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CLÍNICA AMPLIADA

Docente: Eloisa de Souza Lima


BIBLIOGRAFIA

• Bibliografia Básica:
• AMARANTE, Paulo. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Fiocruz, 2013.
• SARRIERA, Jorge. Psicologia Comunitária: Estudos Atuais. Sulina. 2010. 9 ex
• ANGERAMI - CAMON, Valdemar Augusto. Psicologia da saúde: um novo significado para a prática clínica.
2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
• FERREIRA NETO, João Leite. Psicologia, políticas públicas e o SUS. São Paulo: Escuta, 2011. Belo
Horizonte: Fapemig, 224p.
• ISPINK, Mary Jane P. Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
• Bibliografia Complementar:
• FRITZEN, Silvino José. Relações humanas interpessoais: nas convivências grupais e comunitárias. 19. ed.
Petropólis: Vozes, 2010 (11ex)
• FERNANDES, Dinorah. Psicologia e Saúde: Formação, Pesquisa e Prática Profissional. 1 ed. São Paulo:
Vetor, 244
• FERRARI, Rachele. Voluntariado: uma dimensão ética. São Paulo: Escuta, 2010.
• FLEURY, Heloisa Junqueira; MARRA, Marlene Magnabosco ((Org.)). Intervenções grupais nos direitos
humanos. São Paulo, SP: Ágora, 2005.
CONCEPÇÕES DE SAÚDE E CLÍNICA AMPLIADA.
GENOGRAMA E AVALIAÇÃO FAMILIAR

• O que é clinica ampliada?


• A clínica ampliada é uma das diretrizes que a Política Nacional de Humanização
propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. Ampliar a clínica é aumentar a
autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade.

• Qual o principal objetivo da clínica ampliada?


• A Clínica ampliada propõe que o profissional de saúde desenvolva a capacidade de
ajudar cada pessoa a transformar-se, de forma que a doença, mesmo sendo um limite,
não a impeça de viver outras coisas na sua vida.
• Quais são as características da clínica ampliada?
• A clínica ampliada é um modelo que valoriza a escuta do paciente, com o
psicólogo compreendendo como essa pessoa se sente e discutindo as possibilidades
de diagnóstico e de tratamento de maneira conjunta com ele e com outros
profissionais de saúde.

• Como se caracteriza o trabalho do psicólogo na perspectiva da clínica ampliada?


• Entendemos que a clínica ampliada oferece possibilidades de uma outra clínica,
que se configura como uma prática alinhada com os objetivos propostos pelo
SUAS, o que também pode possibilitar um novo olhar sobre os serviços ofertados,
as questões sobre as quais eles atuam e as potencialidades do saber e das práticas
psicológicas em tal contexto.
GENOGRAMA

• Qual é o objetivo do genograma?


• O genograma é outro instrumento interessante para ampliar o conhecimento
sobre as famílias. Trata-se de uma representação gráfica do sistema familiar,
preferencialmente em três gerações, que utiliza símbolos padronizados para
identificar os componentes da família e suas relações.

• O genograma tem sido definido como um desenho gráfico da vida familiar com
o objetivo de levantar informações sobre os seus membros e suas relações,
através de gerações, constituindo-se numa ferramenta de avaliação muito
utilizada pela terapia sistêmica de família.
• Modelo de genograma simples dá uma primeira visualização (ainda que não
saibamos a respeito dos símbolos específicos) podemos ver que um genograma se
parece com uma árvore genealógica. Porém, ao contrário das árvores genealógicas
que mostram diversas relações, os genogramas se concentram geralmente na
geração ascendente imediata (pai e mãe) e seguinte (avós paternos e maternos).
Evidente que se for possível acrescentar informações dos bisavós, o genograma
ficará mais completo.

• Além das relações básicas de parentesco, acrescenta-se hipóteses clínicas e


históricos médicos das pessoas do parentesco. A ideia, claro, não é culpar o pai,
mãe, avô ou avó por ter uma doença X ou Y, mas sim entender que um
determinado problema pode ter tido uma origem anterior. Se este tipo de
consideração for levada em conta, ficará a ideia de que não se trata de culpa de um
membro da família, mas de uma informação relevante sobre a história individual.
• Podemos notar algumas informações instantaneamente. Os números indicam as idades, o
quadrado representa o sexo masculino e o círculo o sexo feminino. As linhas horizontais
mostram as relações de irmãos e irmãs ou relações conjugais, enquanto as setas verticais
indicam a paternidade e a maternidade.
• As informações abaixo de cada sigla (a sigla representa as iniciais do nome e do
sobrenome) indicam doenças físicas ou psíquicas ou comportamentos e atitudes habituais
de cada um.
• Assim, neste Genograma simples podemos ver que U.B.S casou-se (e separou-se pois os
dois sinais na seta indicam separação) com A.M.S, de 28 anos e com ela teve um filho, C.
M.S, atualmente com 11 anos. U.B.S tem um irmã de 42 anos, M.B.S, e uma irmão de 40
anos, L. B. S. Podemos notar também que a mãe de U.B.S tem 69 anos e o pai suicidou-se
aos 45 anos.
• Todas estas informações ficam mais fáceis de localizar no Genograma, dai a sua utilidade.
• Bem, agora que já vimos o que é um Genograma, podemos passar para uma
definição mais detalhada. Um genograma – também conhecido como diagrama
familiar – é uma representação imagética das relações familiares de uma pessoa com
as respectivas informações médicas e psíquicas de cada membro da mesma. Em
certo sentido, é como uma árvore genealógica, porém, bem mais completa pois
inclui dados sobre padrões repetitivos nas gerações ou tendências hereditárias.
• Os Genogramas tem sido utilizados por psicólogos que trabalham na abordagem
familiar-sistêmica e também por médicos, psiquiatras, psicólogos sociais, além de
pesquisadores da genética, educadores, entre outros.

• Os Genegromas foram desenvolvidos por Monica McGoldrick e Randy Gerson em


seu livro Genograms: Assessment and Intervention (em tradução literal:
Genogramas: Avaliações e Intervenções), publicado no ano de 1985.
COMO FAZER UM GENOGRAMA?

• O primeiro passo para fazer um Genograma é ter os nomes dos familiares e as


respectivas relações de parentesco. Nesse sentido, podemos começar desenhando
primeiro a árvore genealógica para, posteriormente, ir coletando mais dados sobre cada
um dos membros da família.
• Se formos utilizar no consultório, podemos desenhar um Genograma simples com os
nomes do paciente, de seus pais e avós paternos e maternos. Informações sobre ano de
nascimento (e falecimento se for o caso), casamento e separação, doenças conhecidas
são acrescentadas em seguida.
• Um passo que pode ser feito também nesta fase é perguntar para o paciente a respeito
dos sentimentos e aproximações e afastamentos afetivos com cada um dos membros da
família. É comum que cada pessoa se identifique e mais com um lado de sua família ou,
por exemplo, mais com o avô paterno do que com o avô materno, ou vice-versa.
• Se o paciente ou pessoa interessada em fazer o seu Genograma tiver informações
sobre os seus bisavós, o Genograma ficará ainda mais completo. Se pensarmos apenas
nas informações genéticas que determinam traços físicos (como cor dos olhos),
poderemos ver como é incrível que uma determinada informação genética de um
parente que nasceu, talvez, há mais de cem anos, possa ter contribuído com
características físicas observáveis atualmente. Mas o mais incrível é notar que
algumas características psíquicas também passam de geração para geração.

• Como o objetivo inicial do Genograma foi o de fazer o levantamento da história


médica e psicológica dos membros de uma família, é comum vermos Genogramas
que são especificamente criados tendo em vista este objetivo. Mas também podemos
fazer um gráfico que conte menos sobre doenças físicas e mentais e mais sobre traços
de personalidade, características mentais (como inteligência, educação, gostos e
hobbies), interesses profissionais e acadêmicos e por ai vai.
PRINCIPAIS SÍMBOLOS DOS GENOGRAMAS
• Podemos criar um Genograma tendo em vista diversos objetivos, como investigar mais
a respeito do histórico médico de uma pessoa, analisar relações emocionais e afetivas
entre os membros de uma família, traçar possíveis causas genéticas para doenças físicas
e/ou mentais , além de outros possíveis usos como padrões de comportamentos
inconscientes que se repetem de geração em geração ou reaparecem após uma ou duas
gerações.
• Importância do conhecimento familiar...
• Quem sabe da história dos seus avós? Quem sabe da história dos seus bisavós? E depois
dos bisavós, hein?
• O mais comum é que as pessoas nem saibam qual foi o nome dos seus bisavós… quem
diria saber informações a respeito da saúde e da doença, das tendências psíquicas,
sonhos e vontades!
• O interessante de fazer um Genograma é perceber este desconhecimento sobre a nossa
origem e ir pesquisar. Não raro podemos encontrar quem possa nos dizer mais sobre o
nosso passado familiar…
AVALIAÇÃO FAMILIAR

• O que é diagnóstico familiar?


• O grande foco do Diagnóstico Familiar é ajudar a mapear a situação que se encontram as
famílias em momento de atual e fazer um planejamento, acompanhamento e realizar
ações mais direcionadas, focadas e articuladas para estas famílias.

• A Entrevista Familiar estruturada é um método clínico capaz de avaliar as relações


familiares, ou seja, de realizar um diagnóstico interacional da família, discriminando uma
interação familiar considerada facilitadora do crescimento emocional sadio dos membros
da família, de uma interação familiar considerada dificultadora de tal crescimento.
• Qual é o principal foco da entrevista familiar?

• Segundo Soifer (1983), a entrevista do grupo familiar é uma


importante ferramenta de diagnóstico em psicologia infanto-
juvenil, tem como intuito estabelecer um diagnóstico e um
prognóstico consistente. Tal prática usa brinquedos e materiais de
expressão que ampliam a dinâmica da entrevista.
AULA 02
PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR. EQUIPE DE
REFERÊNCIA E APOIO MATRICIAL.

• PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR – PTS O PTS é um conjunto de propostas de


condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da
discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário.
Geralmente é dedicado a situações mais complexas. No fundo é uma variação da discussão de
“caso clínico”. Foi bastante desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental como forma
de propiciar uma atuação integrada da equipe valorizando outros aspectos, além do
diagnóstico psiquiátrico e da medicação, no tratamento dos usuários.
• Portanto, é uma reunião de toda a equipe em que todas as opiniões são importantes para
ajudar a entender o Sujeito com alguma demanda de cuidado em saúde e, conseqüentemente,
para definição de propostas de ações. O nome Projeto Terapêutico Singular, em lugar de
Projeto Terapêutico Individual, como também é conhecido, nos parece melhor porque destaca
que o projeto pode ser feito para grupos ou famílias e não só para indivíduos, além de frisar
que o projeto busca a singularidade (a diferença) como elemento central de articulação.
• MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Núcleo Técnico da Política
Nacional de Humanização CLÍNICA AMPLIADA, EQUIPE DE REFERÊNCIA E
PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR 2.ª edição Série B. Textos Básicos de Saúde
Brasília − DF – Indicação de Leitura

• Página para elaboração do trabalho com valor de 0,0 à 3,0: 40 á 56


A U L A 3 AT U A Ç Ã O P R O F I S S I O N A L N A AT E N Ç Ã O P R I M Á R I A E
SECUNDÁRIA À SAÚDE. NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE DA
FA M Í L I A ( N A S F ) . C E N T R O D E AT E N Ç Ã O P S I C O S S O C I A L . O
PROCESSO DE TRABALHO NO CAPS

• O conselho federal de psicologia conselhos regionais de psicologia centro de referência


técnica em psicologia e políticas públicas – crepop referências técnicas para atuação de
psicólogas(os) na atenção básica à saúde. Fazer leitura da RT

• Baixar a cartilha do SUS


• https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/biblioteca/cartilhas/2020/casaps_versao_profissionais_saude_gestores_completa.pdf
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS)

• A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por um
conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde,
a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da
saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde
das coletividades.
• Trata-se da principal porta de entrada do SUS e do centro de comunicação com toda a Rede de Atenção dos
SUS, devendo se orientar pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, da continuidade do cuidado,
da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização e da equidade. Isso significa dizer que a
APS funciona como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços nas redes de saúde, dos mais simples
aos mais complexos.
• No Brasil, a Atenção Primária é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade,
ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Há diversas estratégias governamentais relacionadas,
sendo uma delas a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que leva serviços multidisciplinares às
comunidades por meio das Unidades de Saúde da Família (USF), por exemplo. Consultas, exames, vacinas,
radiografias e outros procedimentos são disponibilizados aos usuários nas USF.
ATENÇÃO SEDUNDÁRIA EM SAÚDE

• O que é a atenção secundária à saúde?


• A Atenção Secundária é formada pelos serviços especializados em nível
ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre
a atenção primária e a terciária, historicamente interpretada como procedimentos
de média complexidade.

• EXEMPLO: HOSPITAIS, UPA


NASF

• O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) foi criado em 2008 pela Portaria
GM/ MS nº 154 de 24 de junho de 2008 (revogada pela Portaria GM/ MS nº 2.488
de 21 de outubro de 2011), com o objetivo de aumentar a resolutividade e
capacidade de resposta das equipes de saúde da família aos problemas da população.
• O que é o NASF e para que serve?
• Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) têm o objetivo de apoiar a
consolidação da Atenção Básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de
serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações.
• Quais são as ações da NASF?
• São exemplos de ações de apoio desenvolvidas pelos profissionais dos NASF:
discussão de casos, atendimento conjunto ou não, interconsulta, construção conjunta
de projetos terapêuticos, educação permanente, intervenções no território e na saúde
de grupos populacionais e da coletividade, ações intersetoriais, ações de variadas.
O PROCESSO DE TRABALHO NO CAPS-
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

• O que o psicólogo faz no CAPS?


• No cotidiano do trabalho nos CAPS, na lida diária com o usuário em sofrimento
psíquico, os profissionais desses serviços são agentes efetivos da Reforma
Psiquiátrica e as práticas desses profissionais necessitam estar de acordo com as
diretrizes políticas e normativas que guiam esse movimento.
• Observou-se que as principais atividades do psicólogo no CAPS são as
de acolhimento, triagens, coordenação e participação em oficinas e em grupos
terapêuticos e a realização dos atendimentos individuais.

Atividades desenvolvidas no CAPS: atendimentos individuais, oficinas


terapêuticas, oficinas expressivas, grupos de psicoterapia, expressão corporal,
culinária, entre outras.
AULA 04
BIOÉTICA NA ATUAÇÃO ESPECÍFICA E
INTERDISCIPLINAR DO PSICÓLOGO EM
SERVIÇOS DE SAÚDE E COMUNITÁRIOS.
• O que é bioética em Psicologia?
• No âmbito da saúde, a bioética refere-se às questões relacionados a vida, a relação
profissional-paciente e em relação a pesquisa com seres humanos. Além disso,
aborda a ética das questões sociais e dos problemas ambientais.
• Qual a importância da bioética na Psicologia?
• A interface da Psicologia e da Bioética abrange os mais diversos aspectos da vida
humana, tais como nascimento-morte e processo saúde - doença. A integração
dessas áreas pode proporcionar que a pesquisa em Psicologia se desenvolva de
acordo com os cuidados éticos no respeito à vida e a pessoa na sua integralidade.
• Qual é o principal objetivo da bioética?
• A Bioética tem como objetivo facilitar o enfrentamento de questões éticas/bioéticas
que surgirão na vida profissional. Sem esses conceitos básicos, dificilmente alguém
consegue enfrentar um dilema, um conflito, e se posicionar diante dele de maneira
ética.
• Onde a bioética também pode ser aplicada?
• Exemplos de casos que envolvem bioética são as polêmicas em torno do aborto, do
transplante de órgãos, dos transgênicos, do uso de animais e humanos em
experimentos, do uso de células-tronco, da eutanásia, do suicídio, da fertilização in
vitro, entre outras.
• Como explicar a Bioetica?
• Um dos conceitos que definem Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que
tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre
a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os
riscos das possíveis aplicações” (LEONE; PRIVITERA; CUNHA, 2001).
C O N C E IT O B IO É T IC A

• O conceito de bioética pode ser bastante complexo, por isso, é importante ter em mente
que não existe uma única definição.
• Transitando entre a filosofia, o direito e as ciências humanas, a bioética procura dar
respostas sobre a justa manipulação e tratamento da vida de seres que podem sofrer, ou
seja, dos seres vivos.
• A bioética tem aplicações que vão do nascimento ao fim da vida, e afeta diretamente
tanto os pacientes quanto os prestadores de cuidados.
• Sendo assim, a bioética é um campo de estudo no qual são abordadas questões de
dimensões morais e éticas, que relacionam pesquisas, decisões, condutas e
procedimentos da área da biologia e da medicina ao direito à vida.
• Como você pôde ver, o objetivo da bioética é garantir o equilíbrio justo entre a ciência e o
respeito à vida, reconhecendo as vantagens que os avanços científicos e biológicos
proporcionam, mas permanecendo alerta para os possíveis danos que eles representam
para a sociedade.
BIOÉTICA COMO SURGIU

• Quando surgiu a bioética?


• A bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da medicina e das
ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana e a promoção do conforto humano,
bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas).
• A fim de evitar experimentos, como os que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas,
e técnicas médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de
problematizar o que está oculto na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida.
• Entretanto, sua aplicação tornou-se muito mais ampla hoje, incluindo a tomada de decisões clínicas, novas
pesquisas controversas, as implicações das tecnologias emergentes, as preocupações globais e as políticas
públicas.
• A bioética como conhecemos hoje surgiu um pouco depois, na década de 1970, a partir do trabalho do médico
Andre Hellegers (1926-1979).
• Ele foi pioneiro em estudar a aplicação da ética na prática médica, especialmente na reprodução humana,
com foco em garantir a dignidade e o respeito aos valores éticos dos pacientes.
• A bioética tem desempenhado um papel central na influência das mudanças políticas e da legislação nos
últimos anos.
A BIOÉTICA TEM QUATRO PRINCÍPIOS QUE DEVEM SER ANALISADOS PARA
RESOLVER DILEMAS ÉTICOS SOBRE ATENDIMENTOS OU TRATAMENTOS DE
SAÚDE.

• Os princípios são autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.


AUTONOMIA
• Autonomia
• O fundamento filosófico da autonomia estabelece que todas as pessoas têm valor intrínseco e
incondicional e, portanto, devem ter o poder de tomar decisões racionais e escolhas morais, e a cada
um deve ser permitido exercer sua capacidade de decisão própria.
• Assim, qualquer tipo de procedimento a ser realizado no corpo de um indivíduo e/ou que tenha relação
com a sua vida, deve ser autorizado por ele.
• Situações em quais o próprio paciente não é capaz de responder por si, como uma criança ou um
cliente comatoso, por exemplo, as informações devidas devem ser prestadas aos seus responsáveis e
esses decidirão.
• Em relação ao tratamento de crianças, o princípio da autonomia deve ser exercido pela família ou
responsável legal. Entretanto, esses não têm o direito de forçá-las a receber tratamentos nocivos ou
desproporcionalmente penosos, às vezes, por motivos religiosos.
• Consequentemente, os médicos devem intervir ou se negar a adotar condutas específicas quando as
decisões dos pais ou responsáveis legais forem contrárias aos melhores interesses da criança.
NÃO-MALEFICÊNCIA

• A não-maleficência é a obrigação de um médico de não prejudicar o paciente.


Esse princípio simplesmente apoia várias regras morais – não matar, não causar dor
ou sofrimento, não incapacitar, não causar ofensa e não privar os outros dos bens da
vida.
• A aplicação prática da não-maleficência consiste no médico avaliar os benefícios
contra os malefícios de todas as intervenções e tratamentos, para fugir daqueles que
são inapropriadamente onerosos e escolher o melhor curso de ação para o paciente.
• O objetivo é evitar que os pacientes tenham que lidar com outras dores ou prejuízos
além dos que já existem como consequências de sua condição de saúde.
BENEFICÊNCIA

• Esse princípio estabelece que os tratamentos médicos precisam ser aplicados levando
em consideração o máximo de benefício com a menor quantidade de prejuízos.
• Ou seja, refere-se à obrigação ética de maximizar os benefícios e minimizar os
prejuízos. O princípio exige não apenas evitar danos, mas também beneficiar os
pacientes e promover seu bem-estar.
• Por exemplo, se houver situação em que haja procedimentos conflitantes, isto é, se
algum dano for inevitável, deve-se ter em vista o maior bem possível naquela
situação
JUSTIÇA OU EQUIDADE

• A justiça é geralmente interpretada como um tratamento justo, equitativo e


apropriado das pessoas. Das várias categorias de justiça, a que é mais pertinente à
ética clínica é a justiça distributiva.
• A justiça distributiva refere-se à distribuição justa, equitativa e apropriada dos
recursos de saúde determinados por normas.
• Por exemplo, ela estabelece que os profissionais de saúde tratem todos os doentes
com o mesmo cuidado e atenção, sem diferenças no tratamento por questões
sociais, culturais, étnicas, de gênero ou religiosas.
• Também se refere à igualdade na avaliação dos tratamentos mais adequados a cada
situação. Para isso, é preciso considerar tanto os valores morais e éticos do paciente,
como a realidade de sua saúde e a necessidade do tratamento.

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