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Com isso chega também o desafio de deixar os espaços para que os espíritos
relacionados a cada grupo se manifestem e façam do ritual sua própria
expressão, sempre respeitando o contexto e tratamento ritualístico (quando há)
tradicionalmente dado a cada um deles. Em geral, Bruxaria Tradicional é
bem mais solta e diversa do que suas vertentes modernas, e não raro, a escolha
pelas vertentes modernas deve-se ao conforto existente nos sistemas pré-
moldados. Por outro lado, as convenções se fazem de tal forma a limitar as
práticas guiadas por espíritos ou a alimentar e perpetuar velhas mágoas e
preconceitos.
Uma função que é uma via de mão dupla (por conta destas bênçãos mais
“complicadas”) é aquela relacionada à revelação de Destino (que nem sempre é
o que a gente quer), ou seja, seu caminho ou missão. Muito provavelmente
ainda escreveremos sobre isto em outro artigo, mas sugiro aos leitores a
pesquisa do tema, que pode ser encontrada no termo Areté. [Areté (do grego
ἀρετή) foi uma das deusas da Antiga Grécia, irmã de Harmonia e filha da
Praxidike, a deusa da Justiça. Ela representava o potencial completo de um
objeto, de um animal ou de uma pessoa. Poderíamos dizer que a missão ou
propósito de vida de uma pessoa é o seu areté. Mais tarde, Areté foi transposta
e identificada à deidade romana Honos (Honra), passando a se chamar Virtus
(Virtude), muito mais ligada à bravura e força militar. Dentre as muitas
definições relacionadas à moral pertinente a uma dada cultura, podemos
destacar que virtude para os pensadores também pode significar “ser o melhor
que se pode” ou “alcançar o melhor potencial humano”. Assim, ao buscamos as
raízes da palavra “virtude”, também encontraremos o significado de “poder
inerente/poder divino”, o que dá origem à expressão “em virtude de”, o que
nos remeteria à idéia da fagulha divina, de qualidade divina ou propósito
inerente.]
A cerimônia que postamos aqui deve servir para dar base aos seus próprios
trabalhos. Lembre-se que a regra de tradicionalidade das práticas vem em
primeiro lugar, juntamente com os ditames dos deuses e espíritos. Usamos
como base o ritual da Rosa dos Ventos (de “The Craft of The Untamed”, pg.
135, Nicholaj de Mattos Frisvold, Ed Mandrake Oxford), adaptando para o
período que se aproxima.
O Ritual
O "pé de bruxa"
Prepare com antecedência uma mistura com pó de conchas trituradas, carvão,
colorau e fubá, misturando-os bem antes do ritual. Leve para a sua área ritual
um caldeirão, uma colher de pau, uma concha, madeira para acender uma
fogueira, álcool para ajudar a fazer o fogo, o sacramento (geralmente um
enteogênico), pão, água, 3 ramos de salgueiro (dois curtos e um longo), nove
rosas, um lírio, vinho, taça, mirra e benjoim (ou incenso de igreja que
geralmente possui estes elementos) em um incensório, azeite, cinco velas
brancas e quatro vermelhas.
Coloque oito rosas indicando cada uma das oito direções (Rosa dos Ventos), e a
nona deve ser colocada sobre o “pé de bruxa”. Quatro velas brancas devem ser
distribuídas para cada direção cardeal, e as quatro vermelhas para os pontos
colaterais. Use azeite de oliva para ungi-las e entalhe o nome de cada vento nas
respectivas velas usando um dos ramos de salgueiro. O caldeirão ficará ao lado
do fogo no centro, juntamente com o pote com o pó preparado, o lírio à sua
esquerda e o vinho à sua direita. Deixe o incensório ao Norte. O pão, o copo de
água e uma vela branca devem figurar fora da área ritual. Eles devem ficar ali
para servir os outros espíritos que se aproximam mesmo sem serem convidados.
Ao posicionar esta oferta de pão, água e luz aos mortos, não se esqueça de
declarar que é ali que devem ficar aqueles que não são seus parentes. Acenda
todas as velas e circule toda a área com o incensório queimando os incensos.
Então, vire-se para o Leste e veja: ali esta um anjo segurando um relógio com a
abundancia da terra, frutos e grãos. Chame-o pelo seu nome: EUROS
Agora, vire-se para o Sudeste e veja ali um poderoso anjo, usando um manto
pesado e um escudo para se defender dos elementos. Chame-o pelo seu nome:
APELIOTES
Agora, volte-se para o Oeste e veja um anjo jovial, com flores em seus cabelos.
Chame-o pelo seu nome: ZEFIROS
Finalmente, volte-se para o Noroeste, e veja ali um anjo com barba no rosto,
segurando um pote de bronze cheio de cinzas e carvões quentes. Chame-o pelo
seu nome: SKIRON
Declare agora:
Desenhe com cinzas um círculo e uma cruz ao lado do “pé de bruxa”, colocando
o sacramento sobre o centro da cruz. Permita-se ver a rainha sentada no coração
da rosa, descansando sobre o “pé-de-bruxa”, abençoando o sacramento e ore
aos ventos para guiá-lo em sua jornada rumo a Torre dos Oito Ventos.
No sentido do relógio, faça uma libação com o vinho em cada direção. Tome o
que restar na taça.
E como toda a terra é sagrada para aquelas que pisam nela conscientes disso,
não há nada a ser dispensado. Que a noite possa ser suave e reveladora àquele
que busca descortiná-la.