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Sociedade da Estrela & da Serpente

Colegiado da Luz Hermética


FUNDADO A SERVIÇO DA A∴A∴

MAGIA RITUAL
& A DEDICAÇÃO DO SANTUÁRIO
A UMA DEIDADE
________________________________________________________________________________________________________

Fr. Set-Apehpeh, 246 ∵ 7°=4 A∴A∴

Q in 25° J, R in 4° J

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

O trabalho de Homem e a pompa dele, deixe-os serem deformados. Seus edifícios, dei-
xe-os se tornarem cavernas para as bestas do campo! Confunda o seu entendimento
com escuridão!1
Mas lembre-se, ó aquele escolhido, de existir em mim, de seguir o amor de Nu no
brilho estrelado do firmamento; de olhar adiante pelos homens, de dizer-lhes esta ale-
gre palavra.2
As criaturas da natureza, daimones, sátiros e ninfas: a eles prestai oferendas em
meu nome e eles lhe darão riquezas, prazeres e amores. No Círculo Eu estou em Toda
parte e minha direção está em Todas as direções. Comunga com eles doravante todos
os dias. Com eles faça festas de sacrifícios em meu nome e de Toda parte eu virei a ti, o
devoto da Estrela & Serpente.3

.INTROITO.

A s lições que compõem o conjunto da Lição 1 são comentários acerca


do Ritual de Abertura da Kiblah, a prática preliminar dos associados
da Sociedade da Estrela & da Serpente. Nossa abordagem acerca dos
Mistérios e Arcanos da Iniciação é mais pragmática do que dogmática. Em
nossa opinião, essa abordagem está no limiar entre ocultismo e religião ou
esoterismo e exoterismo. Existem organizações thelêmicas com abordagens
religiosas. Tem sido difícil tentar dar uma definição a religião que explique
ou que satisfaça a mente e a intuição de todas as pessoas. Esse termo tem

1 A Chave dos 30 Aethyrs.


2 LIBER AL, II:76. É interessante notar que a cifra deste verso pode ser interpretada por 276, o número da pala-
vra grega Ermaion, quer dizer, o Templo de Hermes.
3 O LIVRO DOS FEITIÇOS, I:21.
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sido definido como um conjunto de crenças e rituais de um dogma estabele-


cido sobre um ou um conjunto de deuses e criaturas sobrenaturais. Mas nem
toda religião se enquadra nessa definição clássica. O budismo, por exemplo,
é uma religião que não estabelece a crença em um Deus. Nas tradições reli-
giosas aborígenes, ao invés de elegerem uma deidade suprema, seu culto,
rituais e crenças, são dirigidos aos ancestrais ou no poder ou virtude ineren-
te de um local ou zona de poder.
Em um primeiro momento, essa definição sobre o termo religião que
exploramos acima parece se encaixar melhor com as grandes religiões mo-
noteístas do Ocidente: cristianismo, judaísmo e islamismo. Os praticantes
dessas religiões são, podemos dizer, aleijados. A eles é imposto um dogma
exclusivista que lhes impede de ver além dos muros e paredes das igrejas,
sinagogas e mesquitas. No contexto religioso desses dogmas, não é concebí-
vel que um cristão possa também ser um praticante de judaísmo ou isla-
mismo. Se você perguntar a qualquer um dos praticantes destas três tradi-
ções qual a sua religião, ele dirá: sou católico ou sou protestante. Existe exclu-
sivismo até entre os praticantes do cristianismo, judaísmo ou islamismo. No
entanto, no Oriente as religiões estabelecidas não são exclusivistas, mas ao
contrário, inclusivistas. Um budista pode, se ele quiser, praticar confucionis-
mo e se você lhe perguntar qual a sua religião, muito provavelmente ele irá
dizer: nenhuma. Assim, parece que as religiões monoteístas ortodoxas do
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Ocidente engessam mais o processo de desenvolvimento do que as religiões
do Oriente. Seja como for, o efeito da religião, seja no Ocidente ou no Oriente,
é dominante.
Colocando esses fatos na balança, você poderá dizer: é melhor escolher
uma tradição religiosa do Oriente do que uma do Ocidente. No entanto, por
incrível que pareça, essas religiões monoteístas exclusivistas do Ocidente
tem um braço oculto tão inclusivista como as tradições do Oriente. Essas re-
ligiões, cristianismo, judaísmo e islamismo, têm duas faces. Uma dessas faces
é exotérica. Ela lida com a grande população e tem rituais e festivais que nor-
teiam a jornada espiritual da maioria das pessoas de nosso planeta. A outra
face é oculta, esotérica e lida com rituais bem flexíveis e são bem mais prag-
máticas do que dogmáticas. Quer dizer, o foco está mais centrado na prática
e na experiência direta – henosis, quer dizer, gnose – com um deus ou um
conjunto de deuses do que na especulação filosófica. Assim, a face esotérica
do cristianismo é o que se conveniou chamar de cristianismo contemplativo
ou cristianismo esotérico, também conhecido como cristianismo iniciático. A
face esotérica do judaísmo é a Santa Qabalah e a face esotérica do islamismo
é o sufismo. A face exotérica dessas religiões oferece o dogmatismo, que seus
praticantes têm de internalizar. A face esotérica dessas religiões, diferente
disso oferece pragmatismo, um conjunto de exercícios que os praticantes
executam para ter a experiência direta – gnose com deus ou com os deuses.
A face exotérica das religiões apresenta um ritual a ser celebrado por
todos os praticantes. A face esotérica oferece um conjunto de rituais para
inúmeros objetivos distintos. O exoterismo religioso é uma prática coletiva
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enquanto que o esoterismo místico e mágico é uma prática individual. Essa


prática individual, no entanto, tem muito mais a oferecer, pois ela pode ser
constantemente adaptada para os propósitos individuais de cada um.
A Sociedade da Estrela & da Serpente é uma organização espiritual eso-
térica. Ela está mais interessada em dar a cada um de seus associados ferra-
mentas através das quais eles poderão ter uma experiência individual e real
com o Absoluto, que nós reverenciamos na Face da Mãe Negra das Estrelas
Celestes. Por isso nosso ênfase na prática mística e mágica.Isso está claro no
nosso Lâmen, que contém a fórmula mágica que norteia nossa jornada.
Na Antiguidade, o conceito ou o termo religião como exploramos acima
era desconhecido. A prática espiritual dos povos da Antiguidade era pragmá-
tica e os cultos eram familiares. Não existia religião estabelecida ou culto or-
ganizado. A prática espiritual ocorria em um contexto familiar e em casa as
famílias erigiam santuários para deidades, especialmente àquelas locais ou
até a deidade do local onde moravam. A Religião Antiga, termo que as wica-
nas gostam de reivindicar para si, não era de fato uma religião. Os Ritos da
Deusa eram centrados na terra e tinham relação com o local onde a família
estava assentada, porque também não existiam cidades ou estados. As reli-
giões e o estado centralizado como os conhecemos hoje são significantemen-
te recentes na história da humanidade. Mas antes disso, as pessoas se reuni-
am em cavernas, catacumbas, colinas, florestas etc. na intenção de celebrar
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rituais sazonais e outras práticas mágicas, místicas ou alguma festividade. A
prática espiritual nessa época estava centrada na conexão com os locais e
tempos de poder, com a Lua e com as estrelas. Estes locais e tempos de po-
der proporcionavam uma conexão mais direta entre os praticantes e as cria-
turas espirituais, elementais ou celestiais.
Com o advento das cidades-estados e a estruturação dos grandes cultos
religiosos organizados, a prática individual espiritual (esotérica) foi suplan-
tada pela prática coletiva religiosa (exotérica). Perdeu-se a liberdade de li-
dar diretamente com o Absoluto sob qualquer forma em casa para adorá-lo
publicamente em centros religiosos estabelecidos. Rapidamente a prática
animista, que prevê um contato direto com o Absoluto em suas múltiplas
formas, foi suplantada por uma prática idealista que afastou o homem da
experiência direta ou gnose com Deus. A Sociedade da Estrela & da Serpente
elegeu, portanto, o animismo como ponto de vista acerca do Universo. Essa
escolha restaura nossa prática mágica alinhada aos Cultos de Mistérios da
Antiguidade, mais especificamente o Culto Sabeano das Estrelas de Set-
Tifon.
Uma vez esclarecido nosso ponto de vista sobre o Universo e nossa a-
bordagem acerca dos Mistérios e Arcanos da Arte dos Magi, para o conteúdo
da presente lição apresento a seguinte reflexão:
Diante do que acima exploramos, qual a validade para nós, brasileiros,
praticar um culto de deidades greco-egípcias, caldeias, assírias, fenícias e
babilônias? Sem medo de errar meus irmãos, nenhuma! Os membros da So-
ciedade da Luz Interior, Ordem Iniciática fundada por Dion Fortune (1890-
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1946), perceberam isso e após a passagem de sua mestre-fundadora, eles


tomaram o seguinte caminho: deixaram de operar com qualquer deidade e
estabeleceram que apenas iriam operar com deidades da antiga Bretanha,
quer dizer, deuses celtas. Esse foi o caminho mais seguro que encontraram,
pois perceberam a importância de lidar com as criaturas espirituais, os deu-
ses, alinhados ao local e tempos de poder em que eles se encontravam, que é
a Inglaterra. Nossa percepção espiritual está invariavelmente conectada com
nossa terra de nascimento. É muito mais fácil para nós, portanto, ter acesso
as criaturas espirituais dos locais e tempos de poder do Brasil do que àque-
les da cultura mágica-espiritual do Mediterrâneo.
Então a saída é trabalhar com os deuses naturais do Brasil? Não! E sim!
Não estamos aqui incentivando que você vá procurar praticar aumbandam.
Não é isso! Não existe lei além de Faz o que tu queres4 caso você queira se a-
profundar nessa área. O que nós incentivamos na Sociedade da Estrela & da
Serpente, é que o devoto da Estrela & Serpente, ao estabelecer sua Kiblah
Espiritual ou seu Santuário, o Templum Babalonis, não esqueça de alinhar o
seu Leste Espiritual, quer dizer, a Corrente Sabeana Estelar de Set-Tifon, com
o daimon ou genii loci do local onde se está estabelecendo a Kiblah, assim
como o daimon da cidade onde a zona de poder está sendo aberta. Quando o
devoto da Estrela & Serpente estabelece uma conexão e trato com o daimon
da cidade e do local onde está inaugurando sua Kiblah Espiritual, ele alinha a
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zona ou local de poder natural ao culto ou tradição que deseja trabalhar. Na
Sociedade da Estrela & da Serpente isso é feito através do Ritual de Consagra-
ção da Kiblah, que é um ritual de dedicação da Kiblah Espiritual a uma dei-
dade feminina Creatrix. O Santuário ou Templum Babalonis estabelecido por
Frater Set-Apehpeh, 246 ∵ e Soror MiaH56 ∵ é dedicado a Deusa Hécate, Ra-
inha da Noite e regente dos daimones.
A tradição greco-egípcia da magia preservou profundamente em suas
raízes uma cosmovisão animista. No Egito, o conceito ou ideia do genii loci
greco-romano – que veremos adiante – era conhecido como nomo, um assen-
tamento espiritual ou santuário dedicado a uma deidade. Um nomo é uma
zona de poder, um local com uma atmosfera mágica dedicada a um neter
(deus ou princípio) e nos hieróglifos essa zona de poder era representada na
forma arcaica da cruz tau, quer dizer, a cruz no círculo, que marca o local e-
xato do nomo: ⨂.
É interessante notar que o simbolismo primordial da cruz no círculo
marca um ponto, local ou entrecruzamento de planos ou dimensões. No anti-
go Egito, pontos e estrelas eram símbolos cognatos. Por isso a Deusa Estelar
era representada pintada de estrelas (pontos) ou vestida na pele de uma
besta também salpicada de estrelas. Este símbolo, portanto, marca o local
onde existe uma abertura para o plano astral, assim, um cakra de poder. Ca-
da nomo ou cakra terrestre de poder era consagrado, dedicado e regido por
um neter. A Deusa Creatrix Taurt é também identificada com o símbolo da
cruz no círculo e quando os egípcios a representavam no Norte com o ⨂, fa-

4 LIBER AL, III:60.


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ziam referência ao eixo celestial do Universo. Taurt no Norte, dessa maneira,


representava o ponto de cruzamento, a casa do porvir.
Com o acima exposto, reflita sobre a construção de seu Templum Baba-
lonis e a abertura de sua Kiblah, que deve se tornar um nomo mágico, um ca-
kra de poder onde ocorre o entrecruzamento vibracional de planos ou di-
mensões, o contato ou conexão com as estrelas no firmamento assentadas na
terra. Todo santuário físico possui uma contraparte ou extensão astral,5 com
um regente elemental e outro celestial. O regente elemental é o genii loci ou
daimon da zona de poder e o regente celestial, o deus ou neter sobre o qual a
zona de poder foi consagrada e dedicada. Essa contraparte astral da zona de
poder pode ser percebida clarividentemente como uma rede eletromagnéti-
ca que, embora não seja material, envolve toda a matéria.
No sistema de iniciação da Sociedade da Estrela & da Serpente, a partir
do Grau de Neófito inicia-se um trabalho profundo com o kuṇḍalinī-yoga a-
través do ājñā e mūlādhāra-cakras, o que envolve o estabelecimento de uma
zona de poder física e sua conexão com as estrelas. O trabalho de construção
da Kaaba mágica, consiste em preparar o Templum Babalonis, cuja extensão
é o próprio corpo físico e a abertura mágica da Kiblah. Este processo envolve
a cura e a purificação do ājñā e mūlādhāra-cakras.6
No estabelecimento de sua Kiblah Mágica, portanto, você deverá conju-
rar o daimon ou genii loci do local e alinhá-lo ao trabalho mágico que está
5
inaugurando, através da consagração da Kiblah a uma deidade feminina Cre-
trix. Mas antes de entrarmos com mais profundidade no tema do genii loci,
precisamos estabelecer um método. Este método nós chamamos de Magia
Ritual.

.MAGIA RITUAL.

O Ritual de Abertura da Kiblah é um exercício preliminar de treinamento es-


piritual que utiliza magia e psicurgia7 na prática que nós classificamos como
Magia Ritual.
A magia envolve a utilização de bases materiais em sua realização: ve-
las, cristais, incenso, confecção de amuletos, sacrifícios, feitiços etc. Se trata
da aplicação de técnicas teúrgicas através de bases materiais para produção
de taumaturgia ou a divinização da Alma. A prática com bases materiais, as-
sim, também se conveniou chamar de feitiçaria. Apenas o fato de acender
uma vela, nessa perspectiva, já pode ser classificado como feitiçaria. A psi-
curgia está intrínseca nesse processo teúrgico de utilizar bases materiais,

5 Seria útil incluir: todo o local físico possui uma contraparte astral, regida por um genii loci.
6 Na Sociedade da Estrela & da Serpente, a partir do Grau de Neófito, para as devotas da Estrela & Serpente está
disponível iniciação na Ordem de Sashat. Essa é uma Ordem Interna, aberta apenas para mulheres, cujo foco é o
treinamento mágico da Sacerdotisa ou Mulher Escarlate. Admissão no corpo de Sacerdotisas de Seshat requer,
no entanto, a construção de um Templum Babalonis completamente constituído.
7 Psicurgia pode ser chamada de magia mental e envolve a ordenação e o direcionamento das energias da

mente. Uma prática de visualização criativa, por exemplo, sem movimentos corporais ou entoação de palavras
de poder, é considerada um exercício de psicurgia. Tendo alinhado palavras de poder e movimentos corporais
(mudrās ou sinais mágicos), a psicurgia se torna magia ritual.
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quer dizer, a prática da magia e da feitiçaria. Por exemplo, ao produzir Água


Lustral ou infundir vida em uma estátua, o teurgo necessita de um trabalho
interior de visualização e projeção da vontade. É através do direcionamento
das forças da mente que o magista unirá sua vontade (objetivo) ao material
de base utilizado na operação. Sem isso, muito possivelmente sua taumatur-
gia será inexpressiva. O Ritual da Abertura da Kiblah, através do exercício da
magia ritual, lhe dá a oportunidade de fazer ambos os treinamentos espiri-
tuais.8
A Sociedade da Estrela & da Serpente propõe um caminho distinto da
magia cerimonial para àqueles Probacionistas que não podem constituir um
Templum Babalonis, quer dizer, um templo da Sociedade da Estrela & da Ser-
pente devidamente constituído para prática da magia thelêmica-tifoniana. A
magia ritual, portanto, pode ser uma boa porta de entrada para o universo
do exercício sacerdotal da Arte dos Magi. A magia ritual, diferente da magia
cerimonial, não exige tantos requerimentos e pode ser praticada apenas na
frente de um altar ou dentro de um santuário.
Para que qualquer tipo de magia seja realmente efetiva, deve-se traba-
lha-la de dentro para fora. O Probacionista se torna proficiente na magia ri-
tual a partir do momento que o trabalho interno se processa automatica-
mente através da operação que está sendo executada. Quer dizer, quando
existe uma união harmônica entre as forças da mente (psicurgia) e as ações
6
ritualísticas (magia) executadas. Com um magista avançado essa situação é
diferente, de maneira que a prática externa se processa a partir do trabalho
interno, como uma projeção deste. Nesse caminho, a magia ritual e a medita-
ção andam de mãos dadas. O tempo dedicado às técnicas meditativas e ao
estudo da tradição e seus arcanos é o sacrifício requerido na busca pela Pe-
dra dos Sábios. É um sacrifício de tempo e esforço. As formas mais efetivas
de magia ritual combinam a meditação, o trabalho interno e a ação, que se
trata do uso do corpo físico como um hieróglifo para que ele possa represen-
tar a vontade projetada e a imaginação bem formulada. Esse trabalho pode
ou não conter bases materiais, dependendo das condições de cada associado.
Assim nós temos a seguinte classificação:

 Ritual Dramático: Trata-se de uma peça encenada. Um ritual dramáti-


co é a contraparte exotérica de um ritual mágico, cujo mistério está
acessível a todos os participantes devido ao poderoso impacto emo-
cional que ele causa. Diferente da magia ritual que requer silêncio e
concentração, o ritual dramático utiliza música, dança, a teatralização
de algum mistério, iluminação específica, máscaras etc. O sucesso de

8 Na medida em que vamos avançando em nossas lições, você notará que o Ritual de Abertura da Kiblah vai se
transformando um ser vivo de poder miraculoso. Nos estágios iniciais da jornada do Probacionista na Sociedade
da Estrela & da Serpente, este ritual servirá apenas como um treinamento mágico para uma aplicação mais
avançada dele mesmo.
As instruções delineadas em LIBER APEP sugerem que a primeira etapa da iniciação thelêmica-tifoniana seja
executada através da teurgia. Esta primeira etapa ou estágio inicial é uma referência ao Grau de Neófito. A
tarefa fundamental do Probacionista, portanto, é preparar-se com o conhecimento e as ferramentas para apli-
cação prática dele, construindo as fundações de sua Pirâmide ou Kiblah interior.
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uma operação dramática depende muito da capacidade de encenação


dos participantes e seu nível de conhecimento. A dificuldade aqui é
encontrar magistas proficientes que sejam bons atores.
 Magia Cerimonial: Trata-se de uma operação de magia onde existe a
necessidade de se utilizar uma gama de objetos mágicos distintos co-
mo o altar, armas (espada, adaga, pantáculo, cálice, baqueta), círculo
mágico, triângulo da erte etc. O melhor exemplo para uma prática de
magia cerimonial é a arte da evocação mágica, onde ocorre uma inte-
ração entre o magista oficiante e uma criatura espiritual convocada a
se manifestar fora do círculo mágico, dentro do triângulo da arte. A
magia cerimonial pode ser praticada em grupo, onde cada um dos
participantes assume, por exemplo, a função e o papel de uma deidade
nos diferentes estágios da cerimônia.
Na magia cerimonial, podemos dizer que o processo de interioriza-
ção ocorre de fora para dentro. Por exemplo, em meu Templum Baba-
lonis particular dedicado a Deusa Hécate, ao realizar o Ritual da Aber-
tura da Kiblah, ao assumir o Sinal de Hekau, acendo duas velas: uma
consagrada a Sia (Poder) e outra consagrada a Hu (Vibração). Este
procedimento de acender as velas de Sia e Hu – que é físico e externo
– aliado ao poder da palavra e a ação na forma de mudrā ou sinal má-
gico, causa um impacto profundo no interior e daquele momento em
7
diante, estabeleço para mim mesmo que tudo o que sai da minha boca
na forma de palavras é a Verdade que ecoa por todos os cantos do U-
niverso, testemunhada e sancionada pela Corte de Neteres presentes
na minha operação de magia.
 Magia Ritual: Trata-se de uma técnica distinta da magia cerimonial.
Entendemos que a magia ritual opera a partir do interior de cada um,
com ou sem armas mágicas, altares, lâmpadas, incenso etc. A magia ri-
tual só será efetiva quando trabalhada nos planos internos. Então, di-
ferente da magia cerimonial, a magia ritual opera de dentro para fora.
Ao assumir o Sinal de Hekau, vibrar o encantamento de Sia e Hu e fa-
zer a visualização do cone helicoidal de luz na magia ritual, meu corpo
se torna um hieróglifo sagrado e a Kiblah ou Pirâmide de Poder Interi-
or é construída de dentro para fora, não existindo assim a necessidade
de base material física para ser efetiva.
A magia ritual, portanto, está adequada aos Probacionistas que ain-
da têm dificuldade de estabelecer um Templum Babalonis completa-
mente equipado.

Poucos magistas têm a oportunidade de construírem um templo devidamen-


te equipado e decorado segundo os códices da tradição greco-egípcia da ma-
gia. Muitos de nós moramos em apartamentos apertados nos dias de hoje,
outros praticantes ainda têm de dividir seus aposentos com familiares etc.,
tornando a prática da magia cerimonial quase que impossível. No entanto,
magia ritual pode ser executada efetivamente sem qualquer equipamento ou
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aparato mágico. Um altar, um candelabro de vela, um pote contendo Água


Lustral, uma adaga mágica e um braseiro para fumigação são o suficiente
para que o Ritual de Abertura da Kiblah possa ser executado, bem como ou-
tros rituais importantes que seguirão, como a devoção diária ao Sagrado An-
jo Guardião e os Rituais do Tarot. Esse material pode ser facilmente guarda-
do quando não estiver sendo utilizado, conferindo a possibilidade de montar
e desmontar a Kiblah, caso seja necessário. A lógica do processo é facilitar as
coisas ao Probacionista, não complicá-las. É somente no Grau de Neófito que
a construção de um Templum Babalonis se faz estritamente necessária.

.GENII LOCI.

Existem uma miríade de criaturas espirituais ao nosso redor conhecidas


como daimones e no curso de nossas lições vamos nos debruçar sobre o se-
guinte tema: daimonologia, o estudo acerca dessa classe distinta de criaturas
espirituais.
Alguns daimones estão conectados aos lugares e zonas de poder terres-
tres e a cultura greco-romana os nomeou de genii loci. Não é difícil encontrar
a morada ou assentamento de uma daimon, pois geralmente é um lugar des-
tacado de seu entorno. Por exemplo, pode ser uma vigorosa e gigantesca ár-
vore na forma de um tridente que se destaca de todas as outras árvores ao
8
seu redor. Nascentes naturais, cavernas, grutas, bosques, clareiras, templos e
construções abandonadas, vielas, montes, pedreiras, rios etc. têm um dai-
mon ou genii loci. Aquiles, vamos nos lembrar da ILÍADA de Homero, lutou
com o daimon de um rio. Quando percebemos a presença dessas criaturas
espirituais ao nosso redor, podemos nos comunicar com elas, seja aonde for.
Cidades, grandes prédios, igrejas, centros religiosos diversos. Onde quer que
estejamos, é possível contatar a criatura espiritual ou genii loci do local.
O gregos costumavam chamar estes daimones da natureza de sátiros e
ninfas, o que possibilitou dar a eles uma forma através da mitologia. Mas a
presença daemônica de uma zona de poder é de natureza imaterial e abstra-
ta. Os romanos chamaram o sátiro de fauno. Ocasionalmente vemos algum
autor conectando as ninfas gregas às fadas dos ingleses, alegando familiari-
dade funcional. Não sei este é o caso. Seja como for, fadas também são cria-
turas espirituais, assim como os são as salamandras, os gnomos, as ondinas
e nereidas e os silfos e sílfides, todos conectados aos Quatro Elementos da
Natureza. Outra discussão é se os sátiros e ninfas participam ou têm poderes
divinos inerentes. Bem, como veremos no curso de nossas lições, os daimo-
nes são projeções ou extensões dos poderes dos deuses.
Na Antiguidade utilizava-se o termo apropriação do daimon, quer dizer,
é possível ao teurgo se apropriar do genii loci de um local antes de fazer dali
seu santuário. Um pacto é feito entre o teurgo e o daimon do local e sacrifí-
cios contendo carne de boi, frutas, bebidas e moedas são arriadas para que o
compromisso seja estabelecido. Para que um teurgo possa fazer pleno uso
de sua zona de poder, ele precisa da cooperação do genii loci para realizar
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seus trabalhos e adorações. Portanto meus irmãos, a ideia de banimento tem


de ser repensada entre nós.
O banimento tem sido uma prática comum no movimento que ganhou
força e ímpeto chamado de magia moderna. O pai da magia moderna, assim
consideram, foi Aleister Crowley, cuja ênfase de trabalho era a magia ritual
como acima foi explicado. A Sociedade da Estrela & da Serpente não usa ou
aconselha a prática de rituais de banimento como ensinado e praticado na
magia moderna. O mago moderno, ao chegar no local onde decide fazer seu
ritual, como primeira providência realiza um procedimento de banimento na
intenção em banir, quer dizer, expulsar daquele local, as criaturas espirituais
que ali estão. Imagine que alguém entra na sua casa, o local onde você mora,
e lhe expulsa com um pontapé na bunda. Estranho, não é? Pois é! É justa-
mente isso que ocorre com essa atitude de sair fazendo rituais de banimento
em qualquer lugar. O que nós fazemos aqui, diferente disso, é alinharmos
nossa Kiblah Espiritual a força daemônica existente no local onde construí-
mos nossos santuários. Uma atitude mágica mais sensata, pois através desse
procedimento o teurgo utiliza a força espiritual daemônica do local ao seu
favor, o que provê mais força a zona de poder que ali foi estabelecida. Em
outras palavras, com este trato ou compromisso com o genii loci e a dedica-
ção do santuário a uma deidade, o teurgo alinha a geografia (zona de poder
terrestre) com as estrelas (zona de poder celestial).9
9
Ao fazer um sacrifício de oferenda nas margens de um rio e ali prestar
reverência ao daimon ou genii loci, você nunca mais passará por aquele lugar
sem pensar em Deus. Por isso é dito que os pensamentos de um teurgo se
elevam as alturas dos éteres superiores quando ele passa perto de montes,
árvores, grutas e rios, locais sagrados e encantados. Somado a beleza da Na-
tureza, o teurgo mantém a meta na henosis, quer dizer, a experiência direta
com o divino. A Natureza se torna um templo.
Mas embora este conhecimento ou ideia de que os locais têm espíritos
seja quase que universal, a maneira de contatá-los não é. Cada zona de poder
ou local, dependendo do lugar, cidade ou país, terá uma característica cultu-
ral distinta e a maneira de contato com os genii loci destes locais deve ser
adaptada segundo a cultura, tecnologia ou métodos da região. O teurgo deve
falar a língua do daimon que deseja contatar. Isso não tem nada a ver com a
linguagem utilizada, como o exemplo dado por um autor onde ele diz o se-
guinte: você nãopode evocar um daimon em inglês se ele é alemão. Embora a
lógica seja parcialmente correta, o exemplo é péssimo. Seria melhor dizer
assim: velas, principalmente de parafina, não são utilizadas em rituais hindus,
portanto, seria incorreto usar uma vela em um pūjā para Lakṣmi Devī. Quer
dizer, as oferendas de sacrifício arriadas para um genii loci têm de estar ali-
nhadas a cultura local de onde a zona de poder se encontra. Somado a isso

9Precauções para defesa são tomadas apenas quando necessárias e fora as purificações, dentro e fora da zona
de poder que operamos, existe o poderoso Ritual da Atalaia, onde a força marcial da Deusa Sekhet é invocada
para fazer ronda e guarnecer os devotos da Estrela & Serpente. Essas medidas de proteção, expulsão, exorcis-
mo e banimento são feitas estritamente contra kakodaimones, criaturas espirituais avessas a consciência hu-
mana e que podem, por deslize ou descuido, atrapalhar o trabalho do teurgo.
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há o fato de que em verdade, não são as palavras em si utilizadas pelo teurgo


que dão acesso ao daimon, mas o poder por trás das palavras que é capaz de
acessá-lo. Nós falaremos disso em lições futuras ao discutirmos o Sinal de
Hekau, amplamente utilizado em nossos rituais.
Vou dar um exemplo bem prático sobre o que expus no parágrafo aci-
ma: aqui em Juiz de Fora onde moro desde a infância, tem um rio chamado
Paraibuna. Embora a cidade tenha duzentos e cinquenta anos, o rio Paraibu-
na é muito mais antigo em tem muito mais história. Duas grandes tragédias
ocorreram no rio Paraibuna. Antes de se tornar uma cidade, Juiz de Fora era
o assentamento de uma tribo indígena há muito extinta, os Puris, embora
ainda existam índios puris espalhados pela região sudeste. Toda uma tribo
foi massacrada as margens do rio Paraibuna. Muito tempo depois outro
massacre ocorreu nas margens do Paraibina, só que desta vez eram escravos
de uma das fazendas de café ao redor da cidade. Ao fugirem em direção ao
Quilombo, foram encurralados no rio Paraibuna e ali pereceram. Então, se eu
desejo entrar em contato com o genii loci do rio Paraibuna, eu tenho de lidar
com ele da maneira correta e ainda lidar com os cascões dos mortos massa-
crados, índios e escravos. Portanto, antes de tentar entrar em contato com o
daimon de qualquer lugar, tenha informações suficientes sobre a história
dos acontecimentos diretamente envolvidos com o lugar.
Eu deveria fazer outras indagações antes de tentar entrar em contato
10
com o daimon do rio Paraibuna: será pelo qual o nome que os puris o cha-
mavam? Será que eles faziam oferendas ao daimon do rio? Se sim, o que cos-
tumavam sacrificar? As centenas de escravos que havia em Juiz de Fora ti-
nham um nome para o rio Paraibuna? Quem foi que o batizou e por que o rio
foi chamado de Paraibuna? Todas essas perguntas deveriam ser pelo menos
parcialmente respondidas antes de tentar contatar o daimon do rio Paraibu-
na, pois as respostas obtidas são essenciais para o resultado positivo de mi-
nha empreitada mágica.
Mas você pode se defrontar com um problema nessa pesquisa: e caso
não seja possível encontrar nenhum registro ou história sobre o local onde
deseja contatar o genii loci? Não sabendo nada do local onde vão conjurar os
genii loci, os teurgos modernos têm utilizado métodos simples, vamos dizer
neutros, para arriar oferendas aos daimones sem ofendê-los, sem torná-los
seus inimigos.
A prática que segue é um exercício que você deverá fazer ao ar livre, no
quintal de sua casa ou em uma floresta, gruta ou caverna. A intenção é que
você comece a se familiarizar com a prática animista da magia e, com isso,
tenha mais certeza e conexões para contatar o daimon do local onde elegeu
sua Kiblah e consagrá-la a uma deidade feminina Cretrix.

Oferenda de Sacrifício a um Genii Loci


Estágio 1: Preparação
Selecione o material para o sacrifício: frutas, pipoca, mel, água e moe-
das, principalmente àquelas cunhadas em cobre de R$0,05.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Após ter selecionado o material para a oferenda de sacrifício, eleja um


local que forme um altar natural: um toco de madeira perto de um rio,
ou uma pedra.
Por alguns instantes, se familiarize com o local. Faça algumas respira-
ções profundas e se harmonize, através de um relaxamento ou de uma
meditação, com as criaturas espirituais do ambiente. Esteja certo de
que o lugar onde fará sua oferenda de sacrifício seja a habitação de um
genii loci.
Estágio 2: Contatando o Genii Loci
De pé, frente a seu altar natural e com as oferendas sobre ele, realize o
Sinal do Hierofante Invicto e diga:
Espírito deste local de poder, seja deus ou deusa, seja lá o nome pelo
qual você goste de ser chamado, ouça meu chamado: eu venho em paz
e humildemente busco amizade. (3x).
Aceite minhas oferendas que a ti entrego em virtude de minha amiza-
de. Que elas possam te alimentar, engrandecer seus poderes e sua in-
fluência e fortalecê-lo. (3x).
Execute o Sinal de Hórus e em seguida o Sinal de Hekau e diga:
Espírito [da gruta, cachoeira etc.], eu te ofereço minhas Palavras de
Poder e as intenções nelas contidas em benefício de nossa amizade e
parceria. (3x).
11
Oh grande espírito [da gruta, cachoeira etc.], tu que és [dizer as carac-
terísticas dele que mais lhe agradam e te chamaram atenção], em no-
me da virtude de nossa amizade e companheirismo, eu te ofereço o me-
lhor de mim e de ti,eu gostaria de [dizer o que deseja dele].
Faça libação com Água Lustral sobre a oferenda de sacrifício.
Realize o Sinal do Hierofante Invicto. Visualize o altar e a oferenda de
sacrifício como uma extensão de seu Corpo de Luz (pausa). Em seguida,
coloque as duas mãos sobre as oferendas e projete o prāṇa de suas
mãos na cor dourada sobre elas (pausa).
Retorne no Sinal de Hierofante Invicto e diga:
Oh grande espírito [da gruta, cachoeira etc.], eu ofereço a ti o meu me-
lhor como um compromisso que sela nossa amizade.

Com o tempo e prática, você pode aumentar esse ritual, incluindo fumiga-
ções e a invocação de deidades regentes dos locais de poder. Um exemplo:
uma escola de música possui um genii loci. A música é um atributo do Deus
Apolo, relacionado ao Sol. O genii loci de uma escola de música, portanto,
está sob os auspícios e responde ao Deus Apolo, que pode ser invocado an-
tes, seja no seu santuário pessoal ou no próprio local, conferindo ao teurgo
autoridade sobre o genii loci. Os devotos da Estrela & Serpente, neste caso
específico, poderiam invocar a Deusa Hathor da medicina do Sol. Outro e-
xemplo: o genii loci de uma escola de artes marciais é regido por uma deida-
de marcial como Sekhet, que deveria ser invocada para garantir autoridade
sobre o daimon do local.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Outro exemplo, mais alinhado ao contexto da presente lição: para que


você instale sua Kiblah, precisará contatar o daimon do local onde a constru-
irá. Suponhamos que você more em um apartamento em um bairro boêmio,
com muitos bares, boates e opção para lazeres noturnos. O Deus Baco ou
Dionísio, também atribuído ao Sol, é a deidade dos vinhos, das festas, dos
excessos sexuais e orgias. Dessa maneira, o daimon ou genii loci de seu bair-
ro muito provavelmente é regido por este Deus, assim como a miríade de
daimones e geniis loci de seu bairro, o que inclui o genii loci de seu aparta-
mento. Dessa maneira, em sua prática pessoal, é aconselhado fazer um as-
sentamento para o genii loci de seu apartamento e para deidade que o rege,
na forma de Creatrix. Neste caso, como no exemplo anterior, os devotos da
Estrela & Serpente instalariam Hathor como a deidade tutelar de sua Kiblah
ou zona de poder.

Planeta Divindades
Lua Isis
Marte Sekhet
Mercúrio Seshath
Júpiter Maat
Vênus Ashtaroth
Saturno Neith
Sol Hathor

12
Na tabela acima escolha a Deusa Tutelar de sua Kiblah Espiritual. Deusas
como Ishtar, Lilith, Inanna, Babalon ou Asherah podem ser escolhidas tam-
bém, pois são representações da Mãe Primordial. A Deusa Hécate, Rainha e
Senhora de todos os daimones, também pode ser escolhida como uma Dei-
dade Tutelar, como é o caso do Templum Babalonis de Fr. Set-Apehpeh, 246
∵ e Soror MiaH56 ∵. A instalação da Deidade Tutelar de seu santuário faz
parte da prática que nós chamamos de Culto de Śakti-Babalon.

.DEDICAÇÃO DO SATUÁRIO A UMA DEIDADE.

A Magia é uma Arte e um Ofício Sacerdotal. Um Mago, dessa maneira, trata-


se de um Sacerdote, um Hierofante de Mistérios. O ofício sacerdotal é uma
prática diária que consiste da manutenção espiritual de um templo. Um Sa-
cerdote da Tradição Greco-Egípcia da Magia executa diariamente rituais de
oblação, fumigação, invocações, preces e faz oferendas aos daimones e seus
deuses regentes. Instalar uma Deidade Tutelar em seu santuário é estabele-
cer um culto diário que envolve teurgia, magia e psicurgia em um processo
de intimidade com a deusa eleita.

As criaturas da natureza, daimones, sátiros e ninfas: a eles prestai oferendas em meu


nome e eles lhe darão riquezas, prazeres e amores. No Círculo Eu estou em Toda parte
e minha direção está em Todas as direções. Comunga com eles doravante todos os di-
as. Com eles faça festas de sacrifícios em meu nome e de Toda parte eu virei a ti, o de-
voto da Estrela & Serpente.10

10 O LIVRO DOS FEITIÇOS, I:21.


Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

A Deusa Hécate, Rainha da Noite e Senhora dos daimones foi a Fonte que di-
tou os oráculos de LIBER APEP: O LIVRO DOS FEITIÇOS. Essa é uma transmissão
espiritual noturna, porque foi o resultado de uma série de incursões astrais
no Túnel de Qulielfi.11 Essa transmissão é pragmática, por isso foi chamada
de O LIVRO DOS FEITIÇOS, pois seu interesse é transmitir um conhecimento
prático através do qual é possível atingir a henosis ou experiência direta com
o divino. Em O LIBER APEP, essa experiência direta com o divino é chamada
de pentagrama de sangue e é a própria Deusa Hécate manifesta na sacerdoti-
sa, quando ela se torna um portal entre mundos ou a Fonte de Hécate.12
A Deusa Hécate instrui que o devoto da Estrela & Serpente realize co-
munhões diárias com distintos daimones, através dos quais ele poderá co-
mungar com Ela. Quando a Deusa Hécate diz que no Círculo Eu estou em To-
da parte e minha direção está em Todas as direções [...] e de Toda parte eu vi-
rei a ti, Ela está declarando que é a Virgo Intacta, a Mãe Terra em toda sua
plenitude e manifestação. O meio de comungar com ela, portanto, é o traba-
lho mágico com as inúmeras criaturas espirituais que se encontram no Cor-
po da Deusa.
Nós iremos discutir em outras lições a execução das libações, fumiga-
ções e sacrifícios. No presente, vamos nos concentrar em uma primeira co-
munhão ou contato com a Deidade Tutelar de sua Kiblah ou Templum Baba-
lonis. Primeiro descubra a deidade regente de seu bairro na tabela acima.
13
Após definir a deidade, antes de tentar contatar o genii loci de sua casa, apar-
tamento ou propriedade, estabeleça uma relação mais íntima com a Deidade
Tutelar e faça para ela um pequeno altar ou assentamento. Caso a deidade
eleita seja Hathor, cuja medicina planetária é o Sol, você deverá constituir
um assentamento com correspondências solares. Use condensadores fluídi-
cos a base de ervas solares, ofereça fumigações de olíbano, queime velas
amarelas e, principalmente, mantenha algum objeto de ouro sobre o altar ou
assentamento. Você pode escolher uma imagem ou fotografia da Deusa Ha-
thor. A imagem deve ser consagrada através de um procedimento teúrgico
em que o Ba e o Ka da Deusa Hathor é trazido a habitar dentro da imagem.13

11 Para detalhes dessa transmissão, veja ESTÁ TUDO NO OVO: AS CRÔNICAS DO CULTO DE LAM e ESTÁ TUDO NO OVO:
ORÁCULOS DA ZONA MALVA (Liguori).
12 A Deusa Hécate é considerada uma deusa limiar, quer dizer, entre mundos. Um dos objetivos da teurgia é

unir mundos e, portanto, a Deusa Hécate atua como um portal, ponte ou conexão entre mundos. Veja O Penta-
grama de Sangue em ESTÁ TUDO NO OVO: ORÁCULOS DA ZONA MALVA (Liguori).
13 O ba contém traços peculiares da personalidade ou o conteúdo do Ego. As traduções para este nome são

distintas como fama, estima, apreço, potência ou poder regenerativo. O ba é melhor compreendido como a soma
total das potências de um indivíduo até o presente, construídas ao longo da vida. O ba também pode ser consi-
derado àquilo que o indivíduo pensa de si mesmo, a imagem que ele tem de si mesmo. Portanto, a personalida-
de demonstra o quão forte ou fraco é o ba de alguém. O ba é, portanto, algo que construímos diariamente. Os
egípcios acreditavam que quando nós ensinamos algo a alguém, criamos nela um novo ba. A palavra egípcia
para ensinar é s’ba, quer dizer, criar ba. A iniciação é um processo pelo qual se cria um novo ba, a fim de inte-
grá-lo com o antigo.
O ka é àquilo-que-deverá-ser. Como tal, ele serve para nutrir eventos futuros e deve ser energizado através
de heka, quer dizer, magia. Tudo possui um ka: dinheiro, comida, pessoas, animais etc. e é através deste ka que
nutrimos o nosso ka. Os egípcios diziam que os neteres possuem quatorze kas, mas os que caminham sobre e
sob a terra têm apenas quatro kas. Como o ka era sempre representado nos hieróglifos como uma segunda
imagem do Rei, os egiptólogos o classificaram impropriamente como duplo. Mas o ka é a força de vida que
coloca tudo em movimento e o movimento reforça o ka que o impeliu. Por exemplo, ao fazer um exercício de
visualização criativa, o magista cria um novo ba, nutrido por seu ka. E quando o magista já tornou-se um mes-
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Os rituais teúrgicos da Sociedade da Estrela & da Serpente são divididos


em três etapas fundamentais:

1. Coisas mostradas: os implementos e ferramentas utilizados em um ri-


tual. Estes implementos e ferramentas representam as faculdades da
Alma.
2. Coisas ditas: as palavras de poder, invocações, preces e orações que
criam uma conexão entre o teurgo e a deidade adorada.
3. Coisas feitas: o trabalho do teurgo em seu ofício sacerdotal, que por
fim o diviniza. Este trabalho divino constrói uma harmonia entre
mundos e o teurgo que participa do trabalho dos deuses se torna co-
mo os deuses.

Em conjunto, estas três coisas mostradas, ditas e feitas constituem a execu-


ção da magia ritual. Para os fins dessa lição, a conexão íntima que primeiro
você irá desenvolver com a Deidade Tutelar de seu santuário, será através
do poder da invocação. Uma invocação pode levar anos até que seja aperfei-
çoada. Essa é uma palavra técnica: quando o teurgo aperfeiçoa a invocação a
uma deidade, ele e a deidade são uma coisa só, não três coisas.
A invocação, portanto, é uma coisa dita e vale a pena nos debruçar so-
bre ela nesse momento. Na prática da teurgia, a linha entre invocação, prece,
14
hino e encantamento é muito obscura. Nas fórmulas mágicas dos PAPIROS
MÁGICOS GRECO-EGÍPCIOS nenhuma distinção é feita entre invocações, orações,
hinos e encantamentos. Na grande maioria das vezes eles aparecem juntos e
são indistintos.
Para os Sacerdotes da Antiguidade, orações e invocações não eram con-
sideradas fórmulas mágicas para o contato com daimones e deuses, mas uma
maneira de se estabelecer e manter uma relação com eles. No Ocidente há
duas interpretações comuns do uso da oração: orações de súplica, quer dizer,
onde o devoto suplica pelos favores e a intervenção de uma deidade; e ora-
ções de graças, onde o devoto oferece agradecimentos a deidade pelos favo-
res obtidos. Essa distinção vem da religião romana pagã que ensina dois ti-
pos de oração: petição (quando se pede algo a um deus) ou agradecimento
(quando se canta através de hinos os atributos e virtudes de um deus). A
cristandade absorveu essa tradição pagã romana, influenciando largamente
nossa compreensão – ocidental – dessa antiga prática. Orações e invocações
são práticas universais. Elas existem em várias culturas, executadas de for-
mas distintas. Os hindus, por exemplo, compõem diversos tipos de preces,
invocações e encantamentos de uma deidade na forma de mantras, stotras
etc. Para Gaṇeśa por exemplo, existem preces e invocações para proteção,
bênçãos, louvores e até prosperidade.

tre na magia, seu ka pode alimentar qualquer um de seus desejos e manifestá-los ou reificá-los na matéria. É
por causa de seu ka que este material de estudo chegou as suas mãos! É o seu ka que lhe impele a descobrir
novos conhecimento e encontrar tesouros ocultos.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Na presente lição vamos colocar em prática uma fórmula mágica grega


usada em orações e invocações. Essa fórmula grega não tem a complexidade
litúrgica das preces e invocações cristãs tradicionais, por isso influenciou em
demasia os magos da Antiguidade e Idade Média. A oração que você irá pra-
ticar é dividida em etapas. Você deve se tornar hábil em praticá-la para
qualquer deidade escolhida. Comece com preces devotadas a Deidade Tute-
lar de seu santuário mágico e ao Sagrado Anjo Guardião três vezes ao dia,
pela manha, tarde e noite, junto ao Ritual da Abertura da Kiblah.

Oração-Invocação
Primeiro estágio: Identificação
Este estágio identifica a deidade invocada: Oh Pã, deus das matas e das en-
tradas, eu Frater [...] me dirijo a Ti. Para os gregos e por muito tempo de-
pois os romanos, falar o nome de uma deidade em uma oração ou invoca-
ção não era algo vago ou trivial. Saber o nome de alguém na antiga Grécia
e Roma era estabelecer uma relação com a pessoa. Errar o nome de uma
deidade ao dizê-lo, significa que não foi estabelecida, de verdade, uma re-
lação entre a deidade e o devoto. Saber o verdadeiro nome de um deus,
portanto, significa que o devoto reconhece seus atributos, virtudes e po-
deres. Por isso, nessa etapa da oração, costuma-se vibrar o nome e os a-
tributos da deidade, de maneira rítmica e hipnótica:
15
Oh Pã, cuja morada é nos bosque e nos vales.
Tu Pã, que arrasta as ninfas ao êxtase do delírio.
Tu Bode, deus das alturas montanhosas.
Tu Falo. Tu Potência.
Eu invoco a ti, o Poderoso Bode das Estepes.
Segundo estágio: Justificação
O propósito deste segundo estágio é colocar o devoto e a deidade em seus
devidos lugares, quer dizer, da mesma maneira que saber o nome correto
da deidade demonstra conhecimento acerca dela, a justificação relembra
ao devoto a natureza de sua devoção perante a grandiosidade da deidade
adorada.
A justificação não é utilizada – embora seja uma prática muito anterior
– pela cristandade e por conta disso, temos pouca familiaridade com ela.
Na execução, o devoto se lembra que, embora a deidade esteja disposta a
conceder-lhe favores, eles não podem ser completamente experimentados
pelo devoto, devido sua pequenez diante da deidade. Como a cristandade
introduziu a ideia de que Jesus Cristo se preocupa com seus devotos e fi-
éis, inclusive influenciando no resultado de apostas, não houve espaço pa-
ra justificação nas preces cristãs. Nessa etapa, o teurgo justifica:
Oh Pã, tu cuja grandiosidade não é compreensível aos mortais.
Tu cujos pináculos de poder estão além do alcance dos homens.
Tu cujas graças são inconcebíveis a legião dos vivos.
Oh Pã, eu reconheço tua potencia e influência e por isso clamo por sua in-
tervenção.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Terceiro estágio: Súplica ou Graças


Nesta etapa o devoto suplica por favores ou a intervenção de uma deidade
ou lhe oferece louvores e sacrifícios. Tanto nas antigas religiões greco-
romanas quanto na prática da taumaturgia, as súplicas são geralmente
para benefícios materiais e os louvores são oferecidos pelas graças obti-
das. No entanto, iniciados costumam não apenas pedir por necessidades
materiais, mas principalmente, por necessidades espirituais, quer dizer,
suplicam auxílio em sua jornada espiritual. Assim temos:
Oh Pã, a ti suplico auxílio: conceda-me o Poder para que eu execute mi-
nha Verdadeira Vontade. Eu encarnei no plano da manifestação e esqueci
minha identidade, meu propósito. Eu caminho entre os homens ignorante
de mim mesmo, perdido na jornada da encarnação. Eu suplico a Ti, Deus
cujos cascos te levam aos pináculos e cujos cornos tocam os céus. Conce-
da-me o poder sobre mim mesmo e me auxilie na direção da Grande O-
bra.
Quarto estágio: O Voto
Esta etapa trata-se da promessa estabelecida entre o devoto e a deidade
adorada. O voto, portanto, consolida a relação entre o devoto e a deidade,
a união deles:
Oh Pã, em virtude de sua amizade, pelas graças que tu, poderoso cornudo,
me confere, oferecerei mãos cheias de incensos, taças de vinhos doces,
16
frutas e grãos. A Ti Pã, Poderoso Deus dos Pináculos de Poder, oferecerei
sacrifícios diários.

Estas quatro etapas podem ser classificadas como:

1. Exaltar os atributos de Deus.


2. Exaltar o Deus acima de si mesmo.
3. Súplica ou Graças a Deus.
4. Juramento a Deus.

Note que você não se torna a deidade invocada. Esse é um trabalho para o
final do Grau de Neófito. Até lá, primeiro como um Probacionista da Socieda-
de da Estrela & da Serpente, você se dedicará ao Culto do Sagrado Anjo Guar-
dião e a Deidade Tulear de seu santuário ou Kiblah Espiritual. Trata-se, por-
tanto, de um trabalho essencialmente devocional, onde o que se quer con-
quistar é a dedicação e devoção espiritual.
Preces e orações bem feitas têm de partir de dentro, de forma espontâ-
nea e clara. Assim, o treinamento de cada uma das etapas dessa fórmula má-
gica grega pode lhe capacitar a tecer suas preces com maior confiança e des-
treza, pois ela salienta uma relação com a deidade adorada.
Um conhecimento perdido é a posição devocional para preces, invoca-
ções e encantamentos. Existem posições corporais que, quando assumidas,
proporcionam a henosis com a deidade invocada, pois o corpo físico se torna
um hieróglifo mágico de poder. Em LIBER APEP a Deusa Hécate declara: O se-
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

gredo do hieróglifo e o caminho da serpente eu te revelo. Eu Me abro a ti e de


meu olho jorra o fogo estelar. Quando o corpo assume uma postura ou sinal
mágico, um complexo arranjo de forças é colocado em ação. Na magia tāntri-
ka, isso é conhecido como mudrā, um poderoso recurso ou tecnologia mági-
ca que dá direção a Serpente de Fogo através da ativação e alinhamento de
determinados cakras ou zonas de poder corporais. Quando proficientemente
executado, o Sinal Mágico possibilita a henosis da Serpente de Fogo crepi-
tando no sahasrāra-cakra, quando a Deusa se abre ao devoto e de meu olho
jorra o fogo estelar. Nós iremos tratar deste assunto com mais detalhes em
lições futuras. Aqui basta saber que, através da execução de Sinais Mágicos
alinhados ao poder da visualização e a projeção da vontade criativa, é possí-
vel praticar magia ritual todos os dias.
Os Sinais Mágicos da Sociedade da Estrela & da Serpente são frutos de
pesquisa e imersão espiritual nas áreas do kuṇḍalinī-yoga e Qabalah Hermé-
tica, de onde foi possível desenvolver o conhecimento e as chaves mágicas
destes sinais. Qabalah Tântrica é o nome que se dá ao estudo que relaciona
as zonas de poder na Árvore da Vida aos ṣaṭ-cakras da cultura tântrica. A
tabela abaixo estabelece a relação que os Devotos da Estrela & Serpente de-
vem seguir em suas práticas, rituais e estudos acerca de Qabalah Tântrica:

Cakra Sephiroth
Mūlādhāra Malkuth/Yesod 17
Swādhiṣthāna Yesod
Maṇipūra Hod/Netzach
Anāhata Tiphereth/Geburah/Chesed
Viśudhi Daath
Viśudhi Binah/Binah
Ājñā Chokmah
Sahasrāra Kether

Em lições futuras você terá acesso a um sistema completo de treinamento


com os cakras, o que possibilitará o entendimento prático da Qabalah Tân-
trica que nós praticamos. Para os fins desta lição, siga as instruções abaixo:

Devoto da Estrela & Serpente #1


Essa mudrā ou Sinal Mágico é usado em preces, orações e
invocações a deidades celestiais, das medicinas planetárias
e das estrelas.
Quando o devoto da Estrela & Serpente assume esse sinal
mágico, as zonas de poder (cakras) da coroa (kether), cora-
ção (Tiphereth) e dos pés (Malkuth) são acionados. Os dois
marmas das palmas das mãos também são acionados. O pé
esquerdo na frente aciona o hemisfério direito do cérebro,
possibilitando que o magista se torne uma ponte entre
mundos.
Assuma o Sinal do Hierofante Invicto e, em seguida, leve o
pé esquerdo a frente enquanto eleva os dois braços, colo-
cando as palmas das mãos para cima.
Essa mudrā tipifica a união das coisas mostradas, ditas e
feitas, quando o magista busca a henosis com a deidade
adorada.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Devoto da Estrela & Serpente #2


Essa mudrā ou Sinal Mágico é usado em preces, orações e
invocações a deidades ctonianas, do submundo e mortos.
Quando o devoto da Estrela & Serpente assume esse sinal
mágico, as zonas de poder (cakras) da coroa (kether), cora-
ção (Tiphereth) e dos pés (Malkuth) são acionados. Os dois
marmas das palmas das mãos também são acionados. O pé
esquerdo na frente aciona o hemisfério direito do cérebro,
possibilitando que o magista se torne uma ponte entre
mundos.
Assuma o Sinal do Hierofante Invicto e, em seguida, leve o
pé esquerdo a frente enquanto leva os dois braços a frente,
colocando as palmas das mãos para baixo.
Essa mudrā tipifica a união das coisas mostradas, ditas e
feitas, quando o magista busca a henosis com a deidade
adorada.

Devoto da Estrela & Serpente #3


Essa mudrā ou Sinal Mágico é usado em preces, orações e
invocações a deidades daimones de todos os tipos e outras
criaturas espirituais sobre a Terra.
Quando o devoto da Estrela & Serpente assume esse sinal
mágico, as zonas de poder (cakras) da coroa (kether), cora-
ção (Tiphereth) e dos pés (Malkuth) são acionados. Os dois
marmas das palmas das mãos também são acionados. O pé
18
esquerdo na frente aciona o hemisfério direito do cérebro,
possibilitando que o magista se torne uma ponte entre mun-
dos.
Assuma o Sinal do Hierofante Invicto e, em seguida, leve o
pé esquerdo a frente enquanto estica os dois braços a frente,
colocando as palmas das mãos para frente.
Essa mudrā tipifica a união das coisas mostradas, ditas e
feitas, quando o magista busca a henosis com a deidade ado-
rada.

Ritual de Dedicação do Santuário a uma Deidade

Comece descobrindo qual a Deidade Tutelar de seu santuário. Suponhamos


que seja Hathor, atribuída ao Sol. Sob a autoridade de Hathor, que será invo-
cada e entronada em um altar ou assentamento que você deverá construir,
conjure o daimon de seu santuário. Caso você não saiba qual é o daimon ou
não possua sua assinatura astral, não se preocupe. Os sacerdotes da Antigui-
dade, para remediar essa situação, ao conjurar um daimon que eles não co-
nheciam, fariam da seguinte maneira:

Oh espírito deste lugar, seja lá o nome pelo qual você deseja ser
chamado, em nome da Deusa Hathor, cujo esplendor ilumina todas
direções, eu te conjuro! Vem e me atende, pois a mim foi conferida a
autoridade sobre ti. Aparece e doravante segue o meu comando,
pois minha coroa cobre os dois horizontes sob a abóboda celestial
de minha Mãe, a Noite.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Com o tempo o daimon de seu santuário lhe revelará sua assinatura astral e
você poderá chamá-lo por seu nome ou por um nome de sua escolha que não
o desagrade.
No entanto, você só terá autoridade real sobre o daimon após ter esta-
belecido uma relação íntima com a Deusa Hathor. É essa relação íntima com
Hathor que irá lhe conferir a autoridade ou, pelo menos, irá lhe auxiliar a
conseguir essa autoridade. Auxiliar porque as conexões internas quem fará é
o próprio magista e isso depende só dele, de seu potencial e a liberação des-
te potencial.
A estátua ou imagem da Deusa Hathor sobre o altar – e isso vale para
todas as imagens que colocará nos altares ou assentamentos que erigir - re-
presenta dois níveis de percepção e, portanto, de trabalho com Hathor. O
material, que é a própria imagem da deusa no reino da matéria e o ideal, que
é a imagem da deusa impressa na tela da mente e que está carregada com a
ideação da deusa que construímos nos recessos profundos da memória. Por
esse motivo, os sacerdotes do passado desenvolveram métodos ritualísticos
para fortalecer a conexão – ou henosis – com os deuses. A dedicação do san-
tuário a uma Deidade Tutelar, dessa maneira, é um treinamento teúgico efi-
ciente cuja finalidade é possibilitar a experiência direta com a deidade.
A união das coisas mostradas, ditas e feitas é chave para o sucesso dessa
dedicação de magia ritual. Siga as instruções abaixo para iniciar a dedicação
19
de seu santuário a uma Deidade Tutelar:

 Após ter selecionado a deidade tutelar, seu próximo passo será estu-
dá-la completamente. Procure por suas recessões mitológicas mais
arcaicas. Se informe sobre seu culto, práticas mágicas e místicas asso-
ciadas a ele, bem como os instrumentos sagrados utilizados em seu
culto. Esse é um passo fundamental para construir uma intimidade
com a deidade.
Você deve procurar compreender todas as correspondências da
deidade. Por exemplo, seu incenso e ervas associadas, pedras e dias da
semana melhores para executar oblações e fumigações a deidade, da-
tas festivas importantes que cultuam a deidade escolhida. Esteja a par
dos locais ou zonas de poder onde a deidade foi adorada e tente trazer
para o seu santuário algo que relembre o culto da deidade.
 Prepare um altar ou assentamento contendo totens animais, minerais
e vegetais da deidade. Por exemplo, no caso da Deusa Hathor, você
pode conseguir chifres e cascos de boi. Para magnetizar o altar, ele
deve conter o máximo de elementos vivos, totens que ancorem a força
de Hathor. Por isso é importante a presença de metais, flores e plantas
associadas, assim como condensadores fluídicos feitos a partir dessas
plantas.
 Utilize sempre material orgânico e natural. Por exemplo, é interessan-
te conseguir uma imagem da deidade feita de barro ou cerâmica. Re-
sina, por exemplo, material da maioria das estátuas disponíveis hoje
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

no mercado, não concentram energia vital. Caso você só tenha está-


tuas de resina, poderá colocar dentro dela um cristal. Caso essa não
seja uma possibilidade, concentre ao redor da estátua muito material
que acumule magnetismo, como cristais e pedras, metais e plantas.
O correto a ser feito é utilizar uma estátua que possa servir de re-
ceptáculo vibracional. Em uma estátua de barro ou cerâmica pode ser
feito um furo por onde irá entrar o condensador fluídico. Uma alterna-
tiva, caso não seja possível, é colocar ao redor da estátua pequenos re-
ceptáculos onde serão feitos sacrifícios diversos.
Escolha um dia e hora planetária mais adequados para colocar den-
tro da estátua o condensador fluídico e depois feche o buraco. Caso is-
so nãopossa ser feito, mensalmente a imagem deve ser banhada em
condensador fluídico, também, em data e hora apropriadas.
O próximo passo a ser feito é animar a estátua da deidade. Isso será
realizado no Ritual de Dedicação do Santuário a uma Deidade.

Ritual de Dedicação do Santuário a uma Deidade


Estágio 1: Preparação
No altar coloque a Maṇḍala de Deusas: A estátua ou imagem da deidade no
centro da maṇḍala. Distribua nas pontas do pentagrama os outros sacrifí-
cios.Um pote de metal, barro ou cerâmica contendo Água Lustral. Um pra-
20
to de metal, barro ou cerâmica para sacrifícios (frutas e grãos). Um bra-
seiro com carvão em brasa para fazer fumigação. Utilize o incenso ade-
quado a deidade que ira invocar. Um cálice de metal, barro ou cerâmica
com vinho ou outra bebida adequada a deidade. Uma vela na cor adequa-
da a deidade. Por exemplo, no caso de Hathor (Sol), use uma vela amarela.
Pedras e metais relativos a deidade. Todo o material deve estar exorciza-
do e consagrado.
Estágio 2: Purificação
Tome um banho de purificação: em uma bacia devidamente consagrada
para banhos de purificação, misture água gelada e bicarbonato de sódio.
Coloque também algumas pedras de gelo para diminuir bem a temperatu-
ra da água. Na língua egípcia, a palavra usada para pureza e purificação é a
mesma utilizada para gelado ou frio. As Águas da Purificação eram consi-
deradas como provenientes de Sirius, a Estrela Prateada. O bicarbonato
de sódio é uma substância alcalina. Em contato com a pele, ele purifica o
corpo de qualquer ataque – ácido – de magia negra.14 Enquanto o Proba-
cionista toma este banho, dentro do Box do banheiro ou em um pátio do
lado de fora de sua casa, execute o seguinte procedimento:
1. De frente para o Norte, execute o Sinal do Hierofante Invicto e em
seguida o Sinal de Nuit a Mãe das Estrelas. Segure sobre sua cabeça
a bacia contendo as Águas da Purificação e vibre:

14Caso queira, tome um banho de quebranto, cuja composição é ácida, eliminando ataques mágicos alcalinos
como olho grande, olho gordo, mau olhado, inveja etc.
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Eu estou erguido em teu coração; e os beijos das estrelas chovem


forte sobre teu corpo, pois vontade pura, desembaraçada de pro-
pósito, livre da ânsia de resultado, torna cada caminho perfeito.
2. Coloque a bacia no chão, lave as mãos, a nuca (região do cerebelo) e
finalmente, os pés. Erga novamente a bacia sobre sua cabeça e dei-
xe derramar as Águas da Purificação sobre seu corpo, vibrando:
Nu é vosso refúgio, como Hadit vossa luz; e Eu sou a firmeza, for-
ça, vigor, de vossos braços.
3. Visualize uma luz dourada radiante em torno de toda estrutura psí-
quica, fluindo e pulsando na forma de um ovo flamejante que lhe
protege completamente (pausa).
4. Visualize uma torrente luminosa inundando o anāhata, viśuddhi e
ājña-cakras e entoe três vezes o mantra: A ka dua Tuf ur biu Bi aa
chefu Dudu ner af na nuteru. (Pausa). Dirija-se ao local ou santuário
onde será realização o ritual.
5. Vista seu Robe de Probacionista e se dirija ao seu santuário ou Tem-
plum Babalonis.
Estágio 3: Abertura da Kiblah15
Estágio 4: Invocação da Deidade
Passo 1:
Dirija-se ao altar da deidade tutelar escolhida.
21
Acenda a vela da deidade e ao fazê-lo, recite a invocação do Fogo Sagrado
no Sinal de Hierofante Invicto:
O Sol é o jorro e a fonte do Fogo.
O Fogo é o símbolo da Pira Incandescente e Furiosa do Cosmos.
O Fogo é a fonte da Mente que engendra tudo o que existe.
Eu contemplo o Fogo reluzente no escuro.
Fogo! Fogo! Fogo! Eu escuto tua voz crepitante.
Do Fogo vem a Luz que irrompe a Escuridão.
O Fogo no Escuro, Set saltando do Útero de sua Mãe.
Passo 2: Consagração da Água Lustral16
Acenda uma pedra de carvão vegetal no fogo da vela. Quando o carvão já
estiver incandescente, coloque-o no pote preparado para Água Lustral e
diga:
Eu inflamo a Água da Alma com a Luz da Mente na intenção de purifi-
car a matéria e expulsar todos profanos.
Em seguida, lave as mãos, a nuca e os pés com Água Lustral.17 Após ter se
purificado, purifique também o altar da deidade e todo o seu santuário
(no sentido anti-horário) com a Água Lustral.
Passo 3: Contemplação da Deidade
Sente-se na frente do altar da Deidade.

15 Caso esteja realizando este ritual mais de uma vez por dia, o que seria muito interessante nas primeiras
semanas de inauguração de sua kiblah, este estágio pode ser omitido.
16 Caso não tenha tempo para realizar a purificação preliminar e esteja executando a versão resumida deste

ritual (veja abaixo), esse passo pode ser utilizado para purificação do magista e do ambiente.
17 Caso tenha realizado a purificação preliminar, omita esse procedimento.
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Execute 11 ciclos de cāndra-bedhana-prāṇāyāma.


Mapeie a imagem ou estátua da deidade vagarosamente da esquerda
para direita e em seguida de baixo para cima. Repita esse processo 11
vezes. (Pausa)
Agora, mapeie a imagem ou estátua da deidade vagarosamente da di-
reita para esquerda e em seguida de cima para baixo. Repita esse pro-
cesso 11 vezes. (Pausa)
Nesse processo, observe todas as características da deidade. Suas cores,
traços e atributos. Siga este exemplo de Hathor abaixo e mentalmente
diga enquanto a mapeia:
Grande Deusa Solar dos Nascimentos.
Poderosa Casa do Sol.
Deusa dos Cornos e dos Cascos.
Fortaleza de Rá.
Após ter executado este procedimento por alguns minutos, feche os o-
lhos e o repita, desta vez construindo a imagem da deidade na tela da
mente. (Pausa)
A imagem da deidade deve crescer na tela de sua mente até que seu
tamanho se expanda por todo o santuário. Quando isso ocorrer, você
deve se ver dentro do corpo da deidade.
Enquando visualiza a imagem da deidade crescendo, entoe o encanta-
22
mento:
AEÊIOYO IAÔ AIÔ IÔA ÔIA ÔAI ÔYOIÊEA.
Passo 4: Invocação da Grande Mãe Negra
De pé, frente o altar, assuma a postura do Devoto da Estrela & Serpente #1
e invoque:
Estrela do Norte, tu Flama Negra Crepitante.
Tu Fonte. Tu Mar. Tu Espaço. Tu Vazio.
Espírito das Profundezas Abissais do Espaço.
Eu te invoco, Oh Fonte: a Flama Negra Crepitante da Escuridão.
Tu que és a Luz Estelar que nos Guia.
Derrama sobre mim tuas inefáveis radiações.
Sagrada és Tu, Mãe Primeva. Tu veio da Noite, da Escuridão das Estrelas.
Eu, teu Servo, Frater [...], te invoco, Oh Luz mais Oculta.
Tu Noite Primordial, Dragão Estelar refletido na Terra, Dragão da Maté-
ria. Recebe essa oferenda de minha Alma, Oh Escuridão Primordial. Mi-
nhas orações são para ti, minhas aspirações são suas, Corpo de Nu, Fogo
Estelar. Eu invoco a tua presença viva e real.
Passo 5: Invocação da Deidade Tutelar
Ainda na postura do Devoto da Estrela & Serpente #1, invoque a deidade
tutelar escolhida através da fórmula mágica grega acima. O Exemplo é pa-
ra Deusa Hathor:
Identificação:
Oh Hathor, tu que és a Casa do Sol. Tu que receber em Ti o Disco Solar.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Tu Mãe, Morada do Disco Solar. Tu que és a Cada de Hadit. Tu que és o


Ocultamento de Hadit. Tu que confere a medicina do Sol, o Conhecer de
Hadit. Para ti ofereço esse sacrifício.
Coloque incenso de olíbano (Sol) no braseiro e diga:
Hathor, o despertar de Hadit, a ti ofereço esse incenso e aroma para que
tu faças daqui a sua morada, a Casa de Hadit.
Fumigue a estátua ou imagem da deidade com o braseiro, fazendo o si-
nal ⨂.
Justificação:
Hathor, cuja grandiosidade eu jamais conhecerei.
Tu Suprema, Estrela radiante do Espaço Negro Abissal.
Tu que Só arde radiante no espaço.
Tu Sothis. Tu Sirius. Tu Estrela de Prata que nenhum mortal conhece.
Com os dedos polegar, indicador e médio, faça libação com Água Lus-
tral na estátua ou imagem visualizando o ⨂.
Hathor, Deusa Suprema. Aqui faço sua cada e moradia perpétua. Vem pa-
ra que tu possas comandar o daimon deste local santo, morada dos deu-
ses, casa da Altíssima Mãe.
Súplica:
Hathor, Tu Sol por trás do Sol, Tu Radiante e Esplendoroso Raio Prateado
das Estrelas, vem e faça deste santuário sua habitação e eu consagrarei a
23
Ti sacrifícios diversos e oferecerei a ti minhas preces e orações.
Coloque incenso de olíbano no braseiro e diga:
Hathor, o despertar de Hadit, a ti ofereço esse incenso e aroma para que
tu faças daqui a sua morada, a Casa de Hadit.
Fumigue a estátua ou imagem da deidade com o braseiro, fazendo o si-
nal ⨂.
O Voto
Hathor, o Conhecer de Hadit, o Oculto. Por causa deste compromisso en-
tre nós, eu lhe prometo reverências e sacrifícios para que aqui tu possa
ser estabelecida. Faça deste local tua zona de poder e que eu possa operá-
la para a sua gloriosa manifestação.
Com os dedos polegar, indicador e médio, faça libação com Água Lus-
tral na estátua ou imagem visualizando o ⨂.
Hathor, Deusa Suprema. Aqui faço sua cada e moradia perpétua. Vem pa-
ra que tu possas comandar o daimon deste local santo, morada dos deu-
ses, casa da Altíssima Mãe.
Passo 6: Assentando a Deidade na Estátua ou Imagem
Assuma o Sinal de Hierofante Invicto.
Visualize novamente a imagem da deidade crescendo em sua frente en-
quanto vibra:
AEÊIOYO IAÔ AIÔ IÔA ÔIA ÔAI ÔYOIÊEA.
Quando a deidade estiver bem grande, visualize ela diminuindo até virar
um pinto de luz e habitar dentr4o da estátua ou imagem. (Pausa)
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Com os dedos polegar, indicador e médio, faça libação com Água Lustral
na estátua ou imagem visualizando o ⨂ e vibre:
Hathor, Deusa Suprema. Aqui faço sua cada e moradia perpétua. Vem
para que tu possas comandar o daimon deste local santo, morada dos
deuses, casa da Altíssima Mãe.
Coloque incenso de olíbano no braseiro e diga:
Hathor, o despertar de Hadit, a ti ofereço esse incenso e aroma para
que tu faças daqui a sua morada, a Casa de Hadit.
Fumigue a estátua ou imagem da deidade com o braseiro, fazendo o sinal
⨂.
Passo 7: Agradecimento a Deidade
Agradeça a deidade:
Oh Hathor, agora que Tu se estabeleceu neste Santuário da Magia de
Luz, graças eu dou a Tri e aos teus daimones por aqui virem e opera-
rem em função deste santuário. Que nossa união e compromisso pos-
sam ser verdadeiros e que ambos possamos nos auxiliar.
Ajoelhe-se perante o altar. Beije a estátua 11 vezes enquanto mentalmen-
te diz:
Santificado seja nossa união.
Estágio 6: Fechamento
De pé, frente ao Norte:
24
Execute o Sinal do Hierofante Invicto e vibre:
Em nome dos Mestres Secretos e da mui auspiciosa corte de neteres divi-
nos da Tradição Sabeana das Estrelas, o Culto de Set-Tifon, Eu [...] encer-
ro os trabalhos de hoje. Honra e glória a Deusa Negra e seu Filho. Faz o
que tu queres há de ser tudo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade.
Execute o Sinal de Fechamento do Véu.
Execute o Sinal de Hórus.
Execute o Sinal de Harpócrates.
Bata o sino: 3-5-3.

Caso o ritual tenha ficado muito grande e não dê para ser feito diariamente,
segue abaixo uma versão resumida para prática diária:

Ritual de Dedicação do Santuário a uma Deidade


Estágio 1: Preparação
No altar coloque a Maṇḍala de Deusas: A estátua ou imagem da deidade no
centro da maṇḍala. Distribua nas pontas do pentagrama os outros sacrifí-
cios.Um pote de metal, barro ou cerâmica contendo Água Lustral. Um pra-
to de metal, barro ou cerâmica para sacrifícios (frutas e grãos). Um bra-
seiro com carvão em brasa para fazer fumigação. Utilize o incenso ade-
quado a deidade que ira invocar. Um cálice de metal, barro ou cerâmica
com vinho ou outra bebida adequada a deidade. Uma vela na cor adequa-
da a deidade. Por exemplo, no caso de Hathor (Sol), use uma vela amarela.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Pedras e metais relativos a deidade. Todo o material deve estar exorciza-


do e consagrado.
Estágio 2: Invocação da Deidade
Passo 1:
Dirija-se ao altar da deidade tutelar escolhida.
Acenda a vela da deidade e ao fazê-lo, recite a invocação do Fogo Sagrado
no Sinal de Hierofante Invicto:
O Sol é o jorro e a fonte do Fogo.
O Fogo é o símbolo da Pira Incandescente e Furiosa do Cosmos.
O Fogo é a fonte da Mente que engendra tudo o que existe.
Eu contemplo o Fogo reluzente no escuro.
Fogo! Fogo! Fogo! Eu escuto tua voz crepitante.
Do Fogo vem a Luz que irrompe a Escuridão.
O Fogo no Escuro, Set saltando do Útero de sua Mãe.
Passo 2: Consagração da Água Lustral
Acenda uma pedra de carvão vegetal no fogo da vela. Quando o carvão já
estiver incandescente, coloque-o no pote preparado para Água Lustral e
diga:
Eu inflamo a Água da Alma com a Luz da Mente na intenção de purifi-
car a matéria e expulsar todos profanos.
Em seguida, lave as mãos, a nuca e os pés com Água Lustral. Após ter se
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purificado, purifique também o altar da deidade e todo o seu santuário
(no sentido anti-horário) com a Água Lustral.
Passo 3: Contemplação da Deidade
Sente-se na frente do altar da Deidade.
Execute 11 ciclos de cāndra-bedhana-prāṇāyāma.
Mapeie a imagem ou estátua da deidade vagarosamente da esquerda
para direita e em seguida de baixo para cima. Repita esse processo 11
vezes. (Pausa)
Agora, mapeie a imagem ou estátua da deidade vagarosamente da di-
reita para esquerda e em seguida de cima para baixo. Repita esse pro-
cesso 11 vezes. (Pausa)
Nesse processo, observe todas as características da deidade. Suas cores,
traços e atributos. Siga este exemplo de Hathor abaixo e mentalmente
diga enquanto a mapeia:
Grande Deusa Solar dos Nascimentos.
Poderosa Casa do Sol.
Deusa dos Cornos e dos Cascos.
Fortaleza de Rá.
Após ter executado este procedimento por alguns minutos, feche os o-
lhos e o repita, desta vez construindo a imagem da deidade na tela da
mente. (Pausa)
A imagem da deidade deve crescer na tela de sua mente até que seu
tamanho se expanda por todo o santuário. Quando isso ocorrer, você
deve se ver dentro do corpo da deidade.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Enquando visualiza a imagem da deidade crescendo, entoe o encanta-


mento:
AEÊIOYO IAÔ AIÔ IÔA ÔIA ÔAI ÔYOIÊEA.
Passo 4: Invocação da Grande Mãe Negra
De pé, frente o altar, assuma a postura do Devoto da Estrela & Serpente #1
e invoque:
Estrela do Norte, tu Flama Negra Crepitante.
Tu Fonte. Tu Mar. Tu Espaço. Tu Vazio.
Espírito das Profundezas Abissais do Espaço.
Eu te invoco, Oh Fonte: a Flama Negra Crepitante da Escuridão.
Tu que és a Luz Estelar que nos Guia.
Derrama sobre mim tuas inefáveis radiações.
Sagrada és Tu, Mãe Primeva. Tu veio da Noite, da Escuridão das Estrelas.
Eu, teu Servo, Frater [...], te invoco, Oh Luz mais Oculta.
Tu Noite Primordial, Dragão Estelar refletido na Terra, Dragão da Maté-
ria. Recebe essa oferenda de minha Alma, Oh Escuridão Primordial. Mi-
nhas orações são para ti, minhas aspirações são suas, Corpo de Nu, Fogo
Estelar. Eu invoco a tua presença viva e real.
Passo 5: Invocação da Deidade Tutelar
Ainda na postura do Devoto da Estrela & Serpente #1, invoque a deidade
tutelar escolhida através da fórmula mágica grega acima. O Exemplo é pa-
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ra Deusa Hathor:
Identificação:
Oh Hathor, tu que és a Casa do Sol. Tu que receber em Ti o Disco Solar.
Tu Mãe, Morada do Disco Solar. Tu que és a Cada de Hadit. Tu que és o
Ocultamento de Hadit. Tu que confere a medicina do Sol, o Conhecer de
Hadit. Para ti ofereço esse sacrifício.
Coloque incenso de olíbano (Sol) no braseiro e diga:
Hathor, o despertar de Hadit, a ti ofereço esse incenso e aroma para que
tu faças daqui a sua morada, a Casa de Hadit.
Fumigue a estátua ou imagem da deidade com o braseiro, fazendo o si-
nal ⨂.
Justificação:
Hathor, cuja grandiosidade eu jamais conhecerei.
Tu Suprema, Estrela radiante do Espaço Negro Abissal.
Tu que Só arde radiante no espaço.
Tu Sothis. Tu Sirius. Tu Estrela de Prata que nenhum mortal conhece.
Com os dedos polegar, indicador e médio, faça libação com Água Lus-
tral na estátua ou imagem visualizando o ⨂.
Hathor, Deusa Suprema. Aqui faço sua cada e moradia perpétua. Vem pa-
ra que tu possas comandar o daimon deste local santo, morada dos deu-
ses, casa da Altíssima Mãe.
Súplica:
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Hathor, Tu Sol por trás do Sol, Tu Radiante e Esplendoroso Raio Prateado


das Estrelas, vem e faça deste santuário sua habitação e eu consagrarei a
Ti sacrifícios diversos e oferecerei a ti minhas preces e orações.
Coloque incenso de olíbano no braseiro e diga:
Hathor, o despertar de Hadit, a ti ofereço esse incenso e aroma para que
tu faças daqui a sua morada, a Casa de Hadit.
Fumigue a estátua ou imagem da deidade com o braseiro, fazendo o si-
nal ⨂.
O Voto
Hathor, o Conhecer de Hadit, o Oculto. Por causa deste compromisso en-
tre nós, eu lhe prometo reverências e sacrifícios para que aqui tu possa
ser estabelecida. Faça deste local tua zona de poder e que eu possa operá-
la para a sua gloriosa manifestação.
Com os dedos polegar, indicador e médio, faça libação com Água Lus-
tral na estátua ou imagem visualizando o ⨂.
Hathor, Deusa Suprema. Aqui faço sua cada e moradia perpétua. Vem pa-
ra que tu possas comandar o daimon deste local santo, morada dos deu-
ses, casa da Altíssima Mãe.
Passo 6: Assentando a Deidade na Estátua ou Imagem
Assuma o Sinal de Hierofante Invicto.
Visualize novamente a imagem da deidade crescendo em sua frente en-
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quanto vibra:
AEÊIOYO IAÔ AIÔ IÔA ÔIA ÔAI ÔYOIÊEA.
Quando a deidade estiver bem grande, visualize ela diminuindo até virar
um pinto de luz e habitar dentr4o da estátua ou imagem. (Pausa)
Com os dedos polegar, indicador e médio, faça libação com Água Lustral
na estátua ou imagem visualizando o ⨂ e vibre:
Hathor, Deusa Suprema. Aqui faço sua cada e moradia perpétua. Vem
para que tu possas comandar o daimon deste local santo, morada dos
deuses, casa da Altíssima Mãe.
Coloque incenso de olíbano no braseiro e diga:
Hathor, o despertar de Hadit, a ti ofereço esse incenso e aroma para
que tu faças daqui a sua morada, a Casa de Hadit.
Fumigue a estátua ou imagem da deidade com o braseiro, fazendo o sinal
⨂.
Passo 7: Agradecimento a Deidade
Agradeça a deidade:
Oh Hathor, agora que Tu se estabeleceu neste Santuário da Magia de
Luz, graças eu dou a Tri e aos teus daimones por aqui virem e opera-
rem em função deste santuário. Que nossa união e compromisso pos-
sam ser verdadeiros e que ambos possamos nos auxiliar.
Ajoelhe-se perante o altar. Beije a estátua 11 vezes enquanto mentalmen-
te diz:
Santificado seja nossa união.
Colegiado da Luz Hermética Instrução de Probacionista Lição 1.1: Magia Ritual

Estágio 3: Fechamento
De pé, frente ao Norte:
Execute o Sinal do Hierofante Invicto e vibre:
Em nome dos Mestres Secretos e da mui auspiciosa corte de neteres divi-
nos da Tradição Sabeana das Estrelas, o Culto de Set-Tifon, Eu [...] encer-
ro os trabalhos de hoje. Honra e glória a Deusa Negra e seu Filho. Faz o
que tu queres há de ser tudo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade.
Execute o Sinal de Fechamento do Véu.
Execute o Sinal de Hórus.
Execute o Sinal de Harpócrates.
Bata o sino: 3-5-3.

Alimente o altar da deidade escolhida e o daimon de seu santuário com ora-


ções e meditações como ensinadas nessa lição.

Amor é a lei, amor sob vontade.

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