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Os Dezesseis Raios da Roda de Dama Fortuna

Por OTO-LCN BR março 23, 2011

Dentro do corpo de ensinamentos da Arte Tradicional, encontramos os temas,


estações e princípios que ocorrem em ciclos não lineares de Fortuna, que
exaltam e refinam as qualidades necessárias para que o peregrino alcance o
poder do Verbo, de completa conexão com a fonte. Estes processos são tanto
internos quanto externos, singulares ou combinados, e se aplicam em cada
passo dado pelo peregrino em seu dia a dia.

Minha intenção com este ensaio é o de trazer uma síntese deste corpo de
ensinamentos, ainda que de forma reinterpretada, muito reduzida e
simplificada visando à compreensão dos peregrinos que iniciam agora sua
jornada, o que não impede que estes temas possam ser debatidos em
profundidade em outros artigos. Este conhecimento foi legado a mim pelos
meus ancestrais na Arte, e está relacionado às estruturas da terra, dos oráculos
geomânticos, e aos oito casais pertinentes às direções da paisagem, partindo do
Leste.

Junto a cada raio, selecionei citações cujo propósito é exemplificar ou reforçar


um sentido. Espero que este ensaio possa trazer algum lume a cada estação
onde o peregrino se encontrar, bem como as reflexões necessárias sobre estes
processos alquímicos.

I - “Buraco Branco” (“A Cabeça de Deus”) – A força matriz de todos os


elementos. É o despertar, o início da jornada rumo à iluminação, o primeiro
passo de ingresso no caminho do sábio, cujo progresso depende da constante
vigilância em manifestar o bom caráter, em Perfeito Estado de Bem-
Aventurança. “Buraco Branco” nos conta que todos nós somos seres divinos
vivendo uma experiência humana, e que o universo é abundante, tanto de coisas
que experimentamos como “boas” ou como as “ruins”. É daqui também que
surge o conceito da busca do ideal mítico representado pelas divindades
(elementos). Esta força rege o cérebro e nervos de uma pessoa. Seu vínculo na
natureza é encontrado nas águas frescas das nascentes e minas. O maior
obstáculo nesta estação é a arrogância.

“Plotino diz que Kronos era o senhor da Era Dourada porque seu nome
significa Koros Nous, a “abundância da Mente Divina”, o que denota a
infinidade das Idéias Arquetípicas no Mundo Noético.” Nigel Jackson
  

II - “Buraco Negro” (“Cabelos, Pêlos”) – É escuridão do útero, do


esquecimento e da perda. É também a morte, o fim de um ciclo que trará a paz.
Esta é a sabedoria dos nossos Ancestrais, manifesta no processo de
transformação de toda a matéria. É a realização de que somos compostos de
carne e morte. Este é o salto para o Outro-Lado, Lar de nossos Ancestrais e a
Fonte da Criação. É aqui que aprendemos sobre a Era Dourada, e que tudo
possui uma plenitude a ser alcançada, e que ao interferimos neste processo,
finalizando-o prematuramente, deixamos de captar a lição da renovação. Seu
vínculo na natureza é encontrado nos sepulcros. O maior obstáculo nesta
estação é a atitude apressada, irrefletida, que não resulta em benefício ou
maturidade.  

“Lá vocês e eu, meus amores/ Lá vocês e eu vamos nos deitar, / Quando a cruz
da ressurreição estiver quebrada, / e nossa hora de morrer for chegada, /
Nunca mais haverá o choro, /Nunca mais haverá a morte / Só o dourado pôr
do sol  /Só o dourado descanso.” - Robert Cochrane

III - “Lobo” (“Olhos”) – É aquele que se move à noite, o predador misterioso.


Esta é a força da sabedoria que vai além daquilo que os olhos encontram,
através do reconhecimento de que tudo no universo tem uma dada forma de
consciência, e que a formação de consciência nos dá uma identidade única. É o
ímpeto, a transformação através do fogo, o cio dos animais. É também o fogo
perene que queima nos antigos altares, é o fogo da paixão, das paixões nos
levam ao conflito e do conflito que pode levar à resolução e crescimento, assim
como pode nos levar a mais conflito e derrota. Seu vínculo na natureza é
encontrado no fogo. O maior obstáculo nesta estação é deixar-se consumir pela
paixão, pela guerra sangrenta.

“Uma ‘grande sede de conhecimento’ é a precursora da sabedoria. O


conhecimento é um estado que toda a vida orgânica possui; sabedoria é a
recompensa do espírito, adquirida na busca pelo conhecimento.” - Robert
Cochrane
IV - “Vagina” (“Costelas e Traseiro”) – Esta estação é a do sentimento de
antecipação, do real momento da concepção de toda a Criação. Fala também do
ciclo de nascimento, renascimento e reencarnação. É saber partir do obsoleto ou
inadequado. Estes Mistérios são geralmente legados às mulheres. Seu vínculo
na natureza é encontrado na terra. O maior obstáculo nesta estação é tentar
desesperadamente manter-se preso ao passado.

“...se a Natureza fez-nos a nós, mulheres, de todo incapazes para boas ações,
não há, para a maldade, artífices mais competentes!” - Eurípedes, Medeia

V - “Menstruação” (“Sangue, Linhagem”) – Esta é a estação que nos conta


sobre os mistérios do sangue, da menstruação e da linhagem ancestral. Também
revela o uso positivo dos talentos provenientes do sangue e da orientação
familiar. Morte ante a desonra. Realização de potencial usando a precaução
como maior guia. Seu vínculo na natureza é encontrado no sangue. Estes
Mistérios também são geralmente legados às mulheres. O maior obstáculo nesta
estação é a resistência ao conhecimento ancestral e a auto-sabotagem, ou seja, a
resistência para desenvolver seu próprio potencial.  

“Quando todo o resto está perdido, e não antes disso, prepare-se para morrer
com dignidade.” Robert Cochrane
“Quae superius sicut quae inferius” - “O que está acima é igual ao que está
abaixo” – Tábua Esmeralda, Hermes Trimegistus.

VI –“Cabeça Reversa” (“Cerebelo, Pênis”) - Caminhar sem falhas,


graciosamente, e apreciar o princípio caótico inerente na forma. Esta é a estação
da Via Tortuosa. Todos os eventos que aparentemente são ordenados parecem
caóticos quando vistos de perto. Todos os eventos aparentemente randômicos
mostram sinais de ordem quando vistos a distância. Este é o caos dentro da
estrutura, o envelhecimento, a doença latente. É a força da destruição das
fundações enfraquecidas, onde temos que lidar com a mudança e aprender a ver
o mundo através de uma nova perspectiva. Seu vínculo na natureza é a brasa. O
maior obstáculo nesta estação é a depressão.

 “Mas noutro dia, eu tomei Chlide duas vezes, Pitho três vezes, Libas três e
quanto à Corinna – ela inspirou meu recorde: em uma curta noite eu contei
nove.
Poderia uma bruxa ter deitado um feitiço sobre mim? Dado a mim um decocto
mágico?
Modelado minha imagem em cera e alfinetado suas entranhas?
Magia pode transformar um campo de trigo em erva daninha, drenar bem as
fontes,
Fazer uvas e castanhas caírem, desnudar frutos.
Não poderia também emascular um músculo?
Sim, foi provavelmente bruxaria – isto e humilhação também – agravando o
colapso.” - Ovídio, Amores
VII – “Corda” (“Intestinos, Testículos e Ovários”) - A Força, o espírito da
força, da determinação. Nesta estação somos lembrados que os humanos não
são tão fortes quanto as forças da natureza que criaram a consciência do
homem. A compreensão deste princípio é a fundação do conceito de bom
caráter. É necessário controlar o desejo de forçar sua vontade sobre os outros,
do senso distorcido de auto-importância, que é oposta à generosidade de se
considerar as opiniões dos outros. É a boa Justiça. Todo egoísmo deve, em um
ponto, encarar a realidade de que o indivíduo não é o centro do universo, e o
resultado da escolha pode ser o crescimento ou a autodestruição. Esta é a
estação do conhecimento do Arcana Imperii. Seu vínculo na natureza é
o cordão umbilical, cordões de nós, escadarias de pedra, rosários. O maior
obstáculo nesta estação é o orgulho.

“...Quando o Senhor terminar toda a sua obra contra o monte Sião e contra
Jerusalém, ele dirá: ‘Castigarei o rei da Assíria pelo orgulho obstinado de seu
coração e pelo seu olhar arrogante.’...” - Isaías 10:12 NVT

VIII – “Coração” (“Coração, Veias e Unhas”). O crescimento espiritual ocorre


como resultado do balanço entre a mente e coração.  Quando a experiência nos
mostra que nossa percepção do mundo está errada, a consciência começa a
jornada pela verdade. Este é o ciclo de morte e renascimento que dá fundação a
todas as iniciações. Esta estação cria novas direções e novas possibilidades. Seu
vínculo na natureza é à noite. O maior obstáculo nesta estação é a
desesperança, a mudança constante baseada nas respostas emocionais
irrefletidas.

“No amor não há medo, mas o perfeito amor lança fora o medo, porque o
medo envolve castigo; e aquele que tem medo, não é perfeito no amor.” - 1
João 4:18
IX – “Ferro” (“Espinha”). Esta estação simboliza a idéia da necessidade de
remover os obstáculos, de organizar nossas estruturas com a finalidade de
progredir na jornada da realização de nosso Destino, nossa missão no mundo.
Esta estação fala da necessidade da prudência quando caminhamos em terreno
aberto. Seu vínculo na natureza são os objetos cortantes, os pregos, o arado e
a foice. Os maiores obstáculos nesta estação são a teimosia e a destruição
irresponsável.

“Não precisamos nem mesmo nos arriscar em uma aventura solitária, pois os
heróis de todos os tempos já o fizeram antes de nós. O labirinto é
completamente conhecido. Temos somente que seguir os rastros do caminho
do herói. E onde pensamos encontrar uma abominação, devemos encontrar
um Deus. E onde pensamos matar o outro, devemos matar a nós mesmos.
Onde pensamos viajar ao exterior, devemos vir ao centro da nossa própria
existência. Onde pensamos estar sozinhos, devemos estar com todo o
Mundo.”  - Joseph Campbell, O Herói de Mil Faces.
X – “Pássaro Noturno” (“Pulmões e Estômago”) – Esta estação gera a
mudança radical nas circunstâncias, com fatores externos que destroem a
forma. É a força das tempestades, furacões e vulcões. São todas as forças
destrutivas da natureza que transformam a tudo quando despertam. Forças da
natureza que possuem um efeito de limpeza e transformação. Em termos
pessoais, esta estação pode representar uma mudança drástica, pode trazer
abundância ou fuga. Seu vínculo na natureza são pássaros noturnos. O maior
obstáculo nesta estação é a malícia.

“Pois eu sou a voz que fala através de seu medo


Eu sou o poder que entra quando você não tem mais nada.”
De Liber Combusta, The Gospel of the Stellar Fire – Nicholaj Frisvold

“E todos os remédios que existem como defesa contra o sofrimento e a velhice,


A estes, você aprenderá, porque somente para você eu farei todas estas coisas
se realizarem.
E você irá parar a força dos incansáveis ventos que varrem a terra
E destruirá os campos com suas rajadas e explosões;
Entretanto, novamente, se você desejar, você provocará os ventos como
prêmio.
De uma negra tempestade você criará uma seca oportuna
Para os homens, e de um verão uma corrente de ar você criará
Inundações que nutrirão as árvores que fluirão pelo éter.
E você trará de volta do Hades a força vital de um homem morto”. Empédocles

XI – “Serpente” (“Boca, Músculos e Ombros”) – Esta estação prevê o


desenvolvimento no poder da palavra. É o poder pessoal manifesto na oração,
evocação ou invocação usado para a proteção, cura, transformação e a criação
da paz e abundância. É o elemento fundamental do processo de auto-afirmação.
A boca se polui com maldades é incapaz de construir qualquer bem. Seu vínculo
com a natureza é a serpente. Seus maiores obstáculos são o auto-enfeitiçar e o
denegrir.
“Uma velha megera que se senta entre as meninas realiza ritos para Tacita…
com três dedos, que ela coloca punhados de incenso sob a soleira, onde na casa
o rato fez seu buraco. Ela pronuncia encantamentos sobre algumas linhas, e as
amarra ao redor de chumbo escuro, e resmunga com sete feijões pretos em sua
boca. Então ela pega um peixe, o trombeiro[1], espalha piche em sua cabeça, e
costura sua boca, pinga vinha sobre ele e o assa na frente do fogo; o resto do
vinho ela bebe com as garotas. “Agora”, diz ela “amarramos as línguas hostis e
bocas rancorosas”

XII – “Feto” (“Ossos”) – Esta é a estação da purificação. O sistema


imunológico do ser humano usa a doença como um processo de purificação. Se
o sistema imunológico é fraco, a doença levará à debilidade e morte. Uma
relação com a Natureza que não seja saudável resulta em um sistema
imunológico fraco, é a estação do conhecimento do Arcana Naturae.
Compreender a fonte da doença é o primeiro passo para determinar a cura. Seus
vínculos com a natureza são os ossos. Seu maior obstáculo é a falta de coragem.

“Não se esqueçam que a terra se deleita ao sentir seus pés descalços e os


ventos anseiam em brincar com seus cabelos.” – Khalil Gibran
XIII – “Axis” (“Braços e Mãos”) – A visão mística alinha a consciência com a
fonte da Criação. Esta estação é a que nos informa sobre o alicerce do Destino,
nosso propósito (missão, função) no mundo. É a clareza, poder mental e
profecia. Temos que ter a real noção de nosso tamanho para evitar que o mundo
mergulhe em arrogância e todo o tipo de discriminação, como o racismo e o
sentimento de superioridade moral. Seus vínculos com a natureza são
os oráculos, augúrios e sinais. Seu maior obstáculo é o senso inflado de auto-
importância no grande esquema da Criação.
“Sob a Estrela
Ressuscito a Cruz
Viajei a este ponto
Onde tudo está quieto
Descartarei toda a falsidade
E seguirei adiante dentre os
Pastos do reino Dourado da Rainha
Sob a estrela, permaneço erguido
Eu não estou caído
Sob a estrela rezo para Ti
Meu formoso daimon
De minha própria essência Verdadeira
Meu espírito guarda
E aliados da Noite
Todos os que me trouxeram
A este Ponto
Sob a Estrela
Onde ergo
A Cruz Verdadeira”– N. Frisvold

“Saiba que a alma, o diabo, o anjo não são realidades fora de você; você é eles
Da mesma forma, o Céu, Terra e o Trono não estão fora de você,
nem o paraíso e nem inferno, nem a morte, nem a vida.
Eles existem em você; quando você tiver realizado a viagem mística
e se tornar puro, você vai se tornar consciente disso”
Najmoddin-Kobra

XIV – “Forçar a Fortuna” (“Baço, Pernas e Pés”) – É a estação da


determinação de se caminhar rumo à abundância e autotransformação. É o
espírito da rebelião e da revolução. Seus vínculos na natureza são as ervas
medicinais. Seu maior obstáculo é a teimosia, a resistência à mudança. Esta
estação traz o conhecimento de fluxo e contra-fluxo. Seus vínculos com a
natureza são as figuras humanas esculpidas ou naturais, em árvores e raízes,
ou ainda em bonecos. Seu maior obstáculo é a tirania e o desrespeito ao
próximo.

“... pois sendo os raios dos corpos celestes animados, vivos e sensuais, e
trazendo junto a eles dons admiráveis e um poder dos mais violentos, em um
momento e ao primeiro toque, imprimem poderes maravilhosos nas imagens”.
- Agrippa, II cap. 35

"Quando Jesus observou a sua falta de compreensão, ele disse a eles: ‘por que
esta agitação os levou à ira? Seu deus, que está dentro de vós provocou a ira
dentro de vossas almas. Que qualquer um de vós que fordes forte o suficiente
dentre os humanos tragam o humano perfeito e se erga diante de minha
face.’” -  Evangelho de Judas
XV – “Pássaro Diurno” (“Seios e Bexiga”) – É uma estação de abundância
pela oração, desde que em perfeito estado de seja feita a sua
vontade, onde nasce a aceitação de quem somos, de nosso Destino, nossa
missão no mundo. Esta é uma estação de fertilidade e bom senso, que nos conta
de tudo o que é belo e frágil na Natureza. Alude a uma expressão erótica, do
desejo que a natureza possui em procriar. Seus vínculos na Natureza são
os canários e pássaros pequenos em geral. Seu maior obstáculo é a inveja, o
desejo de ser o que você não é destinado a ser, ou de se achar mais merecedor
do que o portador de seus desejos.

“O que o homem superior procura, está dentro de si.


O que o homem inferior procura, está dentro de outros.” - Confúcio

“O canário foi procurar a Bruxa, perguntando se não havia um modo de


transformá-lo em alguém tão forte e tão alto como o avestruz. Ela, meneando
a cabeça, respondeu: - ‘Esta é uma tola pergunta. É certo que não há. Sinto
muito, mas não posso ajudá-lo.’ O canário saiu desolado, mas achou estranho
que logo a Bruxa achasse sua questão estúpida e tratou de fazer seu pequeno
miolo funcionar. Pensou e pensou, até que voou novamente para a casa da
Bruxa para finalmente perguntar: ‘Será que você poderia então me ajudar a
ser próspero e feliz?’. ‘-Ah’ - respondeu a Bruxa. ‘-Eis que você me faz uma
sábia pergunta, no que eu posso realmente ajudar.’ Após realizar o que havia
para ser realizado, o canário foi levar os grãos prometidos à bruxa em retorno
pelos seus serviços. Mal pousou ao solo e se viu rodeado por dezenas de outros
pássaros, que o admiravam pelas lindas cores e maravilhoso porte. Depositou
a paga à porta da Bruxa e saiu cantando feliz, rumo à fortuna que lhe era
cabida, à fortuna que realmente era sua.” Awo Ogboni Funfun.

 “Não faça o que desejar, faça o que precisa ser feito” – Robert Cochrane

“Seja Feita a Vossa Vontade, Oh meu Senhor e Mestre!


Seja Feita a Vossa Vontade, Oh meu propósito e significado!
Oh essência do meu ser, Oh alvo do meu desejo,
Oh minha fala, e meus conselhos, e meus gestos!
Oh todo meu todo, Oh minha audição e visão,
Oh minha totalidade e meu elemento, e minha partícula!” - Mansur Hallaj
XVI - “Ovo” (“Nariz e Garganta”) – É a estação que cria a resposta às orações,
os momentos onde há real conexão divina, manifestando o milagre através da
luz que se materializa, o milagre da oração, a transformação da realidade
através da manifestação da luz atraída de “Buraco Branco”. É nesta estação
que encontramos a natureza da Bruxaria, que opera através de petições
(orações), invocações, encantamentos e feitiços os meios necessários para
harmonizar a natureza humana à Natureza como um todo. Aqui é importante
ressaltar a amoralidade da Natureza[2], lembrando que ela sempre buscará o
fluxo natural de sua própria harmonia, daí a importância da conexão indicada
em “Feto”. Esta é a estação do conhecimento do Arcana Dei. Seus vínculos na
natureza são os ovos, uma referência ao Ovo Primordial, o potencial Divino.
Seu maior obstáculo é a criação negativa através de petições (orações),
invocações, encantamentos e feitiços contrários às idéias de harmonia e
balanço, que em última instância, sustêm o crescimento espiritual do peregrino.

“Um artesão amarra com sua arte, pois a arte é a excelência do


artesão.” Giordano Bruno.

“Um agente de ligação não une uma alma a si próprio, a não ser que ele a
tenha capturado; ela não é capturada a menos que tenha sido ligada; ele não
a liga, a menos que tenha se aliado a ela; ele não se alia a ela a menos que ele
tenha se aproximado; ele não se aproxima a menos que tenha se movido; ele
não se move a menos que tenha sido atraído; ele não é atraído até que tenha
sido inclinado em sua direção, ou se afastado; ele não está inclinado a menos
que deseje ou queira; ele não deseja a menos que conheça; ele não conhece a
menos que o objeto contido em uma espécie ou uma imagem seja apresentado
aos olhos ou ouvidos, ou ao olhar em um sentido interno. As amarrações são
levadas a bom termo pelo conhecimento, e elas são tecidas pelos sentimentos
em geral.” – Giordano Bruno.

Por Katy de Mattos Frisvold


[1] Trombeiro choupa, Spicara maena, uma espécie de peixe comum nas áreas do Atlântico
Oriental: Portugal, Marrocos e Ilhas Canárias, incluindo o Mediterrâneo e o Mar Negro.
[2] Não confundir com imoral. Amoralidade significa “sem conceito de moral”, enquanto imoral
significa “contrário ao conceito de moral”.

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