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INTRODUÇÃO

A Instrumentação Cirúrgica compreende conhecimentos


científicos e técnicos, avançados acrescidos das práticas
sociais, éticas e assistência cirúrgica. Presta serviços ao ser
humano dentro do contexto saúde-doença, atuando na
promoção da saúde em atividades com grupos sociais ou com
indivíduos, respeitando a individualidade dentro do contexto
no qual está inserido.

A expectativa que o indivíduo tem em relação ao


procedimento cirúrgico, ao tratamento e à qualidade do
cuidado é um fator que pode repercutir na sua recuperação. O
cuidado é como um ato de interação, constituído de ações e
atividades dirigidas ao paciente e com esclarecendo dúvidas,
cultivando a sensibilidade, valorizando-o e compreendendo-o.

A ética é acompanha a sociedade há vários séculos,


promovendo momentos de reflexão, e, trazendo para
sociedade novas formas de pensar as ações humanas.
Entende-se como uma ciência prática que trata de atos
práticos e por isso ela possibilita a promoção de reflexões
filosóficas sobre a conduta do ser humano.

“Agir eticamente significa nortear as ações humanas para


com o mundo e para com tudo que nele existe, com valores e a
moral que o indivíduo adquiriu no seu processo evolutivo, em
uma sociedade ou grupo de formação".

Entende-se que todos os membros de um grupo são capazes


de agir eticamente uns com os outros, ou seja, respeitar seus
valores, em especial, os profissionais de saúde que atuam no
centro cirúrgico (CC). Na prática dos profissionais da equipe
de enfermagem no CC, especialmente os enfermeiros e
técnicos de enfermagem, podem vivenciar conflitos éticos ao
tomar decisões que tenham relações com paciente, família,
bem como a equipe cirúrgica.

E é no centro cirúrgico, que o profissional vivencia inúmeras


situações, conflitos, sendo esses causados por ações ativas
ou por ações passivas das pessoas. Percebe-se, que a
relação entre a equipe cirúrgica pode torna-se conflituosa a
partir do momento que não se chega ao consenso diante das
situações que envolvam escassez de recursos humanos e
materiais, estrutura física inadequada e uma demanda maior
do que o setor pode oferecer.

Nesse sentido, os conflitos acontecem com frequência,


relacionados à deficiência de recursos humanos e materiais.
A tomada de decisão faz-se necessárias à competência ética,
científica e técnica; estabelecer comunicação eficaz com os
profissionais da equipe cirúrgica, paciente e familiares; ter
equilíbrio emocional; respeitar à opinião dos profissionais da
equipe cirúrgica; buscar estratégias para amenizar as
relações; respeitar as crenças dos pacientes e exercer suas
funções com autonomia.

BIOÉTICA

A Bioética pode ser compreendida como “o estudo


sistemático de caráter multidisciplinar, da conduta humana na
área das ciências da vida e da saúde, na medida em que esta
conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais”. O
comportamento ético em atividades de saúde não se limita ao
indivíduo, devendo ter também, um enfoque de
responsabilidade social e ampliação dos direitos da
cidadania, uma vez que sem cidadania não há saúde.

Hans Jonas introduziu o conceito de ética da


responsabilidade. Para ele todos têm responsabilidade pela
qualidade de vida das futuras gerações. Foi ele também que
abordou o conceito de risco e a necessidade de avaliá-lo com
responsabilidade.9 Potter, representante da bioética, também
se mostrava preocupado com os riscos que podem ser
causados pela ciência em nível mundial.

Figura 1 - Hans Jonas introduziu o conceito de ética da


responsabilidade.

A ética da responsabilidade e a bioética conduzem a


responsabilidade para com as questões do cotidiano e das
relações humanas em todas as dimensões desde que
tenhamos uma postura consciente na arte de cuidar do outro
como se fosse a si mesmo. Para a abordagem de conflitos
morais e dilemas éticos na saúde, a Bioética se sustenta em
quatro princípios. São eles: beneficência, não-maleficência,
autonomia e justiça ou equidade.

O princípio da beneficência

Relaciona-se ao dever de ajudar aos outros, de fazer ou


promover o bem a favor de seus interesses. Reconhece o
valor moral do outro, levando-se em conta que maximizando o
bem do outro, possivelmente pode-se reduzir o mal. Neste
princípio, o profissional se compromete em avaliar os riscos e
os benefícios potenciais (individuais e coletivos) e a buscar o
máximo de benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos.
Isto significa que como profissionais da saúde precisamos
fazer o que é benéfico do ponto de vista da saúde e o que é
benéfico para os seres humanos em geral.
Para utilizarmos este princípio é necessário o
desenvolvimento de competências profissionais, pois só
assim, poderemos decidir quais são os riscos e benefícios aos
quais estaremos expondo nossos clientes, quando decidirmos
por determinadas atitudes, práticas e procedimentos. É
comum que os profissionais da saúde tenham uma atitude
paternalista para com os clientes, ou seja, decidam o que é
melhor para eles, sem levar em conta seus pensamentos ou
sentimentos e, geralmente, justificam suas atitudes com uma
frase semelhante a esta:

“É para o seu próprio bem”, mesmo que o cliente discorde.


Desta forma, mesmo tendo a intenção de fazer o bem, estão
reduzindo adultos a condição de crianças e interferindo em
sua liberdade de ação.Este modo de agir permeia o cotidiano
da assistência prestada pela Enfermagem, devido
possivelmente, a forte influência de Nightingale que
considerava que a enfermeira deveria executar suas ações
baseadas no que seria melhor para o paciente e que ela
deveria saber como ele se sente e o que deseja.

Figura 2 - Floresne Nightingale

O princípio de não-maleficência

Implica no dever de se abster de fazer qualquer mal para os


clientes, de não causar danos ou colocá-los em risco. O
profissional se compromete a avaliar e evitar os danos
previsíveis. Para atender a este princípio, não basta apenas,
que o profissional de saúde tenha boas intenções de não
prejudicar o cliente. É preciso evitar qualquer situação que
signifique riscos para o mesmo e verificar se o modo de agir
não está prejudicando o cliente individual ou coletivamente,
se determinada técnica não oferece riscos e ainda, se existe
outro modo de executar com menos riscos

Autonomia

O terceiro princípio, diz respeito à autodeterminação ou


autogoverno, ao poder de decidir sobre si mesmo. Preconiza
que a liberdade de cada ser humano deve ser resguardada.
Esta autodeterminação é limitada em situações em que
“pensar diferente” ou “agir diferente”, não resulte em danos
para outras pessoas.

A violação da autonomia só é eticamente aceitável, quando o


bem público se sobrepõe ao bem individual. A autonomia não
nega influência externa, mas dá ao ser humano a capacidade
de refletir sobre as limitações que lhe são impostas, a partir
das quais orienta a sua ação frente aos condicionamentos. O
direito moral do ser humano à autonomia gera um dever dos
outros em respeitá-lo.

Assim, também os profissionais da saúde precisam


estabelecer relações com os clientes em que ambas as partes
se respeitem. Respeitar a autonomia é reconhecer que ao
indivíduo cabe possuir certos pontos de vista e que é ele que
deve deliberar e tomar decisões seguindo seu próprio plano
de vida e ação embasado em crenças, aspirações e valores
próprios, mesmo quando estejam em divergência com aqueles
dominantes na sociedade, ou quando o cliente é uma criança,
um deficiente mental ou um sofredor psíquico.

Figura 3 - Todos profissionais envolvidos


Cabe aos profissionais da saúde oferecer as informações
técnicas necessárias para orientar as decisões do cliente,
sem utilização de formas de influência ou manipulação, para
que possa participar das decisões sobre o
cuidado/assistência à sua saúde, isto é, ter respeito pelo ser
humano e seus direitos à dignidade, à privacidade e à
liberdade. Deve-se levar em conta que vivemos em sociedade,
portanto, possuímos responsabilidades sociais. Entretanto, no
caso da Enfermagem, a autonomia pode apresentar-se mais
como uma intenção codificada do que sua efetividade na
prática, pois a decisão tomada sofre influência conforme a
autonomia que se tem na prática.

O princípio da justiça

Relaciona-se à distribuição coerente e adequada de deveres e


benefícios sociais. No Brasil, a Constituição de 1988 refere
que a saúde é direito de todos. Dessa forma, todo cidadão tem
direito à assistência de saúde, sempre que precisar,
independente de possuir ou não um plano de saúde. O
Sistema Único de Saúde (SUS) tem como princípios
doutrinários a universalidade, a integralidade e a equidade na
atenção à saúde dos brasileiros.

Entretanto, mesmo com criação de normas


regulamentadoras, o SUS ainda não está consolidado e o não
atendimento de seus princípios doutrinários impõe aos
profissionais de saúde a convivência cotidiana com dilemas
éticos, quando não oferece serviços de saúde de qualidade.
Conhecendo estes quatro princípios podemos utilizá-los como
recursos para análise e compreensão de situações de
conflito, sempre que estas se apresentarem, comparando
com casos semelhantes que já tenham ocorrido e ponderando
as consequências das condutas tomadas anteriormente sobre
os clientes, familiares e a comunidade.
ÉTICA PROFISSIONAL

Ética é o conjunto de normas que formam a consciência do


profissional e representa imperativo de sua conduta. Ética é
uma palavra de origem grega (éthos), que significa
“propriedade do caráter”. Ser ético é agir dentro dos padrões
convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo.

Pode-se dizer, que representa a ciência do comportamento


moral. Ou seja, é ciência de uma forma específica de
comportamento humano. Tem por finalidade indicar o que é
certo, correto e justo, assim como a responsabilidade dos
indivíduos pelos seus atos; é o conjunto de normas que regem
os atos humanos; princípios que servem de base para o
comportamento humano.

Os diferentes profissionais da área da saúde possuem


diversas obrigações de natureza ética. A ética estabelece a
pauta das ações e é fundada em normas estabelecidas pelos
usos e costumes, mas pode ser instituída pelos órgãos que
dirigem e fiscalizam a profissão. Nesse contexto, há uma
questão ética na atenção à saúde bastante presente na
prática dos profissionais, a confidencialidade, aquilo que é
secreto ou segredo. É de se recordar que o paciente que
expõe seus segredos e sua intimidade ao profissional não o
faz por escolha, mas, sobretudo, por necessidade, e, tendo
escolhido ou precisado recorrer àqueles profissionais em
específico, somente a eles pretende revelar seus dados
naquele momento.

CÓDIGO DE ÉTICA DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO

Conforme o Código de ética do instrumentador cirúrgico,


a seguir apresenta-se alguns artigos relevantes para o estudo:
Art. 1º. O Instrumentador Cirúrgico defenderá com todas as
suas forças e em todas as circunstâncias o direito
fundamental da vida humana;

Art. 2º. O Instrumentador Cirúrgico dedicará atenção especial


ao doente, prescindindo de raça, nacionalidade e religião;

Art. 3º. O Instrumentador Cirúrgico procurará familiarizar-se


com os vários aspectos organizacionais e administrativos do
hospital e com dinâmica do bloco operatório, objetivando uma
integração adequada no seu ambiente de trabalho;

Art. 4º. O Instrumentador Cirúrgico, ciente de que o


desempenho de sua função requer formação aprimorada,
procurará ampliar e atualizar seus conhecimentos técnicos,
científicos e do desenvolvimento da própria profissão;

Art. 5º. O Instrumentador Cirúrgico executará com rigor e


presteza as orientações do cirurgião, com vistas ao pleno
sucesso do ato cirúrgico;

Art. 6º. O Instrumentador Cirúrgico, evitará abandonar o


paciente em meio ao ato operatório sem causa justa e sem
garantia de solução de continuidade de sua atividade;

Art. 7º. O Instrumentador Cirúrgico negará sua participação


em pesquisas que violem os direitos inalienáveis da pessoa
humana;

Art. 8º. O Instrumentador Cirúrgico procurará manter


relações cordiais, espírito de colaboração e integração com
todos os membros da equipe cirúrgica;
Art. 9º O Instrumentador Cirúrgico guardará segredo sobre
fatos que tenha conhecimento no exercício de sua profissão;

Art. 10. O Instrumentador Cirúrgico fará valer seu direito, à


remuneração compatível com o trabalho realizado e com
dignidade da profissão;

Art. 11. O Instrumentador Cirúrgico colocará seus serviços


profissionais à disposição da comunidade em casos de
urgência, independentemente de qualquer proveito pessoal.

IMPERÍCIA

É a falta de conhecimento técnico ou habilidade que deveria


ter ao executar uma ação própria de sua categoria
profissional, como: não sabe fazer e faz. Ausência de
conhecimento que se mostram necessários ao exercício da
profissão. É ignorância, incompetência, desconhecimento,
inexperiência, inabilidade para a prática de determinados
atos, no exercício da profissão, que exigem um conhecimento
específico. Os erros cometidos por incapacidade técnica do
denunciado são considerados imperícia.

Ex: Instrumentar cirurgia sem devido conhecimento técnico.

IMPRUDÊNCIA

Significa fazer ou agir sem cautela, com precipitação ou


afoiteza. Imprudente é aquele que sabe do grau de risco
envolvido na atividade e mesmo assim acredita que é possível
a realização sem prejuízo para ninguém. A imprudência
refere-se à desacautela, descuido, prática de ação irrefletida
ou precipitada, resultante de imprevisão do agente em
relação ao ato que podia e devia pressupor, ou, ainda quando
o profissional age com excesso de confiança desprezando as
regras básicas de cautela. São situações em que o
profissional atua sem a devida precaução, e que acabam por
expor o paciente a riscos desnecessários.

Ex: Praticar cirurgia de riscos mesmo sem equipamentos


necessários para um atendimento.

NEGLIGÊNCIA

A negligência caracteriza-se por ser um descuido, desleixo,


falta de diligência, incúria, desatenção, desídia, falta de
cuidado capaz de determinar a responsabilidade por culpa,
omissão daquilo que razoavelmente se faz, falta de
observação aos deveres que as circunstâncias exigem. É
considerada omissão quando o profissional devia e podia agir
numa determinada situação e não o fez e a negligência ocorre
nas faltas do profissional que, sabendo executar um serviço,
se descuida durante tal execução, por excesso de confiança
em si mesmo, deixando de praticá-lo com os cuidados
exigidos, advindo daí circunstâncias danosas ou prejudiciais à
vítima.Deixar de fazer o que deveria ser feito, ou, por
displicência ou preguiça por não querer fazer como deveria
fazer. Agir com irresponsabilidade. Falta de atenção ou
cuidado nas ações executadas.

Ex: Amputar a perna esquerda sendo que deveria ser


amputada a perna direita. Deixar instrumental cirúrgico na
cavidade abdominal do cliente.

O exercício da profissão de enfermagem, pela complexidade


em relação a tudo o que envolve o cuidar, requer dos
profissionais um grande empenho no sentido de busca pela
excelência. A Organização Mundial da Saúde alerta que
milhões de pessoas no mundo sofrem lesões desabilitantes e
mortes decorrentes de práticas em saúde que são inseguras,
sendo estimado que um em cada dez pacientes será vítima de
um erro. Muitos fatores relacionados ao ambiente, ao cliente e
ao próprio profissional podem implicar em danos decorrentes
de imperícia, negligência e imprudência.

SIGILO PROFISSIONAL

A confidencialidade e o respeito à privacidade constituem


preceitos morais tradicionais das profissões de saúde,
indicando o dever de guarda e reserva em relação aos dados
de terceiro, a que se tem acesso em virtude do exercício da
atividade laboral. Deles depende a base de confiança que
deve nortear a relação profissional-paciente. Há quem refira o
sigilo como o dever de guardar segredo, e esse, como o
objeto do sigilo. Não se fará aqui tal distinção, porquanto
inócua à abordagem. Seja como for, o sigilo ou segredo
profissional foi contemporaneamente associado ao princípio
bioético da autonomia, vez que, pertencendo os dados
pessoais ao paciente, apenas ele pode decidir, a priori, a
quem deseja informá-los.

A equipe do Centro Cirúrgico, como receptáculos desses


dados, por força de sua profissão, não deve divulgá-los senão
por autorização do doente ou em situações excepcionais,
apontadas pela ética e pelo direito, como casos de notificação
compulsória previstos em lei e regulamentos, em que o
profissional deve quebrar o sigilo em virtude de critérios
epidemiológicos oriundos da saúde pública.
O dever de sigilo profissional é, também, um direito do
paciente no que concerne à própria defesa do efetivo
exercício da autonomia, mediante a proteção da intimidade
existencial e de sua influência na tomada de decisões. O dever
de sigilo como proteção da autonomia compreende o direito
do paciente de decidir livremente, tão somente conforme a
legalidade e seu próprio modo de pensar.É comum e, às
vezes, até necessários pacientes e seus familiares revelarem
informações pessoais. Assim, fazem parte do sigilo
profissional todos esses dados, bem como aqueles adquiridos
por meio de outros profissionais e de exames.

Figura 4 - Segredo profissional.


O segredo profissional baseia-se na ciência de fatos que
chegam ao conhecimento da pessoa em razão da profissão
que exerce e cuja revelação possa ocasionar danos àquele a
quem o segredo pertence. Uma exceção contida na lei, e que
permite a revelação, é o art. 269 do Código Penal, que dispõe
como omissão de notificação de doença, deixar o médico de
denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é
compulsória.
RESOLUÇÃO COFEN N°214 10 DE NOVEMBRO DE 1998

Resolução COFEN N°214 10 de novembro de 1998 “Dispõe


sobre INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA e algumas colocações
importantes para o profissional.

Art.1º A Instrumentação Cirúrgica é uma atividade de


Enfermagem, não sendo, entretanto, ato privativo da mesma.
Art.2º – O Profissional de Enfermagem, atuando como
Instrumentador Cirúrgico, por força de Lei, subordina-se
exclusivamente ao Enfermeiro Responsável Técnico pela
Unidade.
É crime profissional:

• Divulgar ou fazer referência a casos, situações ou fatos


de forma que os envolvidos possam ser identificados;
• Inserir imagens ou informações que possam identificar
pessoas e instituições sem sua prévia autorização;
• Divulgar informação inverídicas sobre assunto de sua
área profissional;
• Anunciar título ou qualificação que não possa
comprovar.

ÉTICA DO TECNICO DE ENFERMAGEMINSTRUMENTADOR


CIRÚRGICO

• Ser ético;
• Proporcionar ambiente seguro;
• Agilidade e Percepção rápida;
• Ser eficiente e econômico;
• Não perder de foco a segurança;
• Ter aparência profissional adequada;
• Pontualidade e Assiduidade
• Sigilo profissional
• Respeito a hierarquias
• Controle com problemas emocionais

HUMANIZAÇÃO E ACOLHIMENTO
Humanizar é compreender a necessidade de resgate e
articulação com os aspectos subjetivos indissociáveis dos
aspectos físico-biológicos. Para além desta ideia, humanizar é
conceber uma prática na qual profissional e usuário
considerem um conjunto de aspectos: físicos, subjetivos e
sociais que compõem o cuidado à saúde, se referem à
possibilidade de incorporar uma postura ética de respeito ao
outro, de acolher o desconhecido e reconhecer os seus
limites.

A Política Nacional de Humanização (PNH) é complexa,


atravessa diferentes ações e instâncias gestoras do Sistema
Único de Saúde (SUS), além disso, tem sido amplamente
discutida na formação de jovens universitários, profissionais
de enfermagem, bem como em diferentes cenários
institucionais, no entanto, ao colocar em prática suas
diretrizes no atendimento da população, percebe-se que na
maioria das vezes alguns serviços não se encontram
preparados para acolher os usuários do SUS. O que denota
um descompasso entre a teoria e a prática.

Acolhimento não é necessariamente uma atividade isolada,


mas se configura em um conjunto de atividades assistenciais,
que consiste na busca constante de reconhecimento das
necessidades de saúde dos usuários e das formas possíveis
de promover a resolutividade.

HUMANIZAÇÃO NO CENTRO CIRURGICO

O Centro Cirúrgico é reconhecido como um local de


tecnologia, e um local onde o conhecimento técnico-cientifico
é bastante valorizado; é o local onde o paciente será
submetido a um procedimento cirúrgico, portanto pode trazer
estresse e sentimentos diversos aqueles envolvidos no
procedimento anestésico-cirúrgico.
O paciente se encontra nesse ambiente, com seus
questionamentos, dúvidas, medos e receios. O que vemos em
alguns momentos é a supervalorização da tecnologia e
preocupação com a técnica, porém uma desvalorização ou
pouca atenção ao paciente e seus sentimentos.

Figura 5 - Humanização ao atendimento frente ao


desconhecido

A humanização dos cuidados em saúde representa um desafio


aos profissionais no Centro Cirúrgico, e essa dificuldade e é
reconhecida por diversas esferas de atuação: lemos em
artigos científicos, vemos nas políticas públicas, como por
exemplo através do Programa Nacional de Humanização da
Assistência Hospitalar (PNHAH), onde encontramos a
preocupação com o resgate da assistência humanizada ao
paciente. O objetivo da PNHAH é a reflexão e mudança das
relações entre profissionais e pacientes, como uma meta a ser
alcançada, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços
prestados.

Diante do desafio do paciente no Centro cirúrgico:

No Centro Cirúrgico, o desafio se encontra em assistir o


paciente dentro de suas necessidades, em um momento
crítico. Envolve escutar o paciente, suas angústias, medos,
suas necessidades imediatas ou tardias (como será minha
vida após essa cirurgia? como vou acordar? vou sentir dor?
vou voltar para minha família? como?). Valorizar sua
individualidade, sua pessoa, sua identidade, e não somente
um diagnóstico, ou a patologia e a técnica pela técnica.
O Centro Cirúrgico tem uma dinâmica que propicia termos
atitudes pouco humanizadas, devido a urgência do
procedimento, ao risco iminente, as
questões técnicas e burocráticas envolvidas na cirurgia,
porém em primeiro lugar, devemos direcionar o nosso olhar
ao paciente e suas necessidades, e falo aqui não só das
necessidades físicas, mas daquelas que se encontram no
plano subjetivo, onde muitas vezes não há expressão verbal
que possa ser usada para a sensação de medo que pode estar
atrelada a cirurgia.

A humanização ao paciente cirúrgico deve ter início no


momento que o cliente sabe que será submetido ao
procedimento cirúrgico, quando recebe um diagnóstico
inesperado, quando necessitará de orientações para que sua
cirurgia possa ser bem-sucedida, nesse momento a família
precisa ser envolvida, reconhecer sua necessidade em
participar do preparo do paciente, apoiar e envolver a família
muitas vezes pode não ser fácil, porém trará resultados
positivos ao paciente e seu tratamento.

Representa um desafio aos profissionais do Centro Cirúrgico


envolverem a família no cuidado ao paciente cirúrgico, porém
é algo que o profissional do CC deve ter em mente, que a
família pode ser uma aliada no tratamento e traz conforto e
alívio ao paciente.

A humanização continua no preparo para a cirurgia, na


recepção desse paciente na unidade de cuidados cirúrgicos,
na recepção no próprio CC, onde o profissional que prestará
cuidados ao paciente tem a oportunidade de se apresentar, e
estabelecer uma relação de confiança e proximidade.

Na sala operatória, durante o procedimento anestésico, estar


ao lado do paciente, escutá-lo, mostrar-se capaz de
compreender ou estar ao lado simplesmente, tratar o paciente
de maneira respeitosa, mesmo após a perda da consciência,
estar ao seu lado também no momento de retorno da
anestesia, compreendendo os efeitos das drogas anestésicas.
Por fim, encaminhá-lo a Sala de Recuperação, avaliando as
condições emocionais e físicas, valorizando seus relatos e
queixas, e orientando a todo momento sobre os
procedimentos e ações a serem realizadas no pós-operatório
imediato.

A RELAÇÃO ENTRE A EQUIPE CIRÚRGICA E O PACIENTE

A relação entre a equipe cirúrgica e o paciente é de


fundamental importância para a percepção e a experiência
cirúrgica. A atmosfera que envolve o paciente no período
perioperatório (pré, trans e pós-operatório) pode incluir
sentimentos, como medo do desconhecido, da morte,
comprometimento da relação do paciente com seus
familiares, preocupação com o retorno ao trabalho, entre
outros. A experiência cirúrgica é subjetiva e requer um
cuidado humanizado, qualificado e seguro.

O cuidado pode ser expresso de duas formas:

Como forma de sobrevivência ou como forma de carinho,


onde há o interesse por outra pessoa e quando se deseja o
bem estar do outro. Este último não se refere apenas a um
bem estar físico (conforto ou ausência de dor), mas também
ao bem estar emocional, gerado por segurança, confiança,
comunicação e demonstrações de carinho.

A estrutura do Centro Cirúrgico (CC) está cada vez mais


sofisticada e burocrática, tornando-se menos humanizada e
mais tecnicista. Assim sendo, a equipe de enfermagem deve
ter prudência para que o cliente não se torne somente um
paciente a mais, outro procedimento, outro tratamento ou um
número de prontuário, de forma a não valorizar a sua própria
identidade e individualidade.

A busca pela humanização prestada no CC não se limita


apenas ao atendimento prestado ao paciente, mas se
preocupa com a satisfação do mesmo e estende-se aos
familiares, vindo ao encontro dos objetivos propostos para a
cura2-3. Humanizar caracteriza-se por colocar a cabeça e o
coração na tarefa a ser desenvolvida, entregarse de maneira
sincera e leal ao outro e saber ouvir com ciência e paciência
as palavras e os silêncios, integrando, junto à filosofia da
enfermagem, de modo a valorizar a essência humana para a
efetividade do cuidado. Cabe a toda a equipe.

HUMANIZANDO O CLIENTE PARA A CIRURGIA

Como o estado emocional pode interferir diretamente na


evolução pós-operatória, é importante que o cliente receba
orientações sobre os exames, a cirurgia, como retornará da
mesma e os procedimentos do pós-operatório, bem como
esclarecimentos sobre a importância de sua cooperação.

Para transmitir uma sensação de calma e confiança, a equipe


cirúrgica deve manter uma relação de empatia, ou seja,
colocar-se na posição do outro, sem críticas ou julgamentos o
que muitas vezes ajuda a compreender seus medos e
inseguranças, possibilitando uma relação interpessoal de
respeito e não de autoridade. Além disso, possibilita uma
certa tranquilidade, favorecendo o entrosamento do cliente e
família com o ambiente hospitalar, o que interfere
beneficamente nas suas condições para a cirurgia.

Com relação ao cliente, é importante lembrar que a


comunicação não-verbal (o olhar, a voz, a postura do cliente)
também comunica suas necessidades; portanto, ao buscamos
entender estes sinais teremos maiores condições de melhor
compreendê-lo. Ao prestar orientações pré-operatórias, a
equipe de enfermagem deve estar atenta ao fato de que as
necessidades de um cliente são diferentes das de outro.

O momento mais adequado para o cliente e família receberem


as orientações e participarem do processo de aprendizagem é
quando demonstram interesse pelas informações, revelada
muitas vezes através de perguntas ou busca da atenção da
equipe de enfermagem.Quanto ao aspecto de fé, a equipe de
enfermagem pode providenciar assistência religiosa, desde
que solicitada pelo cliente e/ou família. Além disso, é possível
conceder ao cliente a permissão para uso de figuras
religiosas, por exemplo presas ao lençol da maca, sem que
isso prejudique os cuidados durante o intra ou pós-operatório.

Figura 6– Princípios éticos.


CUIDADOS COM O PACIENTE

OCORRÊNCIAS TÉCNICAS POR FALTA DE ÉTICA

• Queda do paciente da maca ou mesa cirúrgica;


• Queimaduras por placa de bisturi elétrico;
• Realização de exames ou cirurgias desnecessárias ou
proibidas por lei ou pela moral;
• Realização de exames ou cirurgias sem o consentimento
do cliente, ou com consentimento obtido mediante informação
incompleta;
• Infecções pós-operatórias por contaminação de campo,
do instrumental ou material por causas acidentais ou por falta
de técnica/cuidados ao lidar com material esterilizado;
• Registros de dados incompletos ou inverídicos.

OCORRÊNCIA ÉTICA

• Não se limitam aos erros técnicos ou falhas na realização


de procedimentos;
• Falhas de conduta;
• Falhas de relacionamento entre os profissionais de
enfermagem;
• Falhas no relacionamento entre os profissionais de
enfermagem e de outras categorias;
• Dificuldades na relação profissional e cliente;
• Não respeito à autonomia da vontade do cliente;
• Desrespeito à privacidade do cliente por parte dos
profissionais de saúde.

ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS NO CENTRO CIRÚRGICO

PACIENTE CIRÚRGICO
É dono da sua própria vida e por delegação confere à equipe
cirúrgica, a decisão de escolher, e aplicar recursos
terapêuticos, que determinam o tipo de intervenção de
cirúrgica e tratamento. Esta decisão muitas vezes pode gerar
uma falsa ideia de domínio sobre o ser. Se o paciente não
possuir a competência para a decisão técnica,o que nem
sempre é verdadeiro, ele permanece sobre a ética da justiça,
e da ética, tendo o direito sobre a sua própria vida.

A diferenciação de papéis não concede à equipe cirúrgica o


direito de decidir, autoritamente, sobre o seu destino. Se o
paciente não possuir a competência para a decisão técnica, o
que nem sempre é verdadeiro, ele permanece sobre a ética da
justiça,e da ética, tendo o direito sobre a sua própria vida.

Reflexões: A atenção da equipe de enfermagem em uma


unidade de Centro Cirúrgico deve estar voltada ao paciente.
Dando assistência: a equipe cirúrgica (participando de
decisões e suprindo necessidades); aos equipamentos
(controlando seu funcionamento);conquistando à
humanização.
A admissão do paciente no Centro Cirúrgico deve ser
antecedida de explicitações dos seus desejos, decisões pois o
processo cirúrgico anestésico pode evoluir para a alta, óbito,
descerebração e/ou intercorrências clínicas agudas ou
crônicas, como amputações.Essa intervenção determina
assistência especial ao paciente e também a adoção de
medidas necessárias ao destino final do membro amputado.

Figura 7 - Sentimento e postura diante de amputação.


Se o paciente não possuir a competência para a decisão
técnica,o que nem sempre é verdadeiro, ele permanece sobre
a ética da justiça, e da ética, tendo o direito sobre a sua
própria vida. A diferenciação de papéis não concede à equipe
cirúrgica o direito de considerar-se dono do paciente, e por
conseguinte decidir, autoritamente, sobre o seu destino.
Aspectos Éticos e Legais no Centro Cirúrgico: Processo
Assistencial Profissional Encontro Paciente Medos
Competências.

ATRIBUIÇÕES DO INSTRUMENTADOR

Art. 1º. O Instrumentador Cirúrgico defenderá com todas as


suas forças e em todas as circunstâncias o direito
fundamental da vida humana;

Art. 2º. O Instrumentador Cirúrgico dedicará atenção especial


ao doente, prescindindo de raça, nacionalidade e religião;

Art. 3º. O Instrumentador Cirúrgico procurará familiarizar-se


com os vários aspectos organizacionais e administrativos do
hospital e com dinâmica do bloco operatório, objetivando uma
integração adequada no seu ambiente de trabalho;

Art. 4º. O Instrumentador Cirúrgico, ciente de que o


desempenho de sua função requer formação aprimorada,
procurará ampliar e atualizar seus conhecimentos técnicos,
científicos e do desenvolvimento da própria profissão;
Art. 5º. O Instrumentador Cirúrgico executará com rigor e
presteza as orientações do cirurgião, com vistas ao pleno
sucesso do ato cirúrgico;

Art. 6º. O Instrumentador Cirúrgico, evitará abandonar o


paciente em meio ao ato operatório sem causa justa e sem
garantia de solução de continuidade de sua atividade;
violem os direitos inalienáveis da pessoa humana;

Art. 8º. O Instrumentador Cirúrgico procurará manter


relações cordiais, espírito de colaboração e integração com
todos os membros da equipe cirúrgica;

Art. 9º. O Instrumentador Cirúrgico guardará segredo sobre


fatos que tenha conhecimento no exercício de sua profissão;

Art. 10. O Instrumentador Cirúrgico fará valer seu direito, à


remuneração compatível com o trabalho realizado e com
dignidade da profissão;

Art. 11. O Instrumentador Cirúrgico colocará seus serviços


profissionais à disposição da comunidade em casos de
urgência, independentemente de qualquer proveito pessoal.
Código aprovado em Assembleia Geral Ordinária da ANIC, em
São Paulo, no dia 26 de Setembro de 1986.

JURAMENTO DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO

1 - Promete ser fiel aos seus compromissos, às leis e o dever


para com a sociedade?
Prometemos
2 - Promete obedecer as ordens dos cirurgiões e seguir os
parâmetros segundo os ensinamentos obtidos?
Prometemos
3 - Promete ser fiel a única instituição da classe que ofereça
reciclagem e aprofundamento profissionais?
Prometemos
4 - Promete obedecer às hierarquias institucionais?
Prometemos
5 - Jura nunca esquecer o ser humano?
JURAMOS.

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