mais estudamos sobre esta
emoção, mais reconhecemos a sua importância para nossa saúde e
bem-estar.

Neste curso, iremos falar a respeito do amor através de uma perspectiva


diferente, fazendo um paralelo com as questões motivacionais e os processos
de inclusão, utilizando as lentes da Neurociência. Falaremos sobre a
importância das relações sociais, dos vínculos de confiança e de uma série de
conceitos que hoje estão muito em voga como empatia e propósito,
mostrando como podemos adquirir um olhar mais amplo com relação à
nossa capacidade de conexão e a importância disso tudo para nossa saúde e
bem-estar.

O SEU PERCURSO DE APRENDIZADO


Hoje nós vamos falar sobre o amor... mas este não é mais um curso
tradicional sobre o amor. Meu convite é para falarmos sobre o amor de uma
forma desconstruída. Como neurocientista, tudo que aprendo e vejo passa
pelas lentes da Neurociência, mais especificamente, da Neurociência
Comportamental. Através da visão que adquiri como neurocientista, quero
falar sobre processos que podem ser considerados ainda mais básicos do
que o amor, que é a importância das relações sociais para nossa espécie e
como este conhecimento pode te ajudar a revolucionar a sua vida, ou pelo
menos, te ajudar a refletir um pouco mais sobre as escolhas que têm feito.

Vamos começar?
Por Ana Carolina Souza
PARTE 1: A NEUROBIOLOGIA DO AMOR

Vocês sabiam que tudo que processamos no cérebro, experiências, estímulos,


informações... tudo isso vai sendo armazenado em uma espécie de REDE
ASSOCIATIVA? Diferentes elementos vão sendo conectados uns aos outros e
são organizados a partir da força dessas conexões.

Para trazer uma imagem mais didática, quero que imaginem uma grande
rede de pesca. Essa rede de pesca é formada por vários nós que vão juntando
as cordas e formando essa rede.

Agora imagina que você pega um dos nós dessa rede e puxa para o alto, em
direção ao céu. Você pode notar que alguns nós ficam mais próximos daquele
que está em sua mão e que existem outros nós que ficam mais distantes da
sua mão... alguns podem ficar bem distantes inclusive, lá embaixo, rente ao
chão. Esses nós representam diferentes conceitos armazenados no cérebro e
a proximidade entre eles representa a força de associação. Quanto mais
próximo um nó está do nó que você está segurando, maior será sua força de
associação.

Esses nós representam tudo que você carrega como referência de


aprendizado ao longo da vida, e que se conecta com aquilo que você está
ativando no cérebro quando acessa essas redes inconscientes. Essa é uma
forma como o cérebro otimiza o processamento de informações, e está
diretamente ligada a forma como aprendemos as coisas.

Vamos imaginar agora, que o nó que você está segurando representa este
conceito que chamamos de amor. O que será que no seu cérebro está
fortemente associado a isso? Provavelmente, você terá referências de relações
afetivas, corações, flores, gestos e expressões de carinho, espaços
acolhedores... o que mais aparece nesta rede? Aposto que muita coisa! Sons,
cheiros, lugares, conceitos, as respostas emocionais, tudo isso faz parte desta
rede associativa que junta o que chamamos de memórias quentes e frias.

Quando pensamos no amor, a complexidade daquilo que representa esta


vivência pode ser gigantesca e bastante elaborada. E como isso passa pela
própria experiência de vida de cada um, essas redes podem ser bastante
variadas de pessoas para pessoas e certamente incluem inúmeras referências
sociais e culturais.

Mas ainda que essas experiências sejam muito variadas, hoje conhecemos
um pouco mais os processos neurais que estão por trás desta emoção que
segue encantando tantas pessoas ano após ano.

O que sabemos sobre a neurobiologia do amor?

Eu sei que o coração ganhou o status de símbolo do amor, mas a verdade é


que esta resposta acontece dentro do seu cérebro e envolve diferentes
regiões, neurotransmissores e neuromoduladores.

Hoje sabemos que quando estamos muito apaixonados há, por exemplo, a
ativação de uma região no cérebro que pertence ao Sistema de Recompensa,
chamada Área Tegmental Ventral. Esta ativação é associada com a
necessidade que sentimos de estar sempre junto da pessoa amada e ao fato
de pensarmos constantemente nela.

A má notícia é que esta mesma região, também se mantém ativa quando


você termina um relacionamento, mas ainda gosta da pessoa... Isso explica
por que em alguns casos pode ser difícil “tirar a pessoa da cabeça”.
O funcionamento deste sistema (de recompensa) é mediado por um
neurotransmissor que vem ficando bem famoso, a Dopamina. A DOPA é
associada às respostas de busca por prazer e motivação (wanting, motivação,
foco, craving - Ref: Helen Fisher).

Quando vivemos uma experiência de prazer junto a alguém, a liberação de


DOPA no cérebro cria automaticamente uma associação positiva entre esta
pessoa e a resposta de prazer que foi sentida naquele momento, gerando
uma espécie de reforço positivo. Este aprendizado é o que permite que volte
a buscar aquilo que é prazeroso, que no caso aqui, seriam as pessoas pelas
quais nos apaixonamos.

Dependendo do vínculo que é formado, o simples fato de olhar a foto de


alguém que amamos, já provoca liberação de DOPA. E você também pode
expressar um leve sorriso ou mesmo sentir o coração acelerar.

Este tipo de ativação do sistema dopaminérgico também é capaz de gerar


respostas de condicionamento, que seria a associação entre aquilo que gera
prazer – no caso a pessoa - e outros elementos “neutros” que sozinhos não
provocam esta resposta. Passamos então a reagir positivamente não só
quando vemos a pessoa que amamos, mas toda vez que temos contato com
algo que lembra esta pessoa, como um determinado perfume, um lugar e
por aí vai.

Um outro ponto interessante quando falamos dessa neuroquímica do amor, é


que existe um balanço natural no cérebro entre a concentração de DOPA e
Serotonina (outro neurotransmissor) de maneira que quando um sobe o
outro desce.

No início do relacionamento, quando há a paixão, o aumento de DOPA leva a


uma redução nos níveis de serotonina. Essa redução dos níveis de serotonina,
neste contexto, também é associada aos comportamentos compulsivos que
temos quando estamos apaixonados e ao que chamamos de pensamentos
intrusivos (pensar constantemente na pessoa). O encontro com a pessoa
amada aliviaria esta resposta, causando novamente um reforço desse vínculo.

Também observamos além das respostas de dopamina e serotonina, níveis


altos de norepinefrina (ou noradrenalina) que ajudam a compreender por que
nos sentimos eufóricos e cheios de energia (excitação/arousal) quando
estamos apaixonados, e em alguns casos esta resposta pode ser associada
inclusive a perda de apetite e de sono.

Vejam que existem várias alterações fisiológicas que são associadas a esta
reposta de paixão, que ajudam a gente a entender certos comportamentos
observados nas pessoas apaixonadas! Mas vocês também já devem ter
ouvido falar que quando estamos apaixonados, perdemos a razão, ou viveram
situações que olhando depois nem fazem mais sentido, não é?

Bom, isso é associado a uma redução na atividade de regiões do Córtex


Pré-Frontal, que é responsável por regular justamente os comportamentos
impulsivos, contribui para tomada de decisão e favorece a visão de longo
prazo. (“perda do freio”)

O mais interessante é que esta diminuição na atividade de certas regiões do


CPF ocorre de forma seletiva, em resposta à pessoa amada, mas não a outras
pessoas. Por isso muitas vezes a maneira com que percebemos e reagimos a
certas atitudes daqueles que amamos é diferente da maneira como lidamos
com atitudes vindas de outras pessoas.

Isso também explica por que agimos de forma mais impulsiva e muitas vezes
tendenciosa (comprometendo nosso julgamento) quando estamos
apaixonados.
Todas essas respostas e alterações cerebrais são mesmo muito intensas, mas
sabemos que a paixão é uma fase passageira. Após 1 ou 2 anos, aquele
balanço entre dopamina e serotonina se restabelece, novas moléculas entram
em cena, como a beta-endorfina que é identificada em amores duradouros, a
ocitocina e vasopressina, hormônios que vêm sendo estudados para nos
ajudar a compreender a formação de diferentes tipos de vínculos amorosos.

A ocitocina inclusive é conhecida como o hormônio do amor e hoje se sabe


que esta molécula (estudada nas relações de amor entre casais, e no amor
materno) desempenha um papel fundamental na formação dos vínculos
sociais e na resposta de confiança.

A gente percebe então que a ideia de que paixão é diferente de amor,


também é representada por esses estudos em neurociência e o que vemos é
existem mudanças cerebrais e bioquímicas que acompanham este processo
emocional, ou talvez seja melhor dizer, que sustentam o amadurecimento da
relação amorosa. E vemos também que esses processos são diferentes, de
acordo com os diferentes tipos de amor.

As diferentes expressões dessas moléculas e seus receptores entre os


indivíduos também irão influenciar esta resposta que estamos denominando
como amor, e por isso, elas podem variar muito de pessoa para pessoa.

Seja como for, podemos considerar que o amor é uma experiência de prazer
e recompensa, associada a formação de vínculos.

Apesar de sabermos cada vez mais sobre as respostas cerebrais associadas


aos diferentes tipos de amor, é importante destacar que essas regiões
cerebrais e neurotransmissores não são ativados apenas em resposta ao
amor. A verdade é que ainda hoje pode ser bem difícil delimitar tudo que
ocorre no cérebro em resposta a uma determinada emoção.

Assim como numa orquestra, que diferentes instrumentos podem ser


tocados em conjunto ou separadamente de diferentes formas, e gerar
inúmeras expressões musicais, no nosso cérebro, essas respostas bioquímicas
e neuronais também podem variar muito entre si e estarem associadas a
diferentes processos emocionais e comportamentos.

Descrever 100% a neurobiologia do amor é algo que ainda não conseguimos


fazer e talvez seja mesmo muito difícil explicar o amor (e representar toda sua
complexidade) falando apenas de neurotransmissores, respostas fisiológicas e
regiões do cérebro. Acredito que este conhecimento, oriundo da
neurociência, nos ajuda a entender este fenômeno, mas que certamente há
muito o que ser aprendido a partir também de outras perspectivas. Afinal de
contas, não há uma definição simples ou única que seja capaz de explicar o
que é o amor. E esse amor, como mencionei antes, ganha muitos contornos a
partir das experiências individuais e diferentes culturas.

Mas se por um lado a experiência do amor é altamente subjetiva e varia


muito entre as pessoas, por outro, vemos que há algo em comum que nos
ajuda a compreender aquilo que sentimos como amor. O que será que existe
em comum quando falamos de amor, pensando nas diferentes expressões
que existem para esta emoção?

Uma forma de se estudar as emoções é a partir da lógica de sistemas, então


ao invés de compreender o que ocorre com nosso corpo olhando a resposta
para uma emoção específica, buscamos “agrupar” essas respostas e ver o que
todas elas têm em comum.
A partir de agora vamos olhar para o amor, através desta perspectiva.
Observando o processamento das emoções e a importância delas para
nossas vidas.

PARTE 2: O AMOR É UMA EMOÇÃO

O amor é uma emoção. Na visão da Neurociência Comportamental, emoção


e motivação seriam a mesma coisa. Então quando falamos de emoções,
estamos falando de comportamentos (aquilo que nos move, nos mobiliza).

As emoções são processos inconscientes, ou seja, que não estão


necessariamente sob nosso controle voluntário, que estão associadas a
respostas automáticas. Primeiro ocorre a emoção e somente depois, temos
consciência disso.

Parte desta resposta, pode ser facilmente percebida por nós. Imagina que
você está num restaurante e encontra com a pessoa por quem está
apaixonado(a). Você provavelmente sente o coração acelerado, as mãos frias
(uma resposta típica de arousal, intensidade emocional), talvez até perceba a
boca seca. E como você se comporta? Provavelmente, caminha (ou corre) em
direção a essa pessoa, a abraça e beija. Vejam que esta resposta envolve
diferentes sistemas do nosso corpo e que ao final há um comportamento.
Neste caso é uma resposta de aproximação.

E se fosse uma pessoa que você detesta, provavelmente seu coração também
estaria mais acelerado, mas dessa vez, você correria no sentido contrário! Ou
fingiria que não viu esta pessoa.

As emoções direcionam o nosso comportamento e as respostas fisiológicas


que sentimos na verdade devem ser coerentes com este comportamento. Ou
seja, quando nosso cérebro dispara uma resposta associada a determinada
emoção, ele busca garantir o que seu corpo precisa para reagir de forma
adequada ao contexto vivido.

Essas respostas são a manifestação física da emoção, mas junto dessas


respostas que estão associadas à ativação do sistema nervoso autônomo,
temos também outras respostas associadas à liberação de hormônios,
neurotransmissores, alterações do nosso sistema imune e por aí vai! As
respostas emocionais seriam como a música que de uma orquestra –
composta por vários instrumentos - e o cérebro é o maestro disso tudo.

Perceberam que nos dois exemplos que dei agora, vocês estavam correndo
em sentidos opostos quando falamos de encontrar alguém que gostamos ou
não gostamos? Isso é explicado pelo padrão de motivação que foi ativado em
seu cérebro em resposta a esses diferentes estímulos.

Vamos falar então um pouco mais sobre os Sistemas Motivacionais, pois isso
ajuda a gente a entender a importância das emoções e seu funcionamento.

No cérebro existem dois Sistemas Motivacionais.

· Apresentação dos Sistemas – Aproximação e Esquiva (Afastamento).

· Responsáveis por coordenar as respostas motivacionais/emocionais.

· Existem diferentes níveis de complexidade e intensidade dessas


respostas.

· Selecionados evolutivamente por garantir a nossa sobrevivência


(comportamentos mais adequados a cada momento).

· A importância das emoções na tomada de decisão.


Podemos considerar através desta perspectiva, que o amor é um tipo de
resposta apetitiva, associada a um comportamento de aproximação.

Claro que esta visão serve para o amor que é vivido e experienciado de forma
positiva. O fim de um relacionamento ou um amor não correspondido não
entrariam nesta lógica, pois estaríamos experienciando emoções negativas e
respostas coerentes com expressões de raiva, frustração, tristeza... mais
associadas ao Sistema Defensivo.

É justamente esta resposta de aproximação, causada pela ativação do


Sistema Apetitivo, que estaria por trás da nossa capacidade de gerar conexão
e formar vínculos sociais.

PARTE 3: INCLUSÃO, EXCLUSÃO E A NOSSA SOBREVIVÊNCIA

Quando observamos as diferentes formas e expressões de amor, vemos que


todas têm em comum a formação de vínculos sociais. A capacidade de se
conectar com outras pessoas de uma forma diferenciada, significativa.

Talvez essas conexões tenham intensidades diferentes, e algumas nem


cheguem a ser nomeadas por você como amor, mas eu quero que vejam que
há um mecanismo aqui que aparece nas diferentes formas e expressões de
amor, que é algo inerente a maneira como agimos e quem somos. Somos
animais sociais e, portanto, pertencer é algo fundamental para nossa espécie.
Tão importante que hoje sabemos que a exclusão social pode causar dor,
literalmente.

Um estudo feito pela Dra. Naomi Eisenberger e publicado em 2003 na


revista Science, uma revista muito importante na área científica, mostrou que
adultos, convidados para participar de um jogo virtual enquanto tinham seus
cérebros escaneados por uma máquina de ressonância magnética funcional,
tiveram uma ativação do Córtex Cingulado Anterior ao serem excluídos do
jogo. Esta região é conhecida por sua relação com o processamento
emocional da dor.

- Explicar que existe um processamento físico e outro emocional da dor.

- Esta resposta de dor emocional estaria presente também quando perdemos


alguém importante ou passamos por um término de relacionamento.

Em outras palavras, adultos saudáveis, ao serem excluídos de um jogo


simples de computador, têm uma resposta de alarme no seu cérebro, que
indica que algo importante está acontecendo - porque é isso que significa
esta resposta.

Se este simples experimento de exclusão social foi suficiente para mostrar


esta resposta, imagine o que acontece conosco quando nos sentimos
excluídos de situações ainda mais relevantes?

Mais do que disparar um alarme no nosso cérebro, a exclusão social e o


isolamento representam riscos para nossa saúde. Estudos mostram que
animais de outras espécies sociais, quando ficam isolados, possuem um
comprometimento de seu Sistema Imune, e por isso, são mais susceptíveis a
doenças e demoram mais para ter a cicatrização adequada de suas feridas.

Esta resposta não se limita aos outros animais, um estudo feito por Sheldon
Cohen em 2003 mostrou que pessoas que levavam uma rotina mais isolada,
com menos relações sociais, tinham maior probabilidade de desenvolver o
vírus da gripe após passarem por um estudo com exposição controlada a este
vírus e ficarem em observação (quarentena para acompanhar os resultados
desta exposição ao vírus).
Se por um lado, sentir-se excluído socialmente é capaz de causar dor
emocional e nos tornar mais vulneráveis, por outro lado, o suporte social pode
trazer resultados muito positivos!

Um estudo de 2003 desenvolvido por Markus Heinrichs resolveu testar os


efeitos protetores do suporte social em pessoas que passavam por uma
situação de estresse psicológico em laboratório.

As pessoas que participavam do estudo, deveriam passar por uma espécie de


entrevista de emprego. Este teste, conhecido como Teste de Estresse Social
de Trier, é bem conhecido na literatura e considerado muito eficiente para
gerar uma resposta de estresse psicológico em humanos, o que pode ser
medido através da resposta de um hormônio chamado cortisol.
Normalmente as pessoas têm em torno de 10 minutos para se preparar para o
teste. O que eles fizeram de diferente neste estudo, foi dizer a um grupo de
participantes que eles poderiam convidar uma pessoa para ajudá-los a se
preparar para a entrevista de emprego, antes de iniciar o teste. Essas pessoas
então deviam oferecer suporte social, apoiando os participantes durante esta
etapa de preparação. Ao final dos 10 min, todos seguiam para o teste de
estresse normalmente - sozinhos.

O que eles viram, foi que aquelas pessoas que receberam apoio emocional
durante o período de preparação tiveram a resposta de cortisol diminuída
significativamente após passar pelo teste de estresse! E querem saber o que
mais eles fizeram? Eles testaram até que ponto o hormônio ocitocina –
aquele hormônio conhecido como o hormônio do amor - seria capaz de
replicar este resultado. O efeito não foi tão grande quanto ter um amigo ao
seu lado, mas foi no sentido correto, sugerindo que este efeito protetor do
suporte social seria sim intermediado pela ocitocina. Esta ideia é corroborada
por outros estudos, inclusive em modelos animais, mostrando que os vínculos
sociais geram respostas protetoras e que isso ocorreria por uma mediação da
OX.

As evidências a respeito da importância dos processos de inclusão e das


relações sociais para nossa espécie são muitas, há um estudo em particular
que vale a pena ser citado pela relevância que tem. Este é considerado o
estudo mais longo já desenvolvido na área e é conhecido como

Estudo de Desenvolvimento Adulto da Harvard

Este projeto, que hoje é liderado pelo pesquisador Robert Waldinger, foi
iniciado em 1938 e há mais de 80 anos vem acompanhando um grupo desde
o início de sua adolescência, com o objetivo de descobrir o que torna uma
vida mais feliz e saudável.

O que o estudo mostrou é que pessoas que são mais conectadas à família,
amigos e a comunidade, são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem
mais do que as pessoas que não são.

· O estudo viu que as pessoas que têm boas relações sociais sentem
menos dor e teriam melhor memória aos 80 anos.

· Estes resultados são preditivos: O estudo mostrou que aos 50 anos, o


nível de satisfação dessas pessoas com seus relacionamentos foi capaz de
predizer quem chegaria de forma mais saudável aos 80 anos.

O mesmo estudo também provou que a solidão é algo tóxico para nós.
Pessoas que se sentem mais isoladas do que gostariam, se sentem menos
felizes, sua saúde decai de forma mais precoce quando atingem a meia
idade, o funcionamento do seu cérebro decai mais rapidamente e vivem
vidas mais curtas do que as pessoas que não se sentem solitárias.
Esses resultados não dizem respeito, necessariamente, à quantidade de
relacionamentos que se tem e tampouco tem a ver com estar ou não em um
relacionamento amoroso sério, mas diz respeito à qualidade dos seus
relacionamentos mais próximos.

Viver relações íntimas de qualidade teria realmente um efeito protetor para


nossa saúde, mesmo que sejam apenas algumas pessoas com quem você se
relaciona. Um ponto importante de dizer sobre essas relações é que não são
exatamente felizes como se mostra nos contos de fada, mas são descritas
como relações de confiança. Pessoas que você pode contar a qualquer
momento para te ajudar, caso precise.

De acordo com os pesquisadores, as relações sociais seriam capazes de ativar


certas respostas fisiológicas que seriam capazes de proteger a gente dos
efeitos deletérios do estresse, ao longo da vida – como no estudo citado.

O que estamos vendo é que nutrir bons relacionamentos, investir na


qualidade mais do que na quantidade e criar vínculos de confiança é algo
fundamental para manter nossa saúde e bem-estar.

PARTE 4: O AMOR COMO FORMA DE CONEXÃO E PERTENCIMENTO

Se o amor pode ser entendido como uma forma de vínculo e conexão, e


reconhecendo a importância disso para nossa sobrevivência, então na minha
opinião, a empatia há de ser a grande habilidade que nos permitirá viver tudo
isso plenamente! Por isso agora vamos aprofundar um pouco mais neste
tema.

O que é empatia?

Hoje falamos muito de empatia mas entendemos pouco. Consideramos que


ser empático significa concordar com alguém, mas não necessariamente.
Empatia é a capacidade que todos temos de compreender o outro, a partir de
suas emoções e ponto de vista.

· Existem 3 tipos de empatia:

o Cognitiva

o Emocional

o Preocupação Empática

· Explicar o funcionamento neurobiológico da empatia.

o Neurônios espelho

o Empatia e a dor emocional: Um estudo bem interessante de


Philip Jackson de 2005 mostrou que pessoas que observam
fotos de outras pessoas desconhecidas se machucando
(cortando o dedo com a faca ou prendendo o pé na porta do
carro) têm uma ativação no Córtex Cingulado Anterior,
aquela região associada ao processamento emocional da dor,
lembra? E o mais interessante é que quanto maior a atividade
observada nesta região cerebral, mais os participantes
afirmam que o acidente “deve ter doído” na pessoa da foto. Ou
seja, esta ativação cerebral nos permite compreender que a
outra pessoa sentiu dor e ainda estimar a intensidade desta
dor!

Ficamos empáticos com uma pessoa quando, ao observar ou imaginar seu


estado afetivo, ativamos em nosso cérebro as mesmas regiões que
ativaríamos se nós mesmos estivéssemos vivendo tal situação.
Dessa forma, a empatia permitiria uma maior compreensão das atitudes e
intenções dos outros, o que favorece a interação social. Essa seria uma
vantagem evolutiva para espécies sociais como nós. E seria considerado, um
processamento básico associado aos comportamentos pró-sociais. Se eu não
entendo o outro, como posso me posicionar em relação a ele, agindo de
forma pró-social?

Por isso, podemos considerar que a empatia é determinante para que haja a
conexão social. Mas apesar de ser algo natural, e muito relevante para nossa
espécie, a empatia não é algo que ocorre de forma linear – ou seja, você tem
ou não tem – e muitos fatores hoje comprometem este processo.

· A variabilidade natural da resposta de empatia (proximidade com as


pessoas, identificação, tipos de emoções, etc)

· Fatores que atrapalham a empatia: Pressão do tempo, ansiedade, hiper


estimulação e falta de atenção (multitasking).

Outro ponto que atrapalha esta conexão é o medo de se vulnerabilizar. A


busca pela vida perfeita nos afasta daquilo que nos humaniza e permite uma
conexão real entre as pessoas, ninguém se identifica com algo que não
reconhece.

· O medo de errar ( julgamento) pode impedir as pessoas de viver


experiências mais reais e reduzir esta conexão.
· Vulnerabilização, abertura e empatia.

Compartilhar experiências e buscar sinergia é uma forma de desenvolver esta


habilidade e promover a conexão!

Dicas para favorecer e exercitar a empatia:


1) Criar e nutrir vínculos emocionais e afetivos.

2) Vivenciar momentos de integração que permitam conhecer melhor o


outro.

3) Agir de forma conciliatória.

4) Exercite a escuta ativa, demonstrando interesse no outro e evitando


julgamentos ou “soluções frias”.

5) Dê atenção às pessoas ao interagir com elas - deixe de lado os eletrônicos!

Autoconhecimento:

Um último ponto importante quando falamos de empatia é que quanto


maior for o nosso próprio conhecimento a respeito das emoções e do que
sentimos, maior é a chance de desenvolver empatia. Afinal, não podemos nos
conectar ou simular mentalmente aquilo que desconhecemos!

Investir no seu autoconhecimento pode ser uma forma bem interessante de


amor-próprio que irá contribuir com a sua capacidade de criar vínculos e se
conectar socialmente.

· O que eu gosto e me faz bem? O que não gosto?

· Quem sou eu? Quais são minhas necessidades, limites?

· Como me sinto quando...

Um estudo bem interessante, que representa bem o que quero trazer aqui
com a empatia, mostrou que pessoas que cantam em grupo (coral), se
sentem mais felizes e pertencentes a um grupo de forma significativa.
Ao que tudo indica, a sincronicidade da respiração - associada a atividade de
canto, parece gerar um grande senso de conexão entre essas pessoas, legal
né? É bem possível que se olhássemos em seus cérebros, veríamos a ativação
dos neurônios espelho a mil!

Viver experiências em conjunto, favorecem a sincronicidade dos nossos


cérebros e com isso, o senso de pertencimento. Partilhar valores, emoções e
experiências são formas eficientes de gerar conexão, mas além disso, podem
permitir também a formação de grupos e promover o real senso de
pertencimento.

Quando falamos de pertencimento, falamos também de PROPÓSITO. Outro


tema que está muito em voga, mas que apresenta diferentes perspectivas.

Na visão da Neurociência, o propósito é um tipo de motivação intrínseca e diz


respeito à necessidade que todos temos de estarmos conectados com algo
que dá sentido à nossa existência, uma razão de existir. O propósito costuma
estar associado a processos que permitem impactar positivamente a vida de
outras pessoas, ter uma contribuição significativa para a comunidade a qual
você pertence.

Consideramos que ao sabermos exatamente de que maneira contribuímos


para esta comunidade, nos sentimos pertencentes e passamos a ter um
papel significativo na sociedade. Esta experiência favorece a sensação de
pertencimento, junto com o compartilhamento de valores e
comportamentos similares dentro dessa comunidade.

Mais do que estar rodeado de pessoas, precisamos nos sentir


verdadeiramente conectados às pessoas, compartilhar vivências e sentir que
importamos, pertencemos a este grupo. E sentir-se conectado às pessoas,
mobilizado positivamente, foi justamente o ponto inicial da nossa discussão a
respeito do que é o amor! Não é atoa que o amor aparece em tantos modelos
ligados à felicidade e ao bem-estar, mas talvez tenhamos que ampliar mais
esta visão de qual amor seria aquele que estamos falando, afinal, ao que tudo
indica, todas as relações significativas importam!

PARTE 5: CONCLUSÃO

Como bem diz o Roberto Nogueira, “O amor é um afeto catalisador de


bem-estar.” Mais importante talvez do que classificar, ou definir de maneira
muito específica o que é o amor, seja entendermos que por trás dos
diferentes tipos de amor, somos capazes de observar processos emocionais
considerados fundamentais para nossa sobrevivência, que influenciam
diretamente nossa saúde e bem-estar.

Ter uma vida saudável, feliz e significativa, vai depender diretamente da nossa
capacidade de formar vínculos e nutrir relações sociais positivas. Para isso,
precisamos nos dedicar a esses relacionamentos.

Priorizar as pessoas que amamos, dar atenção a elas e permitir uma troca
genuína de experiências e emoções, para que esta conexão se torne cada vez
mais forte e autêntica. Aqui cabem algumas reflexões:

• Quando você vive experiências de prazer junto às pessoas que ama?

• Quanto tempo dedica aos seus relacionamentos?

• Quanto de atenção você direciona para essas pessoas?

Experimente reduzir o tempo de tela e trocar por tempo de conversa. Exercite


a vulnerabilidade e fale mais sobre o que sente. Escute e olhe esta pessoa
com atenção... você vai ver que ações simples podem fazer toda a diferença!
E se você fez o curso e se sente sozinho, pense no que pode fazer a partir de
agora para explorar novas relações, conhecer novas pessoas ou quem sabe se
reconectar com pessoas que um dia foram importantes para você. E
lembre-se, amar e se permitir ser amado pode ser a grande mudança que
você espera na sua vida!

BIBLIOGRAFIA INDICADA PELA PROFESSORA

• Sociability and susceptibility to the common cold. Sheldon Cohen e


cols. Psychol Science. 2003 Sep;14(5):389-95.

• Does rejection hurt? An fMRI Study of Social Exclusion. Naomi I.


Eisenberger e cols. Science, 2003 (302).

• Social Support and Oxytocin Interact to Suppress Cortisol and


Subjective Responses to Psychosocial Stress. Markus Heinrichs e cols.
Psychoneuroendocrinology, 2003 (54), 1389-1398.

• Social facilitation of wound healing. Courtney E. Detillion e cols.


Psychoneuroendocrinology. 2004 (29), 1004-1011.

• How do we perceive the pain of others? A window into the neural


processes involved in empathy. Philip L. Jackson e cols. NeuroImage, 24
(2005) 771-779.

• Choir singing boosts your mental health. Nick Stewart (Hayley Dixon).
Telegraph, 4 dez. 2013.

• The Secret to a Happy Life — Lessons from 8 Decades of Research |


Robert Waldinger | TED

• Good genes are nice, but joy is better. Liz Mineo.


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