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Revisitada
Podemos entender essa história como daqueles dois que saíram da caverna,
uma história dos primórdios da humanidade (e não tanto da história da espécie
humana). É importante observar que a alma imoral não é a traição, a transgressão
pura, mas sim um olhar que, para o homem, representa sua potência máxima:
Saber quando a obediência não é um caminho certo, bem como a desobediência
não é um caminho errado. É uma transgressão de olhar: temos a capacidade de
desconstruir estruturas, pensamentos e morais estabelecidas, que nos impulsionem
para o futuro, para novas conformações e possibilidades.
A história humana pode ser interpretada não a partir de um pecado, mas sim de
uma aventura, bem como a transgressão não exclui o mal, mas o contempla como
uma força da vida. Para além dos comandos de obediência, temos desejos e
impulsos. A serpente, o mais astuto e “nu” de todos os animais, é também um
símbolo do pensamento, que nos leva a lugares sinuosos. Se pensarmos em
Adão e Eva não como ingênuos, mas como potências humanas que enxergam
a ordem do Criador como um convite à escolha, Eva, por meio desta reflexão,
identifica um mundo possível que é mais desperto, dos afetos, da capacidade
de sermos autônomos e responsáveis em função de nossos interesses e propósitos.
Adão e Eva escolhem a partir destas premissas e vão para um lugar mais mundano
que a própria natureza, e que surge da autonomia, como consequência dessa
escolha. Ao comerem da Árvore do Conhecimento, Adão e Eva imediatamente
se veem nus. Uma nudez que pertence à matéria, associada à culpa e à vergonha.
O fim da inocência nos torna automaticamente culpados, responsáveis –
a vergonha da nudez surge do binômio de estarmos, na transgressão, sendo
perversos ou tolos, e por isso nos vestimos, seja com roupas ou de significados
(trabalho, religião, família).
Adão e Eva são, portanto, inauguradores da alma imoral pela via da desobediência.
Eles enxergaram algo maior e escolheram a vida, e talvez este fosse o desejo e
o propósito do Criador.
AULA 2
Abraão: o rompimento e a
criação de uma nova história
Neste encontro a oportunidade de refletir a obra, interpretar os acontecimentos,
enfrentar a inércia e os lugares de sofrimento, do desenvolvimento da capacidade
crítica e entendimento, saber escolher o melhor caminho por meio de apostas
e riscos, assumidos de renunciar a benefícios imediatos para alcançar, adiante,
algo melhor, sempre contrastando com o certo que é o errado, ou o errado que
é o certo no âmbito emocional.
A história geralmente pode ser contada por meio de duas perspectivas, uma é
a tradição, um olhar para o passado, de valores, de questões; e a outra são as
traições, demandas, chamamentos para o que vem do futuro.
Este criador instiga Abraão a trocar este olhar do passado e se voltar para o futuro
de forma que esta reflexão visa compreender a potencialidade do ser, o que ele
pode se tornar.
A história de Abraão por mais que tenha a proposta de Deus, esta proposta ela
não veio acompanhada de indicativos, porém este Deus é um parceiro que ajuda
Abraão a descobrir quem ele é, que o ajuda a manter a sua figura íntegra.
Outro comando emitido por Deus para Abraão é um pedido de sacrifício de seu
filho, sem nenhuma razão ou motivo aparente, como uma prova da sua integridade
e fé, porém esta leitura evidencia certa postura ingênua de Abraão, porém o que
podemos observar é uma prova, um local de prova, se tomarmos como fato de
que naquela cultura sacrificavam seres humanos, no momento em que preparava
seu punhal Deus o impede, fazendo outro pedido, para que substituísse este
filho por um animal, demonstrando que não passava de uma escolha de Abraão,
atendendo mas não obedecendo.
Abraão então inicia o processo de sair do lugar da sua cultura e dar um passo
gigantesco em direção a uma integridade que fala a um não comando. Que
aponta os novos caminhos íntegros; sua figura é importante, pois ele consegue
transgredir obedecendo, pois esta obediência o levou a mudar sua personalidade.,
nos hábitos, desta maneira ouvir a voz da integridade se desdizer e apontar um
novo caminho.
O ser humano para estar caminhando neste campo tão inóspito da autonomia,
ele precisa desta alma imoral, que não o permita realizar sacrifícios errados,
desnecessários graves e ao mesmo tempo sem propósito bem como a possibilidade
de questionar, dando um passo enorme em direção ao futuro.
AULA 3
Muitas vezes estamos satisfeitos com o nome que temos. Porém, em alguns
casos, este nome representa expectativas de uma cultura ou da tradição. É preciso,
portanto, abandonar este nome carregado de passado para receber um novo,
representativo de nós mesmos, mais verdadeiro.
AULA 4
Moisés: transgressão
e libertação
Moisés, um dos nomes mais importantes da tradição judaica, não apenas recebeu
os mandamentos enviados por Deus, mas também organizou a primeira “constituição”
de seu povo numa forma de poder definir o que seria certo, ou errado. A lei de Moisés
era uma nova lei que exige interpretação.
Escravizados pelo faraó, o povo hebreu se encontrava em um local que não fertilizava
a vida. Moisés fazia parte deste grupo e recebeu de Deus a ordem de mobilizar seu
povo para a fuga. Depois de diversas insistências e ter o Egito assolado por pragas,
o faraó concede a Moisés a libertação do povo, mas se arrepende pouco depois,
perseguindo-os com seu exército.
Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor,
que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver.
O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que
clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. (Êxodo, 14:13-15)
Jesus: o julgamento e o
futuro do corpo e da alma
Após tratarmos o lado físico representado por Adão e Eva, o emocional com a
figura de Abraão, o intelecto na figura de Jacó e Moisés, que oferecia um lugar
na espiritualidade, chegamos a Jesus de Nazaré.
Messias quer dizer “ungido”, aquele que vem da casa de Davi – e Davi foi um
rei demasiadamente humano e com defeitos. Neste último encontro do curso
“A Alma Imoral Revisitada”, o rabino Nilton Bonder nos conta as passagens
bíblicas que justificam a vinda do Messias pela linhagem de Davi. Observamos,
então, um dos lados da linhagem oriundos das filhas de Ló que, após a destruição
de Sodoma e Gomorra, acreditando que o mundo todo havia sido dizimado,
tentam salvar o futuro do da humanidade. Em um ato visto como imoral e
incestuosa, embebedam o pai Ló e decidem gerar descendentes para o
povoamento da Terra. Um destes descentes foi Moabe - gerando os povos
moabitas, um lado da linhagem de Davi, vinculado à figura de Ruth. Este seria
o primeiro exemplo que trazem à figura humana o impasse da escolha entre a
moralidade e a imoralidade.
Do outro lado da linhagem segundo a narrativa bíblica, Tamar casou-se com Er,
primeiro filho de Judá, mas Deus fez com que seu marido morresse deixando
Tamar viúva. Sem conseguir conceber um filho, Tamar ocultou sua identidade
e se disfarçou de prostituta para conseguir que o próprio sogro, Judá, tivesse
relações sexuais com ela e gerasse seu herdeiro. Novamente, observamos uma
atitude imoral da parte da mulher que, concomitante ao erro, produziu resultados
considerados bons, ou seja, um herdeiro para seu sogro.
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