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● Introdução
○ A partir do tema da pesquisa de mestrado (analisar como a morte era
representada nas obras de Eurípides, tanto ao que se refere aos “ritos funerários
quanto ao imaginário acerca do além-vida” - p. 1), o artigo pretende destacar
um tipo de morte específico, que é o sacrifício humano.
○ O sacrifício humano é um tema de impacto, uma vez que não estava dentro das
normas da sociedade grega. E, como não é possível comprovar através de
relatos históricos e da arqueologia a sua existência como prática religiosa,
considera-se que estava presente no imaginário helênico, já que havia,
principalmente nas documentações poéticas, uma crença de que o sacrifício
humano existiu em seu passado histórico e que, eventualmente, foi abolido
pela sociedade.
○ Eurípides, portanto, “colocando em evidência o sacrifício de jovens virgens, o
poeta, além de gerar um impacto emocional e uma purgação das emoções, a
chamada catarse, também debatia questões do seu próprio cotidiano, sendo
uma em especial: a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.)” (p. 2)
○ Pretende-se analisar o rito do sacrifício não só por ele mesmo, mas também
como ele é construído, constituindo o que Catherine Bell chama de
“ritualização”. → “Devemos entender por esse conceito um conjunto de
estratégias culturais específicas que, apesar de seguir certas prescrições, é
singular e dinâmico, sendo capaz, inclusive, de contestar a ordem social
(BELL, 2009: 74).” (p. 2)
○ Os autores também utilizam o conceito de “representação social” da autora
Denise Jodelet com a finalidade de analisar como Eurípides simboliza e
interpreta o ato do sacrifício. → “Segundo a autora, as representações sociais
devem ser entendidas como o estudo “dos processos e dos produtos, por meio
dos quais os indivíduos e os grupos constroem e interpretam seu mundo e sua
vida, permitindo a integração das dimensões sociais e culturais com a história”
(JODELET, 2001: 10).” (p. 2)
○ A partir da análise da representação da morte sacrificial e da sua ritualização,
os autores defendem que “Eurípides compõe em sua peça uma paisagem
religiosa, construindo simbolicamente, como ressalta Polignac, uma mensagem
que deve ser entendida a partir do seu contexto de produção (POLIGNAC,
2010: 484).” (p.2)
○ “Paisagem religiosa” → “[...] O culto e os ritos existem apenas a partir do
espaço, de maneira estável ou provisória, devendo ser entendida, como
defendido pelo autor supracitado, como a integração de uma rede de
construções simbólicas do espaço a partir de um lugar preciso de
representação.” (p.2)
○ Os autores pretendem, a partir da análise das obras Hécuba e Ifigênia em Áulis,
evidenciar como e com quais finalidades a ritualização do sacrifício de duas
jovens virgens é apresentada por Eurípides.
○ O artigo tem a intenção de, primeiramente, evidenciar o papel social do teatro
e, depois, focar na ritualização do sacrifício, demonstrando como e para que
Eurípides constrói uma paisagem religiosa em suas peças.
● Conclusão
○ A partir da ritualização da morte, Eurípides ressignifica o sacrifício e
estabelece uma relação de poder com a sociedade: a de debater o dia a dia e a
de educar os cidadãos sobre as condutas corretas. O poeta levava aos palcos os
males da guerra, mas também a sua necessidade; como deveria enfrentar a
morte e prestar honra aos mortos.
○ A tragédia grega, portanto, não é apenas um entretenimento, mas uma reflexão.