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O uso do termo tragédia adquiriu outras atribuições quando utilizado pelo senso
comum, uma vez que, pode ser visto como verbetes em situações do dia a dia ou até
mesmo em uma matéria jornalística para adjetivar algo ruim que tenha acontecido.
Porém, sua origem e suas particularidades vão além disso. Para compreender o gênero
trágico, é necessário entender que existe uma espécie de “gênero geral”, que seria o
gênero dramático, englobando a tragédia. Ou seja, o gênero drama, pode-se dividir
então, em tragédia e comédia.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE TRAGÉDIAS POSTERIORES
O século XX pode ser marcado por uma forte influência de valores cristãos, em que o
homem é condenado de acordo com as suas escolhas. Esta ideia, faz-se presente
na obra de Nelson Rodrigues, uma vez que, a noção de fatalidade baseada no
sentido grego torna-se inexistente pois o “dar errado” e o desastre são sempre
oriundos da natureza corrupta do homem, logo, a culpa paira sobre ele.
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queda recaiam sobre o povo. Hoje, a morte e a fatalidade, estão ligadas
diretamente com a noção de causa e consequência das atitudes humanas.
Uma vez apontado o tópico anterior, dedicaremos este tópico para analisar a obra
de Nelson Rodrigues a fim de relacioná-lo com as características da tragédia apontadas
na obra de Aristóteles. Dito isso, a partir do pensamento de Aristóteles em “A poética”,
um dos primeiros pontos que podemos relacionar com a obra de Nelson é a construção
da obra. Ao nos referirmos sobre a construção presente no trabalho de Nelson
Rodrigues, uma interpretação comum a essa fala é inferir que a palavra “construção”,
se relaciona diretamente da estrutura obra, porém, o que nos empenhamos a tratar, é um
pensamento que pode se ter ao analisar a primeira definição de tragédia que temos no
sexto capítulo de “Poética”:
é pois a tragédia imitação de uma ação de caráter elevado, completa e de certa extensão, em
linguagem ornamentada e com as várias espécies de ornamentos distribuídas pelas diversas partes [do
drama], [imitação que se efetua] não por narrativa, mas mediante atores, e que, suscitando o “terror e a
piedade, tem por efeito a purificação dessas emoções” (1987:205).
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sua construção, cause terror e piedade naqueles que a presenciarão O que propomos,
então, é observar essa progressão e construção na obra de Nelson.
Para iniciar esta análise, é necessário entender como essa transição da felicidade
ao fracasso ocorre com Alaíde. Muitas vezes, nas peças trágicas, o personagem passa a
lutar contra o seu destino consciente ou inconscientemente, mas esse personagem não é
exatamente uma “vítima”. Na tragédia, a transição de vida do personagem principal, ou
melhor, desse herói trágico, geralmente está relacionada a um ser que transgride a linha
do permitido, do possível e da lei. Essa transição, no entanto, pode acontecer sem que o
personagem nem sequer saiba disso, como é o caso de Édipo, mas, mesmo assim, é
creditado o dever de pagar por isso. Essa construção do rumo ou enredo da obra é,
portanto, como uma “punição divina” àquele que uma vez tentou driblar seu destino. É
possível, então, ao ler “Vestido de Noiva”, nos perguntar se o rumo da personagem na
obra é dado como uma punição por ter roubado o namorado da irmã. Aqui o pecado de
Alaíde seria transgredir a lei do correto, escolher roubar algo que não lhe pertencia e aí
ser fadada ao destino de algo dar errado. Utilizamos a palavra “destino”, pois, por mais
que ela não fosse atropelada, a sua morte já estava sendo planejada e, portanto, morreria
de uma forma ou de outra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: