Leitura 18 - Cartilha 9 - Relacionamentos

psicologia
da felicidade
e do bem-estar
curso de extensão
Como citar este documento:
Ramos, F. P., Baumel, C. P. C., Guerra, V. M., Almeida, G. S. S., Silva, L. B., Menezes,
D. S. B. & Santos, G. C. (2022). Relacionamentos & Sexualidade. Cartilha do Curso de
Extensão Psicologia da Felicidade e do Bem-estar. 3ª ed. Vitória, ES. Universidade
Federal do Espírito Santo.
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição – Não Comercial
- Sem Derivações 4.0 Internacional. Para ver uma cópia desta licença,
visitehttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/.
curso de extensão
psicologia da felicidade e do bem-estar
MÓDULO 9
RELACIONAMENTOS
Dra. Fabiana Pinheiro Ramos
&
SEXUALIDADE
Dra. Cynthia Perovano Camargo Baumel
GEPPSI+
psicologia da felicidade e do bem-estar - MÓDULO 9
"Nascemos em relacionamentos,
vivemos nossas vidas em relacionamentos com
outras pessoas e, quando morremos, os efeitos de
nossos relacionamentos sobrevivem na vida dos
vivos, repercutindo em todo o tecido
de seus relacionamentos."
Ellen Berscheid
SUMÁRIO
Apresentação do GEPPSI+ .............................................................................. 6

O Curso de Extensão ........................................................................................ 7
Neste Módulo
Professoras Convidadas ............................................................................... 8
Professora Responsável ............................................................................... 9
Mapa do Módulo ............................................................................................... 10

Conceitos Básicos .............................................................................................. 11
Exercícios Sugeridos
Como casais podem melhorar a convivência no isolamento social? ...... 18
Filmes, Séries e Livros ....................................................................................... 19

Leituras Sugeridas
Vamos falar sobre s.e.x.o, amor@s ............................................................. 20
Referências ........................................................................................................ 22
Quem somos ....................................................................................................... 23
Grupo de Estudos e Práticas em
Psicologia Positiva
O Grupo de Estudos e Práticas em Psicologia Positiva (GEPPsi+) foi

criado em 2016, na Universidade Federal do Espírito Santo, pela Profa. Dra.
Valeschka Martins Guerra, coordenadora geral, e pela Ma. Clarisse
Lourenço Cintra, coordenadora de educação e projetos, de forma a agregar
a produção e os eventos realizados pelo grupo no campo da Psicologia
Positiva.
Os principais objetivos do GEPPsi+ são: 1. Contribuir para a formação e

o aprimoramento no campo da Psicologia Positiva de alunos de graduação,
de pós-graduação e de profissionais da Psicologia e áreas afins. 2. Realizar
programas de extensão que efetivem intervenções com base na abordagem
da psicologia positiva, abertos tanto à comunidade interna como externa à
UFES; 3. Realização de pesquisas que abordem temáticas da Psicologia
Positiva, tais como educação positiva, forças de caráter, bem-estar,
autoestima, sentido de vida, atenção plena, entre outros.
O GEPPsi+ contribui para a construção do conhecimento no campo da

Psicologia Positiva, especialmente no âmbito nacional.
Saiba mais, siga-nos, curta, conecte-se conosco:
https://geppsipositiva.wixsite.com/geppsipositiva
@geppsipositiva
@geppsipositiva
6
Curso de Extensão
- Psicologia da Felicidade e do Bem-estar -
O Curso de Extensão Psicologia da Felicidade e do Bem-estar tem

como objetivo apresentar, de forma acessível, o conhecimento construído
na área da Psicologia acerca de tais temas. Evidências científicas nos
mostram que compreender as próprias emoções, pensamentos e
comportamentos pode ser um passo importante para lidar melhor com os
possíveis desdobramentos de situações desafiadoras.
A proposta é composta por um módulo de apresentação, 13 módulos de

conteúdo e um módulo de encerramento:
1. Apresentação do curso
2. O que é a Psicologia Positiva e como ela pode ajudar?
3. Tipos de bem-estar
4. Emoções negativas x Emoções positivas
5. Regulação emocional
6. Otimismo x Positividade tóxica
7. Bem-estar financeiro
8. Saúde física - sono, alimentação e exercícios
9. Relacionamentos e sexualidade
10. Saúde mental da população LGBTQIA+ e Negra
11. Mindfulness e flow
12. Compaixão e autocompaixão
13. Espiritualidade e Sentido de vida
14. Resiliência
15. Encerramento
Teremos convidados e convidadas especialistas para conversar co-
nosco em alguns dos módulos. Além dos vídeos, você também receberá uma
cartilha como esta por módulo, com o conteúdo abordado, textos, sugestões
e entrevistas de pessoas de diversas áreas.
A cada semana, você terá sugestões de filmes, livros, séries, leituras e
outras mídias, além de atividades da Psicologia Positiva.
7
Neste Módulo:
Nossas convidadas
Fabiana Pinheiro Ramos, é Profa. Dra. do

Departamento de Psicologia da UFES. Possui Graduação,
Mestrado e Doutorado em Psicologia pela UFES. É
especializada em Terapia Comportamental pelo Instituto de
Terapia por Contingências de Reforçamento. Atualmente
realiza pós-doutorado em Psicoterapia Analítica Funcional
(FAP) na Universidade de Washington, Seattle - USA.
No meu tempo livre gosto de assistir filmes, séries e viajar;

além de atividades na natureza. O que mais me deixa feliz é
estar na companhia da minha filha de 15 anos, e da minha
família e amigos.
Cynthia Perovano Camargo Baumel é apaixonada

pelo sol, pelo mar e pela natureza. Gosta de jogos de
tabuleiro, ler livros, ouvir música, ver filmes e seriados,
viajar e de curtir momentos com sua família e seus
amig@s. Percebe a vida como obra de arte e procura
desenvolver diferentes aspectos artísticos de si mesma:
faz aulas de canto, de dança do ventre e de vez em
quando arrisca alguns pontos de crochê. Na área
acadêmica é formada em Psicologia, tem doutorado e
mestrado em Psicologia e especialização em Saúde
Coletiva, todos pela Ufes. Atua como psicóloga na
Diretoria de Atenção à Saúde (DAS/PROGEP) e está
sempre estudando diferentes abordagens teóricas na
Psicologia, pois é curiosa e adora aprender. Acredita nas
pessoas e na sua incrível capacidade de conexão e de
mudança, e isso a motiva a seguir trabalhando nessa área
de atuação.
“Sou grata pela vida e pela oportunidade de conhecer tantas

pessoas incríveis em meu caminho. Trabalhar com pessoas,
ouvindo suas conquistas e suas vulnerabilidades, faz com que
meu apreço pelas conexões que estabelecemos seja ainda maior."
8
Professora Responsável
Valeschka Martins Guerra é professora do

Departamento de Psicologia Social e do
Desenvolvimento e do Programa de Pós-Graduação
em Psicologia, onde coordena o Grupo de Estudos e
Práticas em Psicologia Positiva.
Psicóloga, especialista em Sexualidade Humana
(UFPB), mestre em Psicologia (UFPB) e doutora em
Psicologia Social (University of Kent), mora em Vitória
desde 2010.
Em seu tempo livre, gosta de brincar com os filhos
pequenos, seus cachorros, assistir filmes e séries com
o marido, montar quebra-cabeças e cantar no coral
da UFES.
"A Psicologia Positiva me lembra de olhar para a frente.

Me ajuda a alimentar a esperança, traz leveza para os meus dias.
É minha dose diária de autocompaixão, por me lembrar
da minha (da nossa) humanidade".
9
7
O que veremos neste módulo?
A importância dos
Quais as características
relacionamentos
de um relacionamento
promotor de bem-estar?
O modelo ACL
A construção da
intimidade
Como fazer a validação
emocional?
Sobre a sexualidade
Homens e mulheres,
pornografia e educação
sexual
Sexualidade positiva
Exercícios
10
Conceitos Básicos
A importância dos relacionamentos
Relacionamentos positivos, não apenas aqueles caracterizados como

amorosos ou românticos, são muito importantes para o nosso bem-estar

geral: contribuem para a vivência de emoções positivas; podem ajudar nos
motivando ao engajamento nas nossas atividades, contribuindo também para a
nossa realização; e podem contribuir para que tenhamos um sentido de vida.
Além disso, relacionamentos positivos são um dos principais componentes que
nos auxiliam a superar momentos difíceis.
Falta de relacionamentos interpessoais ou relacionamentos interpessoais

problemáticos afeta o risco de morte em igual grau aos fatores de risco mais
graves (tabaco e álcool) e em maior grau que os fatores de risco menos graves
(sedentarismo e obesidade).
Quais as características de um relacionamento

promotor de bem-estar? O modelo ACL
Relacionamentos positivos valorizam a intimidade, vulnerabilidade e

acolhimento nas relações interpessoais. Há uma linha teórica que é o modelo
ACL - Consciência, Coragem e Amor (do inglês, Awareness, Courage and
Love).
O modelo ACL aponta que esses três fatores melhoram a conexão e a

intimidade da interação interpessoal. Ter Consciência, na dimensão do
relacionamento, significa que o indivíduo dá importância ao que ocorre aqui e
agora. Desse modo, é possível identificar o que é uma necessidade e/ou um
sentimento seu ou do outro. Ter Consciência é o resultado de um processo de
autoconhecimento, do que você sente e pense, do que você deseja viver em um
relacionamento real e possível e de como age efetivamente nessa relação.
Para os autores Robert Kohlenberg e Mavis Tsai, o próximo passo, após a

Consciência, é a Coragem. É preciso ter Coragem para aceitar seus
sentimentos, pensamentos e ações e também para expressar a ocorrência
desses fatos. A Coragem aumenta as chances de surgimento do amor no outro,
além do amor próprio.
A coragem do outro, em contrapartida, evoca Amor em você. O Amor fun-

ciona como feedback (muito!) reforçador em qualquer relacionamento, podendo
ser expresso de diversas maneiras. Pode aparecer na forma de segurança,
acei-tação do outro, validação, compreensão, atender as necessidades do outro,
etc. ser
11
A construção da intimidade
A intimidade se estabelece quando sentimentos são compartilhados com
Coragem, principalmente os sentimentos relacionados a algum evento que
aumenta a vulnerabilidade nessa Coragem, que é recebida com Amor pelo
outro.
No modelo ACL, a vulnerabilidade é entendida como Coragem de se ex-

por, assumindo o risco da censura ou punição do outro, que corresponde com
Amor.
A expressão de emoções e a comunicação de sentimentos, pensamentos,
vivências, valores e crenças pelas pessoas envolvidas em uma relação
favorecem o aumento do vínculo afetivo e da intimidade entre os envolvidos
nessa relação. Quando essa escuta é realizada de maneira
empática/acolhedora, sem julgamentos, o vínculo de intimidade se fortalece.
Portanto, em qualquer relacionamento, seja amoroso, familiar, amizades,
etc, é importante ter Consciência da força que impulsiona a ter Coragem e
reforçá-la. Veja a Coragem da outra pessoa, naquilo que ela compartilha e
ame-a. Ame na empatia, acolhimento, no sorriso, no olhar, ou qualquer forma de
Amor que seja confortável pra você. O Amor pode ser expresso de várias
formas: dizendo 'eu te amo', fazendo um café ou um bolo, dando um abraço
apertado e caminhando de mãos dadas, dando presentinhos que mostram que
você pensou na outra pessoa ou passando um tempo de qualidade ao seu lado,
conversando e dando sua total atenção para ele/ela.
Como fazer a validação emocional?

A validação emocional é o ato de reconhecer e aceitar os sentimentos de
outra pessoa.
O que não fazer:
Pelo menos
Você estava temos um lugar Ligue para um
o?
falando comig para morar e amigo.
comida!
Para de Por que você Você se s

reclamar! e
não se concentra melhor s ntirá
em ser grato? e for à
igreja.
Não julgue ou invalide os sentimentos do outro.

Não dê conselhos que não foram solicitados.
Não demonstre tédio ou distração.
12
O que fazer:
O que você está
Entendo que ra
dizendo faz Estou aqui pa .
você esteja triste muito sentido vo cê
e assustado. você e com
para mim.
Vamos tentar ve
r Posso te d
Você quer fa o lado positivo? ar um
mais sobre lar abraço?
isso?
Aceite e valide sem julgamentos.

Esteja presente e de coração aberto.
Faça contato com os olhos e toque na pessoa se for confortável para ela.
Portanto, utilizando a Consciência, Coragem e Amor nos relacionamentos

interpessoais, é possível promover a conexão, intimidade e fortalecer laços pré-
existentes com as pessoas. Abaixo você pode conferir um TED Talk com a Mavis
Tsai, autora que mencionamos anteriormente:
Criando interações
extraordinárias
TED conference, 2017
Clique no ícone ao lado para assistir ao vídeo legendado
Sobre a sexualidade
A sexualidade humana é o resultado de milhões de anos de evolução que,
baseada em uma herança antiga seguida pelos mamíferos, tornou-se um
fenômeno humano singular, com várias formas e expressões que variam
histórica e culturalmente. Por isso, a maneira como cada indivíduo a
experiencia é única, construída no contexto social, cultural, histórico e
econômico em que vivemos.econômico em que vivemos.
13
A Organização Mundial de Saúde considera a sexualidade como um dos
indicadores de qualidade de vida e a define como “um aspecto central do ser
humano ao longo da vida que engloba sexo, identidades e papeis de gênero,
orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é
vivida e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes,
valores, comportamentos, práticas, papeis e relacionamentos”. A OMS aponta,
ainda, que a "sexualidade faz parte da personalidade de cada um (...) influencia
pensamentos, sentimentos, ações e interações e, portanto, a saúde física e

mental".
A saúde sexual é um estado de bem-estar físico, emocional, mental e

social relacionado à sexualidade; não é meramente a ausência de doença,
disfunção ou enfermidade. A saúde sexual requer uma abordagem positiva e
respeitosa da sexualidade e das relações sexuais, bem como a possibilidade de
ter experiências sexuais prazerosas e seguras, livres de coerção, discriminação
e violência. Possibilita desfrutar e controlar o comportamento sexual e
reprodutivo sem medo, vergonha, culpa, falsas crenças e outros fatores que
inibem a resposta sexual e prejudicam as relações sexuais. Para que a saúde
sexual seja alcançada e mantida, os direitos sexuais de todas as pessoas devem
ser respeitados, protegidos e cumpridos.
Os direitos sexuais abrangem os direitos humanos que já são reconhecidos

em leis nacionais, documentos internacionais de direitos humanos e outros
documentos de consenso. Estes incluem o direito de TODAS as pessoas, livres de
coerção, discriminação e violência, a:
* o mais alto padrão atingível de saúde em relação à sexualidade, incluindo o

acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva;
* buscar, receber e difundir informações sobre sexualidade;
* educação em sexualidade;
* respeito à integridade corporal;
* escolha do parceiro;
* decidir ser sexualmente ativo ou não;
* relações sexuais consensuais;
* casamento consensual;
* decidir se e quando ter filhos; e
* buscar uma vida sexual satisfatória, segura e prazerosa.
O exercício responsável dos direitos humanos exige que todas as pessoas

respeitem os direitos dos outros.
Homens e mulheres, pornografia e educação sexual

De forma geral, há uma naturalização na manipulação do órgão sexual
masculino. A socialização masculina é mais permissiva nas experimentações da
sexualidade, com estímulos mais frequentes para a sua exploração nas
diferentes interações sociais.
14
Além disso, a aproximação dos homens à pornografia se inicia desde muito
jovens, a partir do acesso a revistas, filmes e livros. O conhecimento e utilização
destes materiais tornam o assunto mais comum, reduzindo tabus e preconceitos
sobre seu uso e a pornografia, em muitos momentos, aparece como uma fonte
de informações sobre o sexo. No entanto, as queixas mais comuns dos homens
na comparação com a pornografia se referem à performance: tamanho do pênis
e duração da ereção.
Em contrapartida, muitas mulheres possuem uma desconexão com seu

órgão genital. Há um desconhecimento de como é e de como funciona, além da
falta de percepção da resposta sexual, que é mais interna. Não há muitos
estímulos para o autoconhecimento feminino nesse quesito, nem para
experimentações mais variadas de sua sexualidade. No que diz respeito à
aproximação com a pornografia, os relatos são ambíguos. Por um lado, como
algo que pode contribuir para um processo de descobertas e expansão das
possibilidades sexuais. Por outro lado, representa algo sujo, ruim, que traz
sensações de vergonha e culpa. As queixas mais comuns das mulheres na
comparação com a pornografia se referem à imagem corporal e à
disponibilidade sexual.
Neste sentido, ressalta-se que os seres humanos estão há muito tempo

interessados no sexo e em suas representações pictóricas. Antes mesmo do
surgimento da escrita havia desenhos nas cavernas e esculturas primitivas de
atos sexuais ou partes do corpo. Portanto, esses tipos de representações do
sexo não devem desaparecer.
O que é importante salientar é que a pornografia é uma obra de ficção

– um conteúdo dirigido e editado, gravado por atores – que se distancia em
muitos aspectos da vida real. Distinguir o que é performado diante de uma
câmera dos seus gostos e desejos pessoais é fundamental. Para tanto, um
trabalho de autoconhecimento, de exploração sensorial do próprio corpo e do
corpo do outro, usando a criatividade, pode auxiliar a descobrir o que o(a)
excita e como você gosta de sentir prazer.
Sexualidade positiva
Muitas das intervenções em sexualidade focaram em tópicos como

infecções sexualmente transmissíveis, gravidez precoce, assédio, violência
sexual e os processos sexuais disfuncionais, observando o que não funciona bem
e tendendo a enquadrar as práticas sexuais como arriscadas. Assim como
aconteceu com a Psicologia, o estudo da sexualidade do ponto de vista da
psicologia positiva vai abordar os aspectos positivos da sexualidade humana,
sem deixar de reconhecer seus riscos e disfunções. Apresentamos a seguir as 8
dimensões da Sexualidade Positiva:
15
1. "Positivo" refere-se a forças, bem-estar e felicidade.
A sexualidade positiva reconhece que todas as pessoas têm forças que
podem ser utilizadas para resolver problemas e melhorar a saúde física,
psicológica e espiritual. Além disso, a sexualidade positiva se concentra na
integração de todos os aspectos da sexualidade para aumentar o bem-estar e a
felicidade entre as pessoas. O objetivo é nutrir e apoiar interesses, motivações,
recursos e emoções das pessoas para ajudá-las a atender às suas necessidades
e objetivos, levando assim a uma melhor qualidade de vida.

2. A sexualidade individual é única e multifacetada
Cada pessoa tem uma história sexual única que contribui e ajuda a
fornecer a essa pessoa uma narrativa sexual única. A sexualidade positiva
começa com o reconhecimento de que a sexualidade de cada pessoa é única e
multifacetada, e também com uma valorização das formas que a sexualidade de
cada pessoa contribui para a totalidade de quem essa pessoa é.
3. Múltiplas disciplinas e métodos para compreender a sexualidade
A sexualidade positiva incorpora o conhecimento de várias disciplinas,
incluindo medicina e saúde pública, ciências sociais e comportamentais e artes e
humanidades, bem como uma variedade de métodos e técnicas. Acredita-se
que há benefícios em acolher e utilizar uma ampla gama de abordagens de
pesquisa para compreender como as pessoas podem ser realizadas em relação à
sua sexualidade e bem-estar, acolhendo a diversidade de expressões sexuais
existentes.
4. É necessária a aplicação da ética profissional
A maioria das profissões que interagem com o público possui um código de
ética para orientar a tomada de decisões, e, em particular, prevenir ações
baseadas em interesse próprio e prevenir discriminação e injustiça. Os
profissionais devem, então, aderir aos seus códigos formais de ética. Uma
perspectiva de sexualidade positiva é consistente com os princípios éticos
profissionais estabelecidos e procura promover o que é justo e certo; isto é,
honrar a voz, as necessidades, as escolhas, as experiências e a vida de cada
indivíduo, valorizando a diversidade humana.
5. É necessária uma comunicação aberta e honesta
Ser sexualmente positivo significa ir além da biologia reprodutiva básica e
ser livre para discutir um espectro completo de atitudes e comportamentos
sexuais. Isso não se restringe a apenas comunicar necessidades e desejos de
uma perspectiva sexual, mas também reconhecer que a comunicação e
negociação são essenciais para interações e resultados sexuais positivos. A boa
comunicação é a chave para uma vida sexual feliz e saudável.
16
6. A sexualidade positiva é humanizadora e inclusiva
Uma abordagem sexualmente positiva reconhece diversos problemas
associados à sexualidade e busca ajudar a resolvê-los, mas não usa uma
linguagem que desvaloriza as pessoas. Embora seja verdade que às vezes as
pessoas podem se envolver em comportamentos problemáticos, até mesmo
atrozes, elas ainda são seres humanos. Termos que identifiquem as pessoas a
partir de uma conotação negativa e pejorativa não devem ser utilizados.
7. A sexualidade positiva encoraja a pacificação

A pacificação é uma dimensão distinta da sexualidade positiva que se
sobrepõe consideravelmente a todas as outras dimensões e inclui um modo de
ser consciente e um processo focado na solução. Requer entender e abordar os
próprios medos e inseguranças pessoais, reconhecer que os outros têm seus
próprios medos e inseguranças, valorizar as pessoas apesar de suas falhas e
limitações, apreciar as boas intenções e incentivar o aprendizado contínuo. A
pacificação reúne muitas vozes para responsabilizar as pessoas sem
culpabilizar, e encontrar soluções criativas para os problemas, oferecendo
esperança na resolução de questões sociossexuais e na melhoria da qualidade
de vida para um número maior de pessoas.
8. Tem aplicações em vários níveis de estrutura social.
Muitos indivíduos lutam para entender e expressar suas sexualidades
únicas. A história da sexualidade na sociedade ocidental está impregnada de
negatividade, assim muitas pessoas podem sentir culpa e vergonha em relação
às suas curiosidades e desejos. Muitos jovens têm dificuldade em estabelecer
suas identidades sexuais ou expressar sua sexualidade com outros aspectos de
suas identidades. A sexualidade positiva pode ter um tremendo potencial para
ajudar a resolver problemas sociais importantes em bairros, organizações e
locais de trabalho, e comunidades, pois cada nível da estrutura social está
conectado com todo o resto.
A construção de uma sexualidade positiva contribui para que as pessoas
possam compreender e apreciar a sua sexualidade, terem relacionamentos
seguros e cumprirem e assumirem a responsabilidade pela sua própria saúde e
bem‐estar sexual e a dos outros, reduzindo mitos e estereótipos negativos sobre
a sexualidade.
3
4
Para quem ficou com gostinho de quero mais, finalizamos esse módulo com 6
uma indicação em dose dupla! Abaixo disponibilizamos dois documentários 7
9
interessantes que abordam a temática da sexualidade e podem ser encontrados
11
no Youtube. Aproveite! 13
14
16
Clitóris: o prazer proibido 19
20
O silêncio dos homens
17
Exercício
Como casais podem melhorar a convivência?
Nossa convidada da semana Prof. Dra. Fabiana Ramos
realizou durante a pandemia sua pesquisa com casais,
utilizando as perguntas abaixo. Deixamos elas aqui como
sugestão para que você possa utilizá-las tanto para sua

reflexão pessoal (nas seis primeiras perguntas) como para
melhorar a comunicação entre vocês (as 12 perguntas
seguintes).
1. Atualmente, quais são as dificuldades que você está vivendo e precisa

expressar?
2. O que você precisa que seu parceiro entenda com compaixão sobre o que
está sentindo?
3. O que ajudaria você a se sentir cuidado(a)?
4. Pelo que você é grato(a) nesta relação?
Existem formas de você ser mais saudável emocionalmente nesta relação? O
5. você deseja mudar?
6. O que você aprecia no seu parceiro(a)?
Para melhorar a comunicação entre vocês, pergunte:

1. "O que foi difícil para você nesta semana que gostaria que eu entendesse?"
2. "Qual foi a melhor coisa que aconteceu com você na semana passada?"
3. "Quando você se sentiu mais próximo de mim na semana passada? Por quê?"
4. "Quando você se sentiu mais distante de mim na semana passada? Por quê?"
5. "O que te anima ou te deixa ansioso(a) para fazer no futuro próximo?"
6. "Com o que você está preocupado(a)?"
7. "Há algo que você está evitando dizer para mim? O que é?"
8. "O que você gostou sobre mim na semana passada?"
9. "O que você gostou sobre você mesmo(a) na semana passada?"
10. Como você pode cuidar melhor de si mesmo(a)?
11. Como posso ser um(a) parceiro(a) melhor para você?
12. Há mais alguma coisa que você queira me dizer?
"Além de cuidar da comunicação do casal, gerando intimidade, é
importante que o haja momentos “próprios”, em que possam
compartilhar de momentos e atividades prazerosas juntos. Muitas
vezes, na agitação e correria das tarefas do dia a dia (sobretudo em
tempos de pandemia), esquecemos de dedicar um tempo com qualidade
à relação. Lembre-se: cuidar da relação e do parceiro(a) é uma
“tarefa” tão importante quanto trabalhar, estudar e se divertir!" 16
(Ramos, et. al, 2020)
18
Filmes, Séries e Livros #GEPPsi+Indica
Sex Education
A série da Netflix retrata a vida de Otis, adolescente ainda
virgem e sua convivência com sua mãe, uma terapeuta
sexual. A convivência com a profissão da mãe o torna um
expert entre os amigos, que buscam tirar várias dúvidas

sobre suas próprias experiências e vivências sexuais.
Clique no ícone ao lado para assistir o trailer dublado
Um divã para dois

Kay e Arnold estão casados há 30 anos. Para sair da rotina
do casamento, decidem fazer uma semana de terapia
intensiva de casais com um especialista no assunto.
Enquanto tentam reacender a paixão que os uniu, os dois
redescobrem um ao outro.
Clique no ícone ao lado para acessar o canal!
Masters of Sex
Durante os anos 50, os cientistas William e Virginia
realizaram pesquisas sobre o comportamento sexual humano.
Seus estudos impulsionaram a revolução sexual e fizeram
com que ficassem conhecidos em todo os Estados Unidos, o
que é uma surpresa para duas pessoas da pequena cidade
de Saint Louis. Os romances, o dia a dia incomum e o caminho
percorrido pela dupla são objeto da série.
Clique no ícone ao lado para acessar o canal!
A arte de amar
Durante o regime comunista, uma ginecologista polonesa luta
contra a censura para conseguir publicar um livro que
aborda a sexualidade em um contexto crítico à tradição
vigente. Apesar das dificuldades enfrentadas, a circulação
de seu material escrito gera interesse imediato e inicia uma
revolução sexual no interior de seu país.
Clique no ícone ao lado para assistir o trailer legendado em
inglês
19
Vamos falar sobre s.e.x.o, amor@s
Gabriella Almeida*
te o “surto da AIDS”, em 1980,

F alar sobre sexualidade, em pleno
e aprendeu a temê-la desde
Segundo a Organização Mundial de
século XXI, ainda parece um grande Saúde (OMS), a sexualidade é “um
sempre. ] E em casa, então?
tabu. Agora mesmo, enquanto aspecto central do ser humano ao
Claramente tod@s nós tivemos
escrevo este texto, penso se falar longo da vida que engloba sexo,
diálogos abertíssimos sobre
sobre o tema é um tabu para mim, identidades e papéis de gênero,
expressão da sexualidade,
afinal minha mãe também faz este orientação sexual, erotismo, prazer,
conhecimento e manipulação
Curso [ Oi, Mãe! ] e “o que é que intimidade e reprodução. A
do próprio órgão sexual, não é
minha mãe vai pensar de mim?”. Bem, sexualidade é vivida e expressa em
mesmo? #NÃO.
vamos lá: pensamentos, fantasias, desejos,
Tal qual a fome ou a sede, o desejo Então, vamos hoje falar sobre crenças, atitudes, valores, comporta-
sexual é uma forte motivação sem, no um pouco de tudo isso e mentos, práticas, papéis e
entanto, envolver um déficit interno perceber como a melhor relacionamentos” (WHO, 2015, p. 6).
que precisa ser regulado e remediado compreensão da sexualidade Além disso, a OMS apresenta a
para que o organismo sobreviva pode nos tornar mais felizes. definição de saúde sexual como a “a
(Atkinson, Atkinson, Smith, Bem, & habilidade de mulheres e homens
Nolen-Hoeksema, 2002). A espécie para desfrutar e expressar sua
A nível neural, o cérebro é
humana, entre algumas outras sexualidade, sem riscos de infecções
onde o desejo sexual se origina,
poucas espécies animais, opta por sexualmente transmissíveis, de
ao mesmo tempo em que é
fazer sexo, enquanto as demais gestações não planejadas e livre de
possível elaborar pensa-
fazem por instinto reprodutivo imposições, violência e discrimina-
mentos, imagens e fantasias
(Richardson, 2018). Com métodos ções. A saúde sexual possibilita
sexuais (Atkinson et al., 2002).
contraconceptivos de diversos tipos experimentar uma vida sexual
Como o sexo, porém, não é “só
(e formatos, texturas, cores, informada, agradável e segura,
lá embaixo”, as interações
sabores...), por quê, afinal, baseada na autoestima. Para tanto, é
sexuais satisfatórias tem a ver
praticamos o sexo uma vez que importante a abordagem positiva da
com os sentimentos de confian-
também optamos por quando ele terá sexualidade humana e o estímulo ao
ça e afeição desenvolvidos a
o objetivo reprodutivo? Se pensou em respeito mútuo nas relações sexuais.
partir de relacionamentos calo-
“por mero prazer”, você acertou em A saúde sexual valoriza a vida, as
rosos e amorosos com nos-
cheio! relações pessoais e a expressão da
sos(as) primeiros(as) cuidadores
Quem conversou com você sobre identidade própria de cada pessoa,
(as), além daqueles desenvolvi-
sexo, prazer sexual, orgasmo? estimula o prazer e respeita a
dos com pares durante a
Lembra das aulas sobre sexo da autonomia da pessoa” (WHO, 2015, p.
adolescência, que preparam a
disciplina “Ciências”, na escola? O 6). A prática saudável da sexualida-
intimidade necessária para
que as leituras, palestras de é, portanto, parte daquilo que
relacionamentos sexuais na
desconfortáveis e professores delineia o bem-estar de que tanto
fase adulta (Atkinson et al.,
daquela época te ensinaram além de falamos na Psicologia Positiva.
2002). A comunicação com
o quê são IST’s, como evitar uma mães, pais e pares, por sinal,
gravidez e como colocar um influencia indiretamente e de
preservativo masculino numa banana, A saúde sexual valoriza a vida, as
diferentes modos o comporta-
relações pessoais e a expressão
ou inserir o tão pouco creditado mento sexual de jovens, da identidade própria de cada
preservativo feminino num daqueles servindo para melhorar distin- pessoa, estimula o prazer e
modelos de acrílico do sistema tos aspectos das crenças respeita a autonomia
reprodutor feminino? [ “Na minha sexuais que eles têm de si, da pessoa.
época não tive isso”, você pode (OMS, 2015)
sustentando o modo como
pensar. E está tudo bem. Isso é mais regulam e experienciam sua
típico da geração que nasceu duran- sexualidade (Mastro & Zimmer-
Gembeck, 2015).
20
Os aspectos positivos da sexualidade çar o orgasmo, adquirir desejamos, a forma como aceitamos e
incluem, mas não se limitam a: métodos contraceptivos de exercermos nossa sexualidade, a
satisfação sexual, prazer sexual, maneira independente e saber forma como gerenciamos e
autoestima sexual e autoeficácia falar sobre seus desejos, comunicamos nossos desejos. Além
sexual. A sexualidade positiva é o preferências e limites (Ander- disso, a maneira como cada um de
reconhecimento e apreciação do son, 2013). nós vivencia a sexualidade é única
quão importante e representativas por haver influências de fatores
são essas experiências e construtos Esses quatro aspectos fazem biológicos, psicológicos, sociais,
para nossas vidas (Anderson, 2013). parte do conhecimento sobre econômicos, políticos, culturais,
bem-estar sexual subjetivo, legais, históricos, religiosos e
1. Satisfação sexual
que envolve a satisfação espirituais que determinam a forma
Compreendida como uma resposta
emocional e física, permeando como amamos e praticamos sexo
subjetiva às dimensões negativas e
diferentes níveis da saúde (Lins, 2012).
positivas associadas ao relaciona-
sexual e do bem-estar,
mento sexual, que pode incluir prazer
incluindo a identificação desses A sexualidade é, de fato, um livro de
sexual, orgasmo, satisfação física
tipos de satisfações na poesia atemporal, no qual cada
proveniente de experiência íntima ou
qualidade da vida sexual da pessoa tem o seu poema favorito. Vez
sexual, autoestima sexual, conexão
pessoa com seu/sua parceiro ou outra o tal poema favorito muda
emocional com parceiro(a), bem como
(a) (Træen & Schaller, 2010). A de imagem e forma, se transforma, se
uma gama de experiências
prática saudável da condensa ou se amplia. Deixar que o
resultantes tanto da prática sexual
sexualidade é aceitar a troca, o fluir do tempo conduza a nossa
solitária quanto com outra pessoa
compartilhamento da expres- própria sexualidade é permitir a si ter
(Anderson, 2013).
são de sua sexualidade com a encontros com novas e
2. Prazer sexual do(a) seu/sua parceiro(a). Para surpreendestes descobertas de si e
É definido como o deleite físico e/ou isso devemos compreender que (se quiser!) do outro.
psicológico alcançado pela interação o desejo sexual não é uma
erótica (Philpott, Knerr, & Boydell, obrigação, mas uma resposta
*Gabriella é Psicóloga e mestre em Psicologia. Canta,
2006), é algo que traz uma sensação ativa; que conhecer e explorar dança, lê e escreve nas horas vagas. Livros, filmes e
boa, espontânea e que flui, trazendo o próprio corpo não é séries com certeza estão em seu repertório de
passatempos prediletos. A Psicologia Positiva a auxilia
um sentimento de completude e uma vergonhoso em nenhum estágio todos os dias a encontrar em si seu próprio elemento de
erotização da sensação de segurança da vida. Acrescente-se que a felicidade e satisfação. A gratidão tem sido sua fonte de
firmeza e dedicação.
(Higgins & Hirsch, 2008). importância dada em alcançar
3. Autoestima sexual o orgasmo, per se, pouco tem a
ver com uma vida sexualmente
Refere-se à confiança e conforto que
satisfeita. Nossos desejos
a pessoa sente em relação à sua
sexuais, a maneira como e o
sexualidade, incluindo a habilidade
quê desejamos flutua ao longo
de recusar ou pedir para tomar parte
do tempo (Betito, 2016).
em determinadas experiências
sexuais, alcançar o conforto sexual e
Se pararmos para pensar o
também conseguir se comunicar
quanto a sexualidade desem-
abertamente com o(a) parceiro(a) e
penha um papel de destaque
outras pessoas sobre sua sexualidade
em nossas vidas, é possível
(Anderson, 2013).
perceber que, em verdade,
4. Autoeficácia sexual estamos falando de todas as
É a habilidade de coordenar os outras particularidades que
desejos e objetivos sexuais, contando permeiam a sexualidade: o
ainda com o conceito de subjetivida- conhecimento sobre, a comu-
de sexual (ser sujeito ativo de sua nicação com pais, pares e par-
própria vida sexual), podendo incluir ceiros(as), a afeição que con-
outras habilidades tais como: alcan- quistamos, a proximidade que
lllllllllll
21
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em Portugues). [Arquivo de Vídeo]
22
Quem somos:
Valeschka Guerra
Psicóloga
Coordenadora do GEPPSI+
Doutora em Psicologia Social
Cynthia Perovano
Psicóloga na DAS/Progep
Doutora em Psicologia
Marcella Cacciari
Psicóloga
Doutora em Psicologia
Gabriella Almeida
Psicóloga
Mestre em Psicologia
Livia Barreto
Denielly Menezes Psicóloga
Psicóloga Mestre em Psicologia
Luciana Noia
Graduanda em Psicologia
Mestranda em Psicologia
Mylena Bortolozzo
Psicóloga
Júlia Duarte
Giulia Santos
23

Leitura 18 - Cartilha 9 - Relacionamentos

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