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Apoteose Luciférica

Eu sigo pelo caminho da desolação, sigo o caminho dos ossos, eu não preciso do meu
próprio perdão, a minha estrada é construída pelos corpos daqueles que morreram pelo
meu sonho.
A minha coroa e decorada por carne, sangue e ossos, eu não devo me lamentar por isso.
A maior gloria deve ser alcançada pelo sacrifício de uma multidão de sonhos, eu não
careço de perdão.
Eu caminharei sobre os sonhos e pegarei a minha coroa, com a carne deles farei a minha
ponte para atravessar este abismo.
Com seus ossos farei a minha jangada para atravessar as aguas da morte.
Ò rainha dos condenados estou fadado a seguir meu caminho sem remorso, olhando nas
aguas amargas os sonhos submersos e vencidos, fadados ao esquecimento.
: Quem foram eles?
Foram a água pela qual naveguei.
: Quem foram eles?
Foram a ponte da minha gloria.
Este é o caminho do incauto, enganado pelas ilusões e inebriado pelas formas ilusórias,
fadado a padecer e se tornar a escada por onde outro subirá. 
Eu não preciso de perdão!
Eu não preciso de compaixão!
Minha dor é minha, eu sei muito bem o preço e o carrego comigo como um silício que
não me deixará esquecer , minha benção e minha maldição, uma maldita coroa de
espinhos.
No lugar da caveira onde paira a cruz negra.
Marco meu pé três vezes neste solo, regado com sangue e dor.
Diante do altar da morte, os corvos pararam de comer os olhos dos cadáveres para
observar.
Caminho ate o altar.
Eu estou condenado?
Deito-me sobre a pedra fria, e vejo toda minha jornada passar diante dos meus olhos,
sinto a lâmina perfurar o meu peito como uma dor dilacerante, meu coração bate tão
forte ate que a dor desaparece .
Eu vim de tão longe para morrer aqui?
E então, como um espectador, vejo a minha própria casca mortal sobre aquele altar e
digo:
Maldito Seja!
Maldito Seja!
Maldito Seja!
Os corvos se aproximam um novo banquete lhes foi apresentado, uma voz me diz: vem!
Sou como um pensamento que vaga, entre as pilhas de corpos sem vida deixando para
traz minha própria carne, sangue e ossos.
Uma grande escada a minha frente, e no cume dessa escada um grande sol negro!
A cada passo sinto como um golpe que fere a alma, a cada passo, uma dor grita dentro
de mim como se fragmentasse minha alma.
Eu não vou parar!
A cada degrau sinto-me mais e mais leve.
Sinto como se a dor fosse um elixir amargo, o qual destrói minha alma e ao mesmo
tempo, purifica-a.
Finalmente chego ao topo, onde vejo no sol negro minha própria imagem , ela esta
aprisionada por grilhões, vou depressa libertar-me, entro naquela passagem que é como
um corredor e nas paredes, vejo todos meus desejos, vejo todas as minhas ambições e
vícios, que brotam como mãos, que me seguram, tentando impedir que eu chegue ao
meu eu aprisionado.
Eu sigo com toda a minha vontade, eu grito, e em um ultimo impulso dou tudo que
tenho, deixando para trás um ultimo fragmento de mim, e encontrando a mim mesmo
sem grilhões, abraço o meu eu, que arde, como um fogo sem reflexo.
Isto é agora minha gloria e minha coroa, sou agora meu trono e meu reino, eu sou meu
próprio galardão.
Eu sou o que sinto, eu sou este momento, eu sou meu templo, sou minha casa, Eu sou
meu próprio Deus meu referente, sou imaculado por minha própria luz, coroado por
mim mesmo.  

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