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Entrevista Liber Falxifer

1. Olhando para trabalhos anteriores, o primeiro livro do Falxifer concentrou-se


principalmente no trabalho de magia popular da Corrente 182. Sabemos que há também
uma profunda corrente esotérica e gnóstica dentro dele, manifestada através de
abordagens mais complexas; você pode começar a nos explicar a natureza da magia
popular empregada em relação aos trabalhos mais esotéricos do Caminho Qayinita em
conexão com o Culto de Falxifer?

-As formas mágicas / tradicionais e folclóricas que empregamos não podem realmente
ser separadas dos Trabalhos mais esotéricos de nosso Culto à Qayin, já que toda a nossa
abordagem aos mistérios é alcançada através do emprego de técnicas de feitiçaria e
xamanismo profundamente arraigadas. A divisão entre ‘baixa e alta’ feitiçaria não é
importante para nós nas formas externas das técnicas, mas sim o contexto, a intenção
por trás do trabalho, os Espíritos e o nível de poder empregado. Isto significa que as
estruturas das feitiçarias tradicionais, como por exemplo o emprego de diversos fetiches
ou a criação de óleos mágicos, podem depender do contexto e se elevar a um outro nível
de santidade, tudo de acordo com a abordagem, licença espiritual, empoderamento e
gnose do feiticeiro.

Há, portanto, dentro do nosso Culto Necrosófico à Qayin, uma distinção clara entre os
rituais mágicos populares e gnósticos, pois no final é o Espírito que impregna a Obra
que determinará se ela está totalmente dentro do reino temporal ou se também cruza
para os reinos mais elevados e transcendentais.

As técnicas mágicas populares são, na verdade, a rota mais potente através da qual um
feiticeiro pode interagir com as forças invisíveis do mundo e, através delas, também
interagir com alguns dos aspectos dos Espíritos que levam para além das próprias
limitações deste mundo.

Enquanto os “magos” de poltrona passam suas vidas meramente teorizando sobre as


masturbações mentais de outros, os populares feiticeiros pragmáticos destilam a própria
quintessência da magia dentro das formulas muitas vezes rurais onde, em vez de livros,
estudam os elementos e essências da natureza e descobrem meios através dos quais suas
manipulações podem causar a verdadeira mudança de destino e mudança de sorte para
si e para seus clientes / pacientes.

Enquanto as modernas manifestações pseudo-intelectuais de “magick” parecem não


servir para nada mais do que uma desculpa para interações sociais gratificantes para o
ego e como um meio de evitar a obra real e muitas vezes exigente da autêntica feitiçaria,
nós buscamos aquilo que é realmente potente e eficaz se voltando às tradições de nossos
anciões e aqueles que percorreram o Caminho antes de nós. Por causa disso, grande
parte de nossa abordagem pode parecer uma variedade da feitiçaria folclórica mesmo
quando nossos objetivos são de natureza gnóstica, mas isso ocorre porque a divisão
entre a “alta e baixa” feitiçaria é ilusória e uma construção moderna.

Outra razão pela qual nossa Obra é expressa através de formulas folclóricas de
feitiçaria, é por conta da importância que atribuímos aos poderes dos mortos /
ancestrais, os Genii Locorum e os espíritos ocultos do reino vegetal que é algo que
compartilhamos com a postura animista da maioria das vertentes populares de feitiçaria.

Quanto ao meu trabalho pessoal e prática, posso dizer que todo o treinamento que recebi
nas artes de feitiçaria tem estado dentro do contexto dos diferentes ramos populares e,
como tal, é natural para mim trabalhar dentro dessa estrutura muitas vezes conectada à,
por exemplo, Svartkonst, Brujeria e diferentes formas xamânicas da Bruxaria
Tradicional Asiática e Européia.

Os aspectos gnósticos penetram no trabalho e emanam dele quando certas realizações


concernentes à verdadeira natureza e essência confinadas dentro dos elementos e
poderes trabalhados com o mesmo são alcançadas. No caso de nossa Feitiçaria
Necrosófica, o Espírito de Qayin se fez conhecido e se manifestou através das formas
folclóricas de feitiçaria que estavam sendo utilizadas em conexão com o trabalho
pertencente ao Santo da Morte, isso ocorreu ao se cruzar com todos os Seus Pontos de
Poder e o Espírito imbuiu toda a Tradição com a Gnose Ófita do Sangue e a Luz Negra
do Deus Abscôndito.

2. Estranhamente, algumas pessoas envolvidas na “cena oculta” parecem ter tido um


problema com a compreensão do termo Necrosofia e até mesmo criaram ideias um tanto
ridículas ao tentar conectá-lo ao “Necronomicon”. Você poderia, por favor, explicar o
que significa Necrosofia?

Necrosofia significa Sabedoria dos Mortos e uma Tradição Necrosófica indica uma
tradição na qual a sabedoria é derivada dos mortos e, como tal, é um termo ligado ao
Culto dos Mortos e da Morte, e implica práticas ‘necromanticas’ como um meio para a
obtenção de gnose. O termo foi uma simples e específica construção da tradição
destinado a transmitir a natureza do trabalho àqueles que o abordam.

3. Também tem havido alguma confusão sobre o por que do nome do Portador da Foice
é pronunciado neste contexto como Falxifer, então você poderia por favor explicar isto
para aqueles que não recebem os ensinamentos diretamente do templo?
Sim, a grafia exotérica da palavra / nome do Portador da Foice seria “Falcifer” em
latim, mas como essa palavra já está conectada ao Deus Saturno e a muitos outros
conceitos estabelecidos em variados contextos, o título empregado dentro de nosso
Culto Qayinita foi alterado para ‘Falxifer’, isto para diferenciar a palavra em questão
quando aplicada à nossa estrutura em específico para torná-la um símbolo carregado em
vez de uma palavra, e também a inclusão do X desempenha um papel significativo
quando se trata do simbolismo exotérico pertencente à Marca de Qayin através da
conexão simbólica que Falxifer detém ao aspecto de condutor da cruz do Mestre,
conectando assim os aspectos relacionados a Akeldama (Ceifeiro / Portador da Foice)
aos aspectos de Gulgaltha (Mestre das Encruzilhadas da Morte / Rei da Cruz Negra).

É, em outras palavras, uma questão de codificação específica da tradição de certos


mistérios e um caso em que uma palavra foi transformada em um sigilo sonoro ou
símbolo carregado de significado além do que seria óbvio.

Esta abordagem vai de mãos dadas com a maneira que as nossas fórmulas baseadas no
latim também são construídas, pois é uma questão de simbolismo e codificação que
transcendem as limitações do “uso correto do latim” e é mais sobre as manifestações de
construções inspirados em harmonia com o ritual estético e o ethos do Culto e seus
Espíritos.

É claro que não atribuímos quaisquer poderes mágicos à língua latina em si e as


palavras, os símbolos e fórmulas sônicas construídos com ela funcionam, em essência,
mais de acordo com as “Palavras Bárbaras de Poder” empregadas em outros contextos
quando as carregamos com essêncies que excedem aquilo que de outra forma estaria
ligado a elas, embora dentro de nossas Fórmulas de Evocação os significados exotéricos
das palavras empregadas também sejam, em um nível externo, facilmente
compreendidos e relacionados por aqueles que estudam o Trabalho.

Portanto, é suficiente afirmar que há sempre mais naquilo que, para os não-iniciados, é
percebido como “latim do cão” tanto nos clássicos grimórios / Svartkonstböcker quanto
no que seus olhos podem encontrar em nosso próprio trabalho, e o mesmo vale para
fórmulas baseadas no hebraico que são empregadas nesse sistema de Trabalho
Espiritual e Conjuração.

É sempre uma questão de Codificação Inspirada e transformação das ‘Palavras de


Carne’ em Símbolos Carregados Magicamente, para que o Logos se torne o portador do
‘Alogos do Espírito’.

O Poder Silencioso de cada palavra mágica é aquele que soa nos ouvidos do Espírito.

Os interessados em estudar outros sistemas nos quais o latim é empregado de maneiras


semelhantes ao nosso trabalho poderiam, por exemplo, examinar também as aplicações
do inspirado “Orasyon” latino dentro das práticas dos feiticeiros filipinos.

4. O livro de Anamlaqayin revela pela primeira vez alguns dos ensinamentos secretos
do TFC, o primeiro templo necrosófico de Qayin. Este grimório que abrange 474
páginas contém numerosos feitiços, sigilos, selos talismânicos, assinaturas espirituais e
rituais que até agora eram desconhecidos por não-iniciados que trabalham fora do
Templo. É óbvio pela imensa quantidade de materiais reunidos e compartilhados em
Liber Falxifer II que você atribui grande importância aos trabalhos práticos nos
ensinamentos revelados ao leitor. Quão importante você acredita que seja as pessoas
que estão prontas para colocar seus pés no Caminho de Nod buscarem as respostas
através da prática, em vez de apenas estudar?

Tudo o que apresento nesses livros tem sido praticado e provado ser potente e depois
aprovado pelos espíritos governantes da Obra para inclusão e apresentação pública no
‘Caminho dos Mistérios’, que nossos ensinamentos devem guiar. Tudo que foi incluído
tem, em outras palavras, seu propósito muito específico e destina-se a desbloquear
certos pontos ocultos dentro e fora do praticante e, como tal, os materiais teóricos
fornecidos são todos destinados a estabelecer as bases para os trabalhos através dos
quais sua validade pode ser aprovada, testada e experimentada objetivamente pelos
alunos do Caminho.

Teoria e prática devem, como tais, andar de mãos dadas, pois os aspectos teóricos são
apenas as sementes de poder que através do trabalho real são semeados para produzir os
frutos do sucesso, conquista e liberdade mundanos, assim como o ‘Tornar-se Espiritual,
a Libertação e Gnose.

Por isso, é importante estudar e aprender em prol da prática e trabalho correto e que seja
eficaz.

Somente através dos pactos, consagrações, ofertas e outros rituais, os Espíritos do


Caminho podem ser comungados e é somente através de tais comunhões que os
qayinitas podem receber o empoderamento, as iniciações, as maldições e todas as
bênçãos do Caminho Espinhoso de Nod.

Sem a vontade de praticar e fazer o trabalho duro, o caminho não será acessível e, para
tal, todos os ensinamentos que oferecemos são exclusivamente públicos, a fim de
motivar a prática correta e eficaz.

Um mero estudo intelectual de ideias e instruções rituais, sem testá-las, certamente não
levará ninguém à essência real que as “formas” de nossa Tradição Necrosófica
codificam e sustentam.

5. Na sinopse do Livro de Anamlaqayin é mencionado que o Primeiro Livro do Falxifer


foi um portal para a Corrente 182: um ponto de ingresso, e para aqueles que através da
prática correta puseram os pés no caminho espinhoso do Culto da Morte, o Segundo
Livro do Falxifer concederá conhecimento adicional, orientação e poder sobre este
caminho. Para aqueles que implementaram a sabedoria e práxis do Primeiro Livro do
Falxifer, o que eles podem esperar, no que diz respeito a expandir a compreensão e
desenvolvimento sobre o caminho espinhoso de Qayin, do Livro de Anamlaqayin?

O que está sendo fornecido no Segundo Livro é, além de toda a base Gnóstica do Culto
Necrosófico, a explicação de nossa abordagem aparentemente animista quando se trata
das aplicações mais práticas dos elementos colhidos dos reinos animal, mineral e
vegetal.

Além disso, o que pode ser dito sobre a Mãe Velada de nossa Linhagem Flamejante será
revelado no Segundo Livro e somente esse aspecto por si só abrirá uma nova gama de
práticas esotéricas e potencialmente concederá as chaves para Seus Jardins Ocultos,
onde os irmãos devotados podem colher uma parcela de poder que se iguala ao de nosso
Mestre Qayin e assim duplicar a potência de todos os trabalhos.

As feitiçarias e conjurações das plantas e seus espíritos através dos poderes do Mestre
Qayin e muitos tratados que ligam os gênios do reino verde ao serviço da nossa Boa
Causa também são fornecidos, tornando possível uma abordagem totalmente nova
quando se trata do trabalh do Negro No Verde.

A terceira parte do livro é dedicada aos mortos, tanto nas abordagens e ideias elevadas e
mais simples, quanto nas totalmente novas, relativas à veneração dos Poderosos
Antepassados, e o emprego e controle dos Mortos das Sombras serão fornecidos.

A quantidade de informação dada é suficiente para dividir o Trabalho em três livros


separados, mas como nosso objetivo é promover o processo de Iniciação Solitária dos
fiéis, o Segundo Livro consiste em todas as três partes, cada uma contendo mais
informação esotérica do que poderia ser encontrado em todo o LF1.

Você deve aprender a andar antes de poder correr e, portanto, o primeiro livro deve ser
lido, interpretado e testado e sua essência oculta deve ser experimentada antes que o que
é dado no segundo livro possa ter seus efeitos desejados.

É suficiente dizer que os fiéis ficarão mais do que satisfeitos com o que temos a oferecer
neste segundo livro e que as novas ferramentas que eles fornecerão a eles possibilitarão
um espectro totalmente inovador e elevado da Feitiçaria Gnóstica e Necrosófica que,
esperamos, os aproximará de todos os poderes e transformações da Morte Sinistra, nas
mesma pegadas daqueles que anteriormente atravessaram o Caminho dos Espinhos.

Estamos todos muito satisfeitos com a Obra reunida no Segundo Livro e estamos
convencidos de que aqueles que entraram na Corte Externa do Templo de Qayin através
das rotas reveladas e ocultas na LF1 ficarão igualmente satisfeitos com o resultado final
que levou mais de 3 anos para se manifestar dentro deste segundo Grimório de Qayin (e
Sua Noiva), e desta vez os fiés também receberão os meios pelos quais a entrada no
Santuário Interior do Templo de Qayin se tornará possível.

6. Liber Falxifer tem, em parte, influências aparentemente fortes das tradições e raízes
da bruxaria latino-americanas ligadas ao culto argentino do Señor la Muerte. Quão
importante é para os seguidores do Culto da Morte também ter pelo menos algum
conhecimento prático e compreensão teórica desses outros sistemas de crenças, tais
como Quimbanda, Santeria e Palo Mayombe, e se for, por quê?

Os aspectos mágico-folclóricos do culto e da Santa Máscara de Qayin foram recebidos


principalmente da Argentina e das tradições da Brujeria que uma vez nos introduziram
ao Culto Fechado / Esotérico do Santo da Morte. Os aspectos relevantes para o nosso
próprio trabalho relativos àquelas venerações populares e católicas do “Santo Pagão da
Morte” foram o que revelamos na parte inicial do Primeiro Livro e esperamos que
aqueles que estudaram e praticaram o que foi oferecido tenham sido levados a outras
questões relevantes e aspectos de tais práticas.
Dentro de nossa Tradição, Qayin é o Santo da Morte e da Colheita, mas entre muitas
outras coisas, é também o Santo dos Coveiros e Assassinos, e como tal Ele poderia
perfeitamente ser oculto e revelado através da Máscara do Ceifeiro do Culto da Morte
Argentina. Isso assimila como os Guarani usaram pela primeira vez a “forma” da
Morte / Ceifeiro européia que os jesuítas lhes apresentaram para mascarar a adoração de
seu próprio Deus da Morte. Vale a pena considerar que, se os jesuítas, por exemplo,
tivessem identificado o Ceifador da Morte, a quem apoiavam a imagem do Diabo, com
um caráter bíblico, não teriam sido forçados a acreditar que também poderiam ter visto
as conexões óbvias com o Primeiro Ceifador e o primeiro assassino,

Quanto a ‘Quimbanda, Santeria e Palo Mayombe’, eles são todos sistemas iniciatórios
em si e não estão conectados à nossa Tradição, mesmo que alguns dos iniciados do
Templo também sejam iniciados em algumas das religiões / tradições / sistemas
mencionados. O que alguns desses cultos têm em comum com o nosso Trabalho é o
núcleo mágico que eles compartilham com os aspectos mais “livres” da Brujeria na
América do Sul.

Mas, pode-se encontrar aspectos similares da feitiçaria popular em harmonia com o


nosso Trabalho também nas tradições escandinavas ‘Svartkonst’ e ‘Trolldom’, pois
nelas também os mortos, os santos, os espíritos, os demônios e as plantas foram
trabalhados de modo semelhante e bebidas alcoólicas e tabaco eram usados de forma
parecida e para os mesmos fins (como, por exemplo, orar sobre o licor para carregá-lo e
depois borrifar / cuspir na pessoa ou coisa que se queira afetar ou abençoar, limpar e
curar).

Ao estudar os sistemas mágicos populares do mundo, torna-se evidente que o núcleo de


todas essas práticas é o que poderia ser definido como “xamânico” e que todas essas
formas de feitiçaria têm muito em comum. Existem, por exemplo, formas asiáticas de
necromancia e artes negras que alguns dos nossos membros praticam e também dentro
dessas práticas existem muitas semelhanças com o nosso próprio Trabalho.

Em outras palavras, a resposta à sua pergunta é que o importante é a compreensão de


toda e qualquer forma tradicional de magia popular que seja acessível, pois a
sobrevivência de tais sistemas de feitiçaria nesta era moderna sem espírito é em si uma
prova de sua relevância e potência, e de acordo com a Gnose, muitos aspectos de tais
práticas podem acessar e canalizar imenso poder e sabedoria, muitas vezes ligados aos
mortos e aos espíritos da terra e do submundo. Pois o que é a veneração e petição dos
santos dentro da maioria dos sistemas de magia popular, se não o que sobrou dos
antigos cultos dos mortos e formas de necromancia?

Com tudo isso dito, é importante destacar também o fato de que existem muitas
abordagens específicas da Tradição dentro de nosso próprio Culto Qayinita e muito
protocolos baseados em tratados que devem ser seguidos para obter acesso às virtudes e
poderes dos Espíritos do nosso Culto e Corrente Qayinita.

7. Muitas Correntes mantêm restrições sobre quem, pela Vontade dessas deidades
específicas, pode ser iniciado ou progredir, por exemplo, as Tradições Religiosas
Africanas. Há alguma restrição sobre as pessoas que desejam praticar a sabedoria
encontrada na LF1 que não podem ser aceitas na Corrente 182 pelos espíritos?
Aqueles que não são ‘Nascidos do Fogo’ e que não pertencem à Linhagem Espiritual da
Serpente através de Qayin e Sua Noiva não podem obter as iniciações, bênçãos e
capacitações de Seu Culto, é tão simples e tão complexo quanto isso.

Mas aqueles que são do Espírito e sabem que são chamados, não precisarão da
confirmação de qualquer outro humano e seus resultados e sucesso em conexão com o
Caminho e a orientação dos Espíritos serão a única prova e encorajamento que serão
sempre necessários.

Como o Caminho é solitário, para quase todos que o percorrem, não há necessidade de
engano ou auto-engano, e se você não ouvir o chamado, é melhor procurar outra coisa,
pois as bênçãos de alguns são maldições quando colocadas sobre outros e, portanto,
cabe a cada um saber se eles são destinados ao Culto de Qayin ou não e a maioria das
pessoas sabe que não são, e isso é uma coisa boa.

O fundamento gnóstico de nossa Necrosofia revelado no primeiro capítulo do Liber


Falxifer II deixa muito claro para a maioria das pessoas se elas estão destinadas e
espiritualmente conectadas ao Caminho e se elas carregam a Marca ou não, como
aqueles que sinceramente podem se relacionar àquilo que é apresentado e apreender a
Essência além das formas relativamente simples pelas quais ela é codificada, enquanto
os demais que não ressoam com a essência dessa obra saberão que precisam buscar seus
próprios caminhos em algum outro lugar.

Em contraste com outras tradições, não facilitaremos as coisas para as pessoas fazendo
uma simples adivinhação e dizendo se elas são do Sangue ou não, ou se os Espíritos as
aceitarão ou não, pois elas devem, ao invés disso, olhar para dentro de si mesmas e
descobrir o que elas são e o que elas podem e querem se tornar.

Se você através das palavras e do silêncio da Obra apresentada puder experimentar e


compreender a Essência do Caminho, você saberá com certeza que ela pertence a você e
que você pertence a ela.

8. O que você pode nos dizer dos fetiches e talismãs usados na práxis, dado que eles são
poderosos focos para as energias qayinitas e desempenham um papel importante nos
Livros do Falxifer, e sobre suas formas e funções e o conhecimento para criar esses
itens?

Aquilo que pelos cegos é percebido como fetichismo primitivo, na verdade é uma forma
elevada da teurgia na qual o Espírito é feito carne a fim de estabelecer a Escada
Elemental da Descida / Ascensão. O trabalho de nosso fetichismo dentro do contexto de
nossa Feitiçaria Necrosófica exige um entendimento profundo sobre os aspectos da
natureza e os meios através dos quais os elementos reunidos / colhidos cerimonialmente
podem ser reunidos e unificados para criar o Ponto Único de Simpatia conectado ao
Espírito que se busca e, assim, causar o milagre da alimentação.

O Trabalho correto de incorporação e inspiração é um aspecto do processo interno de


At-Azoth (i.e, adição de Chamas Espirituais / Luz) e através da compreensão dos
governantes que comandam tais trabalhos pode-se invocar para dentro do próprio corpo-
vaso uma adicional Luz Azótica das Fontes Externas para se tornar mais do que aquilo
que pode ser limitado por formas finitas da matéria e finalmente alcançar a Liberação e
a União Divina que a Terceira Coroação do Fogo dá direito.

Como tal, também deve ser sempre lembrado que não são as formas materiais dos
fetiches que veneramos e que o foco real é sempre a essência assentada internamente e o
que é alcançado através delas, assim também fica claro que as representações / ídolos /
fetiches empregados erroneamente e sem os ritos corretos de consagração se tornam
nada mais do que fardos adicionais que pesam sobre o próprio Espírito, criando mais
apego material. É por isso que é de uma imensa importância que a criação de um fetiche
seja a culminação do entendimento de cada um e todo o aspecto espiritual dessa Obra
Divina e Solene.

Haverá também um tempo em que todos os fetiches / kelims / vasos transbordarão e


“quebrarão” e é somente então que a Grande Obra estará completa e o Espírito poderá
novamente se libertar dos limites da matéria e re-ascender para Verdadeira Divindade.

O trabalho fetichista é, portanto, em seu aspecto mais elevado e esotérico, um espelho


que reflete o próprio Ser alquímico. Este é um dos casos em que a Gnose transforma e
eleva o funcionamento simples da feitiçaria popular e a incorpora a uma corrente
específica da tradição para realizar os mais elevados objetivos.

9. Enquanto o mito genérico de Caim / Qayin nas religiões judaico-cristãs é de valor e


profundidade limitados, a tradição qayinita do TFC é rica em sabedoria e gnose. Havia
um ponto específico na prática em que você sabia que deveria revelar a sabedoria de
Qayin?

“A sabedoria de Qayin”, ou mais corretamente “a sabedoria alcançada de Qayin”, é


obtida da contemplação e do Trabalho com os aspectos tradicionais, apócrifos e
folclóricos dos Mitos Qayinitas e pelo emprego de tais formas / ideias dentro de um
cenário que permiti que a Corrente Gnóstica Anti-Demiúrgica em que eu trabalhei a
imbuísse e mostrasse-a em sua Luz Negra.

Na verdade, há muito pouco daquilo que atribuímos a Qayin que não tem uma base
tradicional. É apenas uma questão de encontrar as fontes e vê-las da perspectiva correta
e compreendê-las de acordo com a Gnose pessoal e específica do contexto. Mais
importante ainda, é uma questão de Revelação Espiritual, pois estamos certos de que
nossa Obra é inspirada por aqueles com quem temos ligações e, para nós, construções
“míticas” mantêm uma realidade irrestrita pelo que é percebido como “realidade física”.

Quando a Gnose Qayinita e o Trabalho vieram iluminar totalmente todas as outras


facetas da minha vida espiritual e prática, eu sabia que era algo bom que tinha que ser
compartilhado com aqueles que poderiam recebê-lo e que a disseminação do Culto de
fato ajudaria na promulgação da Causa Libertadora da Divindade.

10. Como Magister da Corrente Necrosófica, você guarda e ensina a sabedoria do


aspecto Obscuro / Qliphotico de Qayin dentro e através da TFC. Quão importante é, na
sua opinião, que esse aspecto particular e raramente detalhado de Qayin seja revelado e
você pode nos dizer mais sobre a Corrente Noturna de Qayin e como você se viu
trabalhando com ela?
De todas as formas do Mestre com que trabalhamos, é este aspecto que está ligado ao
Seu Espírito ascendido e aperfeiçoado. E é o mais poderoso da Tradição e que
especifica a Corrente, significando que está totalmente enraizado na Gnose da nossa
própria Corrente e não realmente manifesta em qualquer tradição externa. Em Liber
Falxifer II, esse aspecto foi pela primeira vez tornado público, embora algumas dicas
sobre ele já tenham sido dadas no primeiro livro.

Quanto à importância da disseminação dessas ideias e insights, bem, elas são


importantes apenas se disseminadas para as pessoas certas e dentro do contexto correto
e, como tal, isso faz parte dos aspectos que permanecerão esotéricos e secretos apesar
do fato de que eles parecem ter sido revelados.

Portanto, é melhor deixar este tópico para os leitores do Liber Falxifer II, pois não é
possível apresentar esses aspectos de forma resumida e seria impossível apresentar todo
o fundamento em que tal revelação e aspecto são baseados.

Meu próprio entendimento pessoal deste aspecto do Mestre tomou forma através do
ponto culminante das manifestações do Culto da Morte magico-popular ao qual eu
pertencia e sua apresentação foi imbuída pela essência da minha obra específica e
gnóstica da tradição com Qayin em conexão com as forças da sétima Kliffa de Sitra
Ahra, da qual temos uma visão muito diferente se comparada às ideias dos cabalistas
ortodoxos.

Mais uassuntosé melhor que esses assuntos sejam deixados para os estudantes do livro,
já que eu não posso possivelmente fazer justiça ao tópico no contexto desta entrevista. É
suficiente dizer que o aspecto em questão é o mais elevado e transcendente e que nosso
objetivo é nos unirmos com esse aspecto do Seu Espírito, caminhando em Seus passos.

11. Você fornece no Capítulo 15 do Liber Falxifer uma lista de deuses que poderiam ser
vistos como manifestações da Morte. Você acredita que essas divindades são
simplesmente as ressurreições oportunas das necessidades de uma cultura ou podem ser
vistas como várias máscaras para uma única divindade que, na corrente 182, é
conhecida como Qayin?

Não, nessa linha de prática, não concordamos com a ideia de que todas as divindades
semelhantes são, em essência, a mesma. Cada cultura e cada culto tem suas próprias
manifestações atuais e específicas do espiritual e do divino. Cada panteão, religião e
sistema de espiritualidade e feitiçaria possui de modo semelhante suas próprias
expressões associadas aos impulsos da divindade. Por exemplo, o deus da morte dos
antigos egípcios nada tem a ver com o aspecto da morte de Qayin. Lembre-se também
que não vemos Qayin como o Arconte cósmico da Morte Predestinada, já que esse
papel é reservado para o arcanjo Azrael, que é um servo fiel do Demiurgo e um
executor do heimarmene / domínio cósmico do destino, que é algo que Qayin
conquistou e transcendeu.

O aspecto da Morte de Qayin está ligado ao Seu próprio Caminho de Libertação


Antinomiana e àquilo que Ele foi, fez e se tornou. Dentro do contexto de nossa Obra
Qayinita, as outras “realidades míticas” não são reconhecidas dentro de uma Linha de
Prática, apenas o panteão e a realidade espiritual dessa linha são respeitados. O que, por
outro lado, podemos fazer é encontrar pontos “naturais” de intersecção entre algumas
manifestações dos aspectos similares do Espírito Divino, ou, em casos raros, encontrar a
manifestação (ou o que parece ser) da mesma essência exatamente dentro de dois
diferentes panteões tradicionais ou mitos específicos. Somente em casos tão raros pode
ocorrer uma síntese natural e criar um Ponto de Liminalidade através do qual diferentes
linhas podem compartilhar formas rituais similares como, por exemplo, é o caso da
linha de prática com Seth-Typhon. No nosso Culto de Qayin, existe também esses
Pontos Ocultos de Liminalidade para aqueles que têm os olhos para vê-los.

Assim, todas as divindades relacionadas com a Morte não estão ligadas a Qayin, da
mesma forma que Ele não deve ser identificado com todas as outras divindades da
agricultura, colheita, assassinato, escavações, feitiçaria e soberania antinomiana, mas
possui certas conexões com o trabalho de algumas divindades entronadas dentro de
linhas de prática separadas e paralelas que detêm o domínio sobre as esferas de
influência similares que Ele trabalha. Isso ainda não os torna um só e o mesmo Espírito,
pois eles pertencem a diferentes correntes emanadas da Plenitude / Vazio da Divindade
Não-Manifestada.

12. Entre outras correntes de feitiçaria, como a sabática e a tradicional, há uma


divergência do papel de Qayin dentro da práxis. Para alguns Ele faz parte de uma
trindade que culmina em uma forma de Deus se tornando a Luz iluminadora, enquanto
que para outros Ele é o inventor, o gênio dos Ofícios dos Sábios. Como essas diferenças
afetam o trabalho de sua tradição qayinita?

Sobre esta ideia da trindade, nada sabemos, mas Ele realmente foi um grande inventor e
pai de diferentes ofícios importantes. O que ele não era, em contraste com o que muitos
se identificam como vozes autoritárias nesses assuntos, é o primeiro ferreiro, já que esse
papel e arte eram reservados para seu abençoado descendente Tubal-Qayin (o avatar
sagrado do Mestre Azazel).

Essa confusão de Qayin com Tubal-Qayin é muito estranha e causa muitas associações
erradas. Nosso Senhor Tubal-Qayin é o detentor dos mistérios da Forja e da Fornalha e
aquele que aperfeiçoou muitas das artes de Qayin, especialmente após o advento de seu
aparato atazótico pela descida do Santo Azazel.

Essa atribuição defeituosa de Qayin como sendo o primeiro ferreiro é um daqueles


casos em que Ele recebe um aspecto baseado em outras fontes que não as tradicionais e
principalmente por causa de uma tradução alternativa e não totalmente precisa de Seu
nome.

Para voltar à sua pergunta, posso dizer que nenhuma visão moderna de Qayin tem
qualquer impacto relevante sobre nós, e qualquer similaridade com a qual possamos
compartilhar certas formas de simbolismo qayinita, é baseada unicamente no fato de
podermos buscar inspiração de fontes tradicionais semelhantes, mas as diferenças
devem ser muito claras quando se trata das interpretações reais e práticas das
codificações míticas e da práxis esotérica resultante.

As inspirações textuais que temos são principalmente escrituras e escritos antigos


daqueles que, em quase todos os casos, desacreditaram Qayin e difamaram-No como
um ser governado apenas por instintos básicos e malignos, quando na realidade os
“maus atos” do Mestre Qayin foram todos pelo bem daquilo que é verdadeiramente
divino.

Não há, como tal, nenhum “gnosticismo qayinita antigo” sobre o qual nossa Obra se
baseia, nem estamos conectados a nenhuma outra tradição moderna veneradora de
Qayin, pois é uma questão de inspiração derivada de muitas fontes diferentes que,
quando foi corretamente reunidas, como as muitas peças de um mesmo quebra-cabeça,
nos concedeu Suas Revelações e manifestou Seu Culto Necrosófico.

13. Foi recentemente sugerido que, ao divulgar Qayin como o Primeiro Assassino, se
difama o mesmo e negligencia outros aspectos importantes que podem ser atribuídos a
Ele. Quais são seus pensamentos sobre isso?

Tais declarações são ridículas e são um sinal de ignorância ou baseadas em alguma


agenda pessoal. Não há uma única fonte tradicional que não descreva Qayin como o
Primeiro Assassino e Portador da Morte e como o foco de nosso Trabalho é o Culto da
Morte, é natural que tenhamos enfatizado nesse aspecto mortíferos, mas não limitamos
Qayin como sendo apenas um assassino, algo que está muito claro no Liber Falxifer II.

Qayin era muito mais do que apenas um assassino, Ele foi o primeiro Desperto do
Espírito, o Primeiro Lavrador do Solo, o Primeiro Semeador, o Primeiro Ceifador, o
Primeiro Feiticeiro, o primeiro Domador dos Cavalos, mas também o Primeiro
Assassino do Homem, o Primeiro Coveiro, o Primeiro Necromante, o Primeiro Exilado,
o Primeiro Luciferiano / Satanista (conscientemente tornando-se o Adversário do
Demiurgo), o Primeiro Conquistador do Destino, o Primeiro Construtor da Cidade, o
Primeiro Rei / Soberano governando fora da “graça” do Demiurgo e o Primeio Morto
que (junto com Sua Noiva) transcendeu as limitações esse lado e assumiu o trono Sitra
Ahra.

Então, de acordo com nossa tradição, Qayin é realmente muito mais que um simples
assassino, mas o assassino. Ele certamente foi e continua sendo! Como nosso Culto é
identificado com o do Santo da Morte, seria muito estranho se nós não tivéssemos
enfatizado o aspecto Dele como o Ceifador da Morte.

As mesmas pessoas que se queixam da ênfase colocada neste aspecto são, com certeza,
também aquelas que não querem ligar Qayin ao Inimigo do Demiurgo e, como tal, não
têm nada a ver com a Corrente Qayinita em que Trabalhamos.

Há muitas correntes diferentes, separadas e paralelas, conectadas às “formas” bíblicas, e


apenas porque os mesmos nomes são usados por diferentes tradições, isso não significa
que estamos nos dirigindo aos mesmos espíritos. Só porque outras pessoas querem
conectar Qayin a algumas “divindade agrícola pagã” benigna, sem quaisquer
associações antinomianas ou iradas, nossa própria manifestação específica da corrente
da feitiçaria de Qayin e Qayinita não será afetada.

Mas, para fins de discussão, seria interessante desafiar tais pessoas a apresentarem
fontes tradicionais da escritura, apócrifos e folclore para apoiar suas idéias sobre esse
“Caim” benigno deles que não deveria estar ligado aos atos da Morte Ilegal. Então
poderíamos comparar suas descobertas com as fontes que sustentam nosso próprio
Fundamento Qayinita.
No final, estas são questões de Espírito e Gnose e não história e arqueologia, mas
quando as pessoas se orgulham de serem “tradicionais”, “especialistas” e “estudiosas”,
devem pelo menos fazer o dever de casa e perceber que existem mais maneiras do que
uma de aproximar-se da essência dos Mistérios Qayinitas.

A corrente específica de nosso culto Qayinita é 182 (2x7x13 = 182 = 11 = 1-1 = 0)


levando o Espírito Dual-Nascido através do Caminho (Mortal) dos Espinhos em direção
ao Sitra Ahra e daí para a Plenitude / Vazio da Divindade, e é através desta corrente
específica que toda a nossa visão e compreensão é formada. Aqueles que trabalham fora
desta corrente e em tradições não relacionadas com a nossa não têm nada a ver com
aquilo com o que trabalhamos e, como tal, as suas suposições não têm qualquer
influência sobre nós, embora assumam algum tipo de arrogante “voz de autoridade” em
conexão com estes e outros assuntos relacionados.

Qayin está ligado a muitas coisas, mas o Seu aspecto como o Portador da Foice e
Semeador da Morte e Ceifador de Vidas é apoiado por fontes relevantes o suficiente que
qualquer um seriamente interessado em Seus mistérios deveria ter encontrado e
contemplado.

Mesmo que o Aspecto da Morte do Mestre não seja Seu único, é para nós – que na vida
buscamos os Poderes, a Gnose e a Libertação da Morte Ilegal – um dos principais
pontos de manifestação de Sua Alma Duradoura e do Espírito Transcendente.

14. Dentro do LFX, somos brevemente apresentados a Abel com seu papel necessário
como sacrifício aos Poderes do Outro Lado pelas mãos de Qayin. Que outro status Abel
tem na corrente Necrosófica?

Há muitos mistérios conectados a Abel em seu estado post-mortem de ser e ele é


realmente uma das almas mais importantes trabalhadas dentro do Caminho de
Gulgaltha, pois ele é um servo fiel de nosso Mestre dentro dos Reinos dos Mortos.

Este tópico é tratado extensivamente na terceira parte do Liber Falxifer II e diz respeito
aos tratados e leis pelos quais os mortos estão ligados ao serviço de Qayin e Seus
parentes.

15. Dado que o LFX serve para estabelecer o caminho que leva à auto-iniciação nos
mistérios qayinitas, o Templo aceita iniciados e / ou realiza iniciações físicas para
aqueles que podem ser aceitos?

A “auto-iniciação” não é a palavra correta aqui, pois o processo é guiado pelas


instruções escritas para tal propósito dentro dos livros do Falxifer e constantemente
supervisionados pelos Espíritos da Corrente que são os administradores de bênçãos e
maldições para todos que se atrevem a pisar no Caminho dos Espinhos e Ossos.

Um termo mais correto seria, portanto, “Iniciação Solitária”, pois o processo é de


expansão dinâmica do Poder Azótico através da interação entre o Espírito e os Espíritos.
O que procuramos oferecer através desses livros é uma iniciação real em nosso Culto de
Qayin, pois, se praticados corretamente com a pretensão de buscar a iniciação, o
caminho para o Santuário Interior será encontrado e, nesse ponto, há ritos físicos que
podem ser oferecidos por nós para aqueles que sentem a necessidade de se juntar ao
nosso templo. Mas, poucos são aqueles com tais necessidades e se alguém praticar
corretamente e de acordo com o modo de operação, os próprios Espíritos concederão
todos os poderes necessários e nosso Templo será assim criado dentro de todos os
iniciados do Culto Oculto pertencente à Linhagem de Qayin e Sua Noiva, Nossa Santa
Mãe.

16. Existe um tribunal externo do TFC onde as pessoas são designadas para mentores
para estudar os caminhos da Corrente 182 e, eventualmente, se consideradas
proficientes, proceder para o santuário interno do Templo como Irmãos e Irmãs
totalmente iniciados?

A Corte Externa do nosso Templo é penetrada por todos aqueles que praticam de todo o
coração e em solidão, de acordo com os ensinamentos do Culto de Qayin e que
conseguiram estabelecer contato e entronizar uma porção da Alma e do Espírito de
nosso Mestre. Se os Espíritos da Corrente então considerarem necessário, tais
estudantes serão nomeados professores/guias humanos e a partir daí o Caminho
Iniciático mais estruturado será aberto. Nem todo mundo que anda no Caminho precisa
entrar no Santuário Interior de nosso Templo. O que é importante é o Trabalho
Espiritual e, se conduzido corretamente, tal trabalho levará os devotos de nosso Santo
da Boa Colheita para onde eles precisam estar, na vida e na Morte.

17. O Segundo livro do Falxifer elabora sobre o funcionamento do aspecto de colheita


de Qayin como Qatsiyr e Messor. O que foi que te levou a descobrir esses poderes e
incorporá-los na Corrente Qayinita como o Negro No Verde?

Nada precisou ser incorporado, pois o Negro No Verde sempre esteve lá e a própria
existência deles / delas está interligada com o Trabalho de Qayin, como se não
existissem sem ele.

Minha iniciação pessoal nos mistérios dos espíritos das plantas tem sido um processo
muito longo e contínuo, desde que eu tive um fascínio e um relacionamento com o reino
vegetal e com os Espíritos que estavam por trás de suas máscaras verdes desde a
infância.

Em todas as tradições e linhas de prática em que me envolvi com as plantas e suas


aplicações esotéricas dentro do contexto da Obra Espiritual, tive um papel central para
mim e, portanto, foi natural dedicar uma porção maior do Liber Falxifer II a seus
mistérios e feitiçarias.

Tudo é baseado na Gnose sobre o “antinatural incorporação do natural” e o papel que


Qayin e Sua Noiva desempenharam nesse processo. Os insights espirituais sobre esses
assuntos foram recebidos através do trabalho prático com os espíritos das plantas (o
Negro no Verde) dentro do contexto da feitiçaria qayinita e todas as suas assinaturas
apresentadas no livro foram obtidas de acordo com os tratados que regem essa linha
específica de prática. então todos estão interligados e servem para capacitar toda a Obra.

18. No LFXI, somos brevemente apresentados a Qayin Messor, mas ele também recebe
o título de “Qatsiyr”, que é muito semelhante a alguns dos nomes de Qayin usados por
outras Ordens e Covens. Qual é o significado específico e propósito deste nome? Por
que existem dois nomes para Qayin relacionados a essa esfera?

O nome do Mestre é Qayin, todas as outras adições ao Seu nome são meros títulos (ou
“os nomes de Seu nome”) funcionando como sigilos sonoros que incorporam aspectos
específicos de Sua essência. “Messor” significa simplesmente o Ceifador e é um título
genérico que abrange um vasto número de atributos que Ele possui dentro do contexto
de colheita. O título de Qatsiyr / Katzir (uma palavra hebraica) se traduz como
Ceifador / Colhedor, mas possui também alguns significados mais esotericamente
relevantes, tais como Separador, Membro de uma Árvore, um Galho e Folhagem.

O título Qatsiyr descreve, conecta e foca o aspecto do Mestre como um Ramo da Árvore
da Sabedoria, semeado do Fruto do Conhecimento concedido pela Serpente Sagrada a
Eva, mas também mostra Sua conexão com a Árvore da Morte do Lado Noturno.

Em outro nível, este título enfatiza também Sua realeza sobre todos os espíritos das
plantas (o Negro no Verde) e é um desenvolvimento “natural” de seu domínio sobre o
reino vegetal, como foi Ele quem foi o primeiro semeador de sementes, lavrador da
terra, cortador de raízes e de árvores, mas também aquele que fortaleceu e trouxe adição
de poder ao Espírito Santo que tinha sido diluído dentro e através do mundo e
especificamente o reino vegetal sobre e dentro do qual Ele, através dos Seus sacrifícios,
fez o Negro da Luz do Outro Lado refletir.

O título de Qayin Qatsiyr também significa que Ele realmente era um Ramo Separado e
cortado da Árvore da Vida do Lado Noturno, tendo, em vez disso, raízes no Outro Lado.
Os dois diferentes títulos enfocam, assim, conceitos e aspectos diferentes, mas
relacionados, do Mestre dentro do mesmo Reino Verde.

19. Os componentes e ferramentas usadas durante os ritos da Corrente Necrosófica são


bastante específicos. Que conselho você daria àqueles que seguem a Corrente, mas não
são capazes de possuir tais ferramentas, por exemplo, Espinheiro-Negro, que não cresce
em algumas regiões geográficas. É aceitável adquirir tais itens comercialmente ou por
comércio com outros no Caminho e empreender a consagração daí em diante?

Quando se trata de elementos relacionados com o reino vegetal, serão dadas instruções
no Liber Falxifer II sobre a re-inspiração das suas conchas físicas e quando nenhuma
outra opção existe e é necessário seguir um tratado que exija um conjunto específico de
elementos, é possível comprar aquilo que é o básico e consagrá-lo para incrementar as
virtudes espirituais.

Com a prática correta, vem também a recompensa da Gnose pessoal concedida pelos
Auxiliadores e pelo Fâmulos do Caminho e, nesse momento, é possível tornar-se guiado
para alternativas adequadas a alguns dos elementos mais raros, quando e se tais
substitutos para eles crescerem sobre ou perto da própria terra.

Os poucos elementos de plantas mencionados no primeiro Liber Falxifer foram, por


exemplo, alguns daqueles através dos quais um aspecto inicial de nosso próprio
Trabalho foi realizado e Gnose alcançado e como tal eles foram e permanecem como
alguns dos principais pontos de contato entre o Templo e a alma e o espírito de Qayin.
Isso não significa que as árvores de Qayin estejam limitadas a ser aquelas três árvores
mencionadas no primeiro livro, ou algo tolo como isso, já que na verdade todas as
plantas pertencem ao Espírito d’Ele e Sua Noiva.

No capítulo Negro No Verde de Liber Falxifer II, muitas outras árvores e ervas ligadas
ao nosso Trabalho e às Almas e Espírito de nosso Mestre e Nossa Senhora são
apresentadas aos alunos do Caminho, juntamente com 72 de suas assinaturas individuais
completamente ligadas à Causa de Qayin, que também é nossa própria Causa Sagrada.

Através do funcionamento esotérico do sigilo do Ponto Verde da Caveira e das


assinaturas do Negro No Verde, todos os elementos da planta podem se tornar
consagrados e elevados para um novo nível de santidade e potência que rivaliza com os
elementos da planta corretamente ceifados ritualmente.

20. O Livro de Anamlaqayin concentrou principalmente no aspecto de colhedor de


Qayin, como Qayin Qatsiyr: podemos esperar ver publicações futuras que investigam os
mistérios dos outros aspectos de Qayin e / ou até mesmo um livro dedicado
exclusivamente à Gnose de Qayin e Sua noiva?

Tudo é possível e se os Auxiliadores do Trabalho nos guiarem para apresentar outros


aspectos dos mistérios ao público, faremos isso. Quanto à Santa Mãe, a Velada, Seus
mistérios são tais que eles não se prestam a tal revelação, o que é algo explicado em
Liber Falxifer II. Sua beleza e poder são algo que a pessoa deve merecer contemplar e
pistas suficientes sobre Seus mistérios são dadas no livro, mas se Ela em algum ponto
indicar que outros aspectos de Suas feitiçarias devem ser revelados, nós naturalmente
atenderíamos e obedeceríamos.

21. Refletindo sobre a libertação mencionada no Liber Falxifer, e sua menção de que
aqueles que se devotam ao Caminho serão recompensados, mas para aqueles que
buscavam apenas gratificação egoísta ou que profanam os mistérios do livro, será
colhido apenas destruição. À luz da libertação mencionada no Liber Falxifer II, o que
você diria sobre o resultado dessa advertência?

Os tolos nunca aderem a nenhum aviso nem respeitam qualquer conselho; está,
portanto, dentro de nossa abordagem abençoar e amaldiçoar igualmente, pois para cada
mão estendida na amizade há pelo menos uma mão de um ladrão que merece ser
cortada.

As bênçãos dos fiéis foram muitas, de acordo com seus próprios relatos, como
contatamos no Templo e agora temos devotos do Mestre em quase todas as partes do
mundo e, mais interessante, em países que as pessoas raramente se conectariam a esse
tipo de prática.

Quanto às maldições colocadas sobre os profanadores da Obra, bem, essas também


foram testemunhadas e continuam a envenenar a vida de tais nascidos de barro.

Com isto dito, nossa esperança é abençoar e não amaldiçoar com este Trabalho, mas a
natureza turva deste mundo é tal que são necessárias respostas coléricas para defender o
que é sagrado.
22. O TFC está ligado a uma corrente de luciferianismo gnóstico (218) e Qayin pode ser
visto como o primeiro satanista / luciferiano. No entanto, os nobres objetivos espirituais
e complexas feitiçarias dentro de sua tradição se desviam grandemente do satanismo
genérico e vulgar frequentemente encontrado. Eu me pergunto, portanto, como você
realmente se relaciona com o rótulo de “satanismo” e você acha que ele é descritivo o
suficiente ao representar?

Bem, com o passar dos anos tornou-se cada vez menos frutífero rotular o próprio
Caminho com termos como “satanismo”, mesmo que de fato nós veneremos e sirvamos
a Causa de Satanás / Lúcifer / Samael.

A americanização do “satanismo” e do ocultismo em geral ridicularizou tudo o que


poderia ser relevante e potente dentro de tais sistemas de antinomianismo espiritual e,
como tal, não temos nada em comum com a vulgaridade mais frequentemente ateísta e
materialista vendida aos cegos sob o disfarce de “satanismo” ou “luciferianismo”.

Outro fator que contribui para nossa relutância em se vincular a qualquer forma de
“satanismo” vulgar é o “apoio” muito indesejado que é forçado a diferentes ramos
relevantes da Senda de Satanás-Lúcifer por jovens mal orientados e obcecados pela
“música metal”. Tal abuso infantil de símbolos sagrados, sigilos e fórmulas que
deveriam ser reservadas somente para práticas espirituais é outra razão pela qual é uma
boa ideia distanciar-se do circo que é chamado “satanismo”.

Aqueles que conhecem e servem-se do Adversário do Demiurgo sempre permanecerão


e resistirão, pois tal oposição é a própria essência da Linhagem Sanguínea da Serpente,
mas torna-se cada vez mais contraproducente permitir que a Obra Divina se torne
falsamente associada com qualquer aspecto da idiotice grosseira dos charlatões
americanos e a profanidade da juventude fraca e desorientada.

Uma razão adicional para que alguém deva separar nosso Trabalho da maioria daquilo
que tem sido rotulado como “satanismo” é também o fato de que nossos objetivos
espirituais na realidade são opostos a quase todas as formas de sistemas de “Caminhos
da Mão Esquerda” ocidentais. Nosso objetivo é a União com a Divindade (o Deus
Desconhecido em Ain) e a transcendência do ego nascido em argila que acorrenta o
Espírito ao reino do Criador cego. Como tal, não temos nada em comum com a grande
maioria destas pessoas jogando “em nome de Satanás” e, de fato, teríamos mais em
comum com os gnósticos.

Quando vemos Satanás como a outra face de Lúcifer, sempre permaneceremos


“luciferianos e satânicos”, mas como nossa abordagem necrosófica e gnóstica não tem
nada em comum com quaisquer outros grupos que se identifiquem como “satanistas /
luciferianos”, não faz sentido nos rotularmos como tal, principalmente para evitar
causar mais confusão e não atrair mais atenção indesejada e “apoio”.

Nós somos apenas os trabalhadores da Luz Negra da Divindade.

Fonte: http://www.ixaxaar.com/218-interview-2.htm/

-Trad. Pt Dom Wilians, Lotan-

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