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Fernando Liguori – O que é Prāṇa

Prāṇa significa literalmente força que se move para frente. Regula todos os processos de absorção:
o movimento inspiratório, a assimilação de alimentos sólidos e líquidos e a recepção das impressões
sensoriais. É centrípeto por natureza e tem como finalidade colocar as coisas em movimento.
Localiza-se na parte superior do tórax, entre a garganta e o umbigo.

Na Dhyānabiṅdu Upaniṣad (95), é dito que o prāṇa é da cor de uma nuvem carregada de chuva e
seu germe é Ya, indicando o bījāmantra do cakra cardíaco (anahātacakra), já que Ya acompanhado
com o biṅdu torna-se Yaṁ. A Amṛtanāda Upaniṣad (34) localiza o prāṇa na região do coração e diz
que ele é da cor vermelho-sangue.

O prana assume cinco formas diferentes de acordo com seu movimento e direção no interior do
corpo.

O prāṇa é um só e essa divisão é apenas uma didática para uma melhor compreensão das
diferentes funções que ele assume.

Essas cinco formas da força vital recebem o nome de vāyus. Sobre estes ares vitais, a Prāsna
Upaniṣad (III: 3-7), cita cinco principais: prāṇa, apāna, samāna, vyāna e udāna

Prāṇa propriamente dito, habita o olho, o ouvido, a boca e o nariz. Apāna, o segundo prāṇa,
governa os órgãos de excreção e os reprodutores. Samāna, o terceiro prāṇa, está localizado na
região umbilical e comanda a digestão e a assimilação dos alimentos. O ātman reside no
coração, de onde partem 101 nāḍīs; de cada um deles, partem uma centena de ramos e de
cada um deles se origina setenta e dois mil outros nāḍīs ainda menores. Em todos eles se
move o quarto prāṇa, denominado vyāna. Udāna, o quinto prāṇa, é aquele que conduz o
homem virtuoso para um nascimento mais elevado e o homem cheio de vícios e paixões, para
um nascimento inferior. O homem possuidor de qualidades boas e más, udāna conduz ao
renascimento no mundo dos homens. O sol, verdadeiramente, contem oprāṇa externo. A terra
é controlada por apāna. O espaço e o éter entre a terra e o céu, são controlados por samāna e
o ar, por vyāna. O fogo contém udāna. Verdadeiramente, aquele cujo fogo vital se extingue é
conduzido ao renascimento, tendo os sentidos absorvidos pela mente.

A Dhyānabiṅdu Upaniṣad (95-98) estabelece as cores, elementos e os bījās, germes ou sementes


que são correlacionados com cada prāṇa. Parte-se do pressuposto que, ao serem estimulados com
essas sementes, os centros energéticos responsáveis pelo funcionamento do prāṇa correspondente
é ativado. A Amṛtanāda Upaniṣad, conhecida como a Upaniṣad do Som Imortal (o pranava Oṁ),
ensina a pronúncia exata do Oṁ acrescido do biṅdu. O verso quatro deixa claro que a presença do
biṅdu indica a nasalização da parte final do bījā. Assim sendo, as letras que determinam a semente
do prāṇa, devem ser nasalizadas nas práticas tântricas que incluem a energização dos cakras

Além desses cinco prāṇas principais, há ainda algumas outras correntes nervosas secundárias no
homem, que eles classificam como sub-prāṇas. São os prāṇas secundários descritos na Yoga
Cudamani Upaniṣad, a saber: nāga (serpente) é encarregada de aliviar a pressão abdominal
induzindo o arroto, o soluço e a salivação. Kūrma (tartaruga), sua função é comandar a abertura e o
fechamento das pálpebras. Kṛkara (pássaro), que provoca o espirro e a tosse. Induz a fome e a
sede. Dhanaṅjaya (conquistador de riquezas). Responsável pela sustentação e decomposição do
corpo. Devadatta (dado por Deus) que induz o bocejo e o sono

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