Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
2. Desenvolvimento
Como ponto de partida devemos entender que a tragédia estava muito ligada
à religião, pois fazia parte do culto à Dionísio nas festas dionísias urbanas. Não se
sabe ao certo quando ou quem produziu a primeira obra trágica, porém se atribui à
Téspio entre 536 e 533 em uma festa dionísia (ROMILLY, 1998, pág. 14-15). Romilly
ainda escreve que as festas dionisíacas eram festas nacionais, motivo pelo qual
eram financiadas pelo Estado, nos mostrando que seu princípio estava associado à
atividades cívicas. Logo, seu público era constituído por cidadãos gregos, e
consequentemente as peças eram voltadas para este público.
Com o significado da palavra tragédia sendo "o canto do bode", temos
hipóteses que giram em torno de onde o bode se encaixava na tragédia. Se
destacam duas hipóteses mais aceitáveis: o bode era oferecido como prêmio, ou
eram os sacrifícios. Porém, Romilly aponta uma dificuldade nestas hipóteses, em
que "o culto a Dioniso aparece muito mais ligado aos cabritos que e às coças que ao
nosso infeliz bode" (1998, p.18).
2.2 Temas
4
2.4 Ésquilo
Com Eurípides, o coro foi feito como personagens. Essas mudanças têm
como explicação também o que o coro ocasionava na tragédia, que era o pouco
desenvolvimento da obra(ROMILLY, 1998, p. 28), e com a perda de valorização do
coro, as obras passam a ter profundidade, "os personagens já não se contentam
mais em agir: eles se explicam" (ROMILLY, 1998, p. 36). Vemos isto na discussão de
Electra de Sófocles com a irmã, na qual podemos observar suas personalidades
opostas. A multiplicação dos personagens elevam os confrontos entre os
protagonistas, e dessa maneira os personagens tinham seus ideais desenvolvidos.
Segundo Romilly sobre as obras de Sófocles " esses contrastes e desafios servem,
acima de tudo, para destacar as diferenças entre um ideal de vida e outro, ou para
ilustrar a força de alma dos personagens" (1998, p.36). Assim, a tragédia evolui ao
ponto em que o sucessor de Sófocles, Eurípides, cria seus personagens que
defendiam seus sentimentos e ideias.
Esse vislumbre mais profundo sobre os sentimentos dos personagens
proporcionam uma elaboração mais completa da ação. Segundo Romilly, esta ação,
de fragmentar notícias e as alternâncias de alegria e desesperos, tão presentes nas
obras de Sófocles, são o que Aristóteles chamava de peripécia. O exemplo que
Aristóteles dá é o do mensageiro em Édipo rei, onde o personagem chega com uma
notícia que pensa ser alegre, mas que tem um efeito contrário. Tal artifício era a
trama, e mais tarde se tornou regra do gênero com as obras de Eurípides.
Algo já citado foi que as peças na época de Ésquilo eram mais longas e
estáticas. A trama transformou as peças em algo mais fechado e emocionante.
Antes, as peças eram trilogias, característica que se modificou.
Com ela também houve a intensificação do patético, que era uma maneira de
provocar emoções. Um exemplo que Romilly dá desses personagens são os
infelizes refugiados conduzidos à morte. Em relação a construção de uma situação
patética, Romilly destaca dois passos:
3. Conclusão
Estas mudanças datam o fim da tragédia grega que teve duração de 80 anos
e uma explicação talvez pode ser em como a religião foi perdendo seu valor na
Grécia Antiga. Nas últimas obras de Eurípides, as bancantes em específico, vemos
uma tentativa de retorno ao esquema original da tragédia, com o coro tem grande
importância, e com grande inspiração religiosa, pois a religiosidade sempre esteve
presente na tragédia grega, apesar disso, não foi o suficiente para impedir o fim da
tragédia grega.
Se a tragédia reflete várias questões do imaginário de sua época, ela se dá
então em um tempo de constante questionamento dos valores e do que significa ser
um cidadão, ela expõe essas contradições e conflitos que estão presentes no
8
REFERÊNCIAS
ROMILLY, Jacqueline de. A Tragédia Grega. Tr. Ivo Martinazzo. Brasília: UnB, 1998.