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THE INTERFACE BETWEEN PSYCHOLOGY AND THE RIGHT IN THE CHILDREN AND JUVENILE
COURT
RESUMO: São variados os setores da psicologia jurídica, o presente artigo científico tem como propósito deli-
near a atribuição do psicólogo no campo jurídico e sua indispensabilidade nas Varas da Infância e Juventude,
ao exercer a psicologia jurídica através das equipes multidisciplinares do judiciário, ou ainda como perito em
avaliações psicológicas. Dentro de suas atribuições este profissional deve buscar agir de forma ética, dando
preferência a resoluções que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários da criança e do
adolescente nesse eixo de atenção visando promover proteção para o pleno desenvolvimento dessa popu-
lação. Em 1990, houve a regulamentação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um marco legal
dos direitos humanos desses sujeitos em desenvolvimento, sendo um conjunto de normas da estruturação no
jurídico brasileiro que tem como objetivo a proteção integral aos menores de 18 anos, do qual é passível em
aplicar medidas e expedir encaminhamentos para o juiz. Ao psicólogo cabe averiguar o cumprimento deste
Estatuto, para a garantia do pleno progresso dessa parcela da população, detentores de direitos e na condi-
ção de pessoas em crescimento.
ABSTRACT: The purpose of this article is to delineate the psychologist's attribution in the juridical field and its
indispensability in the Children and Juvenile Court, by exercising legal psychology through the multidisciplinary
teams of the judiciary, or as an expert in psychological assessments. Within its attributions, this professional
should seek to act in an ethical manner, giving preference to resolutions aimed at strengthening the family
and community ties of the child and adolescent in this focus of attention in order to promote protection for the
full development of this population. In 1990, there was the regulation of the Statute for Children and Adoles-
cents (SCA), a legal framework of the human rights of these individuals in development, being a set of rules
of the Brazilian legal structure that has the objective of full protection for minors under 18 years, from which it
is possible to apply measures and issue referrals to the judge. The psychologist must verify compliance with
these Statutes, in order to guarantee the full progress of this part of the population, of the rights holders and
as growing persons.
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ou representação legal. Permitindo assim, com que que sejam atendidas por assistentes sociais, visando
muitas crianças que não vivessem nas situações a resolver os problemas dentro daqueles núcleos
acima relacionadas, pudessem realizar atividades familiares. Só então, quando todas as chances forem
que ainda assim, não fossem condizentes a sua idade empregadas, que crianças e adolescentes podem ser
ou desenvolvimento, como por exemplo, o trabalho retiradas de seus lares pela sua própria segurança e
infantil (NOGUEIRA, 1998). bem-estar. O Estatuto previne decisões arbitrárias e
Visto tal conjunção, e buscando atender à autoritárias dos juízes sobre o destino dessas crianças
criança e ao adolescente da forma mais justa e – no geral, pobres, órfãs, infratoras ou abandonadas.
ampla, em 1988 com a promulgação da Constituição Entretanto, o ECA assim como o Código de Menores
Federal se conquistou o reconhecimento destes ainda prevê sanções ao que classifica como menor
como seres em condição de prioridade absoluta nas infrator. Isso se dá, pela vulnerabilidade do mesmo e
políticas públicas sociais, sem distinção de etnia, da necessidade de proteção aos seus direitos. Para o
condição socioeconômica, religiosa, orientação estatuto, o ato infracional é considerado como sendo
sexual ou classe social. Entretanto unicamente em crime ou contravenção penal, não havendo distinção
1990, com a promulgação da Lei nº 8.069/90 (ECA), entre essas duas classificações, já que as duas são
houve do ponto de vista legal a regularização da infrações ao direito (NOGUEIRA, 1998).
situação dos menores, visto que até o momento, De acordo com o artigo 101 do Estatuto da
apenas o Código de Menores (1979) era tido Criança e do Adolescente a criança que praticar ato
como uma legislação voltada para esta faixa etária infracional estará sujeita às medidas de proteção e
(VIEIRA; PINI; ABREU, 2015). são instauradas nos casos em que os seus direitos
O nascimento do ECA traz um extremo avanço forem ameaçados ou efetivamente violados em
democrático, pois regulamenta as conquistas decorrência de uma ação ou omissão da sociedade
alcançadas através da CF/88 pelo Artigo 277 e a ou do Estado, de uma falta, omissão ou abuso por
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, parte dos pais ou responsáveis, e de sua própria
aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, conduta (BRASIL, 1990).
em 1989. Ressaltando assim, o valor da criança como Ainda conforme disposto no artigo 101 do
ser humano; a necessidade de especial respeito à sua ECA as medidas de proteção aplicáveis à criança
condição de sujeito dos direitos, o valor prospectivo e ao adolescente variam de acordo com cada
da infância e da juventude, como portadoras da caso e são elas: encaminhamento aos pais ou
continuidade do seu povo, da sua família e da espécie responsável; orientação, apoio e acompanhamento
humana e o dever do Estado, da Sociedade em geral, temporários; matrícula e frequência obrigatórias
da comunidade e da família, de reconhecerem sua em estabelecimento oficial de ensino; inclusão em
condição peculiar de evolução, assegurando todas programa auxílio à família, à criança e ao adolescente;
as condições para o seu pleno desenvolvimento. requisição de tratamento médico, psicológico ou
O Estatuto da Criança e do Adolescente mudou a psiquiátrico; acolhimento institucional; inclusão em
perspectiva ao garantir uma prioridade à vida das programa de acolhimento familiar ou colocação em
crianças e dos adolescentes: a convivência familiar. família substituta. Vale ainda ressaltar que a própria
Entendeu-se que, como seres em desenvolvimento, lei em seu artigo 100, preconiza que a escolha das
lhes é essencial uma estrutura familiar saudável e medidas de proteção para o menor infrator, deverá
convívio harmonioso, o que deve estar em primeiro ser baseada prioritariamente em suas necessidades
plano (VIEIRA; PINI; ABREU, 2015). pedagógicas, dando preferência àquelas que visem o
Hoje, é uma prioridade que crianças e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
adolescentes permaneçam em suas famílias e, Garantindo assim, a segurança do indivíduo e a
quando houver problemas e situações excepcionais, busca pelo menor dano (BRASIL, 1990).
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1.3 Atuação do psicólogo nas Varas da Infância estejam envolvidos em processos judiciais e situação
e Juventude de risco, quando necessário e solicitado; realizar
palestras ou grupos de reflexão para habilitação
De acordo com Conselho Federal de Psicologia à adoção, adotantes e famílias; praticar visitas,
(2010); o psicólogo que atua em Varas da Infância acompanhamento e avaliação psicológica de crianças
e Juventude ou que realiza trabalhos a ela e adolescentes abrigadas, quando necessário ou
encaminhados desenvolve práticas próprias à área quando designado pelo Juiz (ALBERTO et al. 2008).
da Psicologia Jurídica. Entende-se como psicólogos Participar, quando determinado, de audiências
jurídicos não só aqueles que exercem sua prática para esclarecer aspectos técnicos em psicologia;
profissional nos tribunais, mas também os que realizar acompanhamento psicológico de
trabalham com questões diretamente relacionadas adolescentes inseridos em programas ligados a Vara
ao sistema de Justiça. da Infância e Juventude, quando solicitado; executar
Segundo Lago et al. (2009); destacam-se visitas domiciliares e visitas institucionais, quando
os psicólogos jurídicos que integram equipes necessário ou designado pelo juiz; assessorar
multidisciplinares nos Tribunais de Justiça nas autoridades judiciais no encaminhamento a práticas
Varas da Infância e Juventude, atendendo separada psicológicas e médicas específicas, quando
ou cumulativamente as Varas de Família. Entre os necessário; assim como atuar de reuniões de equipe
psicólogos que realizam trabalhos encaminhados para discussão de casos e procedimentos técnicos
às Varas de Família ou por solicitação destas, quando necessário (ALBERTO et al. 2008).
recebem encaminhamentos da Justiça, geralmente Lago et al. (2009) salienta ainda que o
para a confecção de avaliações ou diagnósticos, profissional de psicologia deve contribuir para criação
com solicitação para envio dos resultados ao Poder de mecanismos que venham agilizar e melhorar
Judiciário. Tem sido comum encontrar psicólogos a prestação do serviço; proceder na elaboração e
que atuam em consultórios clínicos e, por vezes, execução de programas socioeducativos, destinado
são convidados ou solicitados a emitir pareceres a crianças em situação de risco. Um dos desafios
que serão anexados a processos. Tal fato requer do Poder Judiciário é o de se estruturar para lidar
extremo cuidado ético, devido, principalmente, à com a complexidade do mundo contemporâneo,
quebra de sigilo que pode ocorrer nesses casos. As considerando, as mudanças na composição
diversas possibilidades que levam o profissional a das entidades familiares, as relações de gênero
encaminhar resultados de seus trabalhos às Varas e de geração, que redefinem a própria família.
de Família apontam, inicialmente, para a importância Tais mudanças exigem novas organizações do
de o psicólogo ter clareza do papel a desempenhar aparelho judiciário como uma ferramenta do Estado
naquele contexto. Democrático de Direito. Nesse sentido entende-se
As atribuições do psicólogo são: Avaliar as que as equipes interdisciplinares são indispensáveis
condições intelectuais, emocionais, relacionais ao Sistema de Justiça.
e psíquicas de partes envolvidas em processos
judiciais de habilitação para adoção, guarda, 1.4 Acolhimento das crianças e adolescentes em
tutela e medidas de proteção; Atuar em diversos instituições
tipos de processos judiciais, ligados a proteção da
criança e do adolescente, como perito, elaborando Conforme explana Silva et al. (2015); uma
laudos e pareceres, quando designado; efetivar criança ou adolescente é encaminhado a um serviço
acompanhamento psicológico aos adotantes e às de acolhimento quando se encontra em situação de
crianças ou adolescentes que estejam em período de risco e foram esgotadas as outras possibilidades
convivência à família substituta, até a finalização do que permitiriam colocá-lo em segurança. O
processo de adoção; desempenhar acompanhamento encaminhamento de uma criança ou adolescente
psicológico de crianças, adolescentes e famílias que para uma instituição ou para uma família acolhedora
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entidade especializada; e a medida mais extrema permitido por lei para manter o registro das pessoas
é a internação em estabelecimento educacional, que desejam adotar e foram habilitadas, sendo vedada
medida que priva a liberdade em um período máximo a adoção por procuração. As crianças e adolescentes
de três anos, atingindo o tempo limite, o jovem será que estão em condição legal definida para a adoção
liberado, colocado em regime de semiliberdade ou com no máximo 18 anos também são registradas
de liberdade assistida (BRASIL, 1990). com suas características, mantido unicamente pela
A medida aplicada ao menor levará em conta: Vara da Infância e da Juventude. De posse dos dados
sua capacidade de cumpri-la, circunstâncias e desses cadastros, o Juiz da Infância e da Juventude
gravidade da infração. Segundo o artigo 110 do realizará buscas para a identificação de pretendentes
ECA, em hipótese ou pretexto nenhum, será habilitados compatíveis com o perfil e necessidades
admitida a prestação de trabalhos forçados. Essas da criança ou adolescente. A ordem de inscrição
medidas não possuem caráter de pena, mas sim, no cadastro também será respeitada. As pessoas
natureza pedagógica e repressiva a fim de evitar a interessadas podem optar por outros Estados para os
reincidência e prover a ressocialização. O psicólogo quais possuam meios de se deslocar, a fim de adotar
é um profissional que considera a subjetividade uma criança ou adolescente ali residente. A pessoa
e a aplicação dessas medidas podem acarretar interessada em adotar deve passar por assistentes
em prejuízos psicológicos para esses menores sociais e psicólogos, com o objetivo de refletir, junto
de idade, levando em consideração sua alta às pessoas interessadas, os motivos presentes na
vulnerabilidade e múltiplas situações de risco, por decisão e o efetivo preparo naquele momento, para
isto, a importância de verificar fatores de proteção serem pais ou mães por meio da adoção. Para isso,
que promovam a resiliência, condição que favorece é necessário conhecer e pensar sobre o contexto no
o desenvolvimento integral do jovem autor de ato qual a criança ou adolescente viverá (ALVARENGA;
infracional (MOREIRA et al. 2015). BITTENCOURT, 2013).
Conforme a Lei nº 8.069/90 a adoção atribui a
1.6 Adoção condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos
e deveres inclusive sucessórios, desligando-o de
Segundo Alvarenga e Bittencourt (2013); a adoção qualquer vínculo com pais biológicos e parentes. No
é o procedimento legal pelo qual alguém assume como caso de adoção conjunta de irmãos, é indispensável
filho, de modo definitivo uma criança ou adolescente que os adotantes sejam casados civilmente ou
nascido de outra pessoa. Ela é regulamentada mantenham união estável, com comprovada
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). estabilidade da família. A legitimação depende do
Essa legislação determina que se deve priorizar as consentimento dos pais ou do representante legal
necessidades e interesses da criança ou adolescente, do adotando, sendo dispensados aqueles cujos pais
pois a adoção é uma medida de proteção excepcional sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do
e irrevogável, à qual garante o direito à convivência poder familiar. Terão prioridade os processos em que
familiar e comunitária, quando esgotadas todas as o adotando for criança ou adolescente com deficiência
alternativas de permanência na família de origem. ou doença crônica (VIEIRA; PINI; ABREU, 2015).
A pessoa interessada maior de 18 anos em adotar Quando o adotando tem idade superior há doze
uma criança ou adolescente independente de seu anos de idade será obrigatório o seu consentimento.
estado civil deverá procurar a Vara da Infância e da Seguindo os trâmites ocorrerá o estágio de
Juventude que atende a região ou cidade na qual convivência com a criança ou o adolescente, pelo
reside. Nesse local, receberá as primeiras orientações prazo definido pela autoridade judiciária, observando
quanto às etapas e documentos necessários para a as singularidades do caso, sendo acompanhado
formalização do pedido de inscrição no cadastro de pela equipe multiprofissional a serviço da Justiça da
pretendentes à adoção. Infância e Juventude. O vínculo da adoção expressa-
A Vara da Infância e da Juventude é o único local se por sentença judicial, que será inscrita no registro
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civil mediante mandado do qual não se fornecerá deixa de ser aprofundada a capacidade de cuidados,
certidão, sendo cancelado o registro original do expectativas e traços da personalidade desse
adotando, a nova inscrição registrará o nome dos adotante, evitando que possa ocorrer algum conflito,
adotantes como pais, bem como o nome de seus danos físicos e emocionais entre esses membros ou
ascendentes, não podendo ser acrescida nenhuma até mesmo a possibilidade da criança não ser mais
observação sobre a origem do ato de adoção. Tanto desejada e encaminhada para um abrigo. Esses
adotantes, quanto adotados possuem suas histórias dados são validos tanto para adoção tardia como
pregressas que podem marcar ou influenciar na forma para adoção de recém-nascido, pois mesmo que
como as relações interpessoais serão vivenciadas. É sejam adotados nos primeiros meses de vida, essas
comum as pessoas ligarem adoção a um evento triste, experiências ficam registradas, repercutindo durante
frustrante e até traumático, por isso, é fundamental todo o processo de desenvolvimento desse indivíduo,
o acompanhamento psicológico\orientação para considerando que o retorno dessa criança para o
superação das dificuldades. Dentre os métodos abrigo reduz suas chances de adoção (BRAUNER;
utilizados estão a entrevista, visita e análise de dados ALDROVANDI, 2010).
coletados (VIEIRA; PINI; ABREU, 2015).
1.8 Alienação Parental
1.7 Adoção dentro do âmbito familiar
Por que ocorre alienação parental? Ocorre
De acordo com Brauner e Aldrovandi (2010); a devido uma das partes não aceitar o fim do
adoção de um dos membros da família pode ocorrer relacionamento amoroso. Por conta da raiva, o ex-
devido inaptidão da família biológica, entretanto se cônjuge ou a ex-companheira passa a querer se
parentes desta mesma família têm interesse em vingar do antigo parceiro e utiliza o filho tentando
adotar, estão na fila de adoção ou ficam comovidos colocá-lo contra o genitor. Desse modo, o alienador
com a situação podem adotar dentro do processo procura excluir o genitor alienado da vida dos filhos
legal. O processo legal para adoção é semelhante de diversas formas, podendo fazer falsas acusações
ao que aconteceria se a criança não fosse da contra ele e assim implantando falsas percepções,
mesma família, passando por uma avaliação padrão. falsas memórias no inconsciente da criança ou do
A diferença se encontra no fato da criança não adolescente. Quando este processo de alienação
precisar ir para um abrigo, ela ficará diretamente atinge seu auge, a criança passa a nutrir sentimentos
com a pessoa que quer adotá-la, pois é concedida negativos em relação ao genitor alienado, além de
uma guarda provisória, mesmo com o processo em guardar memórias e experiências exageradas e
andamento, esta pessoa que irá adotar deve procurar falsas, implantadas pelo genitor alienante que induz
a Vara da Infância e começar a reunir os documentos a criança a falsas imagens e manipula os seus
necessários. O trâmite ao ser elaborado por parente sentimentos de forma sutil referente ao outro genitor
que a criança ou adolescente possua vínculo afetivo (NÜSKE; GRIGORIEFF, 2015).
está dispensando de manter suas informações no Percebe-se, que a criança ou adolescente que
cadastro de pessoas habilitadas para adoção. sofre o processo de alienação parental também
O processo de avaliação padrão para adoção experimenta consequências nocivas, como: Realizar
consiste no adotante passar por uma junta constituída campanha de desqualificação da conduta do genitor
de advogado, conselho tutelar, assistente social e no exercício da paternidade ou maternidade (exemplo:
psicólogo. Entretanto no caso do adotante pertencer implantar no filho a falsa ideia de que o pai não o
à mesma família da criança, não é obrigatório passar ama); dificultar o exercício da autoridade parental;
pelo atendimento psicológico e ter um período de dificultar contato de criança ou adolescente com
convivência desde que comprovada a existência de genitor; dificultar o exercício do direito regulamentado
laços afetivos e que detenha tutela ou guarda legal de convivência familiar; omitir deliberadamente ao
num período maior de três anos, desta forma não genitor informações pessoais relevantes sobre a
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criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas único ao artigo 236 do ECA estabelecendo como
e alterações de endereço; apresentar falsa denúncia crime a conduta de quem apresentasse falso relato
contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, às autoridades cujo teor pudesse causar restrição à
para dificultar a convivência deles com a criança ou convivência da criança ou adolescente com o genitor.
adolescente; mudar o domicílio para local distante, Seria a criminalização de um dos atos de alienação
sem justificativa, visando dificultar a convivência da parental. Ocorre que a previsão deste novo tipo
criança ou adolescente com o outro genitor, com penal foi vetada pelo Presidente da República sob
familiares deste ou com avó. A relação de abuso, de as seguintes razões: O Estatuto da Criança e do
descrédito do outro gera sofrimentos e trauma, no Adolescente já contempla mecanismos de punição
qual o sentimento de amor é substituído por ódio, suficientes para inibir os efeitos da alienação parental,
trazendo prejuízos sociais e no desenvolvimento da como a inversão da guarda, multa e até mesmo a
personalidade, além de levar o filho, instrumento da suspensão da autoridade parental. Assim, não
alienação a se distanciar do alienador por passar se mostra necessária a inclusão de sanção
a compreender a situação a ao qual foi sujeitado, de natureza penal, cujos efeitos poderão ser
causando ansiedade e angústia pela perda dos laços prejudiciais à criança ou ao adolescente, sujeitos
afetivos (NÜSKE; GRIGORIEFF, 2015). em desenvolvimento, detentores dos direitos que se
De acordo com Próchno, Paravidini e Cunha pretende assegurar com o projeto (BRASIL, 1990).
(2011); os fundamentos para a proibição da alienação Desse modo, atualmente, não existe punição
parental atinge o direito fundamental da criança ou criminal específica para atos de alienação parental,
do adolescente de convivência familiar saudável; podendo, no entanto, a depender do caso concreto,
prejudica a realização de afeto nas relações com caracterizar algum dos tipos penais já previstos,
genitor e com o grupo familiar; constitui abuso como é o caso da calúnia (PRÓCHNO; PARAVIDINI;
moral contra a criança ou o adolescente; e constitui CUNHA, 2011).
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade
parental ou decorrentes de tutela ou guarda METODOLOGIA
As medidas que poderão ser tomadas pelo juiz
quando caracterizada a alienação parental: Advertir Com a finalidade de apresentar a contribuição
o alienador; ampliar o regime de convivência familiar da psicologia no âmbito jurídico, o presente estudo
em favor do genitor alienado; estipular multa ao foi realizado por meio de revisão bibliográfica, sendo
alienador; determinar acompanhamento psicológico a análise crítica e ampla das publicações correntes
e biopsicossocial; determinar a alteração da guarda em uma determinada área, no qual tem por finalidade
para guarda compartilhada ou sua inversão; conhecer as diversas formas de contribuição científica
determinar a fixação cautelar do domicílio da criança que se realizaram sobre o assunto escolhido, sendo
ou adolescente; declarar a suspensão da autoridade proposto ao leitor uma compreensão a respeito de
parental. De acordo com a gravidade do caso o uma temática, esta que também tende a ser mais
juiz, poderá cumular mais de uma das medidas abrangente, tendo como característica uma série de
expostas. Se ficar comprovado que o alienador possibilidades, contando com os critérios e vieses
mudou abusivamente de endereço, ou que está dos autores para a seleção dos referenciais teóricos
inviabilizando ou obstruindo a convivência familiar, utilizados (GIL, 2008).
o juiz pode determinar que o alienador fique com a Para a realização desse estudo o levantamento
obrigação de levar a criança ou adolescente para foi realizado por meio de consulta na base de dados
a residência do alienado quando da alternância SCIELO (Scientific Eletronic Library Online). Utilizou-
dos períodos de convivência familiar (PRÓCHNO; se obras no idioma português entre 1997 a 2018,
PARAVIDINI; CUNHA, 2011). totalizando 25 obras como referência entre livros,
A prática de alienação parental não é crime. A artigos, trabalho de conclusão de curso e legislações
Lei n.º 12.318/2010 prevê a inclusão do parágrafo que vigoram no Brasil. O delineamento ocorreu
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também em fonte de dados secundárias, através Já na adolescência, estabelecida pelo ECA como
de consultas ao Centro de Referência Técnica em a fase que corresponde aos doze e dezoito anos
Psicologia e Política Públicas (CREPOP), Conselho de idade, o indivíduo vive um período de transição,
Federal de Psicologia (CFP), Tribunal de Justiça de tendo que se adaptar as mudanças físicas, como o
São Paulo (TJSP) e Tribunal de Justiça do Distrito crescimento rápido, ao processo de uma identidade
Federal e dos Territórios (TJDFT). sexual, política moral e vocacional. Assim, a busca
Após a análise dos dados, foi realizada a leitura pelo novo e o reconhecer seus próprios limites,
do material, as principais informações compiladas leva com que os adolescentes entrem no mundo
buscando estabelecer uma compreensão e ampliar da delinquência, através de amigos, consumo de
o conhecimento sobre o tema pesquisado, de forma substâncias ilícitas, pela tirania dos pais ou por maus
a elucidar o leitor sobre a importância do estudo a tratos ou negligência (BRASIL, 1990).
respeito da infância e adolescência, sujeitos em Um dado ainda mais alarmante é que segundo
desenvolvimento, bem como das leis e normas que o IPEA (2017); é na infância e na adolescência
regulamentam seus direitos e deveres, possibilitando que ocorrem o maior índice de estupros no Brasil,
assim, um trabalho mais assertivo dos psicólogos momento esse em que a criança está sendo
especialmente na área jurídica, que trabalham com confrontada com as mudanças físicas da puberdade.
essa parcela da população. Os efeitos do abuso sexual dependem da natureza
do abuso, da sua duração e do relacionamento do
DISCUSSÃO indivíduo com o agressor, podendo levar a criança
ou adolescente a se tornar deprimido, viciado em
A Lei nº 8.069/90 (ECA) estabelece a criança drogas ou também agressor sexual.
como o indivíduo de até os doze anos de idade Visto a fragilidade destes indivíduos ainda em
incompleto. Segundo Berger (2013); é neste período formação, o governo e a sociedade civil, buscaram
onde criança desenvolve a linguagem e aprende a através de leis criar meios para a proteção integral
se expressar, bem como aprende a controlar suas destes. Assim, manifesta o Estatuto da Criança e do
habilidades físicas e intelectuais e aprender ou Adolescente (ECA), que surge como complemento da
aperfeiçoar os papéis sociais. Para modificar algum Constituição Federal de 1988. Conquistando assim
comportamento inadequado, surgem os castigos o reconhecimento destes como seres em condição
físicos e técnicas disciplinares. De maneira correta as de prioridade absoluta nas políticas públicas sociais,
técnicas disciplinares ensinam as crianças a refletir sem distinção de etnia, condição socioeconômica,
sobre as consequências de suas ações, métodos religiosa, orientação sexual ou classe social (VIEIRA;
adequados são aqueles em que não é preciso bater PINI; ABREU, 2015).
na criança, não é indicado gritar e dar broncas Dentre as diversas medidas de proteção aplicáveis
constantemente nas crianças, pois desta forma os à criança e ao adolescente segundo o Artigo 101 do
adultos passam a imagem que estão fora do controle ECA, se encontra o auxílio à família, à criança e ao
e o próprio filho pode sentir-se estimulado a testar adolescente, além da requisição quando necessário
o genitor. Crianças que levam palmadas, surras e de tratamento médico, bem como o psicológico ou
castigos severos tendem a se sentir mais inseguras psiquiátrico. Visto isso, o psicólogo entra no mundo
e ter baixa autoestima, tornando-se excessivamente jurídico através das Varas de Família e da Infância e
tímidas ou demasiadamente agressivas, além de Juventude ou ao exercer a psicologia jurídica através
ser tênue a linha entre medidas não agressivas e as das equipes multiprofissionais do judiciário. Sendo
agressões efetivas aumentando o risco para a vida e segundo o Conselho Federal de Psicologia (2010);
integridade dessa criança. Agressões e negligência suas atribuições: Avaliar as condições emocionais,
excessivas podem trazer alterações desses pequenos intelectuais, relacionais e psíquicas das partes
seres como comportamento antissocial, agressividade envolvidas tanto em casos de adoção como em
e à transgressão (RIBEIRO et al. 2007). crianças e adolescentes em situação de risco. Bem
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como realizar relatórios e participar de comissões e monetários que garantam a sua subsistência, como
plenários ao qual for chamado. Ressaltando neste falhas provocadas intencionalmente por suas famílias,
último item a garantia de sigilo das informações o que é uma perspectiva particularista e simplista do
apresentadas pelos clientes. Buscando sempre agir problema, sendo que costumeiramente estas famílias
de forma ética e dando preferência a resoluções estão em um processo de repetição destes ciclos de
que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e negligência e historicamente receberam atendimento
comunitários como preconiza o Estatuto da Criança precarizado para sua emancipação e autonomia de
e do Adolescente (BRASIL, 1990). forma sadia na sociedade. O mesmo ponto pode ser
Cabe preponderar também o caráter especial levantado sobre o público adolescente, esta parcela
que a lei 8.069/1990 atribui a este público, com a da população é constantemente considerada passível
instalação, implantação e operalização do estatuto, de generalizações equivocadas e reducionistas que
tornou-se obrigatória a compreensão de que a infância atrelam ao adolescente o diagnóstico de "criminoso",
e a juventude são períodos de desenvolvimento e alvo "violento", "perigoso", entre outros, esta diagnóstica
de interesse e proteção do governo, uma vez que este social, pode ser concebida como uma alegoria à
desenvolvimento, ocorre apenas com investimento falta de manejo que a sociedade contemporânea
e manutenção dos direitos fundamentais destes tem para lidar com as particularidades deste público,
públicos. Contudo, na prática verifica-se a existência passando a solicitar ações e contramedidas que
de alguns pontos de vista diferenciados acerca deste são características do público adulto, criando-se
público, enquanto o estatuto advoga pela dignidade uma limitação preocupante na maneira de enxergar
humana e garantia de um desenvolvimento e se relacionar com este público tanto nas esferas
pleno, ou seja, biopsicossocial, existem inúmeros familiares quanto públicas.
debates na cena pública sobre perspectiva morais As diversas possibilidades que levam o
diferenciadas que tendem a buscar novo enquadre profissional de Psicologia a Vara da Infância e
de ajustamento legal deste público, propostas como Juventude e desempenhar seu papel nesse contexto
redução da maioridade penal, escola sem partido e são: Discussões das medidas de proteção e
outras, atuam na contramão direta das prerrogativas medidas socioeducativas, acolhimento das crianças
primaziadas pelo ECA. De certa forma é como se e adolescentes em instituições, adoção dentro e fora
houvesse grande parcela da população interessada do âmbito familiar e nos casos de alienação parental.
em um retrocesso legal e cultural para tempos Com esse trabalho considera-se a
anteriores, que vigoravam como fatores precípuos de indispensabilidade da necessidade do psicólogo,
interesse público o controle e o governo da infância além de seus conhecimentos sobre avaliação,
e juventude, por meio de práticas assistencialistas e psicopatologia, desenvolvimento e psicodinâmica
punitivas, não fomentando a singularidade especial familiar, de também conhecer as especificidades
deste público enquanto potencialidade, tal como era da área jurídica e a importância de um trabalho
feito pelo Código de Melo Mattos e pelo Código de multidisciplinar, que podem ocorrer com advogados,
Menores (BRASIL, 1990). juízes, promotores e assistentes sociais. É papel do
psicólogo a fiscalização do cumprimento do Estatuto
CONSIDERAÇÕES FINAIS da Criança e Adolescente (ECA) para que, nenhuma
criança ou adolescente seja, objeto de negligência,
Estas discussões, embora importantes para a discriminação, exploração, violência, crueldade e
construção de uma sociedade democrática, ocorrem opressão. E também atuar sempre no tocante à
invariavelmente de forma sintomática, uma vez que, proteção e garantia dos direitos deste público, por
a discussão ocorre de forma polarizada tendendo a meio de um discurso que coadune com as bases
enquadrar a criança vítima de violência, a criança do código de ética do profissional de psicologia, e
abandonada ou a criança não assistida por recursos também como as diretrizes legais vigentes.
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REFERÊNCIAS
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Revista de Ciências Jurídicas e Sociais
v.9, n.1, 2019
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