Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Instituto de Psicologia
Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade
PSI01053 – Desenvolvimento Humano II-A
Giana Bitencourt Frizzo
O adulto de meia-idade
Entende-se por meia-idade a fase do ciclo vital que se estende aproximadamente dos 40
aos 60 anos, acompanhada por uma transição lenta e gradual do jovem adulto sem
modificações físicas ou psicológicas abruptas (Margis & Cordioli, 2001).
Segundo a teoria de oito estágios do ciclo vital, proposta por Erikson, o indivíduo da
meia-idade se encontra no estágio psicossocial da generatividade versus estagnação, de
maneira que o sujeito tem a preocupação com tudo o que pode ser gerado, desde filhos
até ideias e produtos. Dedica-se à geração e ao cuidado com o que gerou, o que é muito
visível na transmissão dos valores sociais de pai para filho (Rabello & Passos). Dessa
forma, o adulto na meia-idade possui uma forte tendência a reavaliar sua própria
experiência durante seu ciclo vital e possui marcada preocupação na transmissão desses
valiosos ensinamentos para as próximas gerações (filhos, netos, etc.). Todavia,
problemas na generatividade podem acarretar na estagnação pessoal, dificuldades em
estabelecer e aceitar as transformações no ambiente familiar, profissional, físico e
psicológico, culminando na chamada crise da meia-idade.
Um aspecto significativo dessa fase é que nela ocorre o maior número de saídas e
entradas de membros da família, iniciando com o lançamento dos filhos adultos e
prosseguindo com a entrada de seus cônjuges e filhos (Carter & McGoldrick, 1995). O
processo de tornar-se avô/avó assinala outro aspecto fundamental que os adultos de
meia-idade atravessam, assinalando o ingresso no processo de quarta individuação
(Colarusso in Kipper & Lopes, 2006).
Como podemos observar, a adultez na meia-idade abrange diversas modificações na
estrutura familiar, requer uma adaptação do indivíduo a um novo papel a ser
desempenhado na vida profissional, afetiva e até mesmo conjugal. Tamanhas mudanças
no equilíbrio de funções podem significar dificuldades de aceitação na nova estrutura
que se configura, provocando a necessidade de atendimento psicológico para amenizar
eventuais crises na meia-idade. Buscando compreender como acontece a procura e o
atendimento clínico na mencionada faixa etária, realizamos uma entrevista com uma
profissional acostumada a esse tipo de demanda.
Conduzimos nossa entrevista com a psicóloga Dra. Maria do Carmo de Freitas Cardoso,
especializada em psicologia organizacional, que realiza suas consultas em consultório
particular bem como em clínicas de atendimento médico especializado e empresas
particulares. A doutora utiliza como abordagem terapêutica a teoria cognitiva
comportamental, em que adquiriu especialidade após curso de extensão com duração de
dois anos. Em suas consultas, atende crianças, adolescentes, adultos e idosos,
encontrando a maior demanda entre crianças (7 a 10 anos) e adultos (30 a 50 anos).
Suas sessões psicoterápicas costumam ser realizadas semanalmente, durando
aproximadamente 45 minutos, com pré-agendamento via telefone.
Perguntada sobre a principal demanda para o atendimento em adultos na meia-idade,
Maria do Carmo mencionou pacientes com depressão, Síndrome do Pânico, Transtorno
Obsessivo Compulsivo (TOC) e crise de ansiedade generalizada, com destaque para a
frequência de atendimentos com pacientes deprimidos.
Questionamos, então, a relação da família com esses pacientes. Sua resposta aparece
transcrita conforme segue:
Referências bibliográficas